From dd35fe4f71283d7ba5094bda0212a7b231f4972f Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: sc-translatatron Date: Tue, 3 Oct 2023 03:09:58 +0000 Subject: [PATCH] Publishing translations for translation/pt/site --- .../site/abhidhamma_translation-pt-site.json | 24 +- .../acknowledgments_translation-pt-site.json | 2 +- .../an-guide-sujato_translation-pt-site.json | 92 ++--- ...ntroduction-bodhi_translation-pt-site.json | 78 ++-- .../site/discourses_translation-pt-site.json | 44 +-- .../dn-guide-sujato_translation-pt-site.json | 40 +- .../site/donations_translation-pt-site.json | 14 +- ...eral-guide-sujato_translation-pt-site.json | 130 +++---- .../pt/site/home_translation-pt-site.json | 4 +- .../site/interface_translation-pt-site.json | 2 +- .../introduction_translation-pt-site.json | 34 +- .../site/methodology_translation-pt-site.json | 34 +- .../mn-guide-sujato_translation-pt-site.json | 72 ++-- .../site/numbering_translation-pt-site.json | 24 +- .../pt/site/similes_translation-pt-site.json | 2 +- .../sn-guide-sujato_translation-pt-site.json | 354 +++++++++--------- .../pt/site/start_translation-pt-site.json | 26 +- .../pt/site/subjects_translation-pt-site.json | 52 +-- .../site/terminology_translation-pt-site.json | 276 +++++++------- .../pt/site/vinaya_translation-pt-site.json | 44 +-- 20 files changed, 674 insertions(+), 674 deletions(-) diff --git a/translation/pt/site/abhidhamma_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/abhidhamma_translation-pt-site.json index 45cba4d45d1d..422d624669da 100644 --- a/translation/pt/site/abhidhamma_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/abhidhamma_translation-pt-site.json @@ -7,20 +7,20 @@ "abhidhamma:6": "Śāripūtrābhidharma Dharmaguptaka ", "abhidhamma:7": "O Abhidhamma nas tradições budistas ", "abhidhamma:8": "Crítica ", - "abhidhamma:9": "O Abhidhamma Piṭaka é o último dos três piṭakas (ou “cestas”) dos cânones das primeiras escolas budistas. No Abhidhamma, os termos e idéias encontrados nos discursos (suttas) são organizados e analisados sistematicamente. ", + "abhidhamma:9": "O Abhidhamma Piṭaka é o último dos três _piṭakas_ (ou “cestas”) dos cânones das primeiras escolas budistas. No Abhidhamma, os termos e idéias encontrados nos discursos (suttas) são organizados e analisados sistematicamente. ", "abhidhamma:10": "O Abhidhamma em páli, pertencente à escola Theravada, é composto de sete livros canônicos. Além deste, há um conjunto completo de sete (diferentes) textos canônicos do Abhidhamma da escola Sarvastivada preservados em chinês, um importante tratado da escola Dharmaguptaka, também em chinês, e algumas pequenas porções em sânscrito. Como no caso dos discursos, os textos em páli receberam o maior número de estudos e atenção. ", "abhidhamma:11": "DIferentemente do que ocorre nos discursos e código de disciplina monástica (Vinaya), os textos Abhidhamma das diferentes escolas não estão intimamente relacionados. Parece provável que, de fato, esses textos tiveram papel na formação e no estabelecimento das diferentes escolas. No entanto, Erich Frauwallner, em Studies in Abhidharma Literature and the Origins of Buddhist Philosophical Systems (1996), identificou certas características centrais dos Abhidhamma que são comuns entre as tradições. Isto inclui notavelmente o texto Vibhaṅga da coleção Páli, o texto Dharmaskandha da coleção Sarvāstivāda e o Śāripūtrābhidharmaśastra da coleção Dharmaguptaka. Todos esses textos incluem um núcleo comum, que é derivado do Saṁyutta Nikāya. ", "abhidhamma:12": "Apesar de suas diferenças, porém, seria um erro ler nos textos canônicos do Abhidhamma posições fortemente sectárias. Além dos trabalhos polêmicos como o Kathāvatthu, na maioria das vezes eles se concentram em apresentar de diferentes maneiras as idéias centrais do Dhamma. ", "abhidhamma:13": "Origens ", - "abhidhamma:14": "O termo abhidhamma é encontrado ocasionalmente nos primeiros textos, geralmente ao lado do termo paralelo abhivinaya. Não há, é claro, nenhum corpo de textos chamado abhivinaya, e esses primeiros usos do termo abhidhamma não se referem a textos estabelecidos como os que existem hoje. Pelo contrário, neste tipo de contexto, o prefixo abhi- é comparável ao prefixo “meta-” (oriundo do grego μετά-) que denota o sentido de “sobre o Dhamma, sobre o Vinaya”, e portanto refere-se a discussões e conversas sobre os ensinamentos. Tais conversas teriam, ao longo do tempo, sido lembradas e compartilhadas, e evoluíram gradualmente para os tratados formalizados das coleções do Abhidhammapiṭaka. ", - "abhidhamma:15": "As tradições em termos de como elas entendem a origem do Abhidhamma. As tradições chinesa e tibetana tipicamente atribuem cada livro de Abhidhamma a um discípulo de Buda. Entretanto, alguns dos relatos do Vinaya do Primeiro Concílio incluem o Abhidhamma, e assim assumem que ele estava presente no momento da morte do Buda. A tradição Theravāda também sustenta que o conteúdo dos textos (com exceção do Kathāvatthu) foram ensinados pelo Buda. Isto é mencionado texto canônico tardio do Parivāra (sabbasattuttamo sīho, piṭake tīṇi desayi, Pvr 3#5) e na to texto paracanônico do Milindapañha (tepiṭakaṁ buddhavacanaṁ, Mil 2#55), ambos datados de cerca de três a quatrocentos anos após o falecimento de Buda. Os comentários mais tardios da tradição Theravāda afirmam que o Buda ensinou os sete livros do Abhidhamma Piṭaka às divindades do céu Tāvatiṁsa, lideradas pela sua mãe alí renascida. O Venerável Sāriputta posteriormente terio os aprendido e os transmitido a seus alunos. ", + "abhidhamma:14": "O termo _abhidhamma_ é encontrado ocasionalmente nos primeiros textos, geralmente ao lado do termo paralelo _abhivinaya_. Não há, é claro, nenhum corpo de textos chamado abhivinaya, e esses primeiros usos do termo abhidhamma não se referem a textos estabelecidos como os que existem hoje. Pelo contrário, neste tipo de contexto, o prefixo _abhi-_ é comparável ao prefixo _“meta-”_ (oriundo do grego _μετά-_) que denota o sentido de “sobre o Dhamma, sobre o Vinaya”, e portanto refere-se a discussões e conversas sobre os ensinamentos. Tais conversas teriam, ao longo do tempo, sido lembradas e compartilhadas, e evoluíram gradualmente para os tratados formalizados das coleções do Abhidhammapiṭaka. ", + "abhidhamma:15": "As tradições em termos de como elas entendem a origem do Abhidhamma. As tradições chinesa e tibetana tipicamente atribuem cada livro de Abhidhamma a um discípulo de Buda. Entretanto, alguns dos relatos do Vinaya do Primeiro Concílio incluem o Abhidhamma, e assim assumem que ele estava presente no momento da morte do Buda. A tradição Theravāda também sustenta que o conteúdo dos textos (com exceção do Kathāvatthu) foram ensinados pelo Buda. Isto é mencionado texto canônico tardio do Parivāra (_sabbasattuttamo sīho, piṭake tīṇi desayi_, Pvr 3#5) e na to texto paracanônico do Milindapañha (_tepiṭakaṁ buddhavacanaṁ_, Mil 2#55), ambos datados de cerca de três a quatrocentos anos após o falecimento de Buda. Os comentários mais tardios da tradição Theravāda afirmam que o Buda ensinou os sete livros do Abhidhamma Piṭaka às divindades do céu Tāvatiṁsa, lideradas pela sua mãe alí renascida. O Venerável Sāriputta posteriormente terio os aprendido e os transmitido a seus alunos. ", "abhidhamma:16": "O consenso de longa data entre os estudiosos é que os livros do Abhidhamma foram compilados séculos após o falecimento de Buda. Não é possível determinar com datas exatas. No entanto, é provável que o núcleo comum do Vibhaṅga / Dharmaskandha / Śāripūtrābhidharmaśastra antecedeu a separação entre essas tradições, que aconteceu na época do rei Ashoka por volta de 250 aC, menos de dois séculos após a morte do Buda. Mas a maior parte do seu conteúdo deve ter sido desenvolvida após este período. Uma série de detalhes, como o fato de as obras terem sido aceitas como canônicas em Milinda, por volta de 100 aC, sugere que elas foram concluídas antes dessa data. Assim, o período entre 300 aC e 100 aC para a composição dos textos canônicos do Abhidhamma parece razoável. ", "abhidhamma:17": "Embora a crença de que os textos Abhidhamma foram compostos por discípulos imediatos do Buda seja insustentável, ela nos aponta para como possivelmente estes evoluíram. É possível que os principais discípulos tenham estabelecido linhagens de ensino, ou estilos de aprendizagem, que refletissem as especialidades dos diferentes mestres. Com o tempo, as explicações destes vários professores foram sistematizadas e codificadas. No entanto, os livros, tal como existem hoje, são os produtos das escolas, compostos sob a orientação de líderes posteriores da comunidade monástica. ", "abhidhamma:18": "O Abhidhamma Theravāda ", "abhidhamma:19": "Em geral, os longos e complexos textos do Abhidhamma Theravada são compostos de análises e classificações, e não de explicações. Presumivelmente, estes textos seriam ensinados por professores experientes em mosteiros, que, por sua vez, explicariam e ilustrariam os textos densos e obscuros. Eventualmente, tais explicações foram codificadas e registradas nos comentários páli. ", - "abhidhamma:20": "Apesar de introduzirem uma série de novos termos e métodos, os textos canônicos do Abhidhamma são doutrinariamente conservadores. Muitos dos conceitos encontrados nos textos Abhidhamma posteriores não são encontrados — verdade última versus verdade convencional, momentos de consciência, kalāpas, a idéia de que cada fenômeno é definido por sua sabhāva ou essência individual. Enquanto alguns dos novos termos são encontrados, a maioria destes parece ter sido introduzida para esclarecer e desambiguar a terminologia, e não com a intenção de transmitir novos conceitos específicos. Isso não quer dizer que não existam novas idéias, apenas que elas desempenham um papel relativamente pequeno no geral. ", + "abhidhamma:20": "Apesar de introduzirem uma série de novos termos e métodos, os textos canônicos do Abhidhamma são doutrinariamente conservadores. Muitos dos conceitos encontrados nos textos Abhidhamma posteriores não são encontrados — verdade última versus verdade convencional, momentos de consciência, _kalāpas_, a idéia de que cada fenômeno é definido por sua _sabhāva_ ou essência individual. Enquanto alguns dos novos termos são encontrados, a maioria destes parece ter sido introduzida para esclarecer e desambiguar a terminologia, e não com a intenção de transmitir novos conceitos específicos. Isso não quer dizer que não existam novas idéias, apenas que elas desempenham um papel relativamente pequeno no geral. ", "abhidhamma:21": "Dhammasaṅgaṇī ", - "abhidhamma:22": "O texto Dhammasaṅgaṇī (Enumeração dos Fenômenos) é construído a partir do conceito de uma mātikā, uma lista de conteúdos ou matriz. Uma mātikā atua como uma simples instância de um modelo que é aplicado e transformado em formas cada vez mais complexas ao longo de todo o texto. Os mātikās do Dhammasaṅgaṇī listam conjuntos de fenômenos (dhammas). A maioria destes são termos doutrinários familiares ao contexto dos suttas, embora alguns sejam termos específicos do Abhidhamma. O Dhammasaṅgaṇī começa com três mātikās. O primeiro classifica os dhammas em 22 conjuntos de três (tika), e os dois seguintes utilizam conjuntos de dois (duka), 100 pares para os termos Abhidhamma, e 42 para os termos Sutta. ", + "abhidhamma:22": "O texto Dhammasaṅgaṇī (Enumeração dos Fenômenos) é construído a partir do conceito de uma _mātikā_, uma lista de conteúdos ou matriz. Uma _mātikā_ atua como uma simples instância de um modelo que é aplicado e transformado em formas cada vez mais complexas ao longo de todo o texto. Os _mātikās_ do Dhammasaṅgaṇī listam conjuntos de fenômenos (_dhammas_). A maioria destes são termos doutrinários familiares ao contexto dos suttas, embora alguns sejam termos específicos do Abhidhamma. O Dhammasaṅgaṇī começa com três _mātikās_. O primeiro classifica os _dhammas_ em 22 conjuntos de três (_tika_), e os dois seguintes utilizam conjuntos de dois (_duka_), 100 pares para os termos Abhidhamma, e 42 para os termos Sutta. ", "abhidhamma:23": "O primeiro dos conjuntos triplos é o fundamental conjunto: hábil, inábil e indeterminado. Isso serve como uma estrutura primária para classificar todos os vários fenômenos. Embora pareça bastante simples, até mesmo esse detalhe foi controverso, visto que algumas escolas rejeitaram a existência da categoria indeterminada, ou moralmente neutra. ", "abhidhamma:24": "Vibhaṅga ", "abhidhamma:25": "O Vibhaṅga (Livro das Análises) consiste em 18 capítulos organizados por tópicos. A lista de tópicos está intimamente relacionada com os tópicos dos suttas do Saṁyutta Nikāya — agregados, sentidos, origem dependente, etc. A maioria dos capítulos tem uma estrutura tríplice. ", @@ -29,17 +29,17 @@ "abhidhamma:28": "Catecismo: testa o conhecimento do aluno com questionamentos sistemáticos. ", "abhidhamma:29": "Algumas seções, como Vb 18 Dhammahadaya, não se encaixam neste sistema. Estas seções podem ter se originado como tratados independentes. ", "abhidhamma:30": "Dhātukathā ", - "abhidhamma:31": "O Dhātukathā (Discussão dos Elementos) mostra como as mātikās do Dhammasaṅgaṇī se relacionam com os 5 agregados, as 12 bases e os 18 elementos. Está organizado de acordo com catorze métodos. ", + "abhidhamma:31": "O Dhātukathā (Discussão dos Elementos) mostra como as _mātikās_ do Dhammasaṅgaṇī se relacionam com os 5 agregados, as 12 bases e os 18 elementos. Está organizado de acordo com catorze métodos. ", "abhidhamma:32": "Puggalapaññatti ", - "abhidhamma:33": "O Puggalapaññatti (Denominação dos Indivíduos) se afasta da abordagem estritamente fenomenológica da maioria dos textos do Abhidhamma para apresentar um compêndio de passagens relativas a diferentes tipos de indivíduos. Estes são estabelecidos via uma mātikā que lista tipos de indivíduos numericamente organizados de um a dez. Como sugerido pelo arranjo numérico, esses termos são derivados principalmente de suttas do Aṅguttara Nikāya, com modestas mudanças nas palavras. A principal preocupação é classificar tendências pessoais ou psicológicas sob a perspectiva do cultivo do caminho budista. ", + "abhidhamma:33": "O Puggalapaññatti (Denominação dos Indivíduos) se afasta da abordagem estritamente fenomenológica da maioria dos textos do Abhidhamma para apresentar um compêndio de passagens relativas a diferentes tipos de indivíduos. Estes são estabelecidos via uma _mātikā_ que lista tipos de indivíduos numericamente organizados de um a dez. Como sugerido pelo arranjo numérico, esses termos são derivados principalmente de suttas do Aṅguttara Nikāya, com modestas mudanças nas palavras. A principal preocupação é classificar tendências pessoais ou psicológicas sob a perspectiva do cultivo do caminho budista. ", "abhidhamma:34": "Kathāvatthu ", "abhidhamma:35": "O Kathāvatthu (Pontos de Controvérsia) reúne mais de 200 discussões sobre pontos de interpretação da doutrina budista. Estes consistem em um debate entre protagonistas sem nome. Cada um depende da lógica ou das citações dos suttas para sustentar seus argumentos. Algumas das discussões tratam de problemas centrais da filosofia budista, como a natureza do não-eu, ou o problema da continuidade e da impermanência. Muitos, no entanto, são sobre temas de menor importância. ", "abhidhamma:36": "Embora o texto não identifique devidamente os pontos de vista, a maioria pode ser identificada com as doutrinas mantidas por várias escolas budistas. Note que nenhum dos pontos controvertidos lidam com visões bramânicas, jainistas ou de outras tradições não-budistas. Tampouco há diferenças significativas quanto aos suttas referidos; cada debatedor assume portanto uma base comum e compartilhada de suttas. ", "abhidhamma:37": "O Kathāvatthu é o único livro do Abhidhamma atribuído pela escola Theravada a um autor específico, Moggaliputtatissa, um monge sênior contemporâneo do rei Ashoka. O núcleo do trabalho provavelmente se formou naquele ponto, mas o texto se expandiu substancialmente ao longo do tempo. Uma ou duas das discussões centrais parecem compartilhar uma base comum com o Vijñānakāya do Abhidharma Sarvāstivāda. ", "abhidhamma:38": "Yamaka ", - "abhidhamma:39": "O Yamaka (livro sobre os Pares) consiste em dez capítulos sobre diferentes tópicos, começando com as raízes da conduta hábil ou inábil. O texto aplica uma série de pares de questões, com o objetivo de determinar totalmente o escopo de aplicação dos termos. Por exemplo: “todas as instâncias de rūpa (forma, fenômenos físicos) são incluídas no agregado da forma ((rūpakkhandha)? Não, porque existem usos idiomáticos de rūpa como evarūpa (“de tal sorte”). Mas todas as instâncias do agregado da forma estão incluídas em rūpa? Sim”. ", + "abhidhamma:39": "O Yamaka (livro sobre os Pares) consiste em dez capítulos sobre diferentes tópicos, começando com as raízes da conduta hábil ou inábil. O texto aplica uma série de pares de questões, com o objetivo de determinar totalmente o escopo de aplicação dos termos. Por exemplo: “todas as instâncias de _rūpa_ (forma, fenômenos físicos) são incluídas no agregado da forma ((_rūpakkhandha_)? Não, porque existem usos idiomáticos de _rūpa_ como _evarūpa_ (“de tal sorte”). Mas todas as instâncias do agregado da forma estão incluídas em _rūpa_? Sim”. ", "abhidhamma:40": "Paṭṭhāna ", - "abhidhamma:41": "Paṭṭhāna (Relações Condicionais) estabelece uma mātikā simples listando 24 tipos de causas ou condições. A primeira é a “causa raiz” (hetupaccayo), que trata de como atos são causados ​​pelas raízes prejudiciais da ganância, do ódio e da ilusão, ou de seus opostos. Esta mātikā é então aplicada às mātikā do Dhammasaṅgaṇī, criando uma complexidade desconcertante de combinações possíveis. O Paṭṭhāna é sempre muito abreviado, mas se fosse totalmente explicado, provavelmente seria o maior livro já criado, com muitos bilhões de combinações. ", + "abhidhamma:41": "Paṭṭhāna (Relações Condicionais) estabelece uma _mātikā_ simples listando 24 tipos de causas ou condições. A primeira é a “causa raiz” (_hetupaccayo_), que trata de como atos são causados ​​pelas raízes prejudiciais da ganância, do ódio e da ilusão, ou de seus opostos. Esta _mātikā_ é então aplicada às _mātikā_ do Dhammasaṅgaṇī, criando uma complexidade desconcertante de combinações possíveis. O Paṭṭhāna é sempre muito abreviado, mas se fosse totalmente explicado, provavelmente seria o maior livro já criado, com muitos bilhões de combinações. ", "abhidhamma:42": "O Dhammasaṅgaṇī e o Paṭṭhāna concluem a coleção do Abhidhamma Theravada: o primeiro texto trata dos fenômenos, o segundo de suas relações. Embora o método e os detalhes sejam expandidos consideravelmente, a abordagem pode ser vista como uma aplicação detalhada dos princípios subjacentes da origem dependente. ", "abhidhamma:43": "O Abhidhamma Sarvāstivāda ", "abhidhamma:44": "Embora muitas, talvez todas, das primeiras “dezoito” escolas tivessem tido algum tipo de textos sobre o Abhidhamma, nenhum foi tão famoso quanto o Sarvāstivāda. Os textos canônicos aqui mencionados foram suplementados ou suplantados pelo maciçamente influente tratado entitulado Mahāvibhāṣa, que estabeleceu a Sarvāstivāda como a escola de Abhidhamma par excellence. Mesmo quando textos posteriores como o Abhidharmakoṣa de Vasubandhu ou o Mūlamadhyamakakārikā de Nāgārjuna criticaram a filosofia Sarvāstivādin, eles ainda estavam trabalhando com a estrutura de idéias e termos estabelecidos por esta escola, e baseados originalmente nesses mesmos textos canônicos. Assim, enquanto os textos do Abhidhamma da maioria das escolas desapareceram, esses textos foram levados para a China, traduzidos e lá preservados. Além disso, há algumas passagens encontradas em fragmentos sânscritos e textos tibetanos. ", @@ -49,9 +49,9 @@ "abhidhamma:48": "Dharmaskandha ", "abhidhamma:49": "Como mencionado acima, este texto parece compartilhar uma origem comum com o Vibhaṅga da tradição Páli. É mantido hoje em uma versão completa chinesa e uma versão incompleta em Sânscrito. Comparado ao Vibhaṅga, o método parece ser menos formalizado e mais discursivo, citando uma série de passagens dos suttas. Foi composto por Śāriputra (de acordo com as fontes sânscritas e tibetanas) ou Maudgalyāyana (de acordo com fontes chinesas). A edição chinesa foi traduzida por Xuanzang. ", "abhidhamma:50": "Prajnaptiśāstra ", - "abhidhamma:51": "Este texto consiste em uma série de perguntas e respostas sobre pontos de doutrina baseados em uma mātikā, apoiados por citações do sutta. A tradição diz que este foi composto por Maudgalyāyana ou Mahākatyāyana. A tradução chinesa é de Dharmarakṣita. ", + "abhidhamma:51": "Este texto consiste em uma série de perguntas e respostas sobre pontos de doutrina baseados em uma _mātikā_, apoiados por citações do sutta. A tradição diz que este foi composto por Maudgalyāyana ou Mahākatyāyana. A tradução chinesa é de Dharmarakṣita. ", "abhidhamma:52": "Dhātukāya ", - "abhidhamma:53": "Composto por Purna (de acordo com fontes sânscritas e tibetanas) ou Vasumitra (de acordo com fontes chinesas). Foi traduzido para o chinês por Xuanzang. O Dhātukāya tem alguma semelhança com o Páli Dhātukathā, embora use um mātikā diferente. ", + "abhidhamma:53": "Composto por Purna (de acordo com fontes sânscritas e tibetanas) ou Vasumitra (de acordo com fontes chinesas). Foi traduzido para o chinês por Xuanzang. O Dhātukāya tem alguma semelhança com o Páli Dhātukathā, embora use um _mātikā_ diferente. ", "abhidhamma:54": "Vijñānakāya ", "abhidhamma:55": "Este texto corresponde ao Kathāvatthu do cânone páli e possivelmente compartilha uma base histórica comum. O texto menciona o Theravādin Moggaliputtatissa, autor do Kathāvatthu, como um adversário no debate sobre a doutrina chave Sarvāstivāda de que todos os fenômenos existem tanto no passado, quanto no futuro e no presente. O texto discute bem menos pontos do que o Kathāvatthu. Foi composto por Devasarman e traduzido para o chinês por Xuanzang. ", "abhidhamma:56": "Prakaraṇapāda ", @@ -63,7 +63,7 @@ "abhidhamma:62": "O Abhidhamma e as tradições budistas ", "abhidhamma:63": "Ao longo dos anos, o estudo do Abhidhamma foi muito bem recebido pelas tradições budistas. A tradição Theravada desenvolveu uma série de comentários e tratados explicando as idéias do Abhidhamma e as estendendo ainda mais. Esta é uma tradição viva, que possui uma série ininterrupta de publicações até os tempos modernos. Hoje, o estudo do Abhidhamma é especialmente enfatizado no budismo birmanês, embora permaneça ativo em todas as regiões em que o Theravada se encontra. O budismo tibetano também enfatiza fortemente o estudo do Abhidharma, baseado principalmente em fontes Sarvāstivādin. Em todas as regiões, no entanto, o estudo contemporâneo do Abhidhamma baseia-se principalmente em tratados posteriores, e os textos canônicos geralmente não são estudados diretamente em detalhe. ", "abhidhamma:64": "Assim como o estudo, o Abhidhamma teve uma influência formativa em várias escolas modernas de meditação. Em particular, as escolas de meditação birmanesas, incluindo Mahasi, Goenka e Pa Auk, todas se baseam em grande parte em conceitos do Abhidhamma. ", - "abhidhamma:65": "Talvez inesperadamente, Abhidhamma não é restrito aos círculos monásticos ou acadêmicos. É freqüentemente ensinado a pessoas leigas, e é popular em todo o sudeste da Ásia. Além disso, as mātikās do Abhidhamma servem de base para recitação cerimonial. Na Tailândia, o tikamātikā do Dhammasaṅgaṇī e as 24 condições do Paṭṭhāna são usadas como cânticos fúnebres. ", + "abhidhamma:65": "Talvez inesperadamente, Abhidhamma não é restrito aos círculos monásticos ou acadêmicos. É freqüentemente ensinado a pessoas leigas, e é popular em todo o sudeste da Ásia. Além disso, as _mātikās_ do Abhidhamma servem de base para recitação cerimonial. Na Tailândia, o _tikamātikā_ do Dhammasaṅgaṇī e as 24 condições do Paṭṭhāna são usadas como cânticos fúnebres. ", "abhidhamma:66": "Crítica ", "abhidhamma:67": "O Abhidhamma em si é um sistema crítico, desenvolvido para esclarecer a compreensão de conceitos e relações fundamentais. Subjacente a este projeto está a suposição de que tal esclarecimento é necessário, o que implica que nem todos entendem as coisas da mesma maneira. Esse aspecto crítico vem à tona em trabalhos como o Kathāvatthu, que mostra os métodos racionais de esclarecer doutrinas. ", "abhidhamma:68": "Alguns, como os Sautrāntikas, criticaram o próprio projeto Abhidhamma, alegando que ele se desviava dos suttas. Não está claro se todas as escolas iniciais realmente possuíam um Abhidhamma Piṭaka. No entanto, todos estas possivelmente possuíam textos similares ​​de análise e explicação. ", diff --git a/translation/pt/site/acknowledgments_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/acknowledgments_translation-pt-site.json index 928bf77c0aa6..cf2983c6418c 100644 --- a/translation/pt/site/acknowledgments_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/acknowledgments_translation-pt-site.json @@ -346,4 +346,4 @@ "acknowledgments:345": "Coordenação do time de tradução para o chinês. ", "acknowledgments:346": "Yixuan Zhang ", "acknowledgments:347": "Traduçoes para o chinês." -} \ No newline at end of file +} diff --git a/translation/pt/site/an-guide-sujato_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/an-guide-sujato_translation-pt-site.json index c8b8b2e334c7..7e6b12a0eda8 100644 --- a/translation/pt/site/an-guide-sujato_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/an-guide-sujato_translation-pt-site.json @@ -6,18 +6,18 @@ "an-guide-sujato:5": "O livro dois ", "an-guide-sujato:6": "O livro três ", "an-guide-sujato:7": "Uma breve história do texto ", - "an-guide-sujato:8": "O Aṅguttara Nikāya é a última e mais longa das quatro divisões primárias do Sutta Piṭaka. A palavra aṅguttara significa literalmente “um fator acima”, ou seja, “incremental”. Refere-se ao fato de que os discursos são organizados por conjuntos enumerados, com os números aumentando um a um. Portanto, a tradução como Discursos Enumerados, embora tenha sido traduzido anteriormente como Discursos Numéricos ou mesmo Ensinamentos Graduados. ", - "an-guide-sujato:9": "O SuttaCentral segue a tradução de Bhikkhu Bodhi na contagem de 8.122 discursos no total. O verso de resumo no final da coleção, entretanto, diz que há 9.557 suttas. Essa observação do escriba não diz como essa contagem foi feita; deve ter sido um processo e tanto contar tantos discursos quando se tratava apenas de manuscritos em folha de palmeira. Em qualquer caso, como no caso do Saṁyutta Nikāya, essa contagem é em grande parte um produto de discursos repetidos de acordo com padrões. Muitos deles consistem apenas em uma única palavra; de fato, o processo de abreviação é levado a tais extremos que centenas de suttas não existem no texto; são apenas números a serem preenchidos. Além disso, no caso dos volumes relativos ao número Um e e Dois, a maioria dos suttas são textos mais longos que foram divididos para formar os números. No SuttaCentral, eles são tratados como se cada vagga fosse um sutta, e os textos abreviados da mesma forma são combinados. Se contarmos os arquivos dos textos combinados desta forma, chegaremos a um total mais razoável, mas ainda assim significativamente grande, de 1.407 textos em termos de conteúdo. ", - "an-guide-sujato:10": "Os Discursos Enumerados se concentram em questões práticas de relevância diária. As diretrizes de ética e caráter predominam. Se o Saṁyutta Nikāya reúne os ensinamentos principais em termos de doutrinas, o Aṅguttara reúne os ensinamentos em termos de indivíduos. Questões relacionadas à comunidade leiga são um foco principal, e muitos ensinamentos tratam de como ensinar. ", + "an-guide-sujato:8": "O Aṅguttara Nikāya é a última e mais longa das quatro divisões primárias do Sutta Piṭaka. A palavra _aṅguttara_ significa literalmente “um fator acima”, ou seja, “incremental”. Refere-se ao fato de que os discursos são organizados por conjuntos enumerados, com os números aumentando um a um. Portanto, a tradução como Discursos Enumerados, embora tenha sido traduzido anteriormente como Discursos Numéricos ou mesmo Ensinamentos Graduados. ", + "an-guide-sujato:9": "O SuttaCentral segue a tradução de Bhikkhu Bodhi na contagem de 8.122 discursos no total. O verso de resumo no final da coleção, entretanto, diz que há 9.557 suttas. Essa observação do escriba não diz como essa contagem foi feita; deve ter sido um processo e tanto contar tantos discursos quando se tratava apenas de manuscritos em folha de palmeira. Em qualquer caso, como no caso do Saṁyutta Nikāya, essa contagem é em grande parte um produto de discursos repetidos de acordo com padrões. Muitos deles consistem apenas em uma única palavra; de fato, o processo de abreviação é levado a tais extremos que centenas de suttas não existem no texto; são apenas números a serem preenchidos. Além disso, no caso dos volumes relativos ao número Um e e Dois, a maioria dos suttas são textos mais longos que foram divididos para formar os números. No SuttaCentral, eles são tratados como se cada _vagga_ fosse um sutta, e os textos abreviados da mesma forma são combinados. Se contarmos os arquivos dos textos combinados desta forma, chegaremos a um total mais razoável, mas ainda assim significativamente grande, de 1.407 textos em termos de conteúdo. ", + "an-guide-sujato:10": "Os Discursos Enumerados se concentram em questões práticas de relevância diária. As diretrizes de ética e caráter predominam. Se o Saṁyutta Nikāya reúne os ensinamentos principais em termos de *doutrinas*, o Aṅguttara reúne os ensinamentos em termos de *indivíduos*. Questões relacionadas à comunidade leiga são um foco principal, e muitos ensinamentos tratam de como ensinar. ", "an-guide-sujato:11": "O uso de conjuntos numerados é encontrado em todos os textos budistas, mas aqui ele se torna o principal princípio organizador. O típico discurso Aṅguttara consiste em uma afirmação sobre um certo número de alguma coisa; depois uma explicação de cada uma dessas coisas; depois uma conclusão que ecoa a introdução. Às vezes é adicionado um verso que resume o conteúdo. Este padrão formal é altamente otimizado para reforçar a aprendizagem e a memorização. É, em essência, exatamente o mesmo formato que é usado hoje em dia nos telejornais: primeiro as notícias do dia são listadas; em seguida as histórias de cada uma das notícias é apresentada; e depois os destaques são resumidos mais uma vez. O uso de conjuntos numerados continua popular hoje em dia, visto que um dos formatos preferidos para artigos na internet é aquele baseado em listas numeradas. ", "an-guide-sujato:12": "Ao contrário destes exemplos modernos, porém, os conjuntos de ensinamentos do Aṅguttara são fortemente estruturados. Eles não são meramente coleções de itens sobre um tema, mas compõem uma sequência integrada. O primeiro item é o mais fundamental; os itens subsequentes evoluem a partir dele ou se baseiam nele; e o item final encerra a sequência. ", "an-guide-sujato:13": "Por esta razão, o Aṅguttara oferece um excelente ponto de entrada para o Cânone, especialmente para aqueles com tempo limitado para a leitura. São necessários apenas alguns minutos para ler um sutta, e este conterá dentro de si um ensino completo e útil. ", "an-guide-sujato:14": "O Aṅguttara Nikāya do Cânone Páli tem uma contrapartida no Ekottarikāgama (EA), preservado no cânone chinês . O Ekottarikāgama é um texto peculiar de afiliação incerta (possivelmente Mahāsaṅghika), e difere muito mais do texto Páli do que os paralelos para DN, MN, e SN. Além disso, há dois Ekottarikas parciais em chinês, bem como uma série de suttas independentes porém no estilo e formato do Ekottarika. Além disso, uma parte substancial de um Ekottarāgama em sânscrito foi descoberto em Gilgit e editado e parcialmente reconstruído por Tripāṭhi. Embora seja difícil generalizar, parece que a maioria desses materiais está mais próxima do texto Pali do que do EA principal do Cânone Chinês. ", "an-guide-sujato:15": "Como o Aṅguttara é organizado ", - "an-guide-sujato:16": "O Aṅguttara Nikāya consiste de “livros” principais (nipāta) numerados de um a onze. Cada um deles contém discursos que listam um número correspondente de itens. Como sempre, os discursos são reunidos em vaggas, que às vezes tratam de assuntos diversos. Cada nipāta organiza seus vaggas em paṇṇāsas. A única exceção sendo o primeiro vagga. ", + "an-guide-sujato:16": "O Aṅguttara Nikāya consiste de “livros” principais (_nipāta_) numerados de um a onze. Cada um deles contém discursos que listam um número correspondente de itens. Como sempre, os discursos são reunidos em _vaggas_, que às vezes tratam de assuntos diversos. Cada _nipāta_ organiza seus _vaggas_ em _paṇṇāsas_. A única exceção sendo o primeiro _vagga_. ", "an-guide-sujato:17": "Não se sabe a razão pela qual o Aṅguttara contém onze livros; seria de se esperar um número par. A divisão em onze livros é também encontrada no Ekottarikāgama em chinês, o que sugere que esta é uma característica inicial da coleção, mas não parece ser impulsionada pelos próprios textos, pois a maioria dos itens do décimo primeiro livro consiste em ensinamentos já encontrados em outras partes da coleção, contendo apenas a adição de um ou dois itens. ", "an-guide-sujato:18": "Às vezes parece que o Aṅguttara foi preparado a partir de sobras. Depois que os suttas mais longos foram reunidos no Majjhima e Dīgha, e os suttas não tão longos mas sobre temas centrais reunidos no Saṁyutta, uma quantidade de textos não facilmente categorizados teria sobrado. Isto incluiu muitos ensinamentos fascinantes e profundos, bem como uma grande massa de textos repetidos que acabaram em desacordo ou sem valor evidente. É como se os redatores, diante de um armazém de sobras e restos textuais, tivéssemos tentado fazer o melhor possível para guardar e empilhar os itens de uma forma lógica, mas muitas vezes eram deixados apenas com as coisas enfiadas nas prateleiras tendo feito o melhor que puderam. Como os textos geralmente continham um número específico de coisas em seu conteúdo, este foi tomado como a base para a organização, em vez de qualquer outro aspecto mais significativo. Mesmo aqueles textos que não enumeram coisas explicitamente podem, muitas vezes, ser analisados em termos do número de conjuntos de itens apresentados, de modo que eles também puderam ser incluídos na coleção. (Veja, por exemplo, AN 3.31 e o AN 3.32.) ", - "an-guide-sujato:19": "Para ser claro, não é correto pensar que o Aṅguttara carece dos ensinamentos padrões familiares ao resto dos nikāyas. Pelo contrário, encontramos neles as quatro absorções (AN 3.58), as quatro verdades nobres e a origem dependente (AN 3.61), as faculdades e poderes (AN 4.163; este último de certa forma detalhados no AN 5.12–16), o triplo treinamento (AN 3.81), as meditações divinas (AN 3.63) e muito mais. Mas tais ensinamentos estão espalhados por uma grande massa de suttas sobre uma gama diversificada de tópicos. ", + "an-guide-sujato:19": "Para ser claro, não é correto pensar que o Aṅguttara carece dos ensinamentos padrões familiares ao resto dos _nikāyas_. Pelo contrário, encontramos neles as quatro absorções (AN 3.58), as quatro verdades nobres e a origem dependente (AN 3.61), as faculdades e poderes (AN 4.163; este último de certa forma detalhados no AN 5.12–16), o triplo treinamento (AN 3.81), as meditações divinas (AN 3.63) e muito mais. Mas tais ensinamentos estão espalhados por uma grande massa de suttas sobre uma gama diversificada de tópicos. ", "an-guide-sujato:20": "Na introdução à sua tradução, Bhikkhu Bodhi praticamente abandona qualquer tentativa de dar sentido à estrutura. Ele dá um exemplo de um capítulo com vários discursos aparentemente não relacionados, comentando: “Com tal organização aparentemente arbitrária, não se pode deixar de perguntar o que os compiladores tinham em mente”. (The Numerical Discourses of the Buddha, pág. 22). Como resultado, em vez de analisar o conteúdo como ocorre no Aṅguttara, ele desenvolveu uma análise temática extensa e cuidadosamente ponderada. Este ensaio está disponível no SuttaCentral e qualquer pessoa interessada em um estudo sério do Aṅguttara é encorajada a lê-lo. ", "an-guide-sujato:21": "Vamos abordar o material de uma perspectiva diferente, porém, uma perspectiva que se aproxime mais da experiência de leitura do texto. A pergunta de Bhikkhu Bodhi é intrigante: o que os redatores do Aṅguttara estavam pensando? ", "an-guide-sujato:22": "Embora não haja dúvida de que a sequência de suttas e ideias do Aṅguttara é até certo ponto caótica, seria realmente plausível que o mesmo corpo de pessoas que demonstraram tanta dedicação à classificação no Saṁyutta tenham simplesmente abandonado seus esforços no Aṅguttara? Talvez para entender melhor os redatores, e através deles os ensinamentos com os quais eles trabalharam, devemos abordar o problema de uma nova maneira. ", @@ -25,87 +25,87 @@ "an-guide-sujato:24": "Significado numerológico. ", "an-guide-sujato:25": "Conjuntos temáticos, sequências e arcos narrativos. ", "an-guide-sujato:26": "Repetição espaçada. ", - "an-guide-sujato:27": "A seguir se mostra como estas coisas funcionam nos três primeiros livros ou nipātas. Desta forma, a ideia é guiar o leitor até que ele se sinta à vontade para prosseguir por conta própria no resto da coleção. ", + "an-guide-sujato:27": "A seguir se mostra como estas coisas funcionam nos três primeiros livros ou _nipātas_. Desta forma, a ideia é guiar o leitor até que ele se sinta à vontade para prosseguir por conta própria no resto da coleção. ", "an-guide-sujato:28": "Certamente não é o caso de que estes sejam os únicos princípios organizacionais em ação. Tampouco é o caso de que eles explicam completamente toda, ou mesmo a maioria, da aleatoriedade do Aṅguttara. No entanto, estes princípios sugerem um entendimento orientador que moldou a coleção na forma que a temos hoje. ", - "an-guide-sujato:29": "Primeiramente uma reflexão. Muito do modo como nos organizamos e nos relacionamos com o mundo não é através da razão, mas através da associação. Se refletirmos sobre isso em termos dos cinco agregados, uma coleção como a Saṁyutta Nikāya tem uma estrutura geral que é deliberadamente pensada e construída, ou seja, é baseada em escolhas racionais ou saṅkhārās. Talvez o que precisamos procurar no Aṅguttara seja uma maneira diferente de pensar, baseada na percepção, memória e associação (saññā). ", - "an-guide-sujato:30": "Mas por que uma massa tão grande de textos seria organizada de tal forma? A resposta não é difícil de encontrar. Como muitos dos princípios que organizam os textos budistas, esta forma de organização seria útil para a memorização. Para um recitador dos suttas que precisava manter em memória centenas de textos ordenados, qualquer tipo de conexão funcionaria. Não importa realmente se a conexão seria por tópico, termos em comum, sintaxe, rima, ou qualquer outra coisa. A percepção reconhece padrões. Ela associa uma coisa à outra, independentemente do quão significativa é a característica de conexão. ", + "an-guide-sujato:29": "Primeiramente uma reflexão. Muito do modo como nos organizamos e nos relacionamos com o mundo não é através da razão, mas através da associação. Se refletirmos sobre isso em termos dos cinco agregados, uma coleção como a Saṁyutta Nikāya tem uma estrutura geral que é deliberadamente pensada e construída, ou seja, é baseada em escolhas racionais ou _saṅkhārās_. Talvez o que precisamos procurar no Aṅguttara seja uma maneira diferente de pensar, baseada na percepção, memória e associação (_saññā_). ", + "an-guide-sujato:30": "Mas por que uma massa tão grande de textos seria organizada de tal forma? A resposta não é difícil de encontrar. Como muitos dos princípios que organizam os textos budistas, esta forma de organização seria útil para a memorização. Para um recitador dos suttas que precisava manter em memória centenas de textos ordenados, *qualquer* tipo de conexão funcionaria. Não importa realmente se a conexão seria por tópico, termos em comum, sintaxe, rima, ou qualquer outra coisa. A percepção reconhece padrões. Ela associa uma coisa à outra, independentemente do quão significativa é a característica de conexão. ", "an-guide-sujato:31": "Imagine, por exemplo, que você está organizando sua biblioteca pessoal. Você poderia usar um sistema racional: ordem alfabética, assunto, ou tamanho para caber em suas prateleiras. Mas esta é a sua biblioteca, você pode fazer o que quiser. Talvez em uma prateleira você coloque livros com capas azuis; em outra, livros que você não tenha lido; e em outra, livros cujo cheiro lhe lembre velhos amigos. Para qualquer outra pessoa, isto parecerá caótico, mas para você fará todo o sentido. Você pode encontrar o livro que você precisa quando quiser. A percepção faz o trabalho pesado para você, sem a tensão cognitiva de ter que trabalhar sempre através do sistema racional. ", "an-guide-sujato:32": "O significado dos números ", "an-guide-sujato:33": "Na maioria das vezes, o uso de números em textos budistas é inteiramente pragmático. Depois de saber que um conjunto tem um certo número de itens, pode-se dizer se esqueceu algo. ", - "an-guide-sujato:34": "No entanto, os números sempre foram imbuídos de um significado e de um sentido que transcende a mera contabilidade. Eles nos permitem fazer sentido de um cosmos complexo através de um simples conjunto de convenções. Os números são usados no budismo para provocar espanto, até mesmo medo, no âmbito “astronômico” da transmigração. Seria possível que o significado simbólico dos números confira aos vários nipātas um certo sentido de unidade? ", + "an-guide-sujato:34": "No entanto, os números sempre foram imbuídos de um significado e de um sentido que transcende a mera contabilidade. Eles nos permitem fazer sentido de um cosmos complexo através de um simples conjunto de convenções. Os números são usados no budismo para provocar espanto, até mesmo medo, no âmbito “astronômico” da transmigração. Seria possível que o significado simbólico dos números confira aos vários _nipātas_ um certo sentido de unidade? ", "an-guide-sujato:35": "O significado simbólico é, por sua própria natureza, impossível de se determinar com precisão. Ao contrário da definição racional, ela não serve para limitar o alcance do significado, mas para ampliá-lo através de sugestões, dicas e conotações. O significado simbólico dos números, até onde sei, tem sido em sua maioria ignorado nos estudos budistas. Algumas observações numerológicas foram feitas nas entradas numéricas do Pali-English Dictionary de Rhys Davids e Stede, mas sabe-se de pouco ter sido feito desde então. No entanto, podemos fazer algumas observações gerais. ", "an-guide-sujato:36": "O número Um ", - "an-guide-sujato:37": "O número da harmonia, simplicidade e supremacia. É especialmente enfatizado no contexto da meditação profunda (jhāna or samādhi). Entretanto, ao contrário de muitos contextos espirituais, no budismo ele nunca tem um sentido metafísico: Nibbāna é zero, não um; Nibbāna remete ao vazio, não à unidade. ", + "an-guide-sujato:37": "O número da harmonia, simplicidade e supremacia. É especialmente enfatizado no contexto da meditação profunda (_jhāna_ or _samādhi_). Entretanto, ao contrário de muitos contextos espirituais, no budismo ele nunca tem um sentido metafísico: Nibbāna é zero, não um; Nibbāna remete ao vazio, não à unidade. ", "an-guide-sujato:38": "O número Dois ", "an-guide-sujato:39": "Usado para os pares, aquelas coisas que podem ser complementadas — mãos, olhos, homem e mulher — e opostas — bom vs. mau, luz vs. escuridão, dor vs. prazer — ou envolvem sequência — habilidade em entrar em meditação e habilidade em sair dela. O número dois representa as dualidades do mundo. ", "an-guide-sujato:40": "O número Três ", - "an-guide-sujato:41": "Composto da soma entre dois e um. O número três acrescenta uma dimensão extra, muitas vezes espiritual, ao dualismo mundano do número dois. Isto é bastante explícito em conjuntos tais como “gratificação, desvantagem e escapatória”, e mais sutilmente em, digamos, sentimento agradável, doloroso e neutro. O número três representa o outro; e é o outro que contém a semente da transcendência. ", + "an-guide-sujato:41": "Composto da soma entre dois e um. O número três acrescenta uma dimensão extra, muitas vezes espiritual, ao dualismo mundano do número dois. Isto é bastante explícito em conjuntos tais como “gratificação, desvantagem e escapatória”, e mais sutilmente em, digamos, sentimento agradável, doloroso e neutro. O número três representa o *outro*; e é o outro que contém a semente da transcendência. ", "an-guide-sujato:42": "O número Quatro ", - "an-guide-sujato:43": "O número quatro é o mais característico do budismo, e o Livro Quatro é o maior dos nipātas. Sua metáfora principal são os quatro quadrantes ou direções, e assim conota totalidade e equilíbrio, mais obviamente nas quatro verdades nobres. Múltiplos de quatro têm o mesmo significado em uma ordem superior. Dez é semelhante, na medida em que deriva dos quatro quadrantes, incluindo os quadrantes intermediários, o nadir e o zênite. ", + "an-guide-sujato:43": "O número quatro é o mais característico do budismo, e o Livro Quatro é o maior dos _nipātas_. Sua metáfora principal são os quatro quadrantes ou direções, e assim conota totalidade e equilíbrio, mais obviamente nas quatro verdades nobres. Múltiplos de quatro têm o mesmo significado em uma ordem superior. Dez é semelhante, na medida em que deriva dos quatro quadrantes, incluindo os quadrantes intermediários, o nadir e o zênite. ", "an-guide-sujato:44": "O número Cinco ", "an-guide-sujato:45": "Tem origem nos dedos da mão, que é o que usamos para contar; por isso, ela se divide em 4 + 1 (dedos e polegar) em vez de 2 + 3. O exemplo mais óbvio disso são os cinco agregados apegados, onde a consciência se posiciona contra os outros quatro agregados. Da mesma forma, digamos, nas cinco faculdades e poderes, a sabedoria é o “polegar”. ", "an-guide-sujato:46": "O número Seis ", "an-guide-sujato:47": "Toma como metáfora raiz o corpo com seus quatro membros, tronco e cabeça. O sentido geral é um “grande conjunto”, e o conjunto mais proeminente são os seis campos de sentido. ", "an-guide-sujato:48": "O número Sete ", "an-guide-sujato:49": "Um número astronômico, derivado dos ciclos lunares e dos corpos celestes (sol + lua + cinco planetas visíveis). É usado especialmente em mitos, e tem o sentido geral de “todo o ciclo de vida e morte”. Ele aparece neste sentido na história do nascimento daquele empenhado pelo despertar, o bodhisatta. ", - "an-guide-sujato:50": "Acredito que de fato discernimos traços desses significados no Aṅguttara, e oferecemos alguns exemplos abaixo. Em alguns casos, os textos de um certo número teriam sido simplesmente importados para a coleção, enquanto em outros casos o texto teria sido editado especificamente para criar o conjunto numerado necessário. De qualquer forma, fazer algum sentido desses significados nos dá uma perspectiva através da qual ver os nipātas como um conjunto válido. ", + "an-guide-sujato:50": "Acredito que de fato discernimos traços desses significados no Aṅguttara, e oferecemos alguns exemplos abaixo. Em alguns casos, os textos de um certo número teriam sido simplesmente importados para a coleção, enquanto em outros casos o texto teria sido editado especificamente para criar o conjunto numerado necessário. De qualquer forma, fazer algum sentido desses significados nos dá uma perspectiva através da qual ver os _nipātas_ como um conjunto válido. ", "an-guide-sujato:51": "Tendo tais significados abrangentes, e ceramente muitas exceções e contradições, não é realmente possível estabelecer indubitavelmente que os números do Aṅguttara têm um significado simbólico. Caso você não goste de qualquer tentativa de leitura de significado simbólico, não posso lhe provar estar errado. Mas isso, creio, nos dá uma abordagem através da qual podemos apreciar os esforços dos redatores e a maneira como eles lidaram com seu material diverso e complexo. ", "an-guide-sujato:52": "Conjuntos temáticos, seqüências e arcos narrativos. ", - "an-guide-sujato:53": "Apesar de sua impressão caótica, os suttas do Aṅguttara raramente são isolados. Na maioria das vezes eles aparecem em conjuntos temáticos que lidam com um mesmo tópico. Isto pode ser apenas um par de suttas, embora não seja raro encontrar um vagga inteiro sobre um tema específico. Estes são suttas muitas vezes intimamente relacionados, com simplesmente apenas alguns detalhes variando de um para o outro. Ou podem ter um tema condutor vago, apresentando, por exemplo, o mesmo indivíduo, ou grupo de indivíduos. Em vários casos, vaggas de mesmo nome e tema aparecem várias vezes na coleção. ", - "an-guide-sujato:54": "Tais conjuntos temáticos são fáceis de se reconhecer; mas mesmo assim, muitas vezes parece que não há nada que conecte um conjunto com o próximo. No entanto, nem sempre é este o caso. Muitas vezes, a mudança de um agrupamento para outro acontece por meio do que se poderia chamar de uma transição temática. Quando se passa de um agrupamento temático para o próximo, algum elemento comum é mantido. Isto pode ser um assunto, ou simplesmente alguma característica formal—um formato de pergunta, uma palavra, uma sintaxe, etc. Tais ganchos ajudam a suavizar a transição de aglomerado para aglomerado. ", + "an-guide-sujato:53": "Apesar de sua impressão caótica, os suttas do Aṅguttara raramente são isolados. Na maioria das vezes eles aparecem em *conjuntos temáticos* que lidam com um mesmo tópico. Isto pode ser apenas um par de suttas, embora não seja raro encontrar um _vagga_ inteiro sobre um tema específico. Estes são suttas muitas vezes intimamente relacionados, com simplesmente apenas alguns detalhes variando de um para o outro. Ou podem ter um tema condutor vago, apresentando, por exemplo, o mesmo indivíduo, ou grupo de indivíduos. Em vários casos, _vaggas_ de mesmo nome e tema aparecem várias vezes na coleção. ", + "an-guide-sujato:54": "Tais conjuntos temáticos são fáceis de se reconhecer; mas mesmo assim, muitas vezes parece que não há nada que conecte um conjunto com o próximo. No entanto, nem sempre é este o caso. Muitas vezes, a mudança de um agrupamento para outro acontece por meio do que se poderia chamar de uma *transição temática*. Quando se passa de um agrupamento temático para o próximo, algum elemento comum é mantido. Isto pode ser um assunto, ou simplesmente alguma característica formal—um formato de pergunta, uma palavra, uma sintaxe, etc. Tais ganchos ajudam a suavizar a transição de aglomerado para aglomerado. ", "an-guide-sujato:55": "Nesses casos, descobrimos que existe algum elemento no primeiro agrupamento [A], que é combinado com um segundo elemento [AB] para formar um novo agrupamento ou ampliar o anterior. Então, o segundo elemento é combinado com algo mais para fazer outro agrupamento [BC]. E talvez mais tarde o segundo elemento seja totalmente descartado, deixando apenas o terceiro [C], ou é recombinado com algo novo. Se você comparar o primeiro elemento [A] com o terceiro [C], não há nada em comum. No entanto, o progresso de um para o outro é claramente gradual. E a freqüência com que isto ocorre mostra que não é, de forma alguma, acidental. ", "an-guide-sujato:56": "Técnicas similares são um recurso no ramo da composição musical. Depois de introduzir um tema, o compositor gradualmente o transforma e o desenvolve. Eventualmente eles podem chegar a um novo tema, que não tem nada em comum com o original, mas a partir do qual este claramente evoluiu. ", - "an-guide-sujato:57": "Uma transição temática é muitas vezes uma técnica puramente formal que diz pouco sobre o assunto. Entretanto, com atenção cuidadosa, podemos ver que os grupos temáticos, encadeados por via de transições, às vezes evoluem em grandes extensões de texto para criar um arco narrativo organizado de forma frouxa. Tais arcos ecoam estruturas de ensino que são familiares de outras partes, tais como o Treinamento Gradual. Isto é usado, por exemplo, para informar a forma dos primeiros 75 suttas do Livro Um. Tais arcos não são de forma alguma tão claros e formalmente estruturados como os ensinamentos em que se baseiam. No entanto, o progresso de um tópico para o próximo é inegável. ", - "an-guide-sujato:58": "De fato, cada nipāta pode ser visto como formando seu próprio arco narrativo, pois normalmente começam com práticas básicas, e terminam com a realização de Nibbāna. As séries de repetição que completam cada nipāta também têm seu próprio arco interno, apontando para as mais elevadas qualidades. ", + "an-guide-sujato:57": "Uma transição temática é muitas vezes uma técnica puramente formal que diz pouco sobre o assunto. Entretanto, com atenção cuidadosa, podemos ver que os grupos temáticos, encadeados por via de transições, às vezes evoluem em grandes extensões de texto para criar um *arco narrativo* organizado de forma frouxa. Tais arcos ecoam estruturas de ensino que são familiares de outras partes, tais como o Treinamento Gradual. Isto é usado, por exemplo, para informar a forma dos primeiros 75 suttas do Livro Um. Tais arcos não são de forma alguma tão claros e formalmente estruturados como os ensinamentos em que se baseiam. No entanto, o progresso de um tópico para o próximo é inegável. ", + "an-guide-sujato:58": "De fato, cada _nipāta_ pode ser visto como formando seu próprio arco narrativo, pois normalmente começam com práticas básicas, e terminam com a realização de Nibbāna. As séries de repetição que completam cada _nipāta_ também têm seu próprio arco interno, apontando para as mais elevadas qualidades. ", "an-guide-sujato:59": "Repetição espaçada ", "an-guide-sujato:60": "No caso dos discursos do Dīgha Nikāya e no Majjhima Nikāya, um estudante passaria um bom período de tempo memorizando um texto específico o ensaiando. No caso de um bom estudante ele também perguntaria e questionaria sobre o significado daquele texto. Apenas quando completamente memorizado, ele passaria para o próximo texto. No caso do Saṁyutta Nikāya, um estudante aprenderia dezenas, até mesmo centenas de suttas sobre o mesmo tópico e que compartilham passagens e idéias semelhantes, e muitas vezes variando pouco de um texto para o outro. Tais suttas podem ser memorizados rapidamente, e problemas de interpretação muitas vezes surgem no nível do tópico e não do texto individual. ", "an-guide-sujato:61": "No entanto, memorizar textos muito longos, ou vários textos sobre o mesmo assunto, pode se tornar uma tarefa penosa, pois a mente é estimulada com variedade e surpresa. No caso do Aṅguttara, um estudante aprenderia um ou dois suttas sobre um tópico específico, ou talvez alguns mais, e então algo diferente, e então voltaria para o tópico original, e em seguida um terceiro tópico. Agora, como já vimos, há vários aspectos que ajudariam a guardar bem a sequência dos textos. Mas talvez haja algo a mais em questão: talvez é a própria aleatoriedade e repetição que os ajudaria a aprender e guardar os textos. ", "an-guide-sujato:62": "Isso se assemelhar bastante com a técnica moderna conhecida como “repetição espaçada”, comumente usada para aprendizagem de idiomas. Um vocabulário de palavras é introduzido, uma palavra de cada vez em uma seqüência aleatória. Depois de aprender uma palavra, passa-se para a outra. Mas a primeira palavra é reintroduzida um pouco mais tarde para reforçar o aprendizado. E assim por diante, com as mesmas palavras voltando continuamente. Em termos da sequência de uma palavra para a próxima, tudo é aleatório. Mas o padrão geral é cuidadosamente otimizado para reforçar e acelerar a memorização. ", - "an-guide-sujato:63": "Talvez seja como o caso de uma escola. O Saṁyutta é como um currículo escolar: tudo o que você precisa saber sobre um tópico, tudo em um só lugar. Mas o Aṅguttara é como um dia típico na escola. Uma aula segue a outra, e não há rima e razão reais para a sequência destas aulas. Algumas coisas acontecem de forma bastante regular e previsível, enquanto outras simplesmente se dão aleatoriamente. Apesar da natureza mais caótica, o dia a dia na escola funciona: é assim que aprendemos. Ninguém poderá sugerir que as disciplinas escolares são melhor dominadas aprendendo primeiro o currículo de ciências, depois a matemática, depois a história. A repetição espaçada não apenas reforça o aprendizado, mas nos provoca a ver novas e inesperadas conexões entre as coisas. ", + "an-guide-sujato:63": "Talvez seja como o caso de uma escola. O Saṁyutta é como um * currículo * escolar: tudo o que você precisa saber sobre um tópico, tudo em um só lugar. Mas o Aṅguttara é como um * dia típico * na escola. Uma aula segue a outra, e não há rima e razão reais para a sequência destas aulas. Algumas coisas acontecem de forma bastante regular e previsível, enquanto outras simplesmente se dão aleatoriamente. Apesar da natureza mais caótica, o dia a dia na escola funciona: é assim que aprendemos. Ninguém poderá sugerir que as disciplinas escolares são melhor dominadas aprendendo primeiro o currículo de ciências, depois a matemática, depois a história. A repetição espaçada não apenas reforça o aprendizado, mas nos provoca a ver novas e inesperadas conexões entre as coisas. ", "an-guide-sujato:64": "O livro um ", "an-guide-sujato:65": "Eu sugiro que o número um carrega consigo um conjunto específico de conotações, notavelmente harmonia, simplicidade e prevalência. Se isso for abordado como um tema geral, pode ser algo assim: mantenha sua prática espiritual simples e focada para ajudar sua mente a atingir uma imersão profunda e, dessa forma, você poderá realizar o Dhamma supremo. Vamos ver como o primeiro livro do Aṅguttara exemplifica esses atributos. ", - "an-guide-sujato:66": "O livro um é um caso bastante especial, pois praticamente todo o nipāta é construído a partir de fragmentos e padrões. A coleção começa com a afirmação impressionante de que nenhuma visão ocupa a mente de um homem como a de uma mulher, ou a mente de uma mulher como a de um homem. O restante dos sentidos exteriores são listados para cada binário de gênero, fazendo dez suttas ao todo para o primeiro vagga. Isto tem muito a aparência de um único sutta dividido em dez. No livro cinco (AN 5.55) encontramos um conjunto semelhante de afirmações feitas em um contexto particular, lidando apenas com a perspectiva masculina. E no cânone chinês encontramos que os paralelos na EA 9.7 e EA 9.8 se encaixam nas duas metades desta vagga. Isto apóia a idéia de que estes textos foram originalmente combinados para formar um único sutta, ou talvez um par de suttas. ", + "an-guide-sujato:66": "O livro um é um caso bastante especial, pois praticamente todo o _nipāta_ é construído a partir de fragmentos e padrões. A coleção começa com a afirmação impressionante de que nenhuma visão ocupa a mente de um homem como a de uma mulher, ou a mente de uma mulher como a de um homem. O restante dos sentidos exteriores são listados para cada binário de gênero, fazendo dez suttas ao todo para o primeiro _vagga_. Isto tem muito a aparência de um único sutta dividido em dez. No livro cinco (AN 5.55) encontramos um conjunto semelhante de afirmações feitas em um contexto particular, lidando apenas com a perspectiva masculina. E no cânone chinês encontramos que os paralelos na EA 9.7 e EA 9.8 se encaixam nas duas metades desta _vagga_. Isto apóia a idéia de que estes textos foram originalmente combinados para formar um único sutta, ou talvez um par de suttas. ", "an-guide-sujato:67": "Um exemplo ainda mais claro disto é encontrado nos três pares de suttas encontrados entre o AN 1.76 e o AN 1.81. Cada um dos pares segue o mesmo padrão, exemplificado pelo primeiro par. O AN 1.76 diz que a perda de parentes é uma coisa pequena, enquanto que a sabedoria é a pior coisa a se perder. Já o AN 1.77 apresenta o inverso: a expansão da família é uma coisa pequena, pois a sabedoria é a melhor coisa se expandir. Mas o sutta continua e se conclui, com os mendicantes sendo exortados a treinar para que sua sabedoria se expanda. Esta conclusão não se encontra no primeiro dos dois suttas, e é um sinal claro de que o texto foi dividido. ", "an-guide-sujato:68": "Não se deve concluir daí que o texto foi montado de forma aleatória. Pelo contrário, podemos identificar uma série de arcos narrativos que conectam longas séries de suttas. Os capítulos de abertura foram concebidos para mostrar o desenvolvimento da meditação, ecoando o progresso do meditador no Treinamento Gradual. ", "an-guide-sujato:69": "O primeiro capítulo, como já vimos, trata da restrição da sexualidade, um dos fundamentos da meditação. ", "an-guide-sujato:70": "O segundo capítulo trata dos obstáculos que devem ser abandonados antes que se possa entrar em meditação profunda. Isto é ligado por meio de uma transição temática do capítulo anterior, sendo o elo entre os textos a frase “Não vejo uma única coisa”. ", "an-guide-sujato:71": "O terceiro e quarto capítulos tratam das vantagens da mente cultivada, que foi purificada através do processo de meditação: nada traz maior felicidade e benefício. Eles continuam usando a frase “Eu não vejo uma única coisa”. ", - "an-guide-sujato:72": "O quinto capítulo não mais inclui a frase “Não vejo uma única coisa”. Aqui a transição temática envolve o tópico da “mente” (citta) e seu cultivo. ", - "an-guide-sujato:73": "O quinto capítulo termina com dois discursos que mencionam a famosa “mente radiante” ou “mente luminosa”. Estes são fragmentos, e uma declaração mais completa é encontrada nos suttas seguintes, que iniciam o próximo capítulo. É um tanto incomum encontrar suttas tão intimamente ligados divididos por um vagga como neste caso. Note que a “mente radiante” não é um termo metafísico, e nem aqui nem em qualquer outro lugar nos textos antigos do budismo a mente é dita “intrinsecamente” ou “naturalmente” ou “originalmente” radiante ou luminosa. Pelo contrário, a mente é condicionada e, portanto, não há nada que esta seja “intrinsecamente”. A mente radiante é simplesmente uma forma de se denotar a absorção meditativa ou jhāna. ", - "an-guide-sujato:74": "O sexto capítulo continua sobre o tema da absorção meditativa. Entretanto, ele muda de tema a partir do sutta AN 1.56—sem perder no entanto o foco na “mente” — e continua abordando a causalidade relativas às boas e más qualidades. No contexto, estas podem ser entendidas como pertencentes à porção de sabedoria da meditação, como tratada no quarto do satipaṭṭhānas. E esta série culmina no AN 1.75 com a perfeição dos fatores ou princípios do despertar, apontando assim para a conclusão do caminho espiritual. ", + "an-guide-sujato:72": "O quinto capítulo não mais inclui a frase “Não vejo uma única coisa”. Aqui a transição temática envolve o tópico da “mente” (_citta_) e seu cultivo. ", + "an-guide-sujato:73": "O quinto capítulo termina com dois discursos que mencionam a famosa “mente radiante” ou “mente luminosa”. Estes são fragmentos, e uma declaração mais completa é encontrada nos suttas seguintes, que iniciam o próximo capítulo. É um tanto incomum encontrar suttas tão intimamente ligados divididos por um _vagga_ como neste caso. Note que a “mente radiante” não é um termo metafísico, e nem aqui nem em qualquer outro lugar nos textos antigos do budismo a mente é dita “intrinsecamente” ou “naturalmente” ou “originalmente” radiante ou luminosa. Pelo contrário, a mente é condicionada e, portanto, não há nada que esta seja “intrinsecamente”. A mente radiante é simplesmente uma forma de se denotar a absorção meditativa ou _jhāna_. ", + "an-guide-sujato:74": "O sexto capítulo continua sobre o tema da absorção meditativa. Entretanto, ele muda de tema a partir do sutta AN 1.56—sem perder no entanto o foco na “mente” — e continua abordando a causalidade relativas às boas e más qualidades. No contexto, estas podem ser entendidas como pertencentes à porção de sabedoria da meditação, como tratada no quarto do _satipaṭṭhānas_. E esta série culmina no AN 1.75 com a perfeição dos fatores ou princípios do despertar, apontando assim para a conclusão do caminho espiritual. ", "an-guide-sujato:75": "Uma estrutura como esta é particularmente significativa, uma vez que revela a intenção dos redatores. Este arco narrativo abrangendo 75 suttas fragmentadas não existiria de forma alguma nas fontes: ele é puramente subentendido pelas escolhas dos redatores. O método usado por estes foi de reduzir as declarações do Dhamma para seus elementos mais simples e significativos, depois remontá-los de acordo com os princípios do Dhamma tal como eles os entendiam. ", - "an-guide-sujato:76": "E os redatores foram ainda mais sutis do que isso. Pois não apenas estes fragmentos são montados para formar um todo coerente, mas a escolha do tema foi bastante deliberada. De todos os contextos doutrinários do budismo, é no assunto de samādhi ou “unificação da mente”, em que o número um é mais proeminente. Ao começar com o livro um, os redatores foram cuidadosos com o uso de números no cânone, e organizaram seus textos para trazer o ensinamento relativo ao número um mais importante à tona. ", - "an-guide-sujato:77": "Deste ponto em diante, o texto muda o foco. Conforme observado acima, o AN 1.76–81 lida com pares relativos ao ganhar e perder. Então, a partir do AN 1.82 temos uma série de textos sobre aquelas coisas que são prejudiciais e benéficas, começando com o par de negligência e diligência. Embora esses ensinamentos sejam, obviamente, comuns em todo o cânone, é adequado que eles apareçam aqui para representar o foco especial do Aṅguttara nos fundamentos de uma vida bem vivida. Aqui eles exemplificam o aspecto da simplicidade, ajudando o aluno a se concentrar em apenas um aspecto do Dhamma de cada vez ", + "an-guide-sujato:76": "E os redatores foram ainda mais sutis do que isso. Pois não apenas estes fragmentos são montados para formar um todo coerente, mas a escolha do tema foi bastante deliberada. De todos os contextos doutrinários do budismo, é no assunto de _samādhi_ ou “unificação da mente”, em que o número um é mais proeminente. Ao começar com o livro um, os redatores foram cuidadosos com o uso de números no cânone, e organizaram seus textos para trazer o ensinamento relativo ao número um mais importante à tona. ", + "an-guide-sujato:77": "Deste ponto em diante, o texto muda o foco. Conforme observado acima, o AN 1.76–81 lida com pares relativos ao ganhar e perder. Então, a partir do AN 1.82 temos uma série de textos sobre aquelas coisas que são prejudiciais e benéficas, começando com o par de negligência e diligência. Embora esses ensinamentos sejam, obviamente, comuns em todo o cânone, é adequado que eles apareçam aqui para representar o foco especial do Aṅguttara nos fundamentos de uma vida bem vivida. Aqui eles exemplificam o aspecto da *simplicidade*, ajudando o aluno a se concentrar em apenas um aspecto do Dhamma de cada vez ", "an-guide-sujato:78": "O mesmo conjunto de fatores é tratado algumas vezes com modelos ligeiramente variados, o último dos quais diz que cada uma desses princípios prejudiciais leva ao desaparecimento do budismo, enquanto que os princípios benéficos levam à sua continuação. Isso nos leva ao AN 1.129. ", "an-guide-sujato:79": "A partir do AN 1.130–169, o tópico da preservação do Dhamma é continuado, mas aplicado a um novo tema, um que é bastante distintivo da Aṅguttara: ensinar o Dhamma. Especificamente, aqueles que apresentam o Dhamma com precisão realizam muitos méritos e preservam o Budismo, enquanto aqueles que distorcem ou deturpam o Dhamma realizam mau karma e destroem o Budismo. Esta série de textos exibe sua própria estrutura interna, pois começa simplesmente com o “ensino” e, em seguida, continua a diferenciar o Dhamma cada vez mais detalhadamente, especialmente com a introdução do Vinaya e uma lista bastante extensa de termos técnicos para a disciplina monástica. Não é preciso muito para ver que uma declaração originalmente simples poderia ter sido extraída adicionando vários aspectos do ensino, convenientemente dando aos alunos do Aṅguttara algum material do Vinaya para aprender. ", "an-guide-sujato:80": "Esta série de suttas claramente se desenvolve a partir da anterior, com o tema de preservação do Budismo como a transição temática. Assim, temos, entre os discursos AN 1.82 e o AN 1.169, um segundo arco narrativo composto por 88 suttas. ", "an-guide-sujato:81": "A partir do AN 1.170, um novo tema é introduzido, que também representa um aspecto chave do Aṅguttara: indivíduos. O budismo é, obviamente, mais famoso por seus ensinamentos sobre o não-eu e sua análise impessoal dos processos psicológicos. Mas há bastante material ao longo dos suttas que trata de pessoas, ou tipos de caráter, e muito disso está no Aṅguttara. Esses textos foram posteriormente reunidos para formar o texto do Abhidhamma intitulado Puggalapaññatti, que trata da “Descrição dos Indivíduos”. ", - "an-guide-sujato:82": "Segundo o budismo, de todos os tipos de indivíduos o próprio Buda é incomparável. Embora haja uma série de Budas ao longo dos tempos, em nossa era ele é único. Portanto, esses suttas falam de “um indivíduo” que surge no mundo e que é exclusivamente benéfica e transcendente. No AN 1.187, o principal discípulo do Buda, Sāriputta, é elogiado como aquele que continua a girar a roda do Dhamma, após o Buda. Isso serve de transição temática para a próxima série de suttas, que ligam seguidores individuais do Buda a um louvor particular. Esta é uma lista bastante fascinante, na qual são listados vários personagens de todo o cânone; não apenas dos quatro nikāyas, mas também de textos do Vinaya e do Khuddaka Nikāya. Bhikkhus de destaque aparecem nos AN 1.188–234; bhikkhunis nos AN 1.235–247; discípulos leigos no AN 1.248–257; e discípulas leigas no AN 1.258–267. Todos estes indivíduos são apresentados como únicos em maestria nas suas especialidades respectivos, exemplificando o sentido de “um” como prevalência ou proeminência. ", + "an-guide-sujato:82": "Segundo o budismo, de todos os tipos de indivíduos o próprio Buda é incomparável. Embora haja uma série de Budas ao longo dos tempos, em nossa era ele é único. Portanto, esses suttas falam de “um indivíduo” que surge no mundo e que é exclusivamente benéfica e transcendente. No AN 1.187, o principal discípulo do Buda, Sāriputta, é elogiado como aquele que continua a girar a roda do Dhamma, após o Buda. Isso serve de transição temática para a próxima série de suttas, que ligam seguidores individuais do Buda a um louvor particular. Esta é uma lista bastante fascinante, na qual são listados vários personagens de todo o cânone; não apenas dos quatro _nikāyas_, mas também de textos do Vinaya e do Khuddaka Nikāya. Bhikkhus de destaque aparecem nos AN 1.188–234; bhikkhunis nos AN 1.235–247; discípulos leigos no AN 1.248–257; e discípulas leigas no AN 1.258–267. Todos estes indivíduos são apresentados como únicos em maestria nas suas especialidades respectivos, exemplificando o sentido de “um” como *prevalência ou proeminência*. ", "an-guide-sujato:83": "O próximo capítulo continua o tema dos “indivíduos”, enumerando várias coisas que são possíveis ou impossíveis para vários tipos específicos de indivíduos. Por exemplo, é impossível para alguém que “alcançou a visão”—isto é, alguém que entrou na correnteza— considerar como permanente qualquer condição. Mas a partir do AN 1.284–295, mais uma vez encontramos uma transição temática; o “indivíduo” desaparece e o tema do possível e do impossível é aplicado a um nível impessoal: boas coisas não podem resultar de más ações ou escolhas. ", - "an-guide-sujato:84": "Isso constitui o terceiro grande arco narrativo do livro um, os 126 suttas a partir do AN 1.170 to AN 1.295. O restante do livro um continua de maneira semelhante, com suttas fragmentados agrupados ao longo de amplas linhas temáticas. Os temas permanecem semelhantes, com uma diferença. À medida que o livro se aproxima de seu fim, o assunto de Nibbana, o objetivo final do budismo, torna-se cada vez mais proeminente. O último vagga é chamado “capítulo sobre o Imortal” e trata diretamente do caminho para o despertar completo. Assim, o senso de unidade temática que tem sido evidente em várias seções do livro um também é evidente em sua estrutura geral, com estas reunidas pelos redatores para culminar no despertar. ", + "an-guide-sujato:84": "Isso constitui o terceiro grande arco narrativo do livro um, os 126 suttas a partir do AN 1.170 to AN 1.295. O restante do livro um continua de maneira semelhante, com suttas fragmentados agrupados ao longo de amplas linhas temáticas. Os temas permanecem semelhantes, com uma diferença. À medida que o livro se aproxima de seu fim, o assunto de Nibbana, o objetivo final do budismo, torna-se cada vez mais proeminente. O último _vagga_ é chamado “capítulo sobre o Imortal” e trata diretamente do caminho para o despertar completo. Assim, o senso de unidade temática que tem sido evidente em várias seções do livro um também é evidente em sua estrutura geral, com estas reunidas pelos redatores para culminar no despertar. ", "an-guide-sujato:85": "O livro dois ", - "an-guide-sujato:86": "O segundo livro, ou nipāta, representa uma ponte entre os “arcos narrativos de fragmentos” que caracterizam o primeiro nipāta e os suttas mais completos que são proeminentes no restante do Aṅguttara. Ele ecoa e amplifica os temas do primeiro nipāta, ao mesmo tempo que introduz novas ideias. ", - "an-guide-sujato:87": "Ele começa com uma série de suttas que falam dos princípios fundamentais da vida boa: fazer o bem e evitar o mal (AN 2.3–4) e os resultados das ações nesta vida e na próxima (AN 2.1). Isso, pode-se dizer, anuncia o que os redatores pretendiam ser o tema principal deste nipāta: a ideia de que existe uma ordem moral no mundo, existe o bem e o mal, e se compreendermos isso, podemos viver bem nossa vida. A coleção começa enfatizando esse fato e as terríveis consequências de ignorá-lo. ", + "an-guide-sujato:86": "O segundo livro, ou _nipāta_, representa uma ponte entre os “arcos narrativos de fragmentos” que caracterizam o primeiro _nipāta_ e os suttas mais completos que são proeminentes no restante do Aṅguttara. Ele ecoa e amplifica os temas do primeiro _nipāta_, ao mesmo tempo que introduz novas ideias. ", + "an-guide-sujato:87": "Ele começa com uma série de suttas que falam dos princípios fundamentais da vida boa: fazer o bem e evitar o mal (AN 2.3–4) e os resultados das ações nesta vida e na próxima (AN 2.1). Isso, pode-se dizer, anuncia o que os redatores pretendiam ser o tema principal deste _nipāta_: a ideia de que existe uma ordem moral no mundo, existe o bem e o mal, e se compreendermos isso, podemos viver bem nossa vida. A coleção começa enfatizando esse fato e as terríveis consequências de ignorá-lo. ", "an-guide-sujato:88": "O segundo capítulo se baseia nisso, falando sobre o “poder da reflexão”, de olhar para trás e compreender essa ordem moral, e o “poder do cultivo” que abandona o que é prejudicial e desenvolve o que é benéfico (AN 2.11–13). Um exemplo específico disso é dado no caso de uma medida disciplinar dentro do Saṅgha (AN 2.15; cp. AN 2.21). Quando um discípulo mendicante (bhikkhu) acusa outro de transgressão, ambos devem “refletir” sobre o que realmente aconteceu e o papel que tiveram no ocorrido, e só então a questão pode ser devidamente curada e todos seguirem adiante. Este capítulo também detalha em vários aspectos como as boas e más ações e escolhas levam a vários resultados (AN 2.16, AN 2.17), explicando uma série de resultados que pertencem a esta vida e à próxima (AN 2.18). O Buda então introduz a ideia de uma prática deliberada: deve-se não apenas reconhecer essas coisas e refletir sobre como elas se dão em si, mas também cultivar o bem e abandonar o mal, isto pois é possível assim fazer (AN 2.19). ", - "an-guide-sujato:89": "Esses suttas (e outros) se baseiam nos ensinamentos encontrados no primeiro nipāta que trata dos princípios básicos. Eles concluem o arco narrativo de abertura que estabelece o tema deste nipāta: a dualidade mundana do bem e do mal, que cria por sua vez tanto uma responsabilidade quanto uma oportunidade de resposta. ", - "an-guide-sujato:90": "Mas não se deve pensar que esses capítulos são totalmente coerentes e sistemáticos. Pode-se encontrar nestes suttas que parecem ser bastante aleatórios, por exemplo AN 2.10 ao entrar no retiro da estação das chuvas; ou o AN 2.60 que trata de faunos (kimpurisa) que não usam a fala humana. ", - "an-guide-sujato:91": "Enquanto isso, temas distintos do primeiro nipāta também são introduzidos, misturados sem uma ordem clara. O AN 2.14 menciona duas maneiras de se ensinar Dhamma — resumida ou detalhada — enquanto que o AN 2.20 diz que a sobrevivência do budismo depende de se compreender corretamente tanto o significado e o fraseado dos textos (veja AN 2.41). O AN 2.23 repete o tema de que aquele que distorce o ensino deturpa o Buda e contribui para o fim do budismo. Isso se aplica àqueles que afirmam coisas como tendo sido ditas pelo Buda quando na verdade não foram. ", - "an-guide-sujato:92": "O AN 2.24 introduz o contraste entre os discursos que requerem interpretação (neyyattha) e aqueles cujo significado é explícito (nītattha). Em alguns suttas (por exemplo, o MN 133), descobrimos que o Buda dá uma breve declaração que os mendicantes não entendem, eles então procuram instrução sobre como interpretá-la corretamente. Em outros casos, um versículo ou declaração doutrinária não é claro e os mendicantes a discutem. Esses exemplos mostram que o processo de discussão e análise dos ensinamentos do Buda era uma prática desde o início do budismo. Esse processo acabou sendo formalizado como os vários conjuntos de textos do Abhidhamma e explicado nos comentários. Mas esses textos e análises posteriores ainda não existiam e não devem ser lidos como presentes nos suttas. ", - "an-guide-sujato:93": "O AN 2.31 reintroduz outro dos temas do primeiro nipāta: a meditação. Diz-se que o par da quietude (samatha) e introspecção (ou “insight”, vipassanā) desempenham um papel na realização do caminho espiritual: a serenidade desenvolve a mente, enquantovipassanā desenvolve a sabedoria. Juntos, eles conduzem aos dois aspectos do despertar: a libertação do coração e a libertação através da sabedoria ou entendimento. ", + "an-guide-sujato:89": "Esses suttas (e outros) se baseiam nos ensinamentos encontrados no primeiro _nipāta_ que trata dos princípios básicos. Eles concluem o arco narrativo de abertura que estabelece o tema deste _nipāta_: a dualidade mundana do bem e do mal, que cria por sua vez tanto uma responsabilidade quanto uma oportunidade de resposta. ", + "an-guide-sujato:90": "Mas não se deve pensar que esses capítulos são totalmente coerentes e sistemáticos. Pode-se encontrar nestes suttas que parecem ser bastante aleatórios, por exemplo AN 2.10 ao entrar no retiro da estação das chuvas; ou o AN 2.60 que trata de faunos (_kimpurisa_) que não usam a fala humana. ", + "an-guide-sujato:91": "Enquanto isso, temas distintos do primeiro _nipāta_ também são introduzidos, misturados sem uma ordem clara. O AN 2.14 menciona duas maneiras de se ensinar Dhamma — resumida ou detalhada — enquanto que o AN 2.20 diz que a sobrevivência do budismo depende de se compreender corretamente tanto o significado e o fraseado dos textos (veja AN 2.41). O AN 2.23 repete o tema de que aquele que distorce o ensino deturpa o Buda e contribui para o fim do budismo. Isso se aplica àqueles que afirmam coisas como tendo sido ditas pelo Buda quando na verdade não foram. ", + "an-guide-sujato:92": "O AN 2.24 introduz o contraste entre os discursos que requerem interpretação (_neyyattha_) e aqueles cujo significado é explícito (_nītattha_). Em alguns suttas (por exemplo, o MN 133), descobrimos que o Buda dá uma breve declaração que os mendicantes não entendem, eles então procuram instrução sobre como interpretá-la corretamente. Em outros casos, um versículo ou declaração doutrinária não é claro e os mendicantes a discutem. Esses exemplos mostram que o processo de discussão e análise dos ensinamentos do Buda era uma prática desde o início do budismo. Esse processo acabou sendo formalizado como os vários conjuntos de textos do Abhidhamma e explicado nos comentários. Mas esses textos e análises posteriores ainda não existiam e não devem ser lidos como presentes nos suttas. ", + "an-guide-sujato:93": "O AN 2.31 reintroduz outro dos temas do primeiro _nipāta_: a meditação. Diz-se que o par da quietude (_samatha_) e introspecção (ou “insight”, _vipassanā_) desempenham um papel na realização do caminho espiritual: a serenidade desenvolve a mente, enquanto_vipassanā_ desenvolve a sabedoria. Juntos, eles conduzem aos dois aspectos do despertar: a libertação do coração e a libertação através da sabedoria ou entendimento. ", "an-guide-sujato:94": "Mas este é, por ora, um texto isolado, pois a próxima série de textos volta ao tema dos tipos de indivíduos. Na verdade, este tema é brevemente apresentado antes, quando no AN 2.2 os esforços de leigos e renunciantes é contrastado. O AN 2.32 nos diz que uma pessoa boa conhece a gratidão, enquanto que a pessoa má não. O AN 2.33 fala laços de gratidão mais forte e emocional: aquele de um filho por seus pais. O Buda diz que mesmo que se fôssemos carregar nossoas pais pelo resto de nossas vidas, alimentando-os e limpando-os, não se pode retribuir o presente da vida. Somente estabelecendo-os nos princípios do Dhamma é que podemos retribuí-los. O tema de respeito pelos pais é explorado no AN 3.31. ", - "an-guide-sujato:95": "No AN 2.35, o Buda diz a um brâmane que oferendas religiosas tradicionais (dakkhiṇa) devem ser feitas para aqueles puros, ou seja, aquele em treinamento e aquele que já adquiriu maestria no caminho espiritual. Isso substitui o sacrifício dos brâmanes. Em seguida, temos ensinamentos de alguns discípulos, em que ambos Sāriputta (AN 2.36) e Mahākaccāna (AN 2.38) fazem uma distinção entre a prática interna e externa, enquanto Mahākaccāna faz uma observação perspicaz: os chefes de família discutem sobre prazeres sensuais, mas os renunciantes discutem sobre os pontos de vista (AN 2.37). No AN 2.39, o Buda faz uma comparação bastante afiada entre um reino invadido por bandidos e uma Saṅgha cujos bons mendigos são fracos, intimidados a não se pronunciar. O capítulo seguinte (AN 2.42–51) expande isso apresentando o contraste entre boas e más comunidades espirituais. ", - "an-guide-sujato:96": "Tendo assembleias ou comunidades espirituais como grupos de indivíduos, o texto revisita ainda outro tema do primeiro nipāta: o Buda como um indivíduo incomparável. Aqui ele é contrastado com sua contraparte mundana, um monarca que faz girar a roda (AN 2.52–55). Continuando com o tema de tipos de indivíduos, os discursos AN 2.62 e AN 2.63 descrevem os procedimentos para se resolver disputas e viver em harmonia na Saṅgha . ", - "an-guide-sujato:97": "O próximo capítulo é estritamente construído sobre o assunto felicidade (sukha). E introduz o tema contrastando a felicidade dos leigos e com a felicidade dos renunciantes, sendo esta última a melhor (AN 2.64). Isso dá continuidade ao tema dos indivíduos, específicamente o contraste entre discípulos leigos e renunciantes, que já foi afirmado no segundo texto do nipāta. Aqui, ele se combina com o tema da felicidade, que é novo. Uma série de suttas expande esse tema; mas usa uma transição temática para se afastar do foco em “indivíduos” e falar de felicidade em termos puramente psicológicos de modo parecido com o que ocorre nos discursos do Saṁyutta Nikāya. ", - "an-guide-sujato:98": "Este capítulo em si forma outra transição — uma transição aninhada, se preferir — para a próxima série de capítulos. A sua característica unificadora é a integração perfeita de suttas curtos seguindo um único padrão em um vagga, voltando ao modelo de “vagga como sutta” que vimos no livro um. O capítulo 8 do livro dois trata das causas das boas e más qualidades; O capítulo 9 trata de vários e diversos pares de “coisas” (dhammā); O capítulo 10 trata do contraste entre o tolo e o astuto; e o capítulo 11, embora um pouco mais diverso, encerra esta série. ", - "an-guide-sujato:99": "Os suttas AN 2.130AN 2.133 elogiam grandes discípulos, lembrando-nos das listas dos principais discípulos no livro um. Alguns discursos revisam o tema de pessoas boas e más herdando os resultados de seus atos e escolhas (AN 2.134AN 2.137). O restante do nipāta lista uma longa série de pares de qualidades contrastantes. Particularmente interessante é a série encontrada no AN 2.280–309, em que o Buda dá as razões para o estabelecimento das regras monásticas. Normalmente, esta é uma lista de dez motivos, mas aqui eles são organizados em pares. A série final de discursos fala do desenvolvimento da compreensão profunda e do abandono por meio da quietude e introspecção. Assim, apesar de seu foco principal na ética e resultados mundanos, o segundo nipāta, assim como o primeiro, termina com as práticas que levam ao despertar. ", + "an-guide-sujato:95": "No AN 2.35, o Buda diz a um brâmane que oferendas religiosas tradicionais (_dakkhiṇa_) devem ser feitas para aqueles puros, ou seja, aquele em treinamento e aquele que já adquiriu maestria no caminho espiritual. Isso substitui o sacrifício dos brâmanes. Em seguida, temos ensinamentos de alguns discípulos, em que ambos Sāriputta (AN 2.36) e Mahākaccāna (AN 2.38) fazem uma distinção entre a prática interna e externa, enquanto Mahākaccāna faz uma observação perspicaz: os chefes de família discutem sobre prazeres sensuais, mas os renunciantes discutem sobre os pontos de vista (AN 2.37). No AN 2.39, o Buda faz uma comparação bastante afiada entre um reino invadido por bandidos e uma Saṅgha cujos bons mendigos são fracos, intimidados a não se pronunciar. O capítulo seguinte (AN 2.42–51) expande isso apresentando o contraste entre boas e más comunidades espirituais. ", + "an-guide-sujato:96": "Tendo assembleias ou comunidades espirituais como grupos de indivíduos, o texto revisita ainda outro tema do primeiro _nipāta_: o Buda como um indivíduo incomparável. Aqui ele é contrastado com sua contraparte mundana, um monarca que faz girar a roda (AN 2.52–55). Continuando com o tema de tipos de indivíduos, os discursos AN 2.62 e AN 2.63 descrevem os procedimentos para se resolver disputas e viver em harmonia na Saṅgha . ", + "an-guide-sujato:97": "O próximo capítulo é estritamente construído sobre o assunto felicidade (_sukha_). E introduz o tema contrastando a felicidade dos leigos e com a felicidade dos renunciantes, sendo esta última a melhor (AN 2.64). Isso dá continuidade ao tema dos indivíduos, específicamente o contraste entre discípulos leigos e renunciantes, que já foi afirmado no segundo texto do _nipāta_. Aqui, ele se combina com o tema da felicidade, que é novo. Uma série de suttas expande esse tema; mas usa uma transição temática para se afastar do foco em “indivíduos” e falar de felicidade em termos puramente psicológicos de modo parecido com o que ocorre nos discursos do Saṁyutta Nikāya. ", + "an-guide-sujato:98": "Este capítulo em si forma outra transição — uma transição aninhada, se preferir — para a próxima série de capítulos. A sua característica unificadora é a integração perfeita de suttas curtos seguindo um único padrão em um _vagga_, voltando ao modelo de “vagga como sutta” que vimos no livro um. O capítulo 8 do livro dois trata das causas das boas e más qualidades; O capítulo 9 trata de vários e diversos pares de “coisas” (_dhammā_); O capítulo 10 trata do contraste entre o tolo e o astuto; e o capítulo 11, embora um pouco mais diverso, encerra esta série. ", + "an-guide-sujato:99": "Os suttas AN 2.130AN 2.133 elogiam grandes discípulos, lembrando-nos das listas dos principais discípulos no livro um. Alguns discursos revisam o tema de pessoas boas e más herdando os resultados de seus atos e escolhas (AN 2.134AN 2.137). O restante do _nipāta_ lista uma longa série de pares de qualidades contrastantes. Particularmente interessante é a série encontrada no AN 2.280–309, em que o Buda dá as razões para o estabelecimento das regras monásticas. Normalmente, esta é uma lista de dez motivos, mas aqui eles são organizados em pares. A série final de discursos fala do desenvolvimento da compreensão profunda e do abandono por meio da quietude e introspecção. Assim, apesar de seu foco principal na ética e resultados mundanos, o segundo _nipāta_, assim como o primeiro, termina com as práticas que levam ao despertar. ", "an-guide-sujato:100": "O livro três ", "an-guide-sujato:101": "Nste livro, partimos das coleções fragmentárias dos livro um e dois, e passamos a encontrar suttas compostos de maneira mais convencional. Claro, isso nunca é um absoluto, já que todos os livros do Aṅguttara mantêm uma extensa série de repetições. Ainda assim, o foco a partir deste ponto está claramente em discursos completos; e, por conseguinte, a mão dos redatores é mais difícil de discernir. ", - "an-guide-sujato:102": "Isso não significa, entretanto, que haja uma ruptura dramática com os primeiros livros. Pelo contrário, o Livro dos Três começa com um vagga temático que se concentra no recorrente contraste entre o tolo e o sábio. O número três é representado nas qualidades que dizem os caracterizar. O Bālavagga (Capítulo sobre o Tolo) corresponde aos terceiro e décimo capítulos do livro dois cujo títulos são semelhantes, bem como o segundo capítulo dos livro cinco. ", - "an-guide-sujato:103": "Como os livros um e dois, este nipāta começa enfatizando a situação problemática em que nos encontramos, as tensões e desafios de nossa situação mundana. O segundo vagga muda o foco para o que podemos fazer a respeito. ", + "an-guide-sujato:102": "Isso não significa, entretanto, que haja uma ruptura dramática com os primeiros livros. Pelo contrário, o Livro dos Três começa com um _vagga_ temático que se concentra no recorrente contraste entre o tolo e o sábio. O número três é representado nas qualidades que dizem os caracterizar. O Bālavagga (Capítulo sobre o Tolo) corresponde aos terceiro e décimo capítulos do livro dois cujo títulos são semelhantes, bem como o segundo capítulo dos livro cinco. ", + "an-guide-sujato:103": "Como os livros um e dois, este _nipāta_ começa enfatizando a situação problemática em que nos encontramos, as tensões e desafios de nossa situação mundana. O segundo _vagga_ muda o foco para o que podemos fazer a respeito. ", "an-guide-sujato:104": "Assim, no AN 3.13, primeiro vemos um exemplo claro do número três como a soma entre um binário mundano e uma dimensão transcendente que resolve a contradição. Este sutta fala de alguém sem esperança—alguém afligido pela pobreza e miséria, bem como por doenças do corpo— e de uma pessoa esperançosa, que olha para um futuro brilhante. Mas depois há aquele que põe fim na esperança: visto que o objetivo foi alcançado, não há nada mais a se esperar. ", - "an-guide-sujato:105": "No AN 3.14 se apresenta um ponto político importante: mesmo os maiores governantes estão sujeitos ao estado de direito (dhamma). Aqui, o grupo relevante de três coisas reune a ação com corpo, com a fala e com a mente. Essa tríade—que antecede o budismo —expressa um dos princípios fundamentais do Dhamma, o foco nas escolhas éticas, e em realizar boas ações. É encontrado constantemente em todo o livro três. Enquanto uma filosofia mundana levaria em consideração apenas os atos externos com o corpo e com a fala do indivíduo, para o budismo a mente é sempre o mais importante. É a mente a responsável pelo que fazemos e dizemos, e é por meio dela que a liberdade é encontrada. Assim, a mente aqui aponta para a dimensão transcendente da fuga. ", + "an-guide-sujato:105": "No AN 3.14 se apresenta um ponto político importante: mesmo os maiores governantes estão sujeitos ao estado de direito (_dhamma_). Aqui, o grupo relevante de três coisas reune a ação com corpo, com a fala e com a mente. Essa tríade—que antecede o budismo —expressa um dos princípios fundamentais do Dhamma, o foco nas escolhas éticas, e em realizar boas ações. É encontrado constantemente em todo o livro três. Enquanto uma filosofia mundana levaria em consideração apenas os atos externos com o corpo e com a fala do indivíduo, para o budismo a mente é sempre o mais importante. É a mente a responsável pelo que fazemos e dizemos, e é por meio dela que a liberdade é encontrada. Assim, a mente aqui aponta para a dimensão transcendente da fuga. ", "an-guide-sujato:106": "O próximo discurso repete divisão tríplice entre corpo, fala e mente, dando alguns conselhos práticos sobre como trabalhar para seu desenvolvimento adequado. Pela primeira vez, o Aṅguttara se aventura na narrativa. No sutta, encontramos a história de um fabricante de carruagens do passado, que foi comissionado pelo rei para fazer em seis meses uma nova carruagem de guerra para uma batalha. Este é um contexto bastante impressionante: a escala da sociedade é tão pequena que não se estranhe que o rei fale pessoalmente com um fabricante de carruagens. E, aparentemente, uma única carruagem é uma construção militar adequada para a guerra; uma guerra que é, educadamente, programada com exatamente seis meses de antecedência. A pequena escala e a leveza desta história encantadora representam um forte contraste com as lendas elaboradas e fantasiosas de Dīgha. ", - "an-guide-sujato:107": "O fabricante da carruagem completa a primeira roda apenas seis dias antes da batalha e é incitado a acelerar a segunda. Mas tempo faz a diferença: a primeira roda é bem feita e estável, enquanto a segunda oscila e trava. O Buda então passa a se identificar como o fabricante da carruagem. Isso também é notável, pois é uma das poucas histórias de vidas passadas, conhecidas como Jātakas, que encontramos nos quatro nikāyas. A humilde posição do futuro Buda como um modesto fabricante de carruagens é incomum, já que geralmente se diz que ele foi um grande rei do passado. Também é digno de nota que sua ocupação é moralmente duvidosa: ele é um fabricante de armas. Mais adiante no próprio Aṅguttara nikāya aprendemos que o comércio de armas é uma das formas de meio de vida incorreto (AN 5.177). Alguém pode argumentar que uma carruagem não é uma arma; mas é explicitamente exigido como um veículo de guerra, e hoje não hesitaríamos em considerar tanques ou caças como plataformas para armas. Na coleção Jātaka posterior, não é incomum vermos aquele empenhado pelo despertar, o Bodhisatta, quebrar preceitos ou cometer vários atos de moralidade duvidosa; afinal, a questão toda é que ele ainda não era perfeito. Ainda assim, isso aumenta a impressão marcante deste pequeno conto, muito mais realista e pé-no-chão o que os outros Jātakas que encontramos nos nikāyas. ", + "an-guide-sujato:107": "O fabricante da carruagem completa a primeira roda apenas seis dias antes da batalha e é incitado a acelerar a segunda. Mas tempo faz a diferença: a primeira roda é bem feita e estável, enquanto a segunda oscila e trava. O Buda então passa a se identificar como o fabricante da carruagem. Isso também é notável, pois é uma das poucas histórias de vidas passadas, conhecidas como Jātakas, que encontramos nos quatro _nikāyas_. A humilde posição do futuro Buda como um modesto fabricante de carruagens é incomum, já que geralmente se diz que ele foi um grande rei do passado. Também é digno de nota que sua ocupação é moralmente duvidosa: ele é um fabricante de armas. Mais adiante no próprio Aṅguttara nikāya aprendemos que o comércio de armas é uma das formas de meio de vida incorreto (AN 5.177). Alguém pode argumentar que uma carruagem não é uma arma; mas é explicitamente exigido como um veículo de guerra, e hoje não hesitaríamos em considerar tanques ou caças como plataformas para armas. Na coleção Jātaka posterior, não é incomum vermos aquele empenhado pelo despertar, o Bodhisatta, quebrar preceitos ou cometer vários atos de moralidade duvidosa; afinal, a questão toda é que ele ainda não era perfeito. Ainda assim, isso aumenta a impressão marcante deste pequeno conto, muito mais realista e pé-no-chão o que os outros Jātakas que encontramos nos _nikāyas_. ", "an-guide-sujato:108": "O AN 3.16 introduz a ideia da “prática garantida”, que consiste em três dos elementos do Treinamento Gradual: contenção dos sentidos, alimentação com moderação , e vigilância. Isso implicitamente remete ao primeiro capítulo do Aṅguttara, aqui apresentado em uma forma mais padronizada. ", "an-guide-sujato:109": "Um dos artifícios retóricos característicos do Aṅguttara é contrastar o mundano com o sagrado; lembre-se de como AN 2.2 fala dos esforços do leigo e do renunciante. No AN 3.19 este tema, é expandido comparando um lojista que deve trabalhar de manhã, ao meio-dia e à noite com um mendicante que se dedica à sua meditação de manhã, ao meio-dia , e noite. AN 3.20 aplica a mesma metáfora de uma maneira diferente. Esses suttas encerram o primeiro arco, que trata de compreender os perigos do mundo e trabalhar para escapar dele. ", "an-guide-sujato:110": "O terceiro capítulo retoma o tema dos “indivíduos”. Ele começa com uma discussão entre alguns mendicantes seniores a respeito de quem é o melhor entre os três tipos de pessoa atingida espiritualmente; ou em outras palavras, quem melhor implementou a prática encorajada nos dois primeiros capítulos (AN 3.21). Uma comparação interessante é feita entre o tratamento de doenças e a prestação de assistência espiritual: nem sempre podemos ajudar, mas devemos pelo menos tentar (AN 3.22). ", @@ -114,13 +114,13 @@ "an-guide-sujato:113": "Esse discurso também se distingue pelo fato de terminar citando um versículo atualmente incluído no Sutta Nipāta, e até mesmo se referindo corretamente ao capítulo do Caminho para a Outra Margem”. Não é de todo óbvio que o versículo foi originalmente concebido para se referir a um estado de meditação. Isso mostra que leituras livres e imaginativas de suttas eram presentes nos primeiros séculos do budismo. ", "an-guide-sujato:114": "O próximo discurso (AN 3.33) continua com o tema de ir além do ego e da presunção, e também cita “Caminho para a Outra Margem”. Mas começa com o Buda no que parece ser um humor atipicamente desanimado, dizendo que quer ele ensine resumidamente ou em detalhes—na direção do que encontramos no AN 2.14—é difícil encontrar alguém que entenda. ", "an-guide-sujato:115": "O AN 3.35 narra um encontro pessoal com um sujeito chamado Hatthaka, que encontrou Buda meditando perto de sua cidade natal, Āḷavī. Ele pergunta se o Buda dormiu bem, considerando a dureza de sua vida ao ar livre. O Buda responde que é um daqueles que dormem bem no mundo, pois é livre da ganância, do ódio e da ilusão que perturbam as pessoas durante o sono. ", - "an-guide-sujato:116": "Esta é a segunda vez que esta tríade clássica aparece no terceiro livro do Aṅguttara. Eles apareceram pela primeira vez no sutta anterior, AN 3.34, como a fonte de ações, e irão se repetir neste sentido em múltiplos suttas neste nipāta. Como a tríade de corpo, fala e mente, eles podem ser vistos como um exemplo do padrão 2 + 1. Ganância e ódio são um par co-dependente, os opostos feios. A ilusão é a base de ambos; mas, ao mesmo tempo, a contrapartida da ilusão é a sabedoria, e é por meio da sabedoria que a transcendência é possível. ", + "an-guide-sujato:116": "Esta é a segunda vez que esta tríade clássica aparece no terceiro livro do Aṅguttara. Eles apareceram pela primeira vez no sutta anterior, AN 3.34, como a fonte de ações, e irão se repetir neste sentido em múltiplos suttas neste _nipāta_. Como a tríade de corpo, fala e mente, eles podem ser vistos como um exemplo do padrão 2 + 1. Ganância e ódio são um par co-dependente, os opostos feios. A ilusão é a base de ambos; mas, ao mesmo tempo, a contrapartida da ilusão é a sabedoria, e é por meio da sabedoria que a transcendência é possível. ", "an-guide-sujato:117": "Esse clima narrativo se aventura na mitologia no discurso seguinte, que contêm o relato budista sobre o deus Yama, senhor dos mortos. Embora se possa esperar que um deus da morte seja temível, aqui ele faz uma abordagem decididamente budista da vida após a morte. Quando os que partiram são trazidos a Yama, ele não os julga nem pune. Em vez disso, ele pergunta ao recém-falecido se ele deu atenção aos mensageiros enviados pelos deuses: um idoso, um doente e um cadáver. Estes, é claro, são três dos quatro mensageiros divinos vistos pelo Bodhisattva antes de sua partida (que em termos do cânone são na verdade encontrados no relato da vida do Buddha Vipassī; vide DN 14). Quando o recém-falecido responde que não deu atenção, o castigo devido por conta da negligência é então determinado por Yama que após isto fica em silêncio. O falecido é então arrastado para suportar os sofrimentos do inferno, aqui narrado de uma forma mais breve do que no MN 129 e MN 130.Yama continua lamentando o lamentável estado dos mortais, incluindo ele mesmo, e deseja poder renascer como humano e praticar o budismo. ", - "an-guide-sujato:118": "O clima mitológico continua nos próximos dois suttas (AN 3.37, AN 3.38), que apresenta um novo tópico que será muito importante para o Aṅguttara; a saber, o uposatha ou “sabá”. Este era um “dia sagrado” especial para a observância religiosa observada semanalmente ou em certos dias especiais. Aparentemente, os ministros dos Quatro Grandes Reis examinam a terra nesses dias para ver se as pessoas estão honrando seus superiores e fazendo o bem. Se forem, eles se regozijam, pois sabem que tais pessoas renascerão no paraíso para aumentar as hostes dos deuses, ao passo que, se não forem, temem que em vez disso as hostes dos demônios aumentem. É claro que isso terá sérias implicações militares na guerra em curso entre os dois. ", + "an-guide-sujato:118": "O clima mitológico continua nos próximos dois suttas (AN 3.37, AN 3.38), que apresenta um novo tópico que será muito importante para o Aṅguttara; a saber, o _uposatha_ ou “sabá”. Este era um “dia sagrado” especial para a observância religiosa observada semanalmente ou em certos dias especiais. Aparentemente, os ministros dos Quatro Grandes Reis examinam a terra nesses dias para ver se as pessoas estão honrando seus superiores e fazendo o bem. Se forem, eles se regozijam, pois sabem que tais pessoas renascerão no paraíso para aumentar as hostes dos deuses, ao passo que, se não forem, temem que em vez disso as hostes dos demônios aumentem. É claro que isso terá sérias implicações militares na guerra em curso entre os dois. ", "an-guide-sujato:119": "Os próximos dois suttas tratam da renúncia, primeiro como a lembrança do Buda de sua própria educação delicada (AN 3.39), depois como uma reflexão de como um renunciante deve refletir com integridade sobre suas escolhas (AN 3.40). <AN 3.41 e AN 3.42 olham para o outro lado da moeda, as qualidades que geram mérito para um benfeitor leigo, especialmente fé e generosidade, bem como vontade de aprender. A aprendizagem é considerada o tema dos próximos dois suttas (AN 3.43 and AN 3.44). Em seguida, os temas de generosidade, fé e a vida espiritual digna que tornam o mérito frutífero são revisados ​​(AN 3.45, AN 3.46, AN 3.48). Os discípulos mendicantes (monges e monjas) são então instados a serem diligentes (AN 3.49) e a natureza dos maus discípulos mendicantes é revelada (AN 3.50). Tomados em conjunto, esta série de 12 suttas pode ser lida como um pequeno arco temático sobre a relação entre leigos e renunciantes. Destacando a necessidade de ambos terem integridade e o senso adequado de valores em sua própria esfera, e o apoio mútuo um do outro através da generosidade das coisas materiais e dos ensinamentos. ", - "an-guide-sujato:120": "Em seguida, começa um novo <vagga, intitulado “sobre os brâmanes”, que, como se poderia esperar, representa o Buda conversando com os brâmanes. Em AN 3.51 e AN 3.52, o Buda é abordado por dois brâmanes, que confessam não terem levado uma vida boa, e agora, na velhice, procuram ajuda. O Buda reconhece a brevidade da vida e exorta a contenção do corpo, da fala e da mente. No AN 3.53 temos o Buda falando a outro brâmane sobre como o Dhamma deve ser realizado nesta vida. Ele dá um ensinamento semelhante para um errante (AN 3.54) e ao brâmane Jāṇussoṇi (AN 3.55). O fato de o ensinamento do Buda ser realizado nesta vida é uma característica fundamental do Dhamma (sandiṭṭhiko akāliko), mas é fácil ignorar o quão diretamente isso representava um contraste das tradições religiosas pré-existentes. Eles esperavam recompensas no futuro—seja um renascimento celestial ou a eventual aniquilação do sofrimento—mas o Buda, embora não negasse a realidade e a importância dos frutos futuros, tinha como foco da vida espiritual o presente. ", + "an-guide-sujato:120": "Em seguida, começa um novo <_vagga_, intitulado “sobre os brâmanes”, que, como se poderia esperar, representa o Buda conversando com os brâmanes. Em AN 3.51 e AN 3.52, o Buda é abordado por dois brâmanes, que confessam não terem levado uma vida boa, e agora, na velhice, procuram ajuda. O Buda reconhece a brevidade da vida e exorta a contenção do corpo, da fala e da mente. No AN 3.53 temos o Buda falando a outro brâmane sobre como o Dhamma deve ser realizado nesta vida. Ele dá um ensinamento semelhante para um errante (AN 3.54) e ao brâmane Jāṇussoṇi (AN 3.55). O fato de o ensinamento do Buda ser realizado nesta vida é uma característica fundamental do Dhamma (_sandiṭṭhiko akāliko_), mas é fácil ignorar o quão diretamente isso representava um contraste das tradições religiosas pré-existentes. Eles esperavam recompensas no futuro—seja um renascimento celestial ou a eventual aniquilação do sofrimento—mas o Buda, embora não negasse a realidade e a importância dos frutos futuros, tinha como foco da vida espiritual o presente. ", "an-guide-sujato:121": "rarAN 3.56 o Buda dá um tipo diferente de ensinamento para um brâmane. Em uma mensagem especialmente relevante para nossos tempos difíceis, o Buda explica por qual razão as civilizações entram em colapso, ou seja, por causa da ganância desenfreada. Em AN 3.57, o Buda refuta a acusação do andarilho Vacchagotta de que ele apenas incentivava a generosidade para com seus próprios seguidores. Quando o brâmane Tikaṇṇa (“Três orelhas”) elogia os verdadeiros brâmanes, o Buda responde com sua própria redefinição de brâmane, rejeitando o valor do nascimento e do aprendizado védico e expondo a segunda parte do Treinamento Gradual, começando com as absorções (AN 3.58 e AN 3.59 são simlares). Em AN 3.60, o Buda não apenas rejeita o valor do sacrifício védico, ele também mostra que, ao ensinar o Dhamma, pode-se beneficiar muito mais pessoas. ", - "an-guide-sujato:122": "O sétimo vagga é intitulado o “Grande Capítulo” e apresenta uma série de discursos em uma escala maior. Ele começa com uma sequência temática; AN 3.61 continua o tema da relação entre as teorias budistas e não budistas, mas o faz como um discurso doutrinário direto para os discípulos mendicantes, ao invés do que como um diálogo inter-religioso. Este discurso magnífico oferece um enquadramento importante da origem dependente e merece um estudo detalhado. Este Grande Capítulo é unificado mais pela característica extensão dos suttas nele contidos do que pelo assunto; no entanto, vários outros suttas lidam com a filosofia e relações não-budistas (AN 3.64, AN 3.68, AN 3.70), incluindo o famoso Kālāma Sutta (AN 3.65; also AN 3.66). ", + "an-guide-sujato:122": "O sétimo _vagga_ é intitulado o “Grande Capítulo” e apresenta uma série de discursos em uma escala maior. Ele começa com uma sequência temática; AN 3.61 continua o tema da relação entre as teorias budistas e não budistas, mas o faz como um discurso doutrinário direto para os discípulos mendicantes, ao invés do que como um diálogo inter-religioso. Este discurso magnífico oferece um enquadramento importante da origem dependente e merece um estudo detalhado. Este Grande Capítulo é unificado mais pela característica extensão dos suttas nele contidos do que pelo assunto; no entanto, vários outros suttas lidam com a filosofia e relações não-budistas (AN 3.64, AN 3.68, AN 3.70), incluindo o famoso Kālāma Sutta (AN 3.65; also AN 3.66). ", "an-guide-sujato:123": "Aqui se encerra a análise, pois acho que exemplos suficientes foram dados para ilustrar tanto as conexões quanto o caos desta coleção. Espera-se que o leitor possa encontrar seu próprio caminho a partir daqui, e não se sentir tão confuso com as mudanças repentinas que ele encontrará. ", "an-guide-sujato:124": "Uma breve história do texto ", "an-guide-sujato:125": "O Aṅguttara Nikāya foi editado por R. Morris (vols. 1 e 2) e E. Hardy (vols 3–5) com base em manuscritos em escrita cingalesa e birmanesa; Hardy também fez uso da edição real tailandesa na época recém-publicada. Foi publicado em escrita latina pela Pali Text Society entre 1885 e 1900. Índices foram preparados por M. Hunt e Sra. C.A.F. Rhys Davids e adicionados em 1910. A primeira tradução se deu em 1932–36 por F.L. Woodward (vols. 1, 2 e 5) e E.M. Hare (vols. 3 e 4) sob o título original em inglês The Book of the Gradual Sayings. ", diff --git a/translation/pt/site/an-introduction-bodhi_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/an-introduction-bodhi_translation-pt-site.json index 18767b830d76..3ea6c1995705 100644 --- a/translation/pt/site/an-introduction-bodhi_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/an-introduction-bodhi_translation-pt-site.json @@ -18,8 +18,8 @@ "an-introduction-bodhi:17": "Inevitavelmente, a tarefa de classificar os suttas em categorias distintas envolveu abstração e um doloroso processo decisório. Muitos suttas no AN podem ser vistos de diferentes perspectivas a partir das quais um sutta seria classificado como de uma ou outra categoria. Frequentemente, os suttas tratam das pessoas por meio de suas práticas e qualidades. Portanto, foi preciso decidir se um sutta seria classificado com base em práticas, qualidades, ou pessoas. Em alguns casos, um sutta trata de tal amplitude de assuntos que se adequaria em categorias distintas. Não quis fazer do meu guia um índice, pois lhe faltaria o grau de especificidade necessária para ajudar o leitor a enxergar o lugar do sutta em relação ao todo. Ainda que meu ideal tenha sido “um sutta, uma categoria”, muitas vezes precisei atribuir um sutta a duas, e às vezes três categorias. Contudo, não creio haver excedido o número de três categorias para um sutta. ", "an-introduction-bodhi:18": "Dhamma e a Saṅgha. Comecei pela seção sobre o Buda lhe prestando homenagem como fundador da herança budista e fonte de todos os ensinamentos contidos no Aṅguttara Nikāya. A seção II, intitulada “O Dhamma e a disciplina”, trata os ensinamentos do Buda como um corpo de instruções que podem ser resumidas, aplicadas e compreendidas e também como um corpus de textos que precisam ser preservados e transmitidos para a posteridade. Seguem-se oito seções dedicadas a explicar o Dhamma em todo o seu alcance, como encontramos no AN. Inicia-se com um levantamento da visão de mundo do Buda (seção III), que trata dos antecedentes cosmológicos do projeto de libertação budista e os determinantes do destino humano. Depois, em estágios, eu trato das diferentes formas da prática budista, começando pela vida no mundo: relações familiares, vivência, riquezas, comunidade e estado (seção IV). Essas esferas da atividade humana são frequentemente ignoradas por quem escreve sobre o Budismo e sucumbe ao erro de presumir que a prática monástica representa a totalidade do Dhamma. O Aṅguttara é um tesouro de discursos inspiradores e informativos acerca da vida reta no mundo e estes textos são essenciais para se ter uma percepção adequada do Budismo antigo. ", "an-introduction-bodhi:19": "Embora o Buda enfatizasse as virtudes como caminho para a harmonia doméstica, seu ensinamento não se limitava a isso e se voltava para o treinamento para um renascimento mais elevado e, finalmente, a libertação. Mesmo que o primeiro ensinamento se destinasse aos leigos e leigas e o segundo aos bhikkhus e bhikkhunīs, eles compartilham muitos valores. Esses valores constituem uma plataforma comum de cultivo espiritual destinado tanto aos discípulos leigos quanto aos monges. Sob esta temática, eu juntei, na seção V, uma variedade de textos que se concentram nas práticas do discípulo leigo devoto que não se contenta com levar uma vida ética e busca avançar no caminho da libertação. O Aṅguttara Nikāya é uma fonte rica para guiar os seguidores leigos sérios e esta seção busca fazer jus a esses textos. ", - "an-introduction-bodhi:20": "A fim de instigar uma aspiração pelo objetivo final em seus seguidores, o Buda sublinha os defeitos e perigos da existência mundana, enunciados na verdade nobre do sofrimento. Por conseguinte, a seção VI congrega vários assuntos e textos dedicados à tarefa de “desfazer o encanto do mundo”. O que nos atrela à existência condicionada, com sua roda de nascimento e morte, e ao risco de descer a um dos domínios inferiores da existência são as impurezas da mente. Suttas que tratam da deste tema têm grande importância no AN e, por isso, foram agrupados na seção VII. A próxima divisão, seção VIII, contém suttas sobre o treinamento para a vida monástica, que cresce do espírito de renúncia e tem por objetivo alcançar o nibbana. O coração do treinamento para a vida monástica é a prática da meditação, que tem uma seção para si, a seção IX. Nela, eu coloquei os suttas que ressaltam as práticas que levam aos estados mais elevados de concentração (samādhi). A seção X nos leva à etapa seguinte do treinamento, o desenvolvimento da sabedoria (paññā_), que atinge o auge na libertação e realização do nibbāna, o destino do ensinamento. ", - "an-introduction-bodhi:21": "A porção seguinte representa a terceira Joia do Budismo, a Saṅgha. Ela trata tanto da Saṅgha institucional, a comunidade de monjas e monges ordenados (bhikkhus e bhikkhunīs) e a ariyasaṅgha, a comunidade dos nobres, os que trilharam os caminhos e alcançaram os frutos da iluminação. ", + "an-introduction-bodhi:20": "A fim de instigar uma aspiração pelo objetivo final em seus seguidores, o Buda sublinha os defeitos e perigos da existência mundana, enunciados na verdade nobre do sofrimento. Por conseguinte, a seção VI congrega vários assuntos e textos dedicados à tarefa de “desfazer o encanto do mundo”. O que nos atrela à existência condicionada, com sua roda de nascimento e morte, e ao risco de descer a um dos domínios inferiores da existência são as impurezas da mente. Suttas que tratam da deste tema têm grande importância no AN e, por isso, foram agrupados na seção VII. A próxima divisão, seção VIII, contém suttas sobre o treinamento para a vida monástica, que cresce do espírito de renúncia e tem por objetivo alcançar o nibbana. O coração do treinamento para a vida monástica é a prática da meditação, que tem uma seção para si, a seção IX. Nela, eu coloquei os suttas que ressaltam as práticas que levam aos estados mais elevados de concentração (_samādhi). A seção X nos leva à etapa seguinte do treinamento, o desenvolvimento da sabedoria (_paññā_), que atinge o auge na libertação e realização do nibbāna, o destino do ensinamento. ", + "an-introduction-bodhi:21": "A porção seguinte representa a terceira Joia do Budismo, a Saṅgha. Ela trata tanto da Saṅgha institucional, a comunidade de monjas e monges ordenados (bhikkhus e bhikkhunīs) e a _ariyasaṅgha_, a comunidade dos nobres, os que trilharam os caminhos e alcançaram os frutos da iluminação. ", "an-introduction-bodhi:22": "A última seção trata dos tipos de pessoas. Este é um aspecto em que o Aṅguttara se distingue bastante do Saṁyutta. Os principais capítulos do Saṁyutta focam nos principais temas filosóficos do ensinamento, os princípios e categorias que o Buda propôs como modelos para a contemplação e o insight. Portanto, encontramos no Saṁyutta capítulos extensos sobre a originação dependente, os elementos, os cinco agregados, as seis bases dos sentidos e os fatores do caminho, frequentemente explicados em termos fenomenológicos crus com pouquíssimas referências às pessoas a que eles se aplicam. O Aṅguttara, em contrapartida, contém uma abundância de modos diferentes de classificar as pessoas—tanto monges quanto leigos, nobres e pessoas comuns—tratando principalmente de suas qualidades, lutas pela felicidade e sentido, aspirações e realizações. Por isso, o AN se tornou a inspiração e uma grande fonte de um dos livros do Abhidhamma Piṭaka, o Puggalapaññatti ou “Descrições dos Tipos de Indivíduos”, o único tratado naquela coleção que se distancia do método estrito de redução fenomenológica do Abhidhamma para fazer um levantamento dos tipos de pessoas em relação aos valores e objetivos do Dhamma. ", "an-introduction-bodhi:23": "O Buda no Aṅguttara Nikāya ", "an-introduction-bodhi:24": "A seguir, explorarei os conteúdos do AN por meio das principais categorias do guia temático, sublinhando os temas relevantes que aparecem nesse Nikāya e citando os suttas que os exemplificam. Mesmo que possa ser repetitivo, devo dizer mais uma vez que atribuir suttas a uma categoria é feito apenas por conveniência e que, ao fazê-lo, corro o risco de neutralizar a complexidade dos conteúdos de textos específicos. ", @@ -33,17 +33,17 @@ "an-introduction-bodhi:32": "Embora o Buda seja a pessoa suprema no âmbito espiritual, ele reverenciava algo superior a si: o Dhamma. Após a sua iluminação, buscando em vão a quem prestar honras, ele decidiu: “Honrarei, respeitarei e dependerei somente do Dhamma para o qual eu despertei completamente” (AN 4.22). Quando ele ensina, ele o faz “confiando apenas no Dhamma; honrando, respeitando e venerando somente o Dhamma; tomando o Dhamma como seu estandarte, bandeira e autoridade” (AN 3.14, AN 5.133. A quem quer que ele ensine, ele o faz respeitosamente, “porque o Tathāgata tem respeito pelo Dhamma, reverência pelo Dhamma” (AN 5.99). ", "an-introduction-bodhi:33": "Neste sentido, o Dhamma está mais próximo de um corpus de princípios que tornam possível o crescimento e libertação espirituais que de uma expressão doutrinária verbal. Seus principais pontos de referência são o Nobre Caminho Óctuplo, o principal entre todos os fenômenos condicionados, e o nibbāna, o principal entre tudo o que é condicionado e incondicionado (AN 4.34). O Buda resumiu a essência do Dhamma de diversas formas que manam do mesmo corpo de princípios. Em certo ponto, ele diz que as expressões ilimitadas do Dhamma convergem em quatro coisas: compreensão e abandono do que não é benéfico e compreensão e desenvolvimento do que é benéfico (AN 4.188). Ele ensinou a Mahāpajāpatī, sua mãe adotiva, oito critérios do Dhamma verdadeiro (AN 8.53) e, ainda mais resumidamente, ele disse ao bhikkhu Upāli que o ensinamento poderia ser encontrado “naquelas coisas que conduzem exclusivamente ao desencanto, à desilusão, à cessação, à paz, ao conhecimento direto, ao despertar, ao nibbāna” (AN 7.83). ", "an-introduction-bodhi:34": "Na contramão de muitos de seus contemporâneos, o Buda se recusou a debruçar-se sobre visões especulativas acerca de temas irrelevantes à busca da libertação do sofrimento. Particularmente, ele se recusou a pronunciar-se sobre o destino aqueles aperfeiçoados e libertados após a morte, ou a responder às infames dez questões especulativas (vide AN 7.54). Ao contrário, ele enfatizou que ensinara o Dhamma “para a purificação dos seres, para a superação da tristeza e do lamento, para a dissipação da dor e do desânimo, para a realização do método para alcançar o nibbāna” (AN 9.20). Embora ele tenha sustentado uma espécie de “reticência metafísica”, ele não hesitava em criticar aqueles cujas opiniões ele considerava prejudiciais à vida espiritual. Por vezes os textos mencionam três pontos de vista que ele repudiava expressamente: o determinismo baseado em ações passadas, o teísmo determinista e a negação da causalidade (AN 3.61). Ele também criticou fortemente como uma visão errônea a tese de que “não há frutos ou resultados de ações boas e más”, o que descartaria o princípio do kamma (AN 10.176, AN 10.211, etc.). Ele criticou, ainda, a visão “determinista dura” de que nossas decisões são, irrevogavelmente, causadas por fatores e forças que nos são externas. Contra a posição determinista de que “não há kamma, feito, energia”, ele diz que todos os Budas perfeitamente iluminados do passado, presente e futuro ensinam “uma doutrina do kamma, dos feitos e da energia” (AN 3.137). Ele insistiu que existem coisas como a instigação, a iniciativa, a escolha e o esforço por meio das quais as pessoas são responsáveis pelos seus destinos (AN 6.38). ", - "an-introduction-bodhi:35": "O Buda afirmou que o seu Dhamma era diretamente visível (sandiṭṭhika), um termo que se tornou um de seus epítetos. Quando questionado sobre como isso se confirmaria, ele explicava de formas que remetiam os questionadores à sua experiência imediata. Quando uma pessoa é tomada pela luxúria, pelo ódio e pela ilusão, dizia ele, ela age em prejuízo próprio, dos outros e de ambos e experimenta o sofrimento e desânimo; porém, quando a luxúria, o ódio e a ilusão são abandonados, ela está livre para agir em prol do bem-estar de todos, não mais experimentando o sofrimento e o pesar (vide AN 3.53–54). A destruição da luxúria, ódio e ilusão é o nibbāna e, também neste aspecto, o nibbāna é diretamente visível (AN 3.55). ", + "an-introduction-bodhi:35": "O Buda afirmou que o seu Dhamma era diretamente visível (_sandiṭṭhika_), um termo que se tornou um de seus epítetos. Quando questionado sobre como isso se confirmaria, ele explicava de formas que remetiam os questionadores à sua experiência imediata. Quando uma pessoa é tomada pela luxúria, pelo ódio e pela ilusão, dizia ele, ela age em prejuízo próprio, dos outros e de ambos e experimenta o sofrimento e desânimo; porém, quando a luxúria, o ódio e a ilusão são abandonados, ela está livre para agir em prol do bem-estar de todos, não mais experimentando o sofrimento e o pesar (vide AN 3.53–54). A destruição da luxúria, ódio e ilusão é o nibbāna e, também neste aspecto, o nibbāna é diretamente visível (AN 3.55). ", "an-introduction-bodhi:36": "No AN, o Dhamma é visto não apenas como o caminho de prática e o objetivo a se realizar, mas também como a coleção de discursos verbais que o Buda pronunciou ao longo de sua carreira de professor. Portanto, os suttas se referem, ocasionalmente, aos nove tipos de ensinamento com que os discursos foram classificados nos primeiros tempos, antes que fossem compilados nos Nikāyas (AN 4.102, AN 4.107, AN 5.73–74, etc.). Porque os ensinamentos do Buda, que revelam o caminho para a iluminação e libertação, foram organizados em um corpo escritural, a saúde, pureza e longevidade do Dhamma depende da preservação e transmissão adequadas dos textos. Dentre os quatro Nikāyas, o AN é o que mais insiste na necessidade de preservar o Dhamma adequadamente e, portanto, de protegê-lo da destruição e desaparecimento. ", "an-introduction-bodhi:37": "Os suttas que tratam deste tema são encontrados em toda a obra. Uma série de textos curtos no conjunto dos Uns delineia os fatores que levam ao desaparecimento do bom Dhamma e, em contrapartida, os fatores que sustentam a sua vitalidade (AN 1.30–69). O último pode ser resumido em não confundir o que é o Dhamma com o que não é o Dhamma; não confundir a disciplina com o que é contrário à disciplina; citar o Buda com precisão, descrevendo a sua conduta de modo acertado e não confundindo as diferentes categorias de normas disciplinares. Em um sutta, o Buda fornece instruções aos monges sobre os critérios para determinar se um ensinamento relatado após a sua passagem é autêntico ou espúrio (AN 4.180). Outro sutta conta que o Dhamma bom degenera quando os monges não preservam os ensinamentos adequadamente, interpretam equivocadamente o seu significado, não o ensina aos outros e são displicentes na prática. Mas quando, ao contrário, eles preservam os ensinamentos adequadamente, interpretam-nos corretamente, ensinam aos outros e se empenham na prática, o ensinamento perdura (AN 4.160). ", "an-introduction-bodhi:38": "O caleidoscópio mutante da experiência ", - "an-introduction-bodhi:39": "Dada a importância de preservar o ensinamento e de garantir a sua longevidade, qual é, exatamente, o conteúdo do Dhamma que o Buda descobriu e por que ele é tão especial? Antes de responder a esta pergunta, é oportuno fazer uma revisão da imagem do universo a fim de averiguar o plano de fundo da busca pela libertação. Os Nikayas descrevem um universo de dimensões inconcebivelmente vastas que sofre fases cambiantes de desenvolvimento e declínio. A unidade básica de tempo cósmico é o éon (kappa). Os que alcançam o poder de recordar suas vidas passadas, dizem os textos, podem recordar “muitos éons de dissolução do mundo, muitos éons de evolução do mundo, muitos éons de dissolução e evolução do mundo” (AN 3.58, AN 3.101, etc.). O éon é dividido em quatro fases: dissolução, dissolução prolongada, evolução e evolução completa. Cada uma dessas fases é quantificada em cifras para além de centenas de milhares de anos (AN 4.156). Um sistema de mundo não só contém uma vasta duração temporal, mas é também estratificado em várias esferas de existência, desde as infernais, que são mundos de intenso sofrimento; até as esferas ou planos de nascimento dos animais; dos espíritos aflitos (por vezes chamados de “espíritos famintos”); passando pela esfera humana e, mais acima, pela série ascendente das esferas habitadas pelos devas, os seres divinos. Há seis esferas celestiais sensuais: o céu dos quatro reis divinos, os devas do Tāvatiṁsa, os devas que se deleitam na criação, e os devas que controlam o que é criado pelos outros (AN 3.70, AN 6.10, AN 8.36, etc.). Acima destas, estão o mundo de Brahmā e esferas ainda mais elevadas de renascimento, habitadas por aqueles que dominaram as habilidades meditativas. ", + "an-introduction-bodhi:39": "Dada a importância de preservar o ensinamento e de garantir a sua longevidade, qual é, exatamente, o conteúdo do Dhamma que o Buda descobriu e por que ele é tão especial? Antes de responder a esta pergunta, é oportuno fazer uma revisão da imagem do universo a fim de averiguar o plano de fundo da busca pela libertação. Os Nikayas descrevem um universo de dimensões inconcebivelmente vastas que sofre fases cambiantes de desenvolvimento e declínio. A unidade básica de tempo cósmico é o éon (_kappa_). Os que alcançam o poder de recordar suas vidas passadas, dizem os textos, podem recordar “muitos éons de dissolução do mundo, muitos éons de evolução do mundo, muitos éons de dissolução e evolução do mundo” (AN 3.58, AN 3.101, etc.). O éon é dividido em quatro fases: dissolução, dissolução prolongada, evolução e evolução completa. Cada uma dessas fases é quantificada em cifras para além de centenas de milhares de anos (AN 4.156). Um sistema de mundo não só contém uma vasta duração temporal, mas é também estratificado em várias esferas de existência, desde as infernais, que são mundos de intenso sofrimento; até as esferas ou planos de nascimento dos animais; dos espíritos aflitos (por vezes chamados de “espíritos famintos”); passando pela esfera humana e, mais acima, pela série ascendente das esferas habitadas pelos _devas_, os seres divinos. Há seis esferas celestiais sensuais: o céu dos quatro reis divinos, os devas do Tāvatiṁsa, os devas que se deleitam na criação, e os devas que controlam o que é criado pelos outros (AN 3.70, AN 6.10, AN 8.36, etc.). Acima destas, estão o mundo de Brahmā e esferas ainda mais elevadas de renascimento, habitadas por aqueles que dominaram as habilidades meditativas. ", "an-introduction-bodhi:40": "Apesar de suas muitas diferenças, há uma característica que une todos os seres sencientes, desde os mais baixos até os mais elevados: todos buscam a libertação do sofrimento e alcançar a verdadeira felicidade. Este impulso inerente ao ser senciente é precisamente o que o Buda usa como tema principal de seu ensinamento, o fulcro em que se apoiam todas as doutrinas e práticas. Contudo, ao invés de partir do senso comum, o Buda faz uma análise crítica do que constitui o sofrimento e do que oferece o prospecto de felicidade indissolúvel. Nossos preconceitos sobre o que nos fará felizes são frequentemente equivocados, enraizados em uma fixação nas sensações imediatas que excluem o reconhecimento das repercussões mais profundas e consequências a longo prazo do nosso comportamento. ", "an-introduction-bodhi:41": "A experiência está em constante mutação, sempre alterando a sua forma independente dos nossos desejos e expectativas. A despeito do que desejamos, não podemos evitar a velhice, a doença, a depreciação de nossas posses, a perda dos que nos são caros. Tanto o tolo mundano quanto o discípulo sábio têm este destino. A diferença é que o tolo mundano não reflete sobre a universalidade dessa lei e, por conseguinte, quando seu destino lhe toma de assalto, “ele se entristece, se abate, lamenta, chora batendo sobre o peito e se torna confuso”. O discípulo sábio, em contrapartida, entende que a velhice, a doença e a morte, a destruição e a perda são nosso destino universal; assim, ele remove a “flecha venenosa da tristeza” e fica feliz, sem flechas (AN 5.48). Mais uma vez, ambos o mundano e o discípulo são sujeitos às “oito condições mundanas”: ganho e perda, desonra e fama, culpa e louvor, prazer e dor. O mundano, atraído por um e repelido por outro “não está livre do nascimento, da velhice e da morte, da tristeza, da lamentação, da dor, do desânimo e da angústia”. Porém, o nobre discípulo, reconhecendo que todas essas condições instáveis são inconstantes e sujeitas à mudança, descarta a atração e a repulsa e realiza a liberdade interior (AN 8.6). ", - "an-introduction-bodhi:42": "O que o Buda enfatiza como ponto de partida na busca pela verdadeira felicidade é a correlação estreita entre a qualidade ética de nossa conduta e o tom em que sentimos a nossa experiência. Os atos com o corpo, a fala e e pensamentos podem ser eticamente distinguidos em duas amplas classes: os prejudiciais (akusala) e benéficos (kusala). O Buda sublinhou que os prejudiciais são fonte de miséria, sofrimento e sua eliminação traz o bem-estar e a felicidade (AN 3.65–66). Portanto, constantemente, ele ordenava aos seus discípulos a fazer um esforço firme de abandonar o que é prejudicial e desenvolver o que é benéfico. (AN 2.19). Um esforço para o bem traz uma felicidade muito maior, mais rica e duradoura do que se entregar ao desejo. Uma série de suttas bastante curtos contrasta os diferentes tipos de felicidade e avalia seus valores relativos: a felicidade da vida monástica é superior àquela da vida leiga; a felicidade da renúncia é superior à sensual; a felicidade sem aquisições é superior à que advém de aquisições; a felicidade imaculada superior à felicidade maculada, e a felicidade espiritual é superior à mundana (AN 2.64–68). ", - "an-introduction-bodhi:43": "De acordo com o Buda, o “caleidoscópio mutante” do sofrimento e felicidade não muda suas configurações apenas durante uma vida terrena, mas muda ainda mais radicalmente quando viajamos ao longo da roda dos renascimentos conhecida como saṁsāra, “a errância”. O fator governante desse processo, que ordena a totalidade do curso da roda dos renascimentos, é uma força chamada kamma (Sânscrito: karma). O termo “kamma” significa, literalmente, ação; o Buda, porém, a emprega especificamente para ação volitiva ou intencional: “Intenção, eu lhes digo, é kamma. Pela intenção, a pessoa faz kamma através do corpo, linguagem, e mente.” (AN 6.63 §5). Portanto, kamma denota os atos que se originam da vontade, que podem permanecer puramente mentais, criando kamma por meio de nossos pensamentos, planos e desejos; ou que eventualmente sejam exprimidos em atos corporais e verbais. O termo kamma denota ainda a força moral criada por nossos atos. Todos os nossos atos moralmente determinados criam um potencial de gerar resultados (vipāka) que correspondem à sua qualidade ética. Nossos atos geram kamma e, quando as condições apropriadas se coadunam, o kamma amadurece e produz os frutos apropriados, trazendo miséria ou felicidade, dependendo da qualidade moral da ação originária. O kamma que nós criamos pode amadurecer nesta vida ou no próximo renascimento ou em alguma situação subsequente (AN 3.34, AN 10.127). A única certeza é que, enquanto viajarmos pelo ciclo de renascimentos, nosso estoque de kamma é capaz de amadurecer e gerar seus resultados. Por isso, o Buda ensina, repetidamente, que “os seres são donos do seu kamma, herdeiros de seu kamma, têm o kamma como sua origem, são relacionados através de seu kamma, têm seu kamma como árbitro; que o que quer que eles faça, para o bem ou para o mal, disso eles se tornarão herdeiros” (AN 10.126; vide também AN 5.57, AN 10.48). ", - "an-introduction-bodhi:44": "As diferenças no kamma são responsáveis pela grande diversidade na sorte das pessoas, que constantemente revolvem no ciclo da existência, subindo e descendo, às vezes das trevas para a luz, às vezes da luz para as trevas (AN 4.85). O kamma é o principal determinante do renascimento. O kamma não saudável leva a um renascimento desafortunado e a resultados dolorosos, o kamma saudável leva a um renascimento afortunado e a resultados prazerosos (AN 2.16–17, AN 3.111, AN 10.217–18). O renascimento não está limitado ao domínio humano, pois o kamma varia em sua qualidade e potência, podendo produzir, portanto, o renascimento em quaisquer das cinco gatis ou destinos: inferno, domínio animal, domínio dos espíritos aflitos, mundo humano ou o mundo dos devas (AN 6.63 §5). Os seres estão constantemente migrando de esfera a esfera, embora sejam poucos os que renascem nos mundos humano ou dos devas comparados aos que renascem nos infernos, no domínio animal, no domínio dos espíritos, coletivamente chamados de plano da miséria, maus destinos, ou mundo inferior (AN 1.348–77). Modernistas, que propõem uma interpretação psicológica desses domínios como estados psicológicos que experimentamos em nossa existência humana teriam grande dificuldade em substanciar suas posições nos Nikāyas. No AN lemos repetidas vezes, em quase todos os nipātas, como os seres renascem no inferno ou no céu “com a decomposição do corpo após a morte” (kāyassa bhedā paraṁmaraṇā). A expressão é um dos principais motes dos Nikāyas e não há indícios de que se pretendia que fosse interpretada metaforicamente. ", - "an-introduction-bodhi:45": "O critério para julgar a vontade responsável por uma ação ser boa ou ruim são os motivos ou “raízes” que a acompanham. Três raízes são más: a cobiça, o ódio e a ilusão. Destes surgem impurezas secundárias como a ira, a hostilidade, a inveja, a avareza, a presunção e a arrogância; e, das raízes e impurezas secundárias, surgem ações impuras com seu potencial de produzir o renascimento em um plano de miséria (AN 6.39). Por outro lado, o kamma saudável é a ação que se origina de três raízes benéficas: a não-cobiça, o bem-querer e a sabedoria. Enquanto as ações nascidas de raízes más são necessariamente vinculadas à sucessão de nascimentos e mortes repetidas; ações nascidas de raízes boas têm duas naturezas: mundana e transcendente. Boas ações mundanas têm o potencial de produzir o renascimento em um dos domínios mais elevados (AN 6.39). Boas ações transcendentes ou supramundanas (lokuttara), isto é, o kamma gerado pela prática do Nobre Caminho Óctuplo e dos Sete Fatores da Iluminação, desmantelam o processo de causação cármica, levando assim à libertação do ciclo de renascimentos (AN 3.34, AN 4.233, AN 4.237–38). ", + "an-introduction-bodhi:42": "O que o Buda enfatiza como ponto de partida na busca pela verdadeira felicidade é a correlação estreita entre a qualidade ética de nossa conduta e o tom em que sentimos a nossa experiência. Os atos com o corpo, a fala e e pensamentos podem ser eticamente distinguidos em duas amplas classes: os prejudiciais (_akusala_) e benéficos (_kusala_). O Buda sublinhou que os prejudiciais são fonte de miséria, sofrimento e sua eliminação traz o bem-estar e a felicidade (AN 3.65–66). Portanto, constantemente, ele ordenava aos seus discípulos a fazer um esforço firme de abandonar o que é prejudicial e desenvolver o que é benéfico. (AN 2.19). Um esforço para o bem traz uma felicidade muito maior, mais rica e duradoura do que se entregar ao desejo. Uma série de suttas bastante curtos contrasta os diferentes tipos de felicidade e avalia seus valores relativos: a felicidade da vida monástica é superior àquela da vida leiga; a felicidade da renúncia é superior à sensual; a felicidade sem aquisições é superior à que advém de aquisições; a felicidade imaculada superior à felicidade maculada, e a felicidade espiritual é superior à mundana (AN 2.64–68). ", + "an-introduction-bodhi:43": "De acordo com o Buda, o “caleidoscópio mutante” do sofrimento e felicidade não muda suas configurações apenas durante uma vida terrena, mas muda ainda mais radicalmente quando viajamos ao longo da roda dos renascimentos conhecida como _saṁsāra_, “a errância”. O fator governante desse processo, que ordena a totalidade do curso da roda dos renascimentos, é uma força chamada _kamma_ (Sânscrito: _karma_). O termo “kamma” significa, literalmente, ação; o Buda, porém, a emprega especificamente para ação volitiva ou intencional: “Intenção, eu lhes digo, é kamma. Pela intenção, a pessoa faz kamma através do corpo, linguagem, e mente.” (AN 6.63 §5). Portanto, kamma denota os atos que se originam da vontade, que podem permanecer puramente mentais, criando kamma por meio de nossos pensamentos, planos e desejos; ou que eventualmente sejam exprimidos em atos corporais e verbais. O termo kamma denota ainda a força moral criada por nossos atos. Todos os nossos atos moralmente determinados criam um potencial de gerar resultados (_vipāka_) que correspondem à sua qualidade ética. Nossos atos geram kamma e, quando as condições apropriadas se coadunam, o kamma amadurece e produz os frutos apropriados, trazendo miséria ou felicidade, dependendo da qualidade moral da ação originária. O kamma que nós criamos pode amadurecer nesta vida ou no próximo renascimento ou em alguma situação subsequente (AN 3.34, AN 10.127). A única certeza é que, enquanto viajarmos pelo ciclo de renascimentos, nosso estoque de kamma é capaz de amadurecer e gerar seus resultados. Por isso, o Buda ensina, repetidamente, que “os seres são donos do seu kamma, herdeiros de seu kamma, têm o kamma como sua origem, são relacionados através de seu kamma, têm seu kamma como árbitro; que o que quer que eles faça, para o bem ou para o mal, disso eles se tornarão herdeiros” (AN 10.126; vide também AN 5.57, AN 10.48). ", + "an-introduction-bodhi:44": "As diferenças no kamma são responsáveis pela grande diversidade na sorte das pessoas, que constantemente revolvem no ciclo da existência, subindo e descendo, às vezes das trevas para a luz, às vezes da luz para as trevas (AN 4.85). O kamma é o principal determinante do renascimento. O kamma não saudável leva a um renascimento desafortunado e a resultados dolorosos, o kamma saudável leva a um renascimento afortunado e a resultados prazerosos (AN 2.16–17, AN 3.111, AN 10.217–18). O renascimento não está limitado ao domínio humano, pois o kamma varia em sua qualidade e potência, podendo produzir, portanto, o renascimento em quaisquer das cinco _gatis_ ou destinos: inferno, domínio animal, domínio dos espíritos aflitos, mundo humano ou o mundo dos devas (AN 6.63 §5). Os seres estão constantemente migrando de esfera a esfera, embora sejam poucos os que renascem nos mundos humano ou dos devas comparados aos que renascem nos infernos, no domínio animal, no domínio dos espíritos, coletivamente chamados de plano da miséria, maus destinos, ou mundo inferior (AN 1.348–77). Modernistas, que propõem uma interpretação psicológica desses domínios como estados psicológicos que experimentamos em nossa existência humana teriam grande dificuldade em substanciar suas posições nos Nikāyas. No AN lemos repetidas vezes, em quase todos os _nipātas_, como os seres renascem no inferno ou no céu “com a decomposição do corpo após a morte” (_kāyassa bhedā paraṁmaraṇā_). A expressão é um dos principais motes dos Nikāyas e não há indícios de que se pretendia que fosse interpretada metaforicamente. ", + "an-introduction-bodhi:45": "O critério para julgar a vontade responsável por uma ação ser boa ou ruim são os motivos ou “raízes” que a acompanham. Três raízes são más: a cobiça, o ódio e a ilusão. Destes surgem impurezas secundárias como a ira, a hostilidade, a inveja, a avareza, a presunção e a arrogância; e, das raízes e impurezas secundárias, surgem ações impuras com seu potencial de produzir o renascimento em um plano de miséria (AN 6.39). Por outro lado, o kamma saudável é a ação que se origina de três raízes benéficas: a não-cobiça, o bem-querer e a sabedoria. Enquanto as ações nascidas de raízes más são necessariamente vinculadas à sucessão de nascimentos e mortes repetidas; ações nascidas de raízes boas têm duas naturezas: mundana e transcendente. Boas ações mundanas têm o potencial de produzir o renascimento em um dos domínios mais elevados (AN 6.39). Boas ações transcendentes ou supramundanas (_lokuttara_), isto é, o kamma gerado pela prática do Nobre Caminho Óctuplo e dos Sete Fatores da Iluminação, desmantelam o processo de causação cármica, levando assim à libertação do ciclo de renascimentos (AN 3.34, AN 4.233, AN 4.237–38). ", "an-introduction-bodhi:46": "Os textos não nos deixam dúvidas sobre quais tipos de ações criam bom kamma e quais criam mau kamma, pois fornecem mapas precisos do terreno de conduta correta e errada. A lista-padrão contém dez tipos de más ações—três corpóreas, quatro da fala e três da mente—e dez tipos correspondentes de bom kamma (AN 10.167–233; veja AN 10.176 para uma análise detalhada). No entanto, todas essas ações, em última instância, se originam na mente. Assim, a mente é revelada como a fonte subjacente de todo o bem ou mal e, por meio das ações que dela fluem, a causa fundamental do sofrimento e da felicidade. ", "an-introduction-bodhi:47": "Ao vincular as raízes do sofrimento e da felicidade às nossas intenções, o Buda demonstra que a chave para a felicidade é o treinamento e o domínio da mente. Em uma série de pares de suttas, ele diz não ver algo que leve a tanto mal e sofrimento quanto a mente que é pouco desenvolvida, não cultivada, indomada, descuidada, desprotegida e sem restrições; em contrapartida, nada leva a maior felicidade e bem do que a mente desenvolvida, cultivada, domada, cuidada, protegida e com restrições (AN 1.23–40). Portanto, o coração do ensinamento de Buda é o desenvolvimento e o cultivo da mente, o que, por sua vez, fará a mente desdobrar sua luminosidade intrínseca, aproximando-a do êxtase da libertação. ", "an-introduction-bodhi:48": "Mantendo um lar harmonioso ", @@ -79,15 +79,15 @@ "an-introduction-bodhi:78": "161 ", "an-introduction-bodhi:79": "36 ", "an-introduction-bodhi:80": "Fonte: Kelly 2011 ", - "an-introduction-bodhi:81": "Levando em conta o número de discursos que abordam as relações familiares, é evidente que o Buda considerava a família como o principal agente de aculturação. Uma vez que o chefe da família desempenha um impacto particularmente grande sobre a sua casa, o Buda tentou promover uma transformação positiva da sociedade ao oferecer aos chefes de família orientações para a vida correta. Ele delineou um ideal pragmático, porém inspirador, para seus discípulos leigos, o da sappurisa ou “boa pessoa”, que vive “para o bem-estar e felicidade de muitas pessoas”, ou seja, seus pais, sua esposa e filhos, aqueles empregados em lhes ajudarem com os fazeres domésticos, seus amigos e os renunciantes contemplativos (AN 5.42). Quando o chefe de família dá um bom exemplo, os que dele dependem crescem em tudo o que é valioso: na fé, virtude, aprendizado, generosidade e sabedoria (AN 3.48, AN 5.40). ", - "an-introduction-bodhi:82": "Ao oferecer orientações para a família, o Buda prescreve os deveres dos filhos para com os pais (AN 2.33, AN 3.31), aconselha os esposos e esposas sobre como viverem juntos (AN 4.53) e até instrui um casal apaixonado como eles podem ter certeza de se reunirem em vidas futuras (AN 4.55). Ele distingue entre o modo de vida incorreto e o modo de vida correto, define as maneiras apropriadas de adquirir e utilizar riquezas e prescreve os meios apropriados de manter relações cordiais: doando-se, sendo amável na fala, beneficente na conduta e imparcial (AN 4.32). Ele não só instruiu indivíduos e famílias, como também estados e governantes. Ele ensinou ao povo da Confederação Vajji, que mantinham uma forma republicana de governo, os “sete princípios da preservação” (AN 7.21). Para os reis, ele estabeleceu o ideal do “monarca que faz girar a roda [do Dhamma]” (rājā cakkavati), o rei virtuoso que governa pelo Dhamma e protege a todos sob o seu domínio, incluindo os animais e pássaros (AN 3.14, AN 5.133). ", + "an-introduction-bodhi:81": "Levando em conta o número de discursos que abordam as relações familiares, é evidente que o Buda considerava a família como o principal agente de aculturação. Uma vez que o chefe da família desempenha um impacto particularmente grande sobre a sua casa, o Buda tentou promover uma transformação positiva da sociedade ao oferecer aos chefes de família orientações para a vida correta. Ele delineou um ideal pragmático, porém inspirador, para seus discípulos leigos, o da _sappurisa_ ou “boa pessoa”, que vive “para o bem-estar e felicidade de muitas pessoas”, ou seja, seus pais, sua esposa e filhos, aqueles empregados em lhes ajudarem com os fazeres domésticos, seus amigos e os renunciantes contemplativos (AN 5.42). Quando o chefe de família dá um bom exemplo, os que dele dependem crescem em tudo o que é valioso: na fé, virtude, aprendizado, generosidade e sabedoria (AN 3.48, AN 5.40). ", + "an-introduction-bodhi:82": "Ao oferecer orientações para a família, o Buda prescreve os deveres dos filhos para com os pais (AN 2.33, AN 3.31), aconselha os esposos e esposas sobre como viverem juntos (AN 4.53) e até instrui um casal apaixonado como eles podem ter certeza de se reunirem em vidas futuras (AN 4.55). Ele distingue entre o modo de vida incorreto e o modo de vida correto, define as maneiras apropriadas de adquirir e utilizar riquezas e prescreve os meios apropriados de manter relações cordiais: doando-se, sendo amável na fala, beneficente na conduta e imparcial (AN 4.32). Ele não só instruiu indivíduos e famílias, como também estados e governantes. Ele ensinou ao povo da Confederação Vajji, que mantinham uma forma republicana de governo, os “sete princípios da preservação” (AN 7.21). Para os reis, ele estabeleceu o ideal do “monarca que faz girar a roda [do Dhamma]” (_rājā cakkavati_), o rei virtuoso que governa pelo Dhamma e protege a todos sob o seu domínio, incluindo os animais e pássaros (AN 3.14, AN 5.133). ", "an-introduction-bodhi:83": "O caminho da elevação ", "an-introduction-bodhi:84": "Embora o Budismo antigo visse a sociedade virtuosa como aquela que provê as melhores condições para o bem-estar e a felicidade do coletivo, seu foco não é na estabilidade social em si, mas no desenvolvimento e libertação espirituais do indivíduo. As condições mais favoráveis para a busca desimpedida do objetivo final são dadas pelo estilo de vida do monge ou monja renunciante que é livre das amarras e obrigações da vida doméstica. Porém, quase que sem precedentes entre seus contemporâneos, o Buda também defendia que as pessoas comuns, ganhando seu sustento pelo “suor de seus braços” e mantendo uma família, podiam progredir espiritualmente e alcançar três dos quatro estágios da iluminação. Ele, portanto, lançou os alicerces de um cultivo espiritual para os seus seguidores leigos compatível com suas outras responsabilidades no cuidado familiar e no trabalho. Estes permitiriam que o discípulo leigo alcançasse um renascimento mais elevado e até mesmo alcançasse o plano dos nobres, onde a libertação final é uma certeza. ", - "an-introduction-bodhi:85": "Muitos dos fatores que contribuem para o estágio fundamental do desenvolvimento espiritual são comuns para o renunciante e o leigo. Portanto, embora os suttas frequentemente descrevam essas qualidades em termos de um bhikkhu, elas podem ser entendidas como pertinentes aos discípulos leigos também. A semente do desenvolvimento espiritual é a tríade de qualidades que consiste em fé (saddhā), confiança (pasāda) e reverência (gārava). A fé é uma faculdade e um poder e é definida como a crença na iluminação do Buda (AN 5.2, AN 5.14). Ela é uma confiança profunda em sua sabedoria e uma prontidão a implementar os seus conselhos. Da fé nascem os quatro poderes que inspiram e dirigem o treinamento: a vergonha moral, o medo moral, a energia e a sabedoria. Intimamente ligada à fé está a confiança, um sentimento de serenidade e clareza mental que advém da fé. O discípulo confia que o Buda é o melhor dos seres, o Dhamma o melhor dos ensinamentos e a Saṅgha dos nobres a melhor das comunidades espirituais (AN 4.34). Junto da fé e da confiança vem a reverência, um senso de respeito e estima direcionados às Três Joias e ao treinamento (AN 6.32–33). ", + "an-introduction-bodhi:85": "Muitos dos fatores que contribuem para o estágio fundamental do desenvolvimento espiritual são comuns para o renunciante e o leigo. Portanto, embora os suttas frequentemente descrevam essas qualidades em termos de um bhikkhu, elas podem ser entendidas como pertinentes aos discípulos leigos também. A semente do desenvolvimento espiritual é a tríade de qualidades que consiste em fé (_saddhā_), confiança (_pasāda_) e reverência (_gārava_). A fé é uma faculdade e um poder e é definida como a crença na iluminação do Buda (AN 5.2, AN 5.14). Ela é uma confiança profunda em sua sabedoria e uma prontidão a implementar os seus conselhos. Da fé nascem os quatro poderes que inspiram e dirigem o treinamento: a vergonha moral, o medo moral, a energia e a sabedoria. Intimamente ligada à fé está a confiança, um sentimento de serenidade e clareza mental que advém da fé. O discípulo confia que o Buda é o melhor dos seres, o Dhamma o melhor dos ensinamentos e a Saṅgha dos nobres a melhor das comunidades espirituais (AN 4.34). Junto da fé e da confiança vem a reverência, um senso de respeito e estima direcionados às Três Joias e ao treinamento (AN 6.32–33). ", "an-introduction-bodhi:86": "Para um discípulo dotado de fé, o crescimento espiritual é impulsionado pela associação com bons amigos, pessoas que podem dar orientações e servir como inspiração. A declaração do Buda a Ānanda (SN 45.2) de que a boa amizade representa o todo da vida espiritual tem fortes análogos no AN. Lemos que “não há algo que faz com que qualidades benéficas que ainda não surgiram surjam e qualidades prejudiciais que já surgiram diminuam como amizades boas” (AN 1.71). Um par de suttas, com grande beleza, enumera os traços que devem ser buscados em um bom amigo (AN 7.36–37) e um discurso a um leigo o aconselha a construir amizades com outros leigos dedicados na fé, de comportamento virtuoso, generosos e sábios (AN 8.54 §3). ", "an-introduction-bodhi:87": "Grande parte da prática de um leigo envolve a realização de atos meritórios, atividades geradoras de bom kamma que conduz a um renascimento feliz, à boa sorte e ao progresso espiritual. O Buda chega a exortar os bhikkhus: “não temam o mérito” e detalha os benefícios colhidos em uma vida passada por meio do cultivo da mentalidade de bem-querer (AN 7.62). Os textos enumeram três “bases da atividade meritória”: doação, comportamento virtuoso e desenvolvimento meditativo (AN 8.36). Eles mencionam, ainda, quatro “correntes de mérito” para um nobre discípulo: confiança firme nas Três Joias junto do comportamento virtuoso (AN 4.52). A lista é ampliada para oito correntes de mérito por meio da combinação dos Três Refúgios com os cinco preceitos (AN 8.39). ", "an-introduction-bodhi:88": "Muitos textos curtos no AN tratam das boas maneiras da doação e generosidade, com ênfase na provisão de apoio material para os monges e monjas, bem como para outros ascetas cuja sobrevivência depende da comunidade leiga. Embora o Buda encorajasse seus discípulos a ajudar renunciantes de todas as convicções, até mesmo de seus rivais (AN 8.12), ele também ensinou que o mérito adquirido ao se doar é proporcional às qualidades espirituais dos que recebiam, logo, as pessoas nobres, especialmente os arahants, são o campo mais fértil de mérito (AN 3.57). O comportamento virtuoso começa pela observância das cinco regras de treinamento: abstenção de matar, de roubar, da má conduta sexual, da linguagem falsa e do uso de intoxicantes. O código de conduta pode ser desdobrado em dez caminhos de boa ação que compreendem não apenas o comportamento corpóreo e verbal, mas também boas disposições e visões corretas (AN 10.176). Vários textos dão diretivas específicas sobre a fala correta. Já tratei do modo de vida correto na seção anterior. ", - "an-introduction-bodhi:89": "É de especial importância para o devoto leigo sério que deseja obter mérito a observância do uposatha, que acontece nos dias de lua nova e cheia. Nessas ocasiões, os leigos mais devotos tomam os oito preceitos que emulam os preceitos de um noviço (AN 3.70, AN 8.41–45). Eles passam o dia praticando meditação e um texto recomenda o bem-querer como algo bastante apropriado para a observância do uposatha. Outro texto recomenda as cinco recordações, as chamando de meios de purificar a mente corrompida (AN 3.70). O Buda explica que a observância integral do uposatha em seus oito fatores é mais benéfica que a soberania sobre o continente, pois o mérito adquirido pode levar ao renascimento nos mundos celestes. ", + "an-introduction-bodhi:89": "É de especial importância para o devoto leigo sério que deseja obter mérito a observância do _uposatha_, que acontece nos dias de lua nova e cheia. Nessas ocasiões, os leigos mais devotos tomam os oito preceitos que emulam os preceitos de um noviço (AN 3.70, AN 8.41–45). Eles passam o dia praticando meditação e um texto recomenda o bem-querer como algo bastante apropriado para a observância do _uposatha_. Outro texto recomenda as cinco recordações, as chamando de meios de purificar a mente corrompida (AN 3.70). O Buda explica que a observância integral do _uposatha_ em seus oito fatores é mais benéfica que a soberania sobre o continente, pois o mérito adquirido pode levar ao renascimento nos mundos celestes. ", "an-introduction-bodhi:90": "Na interessante tabela reproduzida aqui, Kelly calculou os objetivos predominantes em discursos direcionados aos leigos ao longo dos Nikāyas. Ele distingue entre objetivos voltados para o bem-estar mundano—nesta vida e em um renascimento em um mundo celestial—e os voltados à realização da libertação: ", "an-introduction-bodhi:91": "Tabela 1: Objetivos da prática leiga nos Nikāyas ", "an-introduction-bodhi:92": "Objetivo ", @@ -128,67 +128,67 @@ "an-introduction-bodhi:127": "Fonte: Kelly 2011, p. ?? ", "an-introduction-bodhi:128": "Kelly nota que o Aṅguttara, comparado aos demais Nikāyas, dá mais ênfase aos dois objetivos mundanos que à realização do entrar na correnteza ou em estágios mais avançados no percurso. Não obstante, até no Aṅguttara, a prática de um leigo não se esgota no mérito. Em diversos suttas o Buda menciona quatro qualidades que levam a um bem-estar superior do discípulo leigo. As três primeiras são a fé, a virtude e a generosidade, que constituem o mérito. A quarta é a sabedoria, especificamente “a sabedoria que distingue a emergência e o decaimento, que é nobre e penetrante e leva à destruição completa do sofrimento” (AN 8.54, AN 8.76). Esta é a sabedoria do insight sobre a inconstância, que leva para além de todas as esferas de renascimento até o objetivo último do Dhamma, a realização do nibbāna e a libertação da roda dos renascimentos. ", "an-introduction-bodhi:129": "Desfazendo o encanto do mundo ", - "an-introduction-bodhi:130": "A fim de dirigir os seus discípulos para longe do apego a objetos transientes, o Buda emprega um arsenal de técnicas para desvelar o abismo que existe sob a aparência das alegrias inocentes de uma vida virtuosa. Essas técnicas têm o objetivo de incutir no aspirante uma qualidade chamada saṁvega, palavra sem equivalente preciso na língua inglesa. Para transmitir o seu sentido, é necessário recorrer a uma fórmula provisória como “senso de urgência”. Saṁvega pode ser descrito como a comoção interior ou o espanto que experimentamos ao sermos lançados para fora de nossa costumeira complacência por um duro encontro com verdades cuja gravidade nós, geralmente, nos recusamos a encarar. Saṁvega nasce do reconhecimento de que nossa segurança autoafirmada é ilusória, de que estamos sempre pisando em gelo fino, que a qualquer momento pode rachar sob nossos pés. ", + "an-introduction-bodhi:130": "A fim de dirigir os seus discípulos para longe do apego a objetos transientes, o Buda emprega um arsenal de técnicas para desvelar o abismo que existe sob a aparência das alegrias inocentes de uma vida virtuosa. Essas técnicas têm o objetivo de incutir no aspirante uma qualidade chamada _saṁvega_, palavra sem equivalente preciso na língua inglesa. Para transmitir o seu sentido, é necessário recorrer a uma fórmula provisória como “senso de urgência”. _Saṁvega_ pode ser descrito como a comoção interior ou o espanto que experimentamos ao sermos lançados para fora de nossa costumeira complacência por um duro encontro com verdades cuja gravidade nós, geralmente, nos recusamos a encarar. _Saṁvega_ nasce do reconhecimento de que nossa segurança autoafirmada é ilusória, de que estamos sempre pisando em gelo fino, que a qualquer momento pode rachar sob nossos pés. ", "an-introduction-bodhi:131": "O principal catalisador desse senso de urgência é o nosso confronto inevitável com a mortalidade, revelada pela velhice, doença e morte. Este encontro nos tira de nossos confortos mundanos e nos leva à busca da paz inabalável e da liberdade. O próprio Buda precisou passar por esse “choque” antes de iniciar sua busca pela iluminação. Suas reflexões profundas sobre a velhice, a doença e a morte estilhaçaram seu encantamento com a juventude, a saúde e a vitalidade e levaram-no para fora de seu palácio em direção à floresta em busca do eterno, imutável, imortal nibbāna (AN 3.39). ", - "an-introduction-bodhi:132": "Em vários suttas, o Buda usa um modelo que envolve três pontos de vistas designados a induzir um senso de urgência. Esses três pontos de vistas são o da gratificação (assāda), do perigo (ādīnava) e da escapatória (nissaraṇa). Comecemos pelo que é mais óbvio: nossa experiência do mundo nos dá certo grau de gratificação ou satisfação, que consiste no prazer e alegria que surgem quando satisfazemos nossos desejos. É porque as pessoas experimentam a gratificação que elas se tornam apegadas às coisas que lhes dão prazer. No entanto, quando investigamos em detalhe, podemos ver que logo sob a superfície reluzente de alegria existe uma camada escura de dor e sofrimento. Este é o perigo, que brota da inconstância (anicca), do sofrimento envolvido (dukkha) e da impermanência ou inconstância (vipariṇāmadhamma) das coisas. A terceira etapa, a escapatória, nos aponta a liberdade do perigo. Ao vermos que nosso apego aos prazeres nos acorrentam ao que é por natureza falível, podemos abandoná-lo. Portanto, a fuga está na “remoção e abandono do desejo e cobiça”. ", + "an-introduction-bodhi:132": "Em vários suttas, o Buda usa um modelo que envolve três pontos de vistas designados a induzir um senso de urgência. Esses três pontos de vistas são o da gratificação (_assāda_), do perigo (_ādīnava_) e da escapatória (_nissaraṇa_). Comecemos pelo que é mais óbvio: nossa experiência do mundo nos dá certo grau de *gratificação* ou satisfação, que consiste no prazer e alegria que surgem quando satisfazemos nossos desejos. É porque as pessoas experimentam a gratificação que elas se tornam apegadas às coisas que lhes dão prazer. No entanto, quando investigamos em detalhe, podemos ver que logo sob a superfície reluzente de alegria existe uma camada escura de dor e sofrimento. Este é o *perigo*, que brota da inconstância (_anicca_), do sofrimento envolvido (_dukkha_) e da impermanência ou inconstância (_vipariṇāmadhamma_) das coisas. A terceira etapa, a *escapatória*, nos aponta a liberdade do perigo. Ao vermos que nosso apego aos prazeres nos acorrentam ao que é por natureza falível, podemos abandoná-lo. Portanto, a fuga está na “remoção e abandono do desejo e cobiça”. ", "an-introduction-bodhi:133": "É com o propósito de provocar um senso de urgência que o Buda enfatiza aspectos da experiência que nós normalmente tentamos esconder. Esses pontos que são enfatizados dão ao ensinamento um sabor “pessimista”, mas é um pessimismo que não leva à viela escura do niilismo e sim aos campos da libertação, do fim do sofrimento. De acordo com essa estratégia, o Buda ensina seus discípulos, tanto monges quanto leigos, a refletir frequentemente sobre o fato de que eles estão sujeitos à velhice, à doença e à morte; de que eles deverão se separar de todos e tudo que amam e que são herdeiros do próprio kamma (AN 5.57). Ele sublinha a miséria que há nos prazeres sensuais, chamando-os de perigo, sofrimento, enfermidade, um abscesso, um laço e um pântano (AN 6.23; see too AN 8.56). Ele declara que até uma quantidade ínfima de existência condicionada, “mesmo que pela duração de um estalar de dedos”, é como um monte de fezes (AN 1.328). Ele chama a atenção para a podridão do corpo, que contém 31 constituintes repulsivos, é sujeito a várias doenças e é como um abscesso ou furúnculo com nove orifícios (AN 10.60 §3–4; AN 9.15). Ele enfatiza a transitoriedade da vida humana, que é curta, limitada, efêmera e repleta de sofrimento e dor (AN 7.74). Ele sublinha que, em algum momento no futuro, até mesmo a terra, com suas montanhas imponentes, irá se exaurir e desaparecer AN 7.66). Mais ainda, ele diz que todo o sistema universal se dissolverá juntamente com suas deidades poderosas. Compreendendo isto, o discípulo sábio “se torna desiludido e desapaixonado com o que é superior, sem mencionar do que é inferior” (AN 10.29 §2–3). ", "an-introduction-bodhi:134": "As impurezas da mente ", "an-introduction-bodhi:135": "Uma vez reconhecidos claramente os defeitos dos prazeres sensuais e a futilidade do vagar de vida em vida nas esferas da existência condicionada, surge a necessidade de romper as amarras e obter o fim do devir repetido que é, também, o fim do sofrimento. Para satisfazer a essa necessidade, devemos investigar o que nos deixa aprisionados, pois é apenas removendo a causa que podemos eliminar o resultado. O Buda localiza a causa do sofrimento nas amarras de nossas mentes. Portanto, o ensinamento ressalta a autoavaliação honesta (AN 10.51). Como parte do diagnóstico da origem do sofrimento, os Nikāyas estão repletos de catálogos das várias impurezas de que a mente é vítima. No AN, encontramos vários desses grupos, que normalmente recebem nomes metafóricos para indicar como eles nos afetam: manchas, obstáculos, enchentes, amarras etc. ", "an-introduction-bodhi:136": "Ao lermos os Nikāyas, é provável que nos surpreendamos com a ampla gama de impurezas listadas e que nos confundamos acerca de quais papéis os diferentes grupos desempenham. Para entendermos essas listas, eu as organizei em três categorias. Essas categorias foram criadas e não são mencionadas nos textos canônicos ou nos comentários. Não obstante, embora os grupos não devam ser entendidos como rigidamente exclusivos, a classificação parece resistir ao exame. ", - "an-introduction-bodhi:137": "(1) A primeira classe de impurezas responsáveis pelo comportamento defeituoso. Estes são os motivos subjacentes às condutas erradas e ao mau kamma. O mais importante dentre esses grupos são as três raízes prejudiciais: o desejo (ou cobiça), a raiva e a delusão, supramencionadas na discussão sobre o kamma. Elas são frequentemente referidas como as causas da conduta prejudicial com o corpo, linguagem e mente, e estão, também, explicitamente alinhadas com as dez vias de má ação (AN 10.174). Por vezes, as três raízes são ampliadas em “quatro vias erradas” (AN 4.17–20)—desejo, raiva, delusão e medo—quando se leva em consideração os motivos das decisões enviesadas. ", + "an-introduction-bodhi:137": "(1) A primeira classe de impurezas responsáveis pelo *comportamento defeituoso*. Estes são os motivos subjacentes às condutas erradas e ao mau kamma. O mais importante dentre esses grupos são as três raízes prejudiciais: o desejo (ou cobiça), a raiva e a delusão, supramencionadas na discussão sobre o kamma. Elas são frequentemente referidas como as causas da conduta prejudicial com o corpo, linguagem e mente, e estão, também, explicitamente alinhadas com as dez vias de má ação (AN 10.174). Por vezes, as três raízes são ampliadas em “quatro vias erradas” (AN 4.17–20)—desejo, raiva, delusão e medo—quando se leva em consideração os motivos das decisões enviesadas. ", "an-introduction-bodhi:138": "O desejo sexual é uma impureza crucial para aqueles que adotam a vida monástica, que se comprometem a uma vida de celibato e, por isso, precisam conter e dominar seus impulsos sexuais. O Buda frequentemente fala dos perigos dos prazeres sensuais e chama a atenção dos monges sobre o risco de constituir relações próximas com membros do sexo oposto (AN 5.225–26). Em uma comunidade monástica que congrega pessoas de diferentes personalidades e opiniões fortes, a raiva e o ressentimento também podem ter um efeito corrosivo na dinâmica do grupo e, por causa disto, o Buda e seus principais discípulos prescrevem métodos para dissipar essas emoções prejudiciais (AN 5.161–62; AN 9.29–30; AN 10.79–80). A raiva e a hostilidade formam as primeiras seis “raízes do conflito” que o Buda enxergava como um perigo para a harmonia da Saṅgha (AN 6.36). Uma vez que os monges são, em princípio, ensinados a compartilhar seus ganhos—sejam coisas materiais, apoiadores leigos ou conhecimento—o Buda enumerou cinco tipos de avareza que devem ser erradicados para assegurar que todos da comunidade possam desenvolver seu potencial (AN 5.115, AN 5.224). Também os leigos são instruídos a viver “com uma mente desprovida da mácula da avareza, espontaneamente generosos, mão abertas, deliciando-me com a renúncia, devotados à caridade, deliciando-se em dar e compartir” (AN 6.10). ", - "an-introduction-bodhi:139": "(2) A segunda classe de impurezas nesse esquema tríplice são as que impedem o sucesso da meditação. Neste grupo, o mais elementar é o mais simples: a pura preguiça, a resistência à tarefa de se fazer “um esforço para alcançar o que ainda não foi alcançado, atingir o que não foi atingido, realizar o que ainda não foi realizado” (AN 8.80). Uma vez que o praticante da meditação vence a preguiça e faz o esforço de meditar, as impurezas que provavelmente encontrará estão entre os cinco obstáculos conhecidos, assim chamados porque representam “uma obstrução, uma corrupção da mente, algo que enfraquece a sabedoria”. Eles podem até impedir a pessoa de conhecer o bem em si e nos outros (AN 5.51). O Buda condena estes obstáculos como “uma pilha completa daquilo que é prejudicial” (AN 5.52) e os compara às impurezas do ouro (AN 5.23) e de uma tigela de água (AN 5.193). Uma série de suttas no início do AN explica os principais desencadeadores de cada um dos cinco obstáculos e as técnicas contemplativas mais efetivas para vencê-los (AN 1.11–20). ", - "an-introduction-bodhi:140": "O Anguttara menciona outros grupos de impurezas que podem obstruir a prática da meditação. Eles incluem os três tipos de pensamentos inábeis ou prejudiciais (AN 4.11), as cinco forma de aridez mental (AN 5.205), e as cinco amarras mentais (AN 5.206). Eles podem ser aproximadamente correlacionados com os cinco obstáculos. Todas essas impurezas são vencidas, provisoriamente, pela prática da meditação serena, que culmina no samādhi, a mente focada e concentrada. ", - "an-introduction-bodhi:141": "(3) As impurezas do terceiro tipo são as mais profundas e mais obstinadas. Tratam-se das impurezas alojadas na base do fluxo de consciência que sustentam o aprisionamento ao ciclo de renascimentos. Tais impurezas estão em estado de dormência na mente, até mesmo quando um praticante da meditação alcança os estados mais elevados de concentração. Elas podem ser removidas apenas por meio do desenvolvimento da sabedoria, por meio da penetração profunda na verdade do Dhamma. Na linguagem dos comentários em Pāli, elas são completamente erradicadas somente por meio das vias “supramundanas” ou transcendentes (lokuttaramagga), que são estados de consciência que rompem as barreiras da realidade condicionada e vislumbram o nibbāna incondicionado. ", - "an-introduction-bodhi:142": "As principais dentre essas impurezas são os chamados āsavas, cuja tradução, inadequada, é “manchas”. Elas consistem da busca por prazeres sensuais, pela existência continuada e da ignorância (AN 6.63 §4). Elas são totalmente erradicadas somente quando se alcança o estado de arahant e, por isso, o fruto deste estado é descrito como “a libertação sem manchas da mente, libertação pela sabedoria alcançada com a destruição das manchas”. Outros grupos de impurezas fundamentais incluem as quatro amarras (AN 4.10), cujo conteúdo é idêntico aos três āsavas, porém aumentados pelas amarras das visões; as sete tendências subjacentes (AN 7.11–12) e as dez restrições, cuja erradicação em conjuntos marcam a realização dos sucessivos estados do despertar (AN 10.13). As três más raízes—a cobiça, o ódio e a ilusão—também operam neste nível e, logo, devem ser retiradas para alcançar a libertação. Todas essas impurezas estão sob o domínio da ignorância e da busca pela existência [continuada], a força motriz do processo do saṁsāra que vincula uma existência a outra (AN 3.76–77). Por isso, a libertação final depende, em última instância, de eliminar a ignorância e o desejo, o que ocorre por meio da sabedoria transcendente que exerce um discernimento profundo das Quatro Nobres Verdades. ", + "an-introduction-bodhi:139": "(2) A segunda classe de impurezas nesse esquema tríplice são as que *impedem o sucesso da meditação*. Neste grupo, o mais elementar é o mais simples: a pura preguiça, a resistência à tarefa de se fazer “um esforço para alcançar o que ainda não foi alcançado, atingir o que não foi atingido, realizar o que ainda não foi realizado” (AN 8.80). Uma vez que o praticante da meditação vence a preguiça e faz o esforço de meditar, as impurezas que provavelmente encontrará estão entre os cinco obstáculos conhecidos, assim chamados porque representam “uma obstrução, uma corrupção da mente, algo que enfraquece a sabedoria”. Eles podem até impedir a pessoa de conhecer o bem em si e nos outros (AN 5.51). O Buda condena estes obstáculos como “uma pilha completa daquilo que é prejudicial” (AN 5.52) e os compara às impurezas do ouro (AN 5.23) e de uma tigela de água (AN 5.193). Uma série de suttas no início do AN explica os principais desencadeadores de cada um dos cinco obstáculos e as técnicas contemplativas mais efetivas para vencê-los (AN 1.11–20). ", + "an-introduction-bodhi:140": "O Anguttara menciona outros grupos de impurezas que podem obstruir a prática da meditação. Eles incluem os três tipos de pensamentos inábeis ou prejudiciais (AN 4.11), as cinco forma de aridez mental (AN 5.205), e as cinco amarras mentais (AN 5.206). Eles podem ser aproximadamente correlacionados com os cinco obstáculos. Todas essas impurezas são vencidas, provisoriamente, pela prática da meditação serena, que culmina no _samādhi_, a mente focada e concentrada. ", + "an-introduction-bodhi:141": "(3) As impurezas do terceiro tipo são as mais profundas e mais obstinadas. Tratam-se das impurezas alojadas na base do fluxo de consciência que *sustentam o aprisionamento ao ciclo de renascimentos*. Tais impurezas estão em estado de dormência na mente, até mesmo quando um praticante da meditação alcança os estados mais elevados de concentração. Elas podem ser removidas apenas por meio do desenvolvimento da sabedoria, por meio da penetração profunda na verdade do Dhamma. Na linguagem dos comentários em Pāli, elas são completamente erradicadas somente por meio das vias “supramundanas” ou transcendentes (_lokuttaramagga_), que são estados de consciência que rompem as barreiras da realidade condicionada e vislumbram o nibbāna incondicionado. ", + "an-introduction-bodhi:142": "As principais dentre essas impurezas são os chamados _āsavas_, cuja tradução, inadequada, é “manchas”. Elas consistem da busca por prazeres sensuais, pela existência continuada e da ignorância (AN 6.63 §4). Elas são totalmente erradicadas somente quando se alcança o estado de arahant e, por isso, o fruto deste estado é descrito como “a libertação sem manchas da mente, libertação pela sabedoria alcançada com a destruição das manchas”. Outros grupos de impurezas fundamentais incluem as quatro amarras (AN 4.10), cujo conteúdo é idêntico aos três _āsavas_, porém aumentados pelas amarras das visões; as sete tendências subjacentes (AN 7.11–12) e as dez restrições, cuja erradicação em conjuntos marcam a realização dos sucessivos estados do despertar (AN 10.13). As três más raízes—a cobiça, o ódio e a ilusão—também operam neste nível e, logo, devem ser retiradas para alcançar a libertação. Todas essas impurezas estão sob o domínio da ignorância e da busca pela existência [continuada], a força motriz do processo do saṁsāra que vincula uma existência a outra (AN 3.76–77). Por isso, a libertação final depende, em última instância, de eliminar a ignorância e o desejo, o que ocorre por meio da sabedoria transcendente que exerce um discernimento profundo das Quatro Nobres Verdades. ", "an-introduction-bodhi:143": "O Caminho de Renúncia ", "an-introduction-bodhi:144": "Embora o Buda ensinasse o Dhamma abertamente e para renunciantes e leigos, ele deu especial atenção àqueles que o seguiam tendo abandonado a vida em familia pela vida santa a fim de alcançar o objetivo que ele havia alcançado. Por causa disso, a totalidade da prática do Dhamma está incorporada no treinamento sistemático do bhikkhu ou da bhikkhunī. O caminho gradual do treinamento monástico é tratado pormenorizadamente no Dīgha e no Majjhima Nikāya, embora a mesma sequência também apareça uma vez no AN (AN 4.198). ", - "an-introduction-bodhi:145": "O pré-requisito para o treinamento é o surgimento do Tathāgata e sua proclamação do Dhamma. Tendo ouvido o ensinamento, o estudante adquire a fé e abandona a vida em família pela vida santa. Uma vez um bhikkhu, ele adota a disciplina de um renunciante, que exige uma vida inofensiva e pura nos atos corpóreos e verbais. Ele deve se contentar com as mais simples necessidades, sem se vangloriar de sua austeridade (AN 4.28). Para facilitar a passagem para a concentração, ele pratica a restrição das faculdades dos sentidos e exercita a atenção plena e clara compreensão em tudo que faz. Outros textos sobre a formação monástica mencionam duas outras medidas apropriadas para esta etapa: moderação ao comer e a vigília (AN 3.16, AN 4.37). O bhikkhu se retira para uma local isolado, limpa os cinco obstáculos de sua mente e domina os quatro jhānas, os estágios de concentração profunda. Então, ele direciona a mente concentrada para os três conhecimentos verdadeiros: a recordação das vidas passadas, a percepção da passagem e renascimento dos seres e o entendimento introspectivo das Quatro Nobres Verdades. Este processo é consumado quando a mente se liberta dos āsavas. ", - "an-introduction-bodhi:146": "Outro sutta, AN 10.99, começa com a mesma sequência de passos preliminares, porém, a partir da realização dos quatro jhānas, ele continua pelas quatro absorçoes meditativas imateriais: a base do espaço infinito, a base da consciência infinita, a base do vazio e abase da nem percepção, nem não percepção. Daí, o praticante da meditação procede para a “cessação da percepção e sensações”—também conhecida como realização da cessação—de onde ele emerge com a “visão sábia” e alcança a destruição dos āsavas. Nesta versão do treinamento, os primeiros dois conhecimentos verdadeiros não são mencionados e o processo de desenvolvimento mental é continuado por todas as nove realizações meditativas. Apesar desta diferença, ambos são concluídos com a destruição dos āsavas. ", + "an-introduction-bodhi:145": "O pré-requisito para o treinamento é o surgimento do Tathāgata e sua proclamação do Dhamma. Tendo ouvido o ensinamento, o estudante adquire a fé e abandona a vida em família pela vida santa. Uma vez um bhikkhu, ele adota a disciplina de um renunciante, que exige uma vida inofensiva e pura nos atos corpóreos e verbais. Ele deve se contentar com as mais simples necessidades, sem se vangloriar de sua austeridade (AN 4.28). Para facilitar a passagem para a concentração, ele pratica a restrição das faculdades dos sentidos e exercita a atenção plena e clara compreensão em tudo que faz. Outros textos sobre a formação monástica mencionam duas outras medidas apropriadas para esta etapa: moderação ao comer e a vigília (AN 3.16, AN 4.37). O bhikkhu se retira para uma local isolado, limpa os cinco obstáculos de sua mente e domina os quatro jhānas, os estágios de concentração profunda. Então, ele direciona a mente concentrada para os três conhecimentos verdadeiros: a recordação das vidas passadas, a percepção da passagem e renascimento dos seres e o entendimento introspectivo das Quatro Nobres Verdades. Este processo é consumado quando a mente se liberta dos _āsavas_. ", + "an-introduction-bodhi:146": "Outro sutta, AN 10.99, começa com a mesma sequência de passos preliminares, porém, a partir da realização dos quatro jhānas, ele continua pelas quatro absorçoes meditativas imateriais: a base do espaço infinito, a base da consciência infinita, a base do vazio e abase da nem percepção, nem não percepção. Daí, o praticante da meditação procede para a “cessação da percepção e sensações”—também conhecida como realização da cessação—de onde ele emerge com a “visão sábia” e alcança a destruição dos _āsavas_. Nesta versão do treinamento, os primeiros dois conhecimentos verdadeiros não são mencionados e o processo de desenvolvimento mental é continuado por todas as nove realizações meditativas. Apesar desta diferença, ambos são concluídos com a destruição dos _āsavas_. ", "an-introduction-bodhi:147": "Embora o AN compartilhe essa descrição compreensiva da formação monástica com os demais Nikāyas, ele inclui fórmulas que parecem específicas, se não inteiramente únicas, suas. Uma dessas é a formação tríplice: o comportamento virtuoso superior, a mente (da concentração) superior e a sabedoria superior (AN 3.81–90). Nesta série de textos, é particularmente interessante um par de suttas que dizem que um monge pode infringir as regras menores da formação, passar por uma reabilitação e realizar os quatro estágios do despertar (AN 3.86–87). O que ele mantém firmemente são “aquelas regras do treinamento que são fundamentais para a vida espiritual, em conformidade com a vida espiritual”. Esses dois suttas também relacionam a formação tríplice com os quatro estágios do despertar: aquele que entrou na correnteza e aquele que retornará apenas mais uma aperfeiçoaram a virtude, mas não os outros dois treinamentos; aquele que não retorna aperfeiçoou a virtude e a concentração, e um arahant é perfeito em termos de todos os três aspectos do treinamento. ", - "an-introduction-bodhi:148": "Outra perspectiva sobre o caminho sequencial da prática é dada por uma série de “paralelos expandidos” que começam no Livro Cinco (com o AN 5.24) e continuam sendo ampliado nos nipātas posteriores até o Livro Onze do AN. Esta série pode ser estratificada em termos do treinamento triplo e sua conclusão com a libertação, mas exibe os estágios transitórios mais refinados que existem entre os estágios principais. Logo, na versão mais completa (AN 11.3), parte-se do comportamento virtuoso para o não-remorso, seguindo gradualmente para a alegria, o êxtase, a tranquilidade, o prazer, a concentração, o conhecimento e visão das coisas como elas são, o desencantamento, o desapego e o conhecimento e visão da libertação. Provavelmente, a própria libertação pode ser encaixada após o desapego, mas isso exigiria um Livro Doze na coleção. ", + "an-introduction-bodhi:148": "Outra perspectiva sobre o caminho sequencial da prática é dada por uma série de “paralelos expandidos” que começam no Livro Cinco (com o AN 5.24) e continuam sendo ampliado nos _nipātas_ posteriores até o Livro Onze do AN. Esta série pode ser estratificada em termos do treinamento triplo e sua conclusão com a libertação, mas exibe os estágios transitórios mais refinados que existem entre os estágios principais. Logo, na versão mais completa (AN 11.3), parte-se do comportamento virtuoso para o não-remorso, seguindo gradualmente para a alegria, o êxtase, a tranquilidade, o prazer, a concentração, o conhecimento e visão das coisas como elas são, o desencantamento, o desapego e o conhecimento e visão da libertação. Provavelmente, a própria libertação pode ser encaixada após o desapego, mas isso exigiria um Livro Doze na coleção. ", "an-introduction-bodhi:149": "A busca da vida monástica nem sempre desagua na realização do nirvana que inspirou o monge a embarcar na vida de renúncia. Os Nikāyas demonstram uma profunda consciência da fraqueza humana e, em razão disto, soam alarmes de precaução. Um sutta menciona quatro “ameaças” enfrentadas por aquele que “pela fé, abandonou a vida em família pela vida santa”: a ira ao ser instruído por monges mais jovens, o desejo por comida não obtida por conta das regulações acerca das refeições, a atração pelos cinco tipos de prazeres dos sentidos e o encontro com mulheres sedutoras (AN 4.122). Outro discurso diz que qualquer bhikkhu ou bhikkhuni que abandona o treinamento e retorna à vida leiga o faz por falta de fé, de pudor ou temor moral, de energia e de sabedoria (AN 5.5). Dois longos discursos comparam o bhikkhu que abandona o treinamento a um guerreiro derrotado no campo de batalha. Em um caso, a causa é “uma mulher ou garota que é bonita, atraente, graciosa, dotada de suprema beleza” (AN 5.75). Em outro, é a paixão que emerge ao se ver mulheres durante a coleta de comida esmolada “com seus vestidos desarranjados ou mal trajados” (AN 5.76). O Aṅguttara demonstra que embora o Buda tivesse profunda confiança na capacidade dos seres humanos de triunfar sobre todas as amarras e restrições, ele não ignorava a dificuldade envolvida ou a força e astúcia das impurezas que devem ser confrontadas e conquistadas. ", "an-introduction-bodhi:150": "Meditação ", "an-introduction-bodhi:151": "O coração da vida monástica é a prática do que chamamos de meditação, o esforço metódico de domar e controlar a mente e de desenvolver sua capacidade para a calma e para o insight. O treinamento se inicia com a mente não desenvolvida, nebulosa e desregrada, acossada pelas paixões e impurezas. Ele termina com a mente liberta, tranquila, domada, brilhante e luminosa, livre das impurezas e das amarras da existência repetida. ", - "an-introduction-bodhi:152": "Os métodos de cultivo da mente pertencem a duas categorias: calma (samatha) e discernimento (vipassanā). O primeiro é considerado como meio de desenvolver a concentração; o segundo, de desenvolver a sabedoria. A calma leva ao abandono provisório da cobiça e resulta na libertação da mente ou coração. O insight leva ao abandono da ignorância e resulta na libertação pela sabedoria (AN 2.31). Juntas, a “libertação da mente” e a “libertação através da sabedoria” constituem o estado de arahant, o objetivo final. ", - "an-introduction-bodhi:153": "Mesmo que a sequência normal do treinamento em meditação parta da concentração rumo à sabedoria, alguns suttas no AN demonstram que os praticantes de meditação podem escolher diversos caminhos para alcançar a via transcendente. O discípulo Ānanda diz que todos os que alcançam o estado de arahant o fazem de quatro maneiras: ou desenvolvem a serenidade primeiro e o insight depois (o caminho padrão), ou o insight primeiro e a serenidade depois, ou a ambos ao mesmo tempo, ou pela emersão da “inquietação sobre o Dhamma” e aquisição da mente unificada (AN 4.170). Outro sutta aconselha que aquele que alcance somente a serenidade ou o insight procure um mestre que o instrua sobre como alcançar o outro fator; aquele que não alcançou nenhum dos fatores deve buscar alcançá-los; e aquele que alcançou ambos os fatores deve desenvolvê-los até alcançar a destruição dos āsavas (AN 4.94). ", - "an-introduction-bodhi:154": "Os tópicos sobre a meditação citados no AN são muitos e diversos. Como nos outros Nikāyas, o AN não fornece instruções detalhadas sobre a tecnologia da meditação, mas introduz uma variedade de tópicos sobre a meditação. Aparentemente, eles deveriam ser diversificados para acomodar as diferentes disposições das pessoas que procuravam o Buda para se instruírem. O Livro dos Uns inclui, praticamente, um “catálogo” de tópicos e realizações meditativas, todos vinculados com o que torna um bhikkhu digno de receber esmolas (AN 1.394–575). O mesmo nipāta conclui com um poema laudatório sobre a atenção plena do corpo (AN 1.575–627), que é declarada como uma habilidade-chave para o despertar para o Sem-Morte. ", - "an-introduction-bodhi:155": "Os suttas do AN descrevem muitos temas de meditação populares que recebem um tratamento mais detalhado em obras como o Visuddhimagga. No AN encontramos a atenção plena da respiração (AN 10.60 §10), as seis recordações devocionais (AN 6.10, AN 6.25), o bem-querer (AN 8.1, AN 11.15) juntamente com todas os quatro estados imensuráveis ou “moradas divinas” (AN 3.65, AN 8.63) e a atenção plena da morte (AN 6.19–20, AN 8.73–74). A meditação andando é elogiada por trazer cinco benefícios (AN 5.29). É particularmente interessante a ênfase que o AN dá para as percepções (saññā), temas de meditação que, inicialmente, exigem certo nível de reflexão ao invés de observação atenta apenas. Por exemplo, o AN AN 7.49 menciona sete percepções “fundamentadas no imortal, culminando no imortal”. As sete percepções são: a percepção das coisas repulsivas no corpo, a percepção da morte, a percepção das coisas repulsivas na comida, a percepção do não-deleite com tudo no mundo, a percepção da impermanência, a percepção do sofrimento naquilo que é impermanente, a percepção do não-eu naquilo que é sofrimento. Cada uma destas percepções é então relacionada a uma percepção distorcida específica ou inclinação a que faz oposição. Assim, a percepção das coisas repulsivas no corpo elimina o desejo pelo ato sexual; a percepção da morte se opõe ao fervor pela vida, a percepção das coisas repulsivas na comida faz a mente se afastar do desejo por saboress. O conhecido Girimānanda Sutta descreve dez percepções que o Buda instrui Ānanda a recitar com o objetivo de restaurar a saúde do Bhikkhu Girimānanda, que fora acometido por uma doença grave (AN 10.60). ", + "an-introduction-bodhi:152": "Os métodos de cultivo da mente pertencem a duas categorias: calma (_samatha_) e discernimento (_vipassanā_). O primeiro é considerado como meio de desenvolver a concentração; o segundo, de desenvolver a sabedoria. A calma leva ao abandono provisório da cobiça e resulta na libertação da mente ou coração. O insight leva ao abandono da ignorância e resulta na libertação pela sabedoria (AN 2.31). Juntas, a “libertação da mente” e a “libertação através da sabedoria” constituem o estado de arahant, o objetivo final. ", + "an-introduction-bodhi:153": "Mesmo que a sequência normal do treinamento em meditação parta da concentração rumo à sabedoria, alguns suttas no AN demonstram que os praticantes de meditação podem escolher diversos caminhos para alcançar a via transcendente. O discípulo Ānanda diz que todos os que alcançam o estado de arahant o fazem de quatro maneiras: ou desenvolvem a serenidade primeiro e o insight depois (o caminho padrão), ou o insight primeiro e a serenidade depois, ou a ambos ao mesmo tempo, ou pela emersão da “inquietação sobre o Dhamma” e aquisição da mente unificada (AN 4.170). Outro sutta aconselha que aquele que alcance somente a serenidade ou o insight procure um mestre que o instrua sobre como alcançar o outro fator; aquele que não alcançou nenhum dos fatores deve buscar alcançá-los; e aquele que alcançou ambos os fatores deve desenvolvê-los até alcançar a destruição dos _āsavas_ (AN 4.94). ", + "an-introduction-bodhi:154": "Os tópicos sobre a meditação citados no AN são muitos e diversos. Como nos outros Nikāyas, o AN não fornece instruções detalhadas sobre a tecnologia da meditação, mas introduz uma variedade de tópicos sobre a meditação. Aparentemente, eles deveriam ser diversificados para acomodar as diferentes disposições das pessoas que procuravam o Buda para se instruírem. O Livro dos Uns inclui, praticamente, um “catálogo” de tópicos e realizações meditativas, todos vinculados com o que torna um bhikkhu digno de receber esmolas (AN 1.394–575). O mesmo _nipāta_ conclui com um poema laudatório sobre a atenção plena do corpo (AN 1.575–627), que é declarada como uma habilidade-chave para o despertar para o Sem-Morte. ", + "an-introduction-bodhi:155": "Os suttas do AN descrevem muitos temas de meditação populares que recebem um tratamento mais detalhado em obras como o Visuddhimagga. No AN encontramos a atenção plena da respiração (AN 10.60 §10), as seis recordações devocionais (AN 6.10, AN 6.25), o bem-querer (AN 8.1, AN 11.15) juntamente com todas os quatro estados imensuráveis ou “moradas divinas” (AN 3.65, AN 8.63) e a atenção plena da morte (AN 6.19–20, AN 8.73–74). A meditação andando é elogiada por trazer cinco benefícios (AN 5.29). É particularmente interessante a ênfase que o AN dá para as percepções (_saññā_), temas de meditação que, inicialmente, exigem certo nível de reflexão ao invés de observação atenta apenas. Por exemplo, o AN AN 7.49 menciona sete percepções “fundamentadas no imortal, culminando no imortal”. As sete percepções são: a percepção das coisas repulsivas no corpo, a percepção da morte, a percepção das coisas repulsivas na comida, a percepção do não-deleite com tudo no mundo, a percepção da impermanência, a percepção do sofrimento naquilo que é impermanente, a percepção do não-eu naquilo que é sofrimento. Cada uma destas percepções é então relacionada a uma percepção distorcida específica ou inclinação a que faz oposição. Assim, a percepção das coisas repulsivas no corpo elimina o desejo pelo ato sexual; a percepção da morte se opõe ao fervor pela vida, a percepção das coisas repulsivas na comida faz a mente se afastar do desejo por saboress. O conhecido Girimānanda Sutta descreve dez percepções que o Buda instrui Ānanda a recitar com o objetivo de restaurar a saúde do Bhikkhu Girimānanda, que fora acometido por uma doença grave (AN 10.60). ", "an-introduction-bodhi:156": "Alguns dos temas de meditação mencionados no AN pertencem, de acordo com a exegese Theravāda tradicional, ao desenvolvimento da serenidade, outros ao desenvolvimento do insight. No entanto, o que é interessante no AN é que mesmo tratando da serenidade e do insight como domínios distintos da meditação que têm seus próprios pontos de relevo e seus frutos, não existe uma linha clara separando as duas categorias de temas da meditação como pertencentes a uma ou outra categoria. É provável que, para o próprio Buda, a calma e o introspecção não representassem duas categorias separadas de objetos de meditação, mas duas orientações complementares e subjetivas que podem ser desenvolvidas com base no mesmo conjunto de objetos de meditação. ", - "an-introduction-bodhi:157": "No AN, os estados mais elevados de consciência alcançados pela meditação são mencionados frequentemente. Entre os mais mencionados estão, naturalmente, os quatro jhānas. Além dele, nós encontramos as oito bases da superação (AN 8.64), as oito libertações (AN 8.66) e as nove cessações sucessivas (AN 9.31–61). O sucesso na meditação por vezes culmina nos três conhecimentos verdadeiros, em páli tevijjā(AN 3.58–59), que o Buda atingiu na noite de sua iluminação (AN 8.11). Em outras partes, a meditação leva à realização dos seis tipos de poderes supra-humanos, um estado posteriormente chamado de abhiññās (AN 3.100–2, AN 5.23, AN 6.2). Cinco deles envolvem poderes psíquicos e o sexto é o conhecimento transcendental da destruição dos āsavas. ", + "an-introduction-bodhi:157": "No AN, os estados mais elevados de consciência alcançados pela meditação são mencionados frequentemente. Entre os mais mencionados estão, naturalmente, os quatro jhānas. Além dele, nós encontramos as oito bases da superação (AN 8.64), as oito libertações (AN 8.66) e as nove cessações sucessivas (AN 9.31–61). O sucesso na meditação por vezes culmina nos três conhecimentos verdadeiros, em páli _tevijjā_(AN 3.58–59), que o Buda atingiu na noite de sua iluminação (AN 8.11). Em outras partes, a meditação leva à realização dos seis tipos de poderes supra-humanos, um estado posteriormente chamado de _abhiññās_ (AN 3.100–2, AN 5.23, AN 6.2). Cinco deles envolvem poderes psíquicos e o sexto é o conhecimento transcendental da destruição dos _āsavas_. ", "an-introduction-bodhi:158": "Sabedoria ", "an-introduction-bodhi:159": "Quando buscada como um fim em si, a concentração profunda é acompanhada pela alegria exaltada, pelo êxtase, pela calma e pela equanimidade. Estas experiências podem convencer os praticante de meditação incauto de que ele alcançou o objetivo final e descobriu “a paz interior nirvânica”. Tais estados elevados, contudo, são alcançados simplesmente por meio da intensificação da consciência, não por meio do insight que erradica os vínculos da existência repetida. Os estados superiores de concentração geram um poderoso kamma benéfico que, por sua vez, leva ao renascimento nos planos materiais e imateriais—planos de existência divina superiores—dependendo das realizações alcançadas durante a existência humana do praticante. Sem o discernimento profundo, este kamma se esgotará e o ser divino renascerá em um outro domínio, talvez até em maus destinos (AN 3.116, AN 4.123–26). Para que o caminho chegue ao fim e culmine no imortal, ele deve, em algum ponto, fazer emergir a sabedoria. Por isso, o Buda exalta a sabedoria como o principal esplendor, radiância, luz, brilho e luminescência (AN 4.141–45). ", "an-introduction-bodhi:160": "Apesar da analogia com a luz, a sabedoria não se acende subitamente e espontaneamente através de votos piedosos; ao contrário, ela é lentamente gerada quando se segue um caminho de treinamento prescrito. Um sutta enumera oito condições para a aquisição e amadurecimento da sabedoria pertinentes à vida espiritual (AN 8.2). Elas incluem confiar em um professor, fazendo perguntas para esclarecer as dúvidas que se tem, aderir às regras de disciplina, aprendizado e reflexão e contemplar a emergência e desaparecimento dos cinco agregados. Outro fator de suporte para o crescimento da sabedoria é a visão correta. O Buda atribuiu à visão correta o primeiro lugar dentre os fatores do Nobre Caminho Óctuplo e os dez princípios de retitude (AN 10.103). Da visão correta se originam outros nove fatores que terminam no conhecimento e libertação corretos (AN 10.105). ", "an-introduction-bodhi:161": "Aprender e investigar o Dhamma também contribui para o crescimento da sabedoria. Dentre os quatro Nikāyas, talvez o AN seja o que mais enfatiza o conhecimento. O conhecimento é descrito como um dos cinco tipos de riqueza (AN 5.47) e como uma qualidade que torna o bhikkhu respeitável e estimado entre seus companheiros de vida monástica (AN 5.87). Claro, um discípulo que aprendeu pouco, mas coloca o que aprendeu em prática é superior àquele que aprendeu muito porém jamais o põe em prática (AN 4.6). Porém, o conhecimento possui um valor intrínseco e os que se nele se destacam, além de obter os quatro jhānas e os três conhecimentos verdadeiros são especialmente dignos de respeito (AN 10.97). O domínio do Dhamma qualifica a pessoa a ensinar, de modo que possa cuidar não só do próprio progresso, mas também promover o bem dos demais (AN 8.62). ", - "an-introduction-bodhi:162": "Os suttas do AN não se limitam a elogiar o conhecimento e dão instruções concretas sobre como aprender e ensinar o Dhamma. Uma vez que o Dhamma sempre fora transmitido oralmente e não em documentos escritos, os textos ressaltam a necessidade da escuta atenta e da retenção. Aquele que não presta atenção é como uma tigela virada para baixo, incapaz de conter água; aquele que presta atenção, mas não retém o que aprendeu, é como quem derrama a água; enquanto o que tanto presta atenção nos discursos quanto retém o que foi ensinado o preserva por um longo tempo, como uma tigela virada para cima retém a água (AN 3.30). Ānanda, o mais culto dos bhikkhus, menciona seis fatores que conduzem ao domínio do Dhamma, dentre os quais encontramos aprender muitos discursos, ensinar outras pessoas e visitar sábios anciãos para esclarecer pontos ainda não entendidos completamente (AN 6.51). ", - "an-introduction-bodhi:163": "Ouvir o Dhamma pode servir como ocasião para adentrar o caminho irreversível para a libertação final, porém, para obter este objetivo, é necessário ouvi-lo da maneira correta. Isto significa que ele deve ser ouvido de maneira respeitosa e de mente aberta, sem a intenção de procurar erros ou para depreciar o discurso e quem discursa (AN 5.151–53). Ouvir e ensinar o Dhamma pode até precipitar a realização da libertação. Quando o Dhamma é ouvido, ensinado, recitado ou seu significado examinado, é possível se obter a inspiração, experimentar a felicidade e pôr em marcha um processo que termina com a libertação completa dos āsavas (AN 5.28). O aprendizado, no entanto, deve ser acompanhado da prática. Por isso o Buda exorta os monges a não dedicar todo o seu tempo para o estudo, o ensino, a recitação e a reflexão, e encontrar tempo para se retirar e dedicar ao desenvolvimento da serenidade interior e à sabedoria experiencial (AN 5.73–74). ", + "an-introduction-bodhi:162": "Os suttas do AN não se limitam a elogiar o conhecimento e dão instruções concretas sobre *como* aprender e ensinar o Dhamma. Uma vez que o Dhamma sempre fora transmitido oralmente e não em documentos escritos, os textos ressaltam a necessidade da escuta atenta e da retenção. Aquele que não presta atenção é como uma tigela virada para baixo, incapaz de conter água; aquele que presta atenção, mas não retém o que aprendeu, é como quem derrama a água; enquanto o que tanto presta atenção nos discursos quanto retém o que foi ensinado o preserva por um longo tempo, como uma tigela virada para cima retém a água (AN 3.30). Ānanda, o mais culto dos bhikkhus, menciona seis fatores que conduzem ao domínio do Dhamma, dentre os quais encontramos aprender muitos discursos, ensinar outras pessoas e visitar sábios anciãos para esclarecer pontos ainda não entendidos completamente (AN 6.51). ", + "an-introduction-bodhi:163": "Ouvir o Dhamma pode servir como ocasião para adentrar o caminho irreversível para a libertação final, porém, para obter este objetivo, é necessário ouvi-lo da maneira correta. Isto significa que ele deve ser ouvido de maneira respeitosa e de mente aberta, sem a intenção de procurar erros ou para depreciar o discurso e quem discursa (AN 5.151–53). Ouvir e ensinar o Dhamma pode até precipitar a realização da libertação. Quando o Dhamma é ouvido, ensinado, recitado ou seu significado examinado, é possível se obter a inspiração, experimentar a felicidade e pôr em marcha um processo que termina com a libertação completa dos _āsavas_ (AN 5.28). O aprendizado, no entanto, deve ser acompanhado da prática. Por isso o Buda exorta os monges a não dedicar todo o seu tempo para o estudo, o ensino, a recitação e a reflexão, e encontrar tempo para se retirar e dedicar ao desenvolvimento da serenidade interior e à sabedoria experiencial (AN 5.73–74). ", "an-introduction-bodhi:164": "Aprender e ensinar desempenham um papel vital na longevidade do Dhamma. Um sutta diz que o Dhamma entra em decadência e desaparece quando os bhikkhus não o ouvem respeitosamente, o aprendem, o guardam na mente, examinam seu significado e o colocam em prática; e quando os bhikkhus fazem essas coisas ele é preservado livre de declínio (AN 5.154). Outros suttas ressaltam a importância de ensinar e fazer com que os outros recitem os textos (AN 5.155). Ao ensinar, deve-se escolher o tópico apropriado, examinando os interesses e expectativas da audiência e só então fazer um discurso conforme à sua inclinação (AN 5.157). O Buda prescreve cinco princípios para quem ensina o Dhamma: a pessoa deve ensinar de maneira progressiva, dar razões que apoiem suas afirmações, haver empatia entre quem ensina e a audiência, não buscar ganhos materiais e não dizer nada que seja danoso para si e para os outros (AN 5.159). ", "an-introduction-bodhi:165": "A sabedoria penetrativa não se restringe a dominar um corpo de textos ou um sistema de ideias, mas envolve enxergar a verdadeira natureza dos fenômenos. Os princípios que devem ser enxergados com sabedoria são as “três características” da impermanência, sofrimento e não-eu. Somos ditos que, se surgiram ou não Tathāgatas no mundo, essa lei fixa permanece: todos os fenômenos condicionados são impermanentes, todos os fenômenos condicionados são sofrimento e todos os fenômenos são não-eu (AN 3.136). Logo, enxergar a natureza verdadeira dos fenômenos significa vê-los como impermanentes, sofrimento e não-eu. Em geral, nossas mentes estão sujeitas à distorções de percepção e entendimento, de modo que concebemos as coisas como se fossem permanentes, prazerosas e como eu. Por mais óbvias que estas noções nos pareçam, os textos as descrevem como uma inversão da percepção e como formas de disfunção cognitiva (AN 4.49). A tarefa de discernimento é corrigir esta distorção, contemplando as coisas “tais como realmente são”, ou seja, como impermanentes, sofrimento e não-eu (AN 7.16–18). Curiosamente, vários suttas no AN acrescentam um quarto tema de contemplação: a contemplação do nibbāna como felicidade (AN 6.101, AN 7.19). ", - "an-introduction-bodhi:166": "A contemplação dos fenômenos condicionados como impermanentes e sofrimento, a contemplação de todos os fenômenos como não-eu e a contemplação do nibbāna como felicidade permite ao discípulo adquirir “uma convicção em conformidade” com o Dhamma (anulomikā khantī). Isso prepara a mente para um insight ainda mais profundo e, quando este insight se alinha ao Dhamma, ele induz à entrada no “curso fixo da retidão” (sammattaniyāma), o caminho transcendente que leva, infalivelmente, aos quatro estágios do despertar (AN 6.98–101). ", - "an-introduction-bodhi:167": "O Buda insistia que o objetivo final de seu ensinamento era a extinção do sofrimento nesta mesma vida e, por esta razão, ele constantemente exortava os bhikkhus a não se contentarem com qualquer realização parcial, mas a continuar caminhando rumo ao objetivo final. Ele lhes dizia para manter a seguinte resolução: “Eu não relaxarei na minha energia enquanto não tiver atingido o que pode ser atingido através da firmeza humana, da energia humana e do esforço humano” (AN 2.5). Dois suttas do AN nos dão uma visão interna do processo contemplativo pelo qual o discípulo realiza o objetivo final. Um discurso explica que um bhikkhu adentra qualquer um dos quatro jhānas ou em qualquer uma das três absorções imateriais e contempla os elementos que as constituem—os cinco agregados contidos no que foi realizado (quatro nas absorções imateriais)—como impermanente, sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, doloroso, uma aflição, estranho, uma dissolução, um vazio e não-eu. Em certo ponto, ele afasta a sua mente desse fenômeno, e tendo feito isso, dirige a sua mente para as características do imortal, nibbāna. Com base nisso, ele ou alcança a destruição dos āsavas, isto é, realiza o estado de arahant ou, caso não consiga concluir o o que há a ser feito, ele alcança o estado de não-retorno (AN 9.36). O outro sutta é dado por Ānanda a um devoto leigo que perguntou como um bhikkhu alcança a destruição das máculas. Ānanda explica que o bhikkhu adentra qualquer um dos quatro jhānas, os quatro imensuráveis (bem-querer, compaixão, alegria altruísta e equanimidade) ou as três absorções imaterias. Então, ele revê o que realizou como “construído e produzido pela vontade” e comenta: “O que quer que seja construído e produzido pela vontade é impermanente, sujeito a acabar.” Também neste caso, ele ou alcança o estado de arahant ou de sem-retorno (AN 11.16). ", + "an-introduction-bodhi:166": "A contemplação dos fenômenos condicionados como impermanentes e sofrimento, a contemplação de todos os fenômenos como não-eu e a contemplação do nibbāna como felicidade permite ao discípulo adquirir “uma convicção em conformidade” com o Dhamma (_anulomikā khantī_). Isso prepara a mente para um insight ainda mais profundo e, quando este insight se alinha ao Dhamma, ele induz à entrada no “curso fixo da retidão” (_sammattaniyāma_), o caminho transcendente que leva, infalivelmente, aos quatro estágios do despertar (AN 6.98–101). ", + "an-introduction-bodhi:167": "O Buda insistia que o objetivo final de seu ensinamento era a extinção do sofrimento nesta mesma vida e, por esta razão, ele constantemente exortava os bhikkhus a não se contentarem com qualquer realização parcial, mas a continuar caminhando rumo ao objetivo final. Ele lhes dizia para manter a seguinte resolução: “Eu não relaxarei na minha energia enquanto não tiver atingido o que pode ser atingido através da firmeza humana, da energia humana e do esforço humano” (AN 2.5). Dois suttas do AN nos dão uma visão interna do processo contemplativo pelo qual o discípulo realiza o objetivo final. Um discurso explica que um bhikkhu adentra qualquer um dos quatro jhānas ou em qualquer uma das três absorções imateriais e contempla os elementos que as constituem—os cinco agregados contidos no que foi realizado (quatro nas absorções imateriais)—como impermanente, sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, doloroso, uma aflição, estranho, uma dissolução, um vazio e não-eu. Em certo ponto, ele afasta a sua mente desse fenômeno, e tendo feito isso, dirige a sua mente para as características do imortal, nibbāna. Com base nisso, ele ou alcança a destruição dos _āsavas_, isto é, realiza o estado de arahant ou, caso não consiga concluir o o que há a ser feito, ele alcança o estado de não-retorno (AN 9.36). O outro sutta é dado por Ānanda a um devoto leigo que perguntou como um bhikkhu alcança a destruição das máculas. Ānanda explica que o bhikkhu adentra qualquer um dos quatro jhānas, os quatro imensuráveis (bem-querer, compaixão, alegria altruísta e equanimidade) ou as três absorções imaterias. Então, ele revê o que realizou como “construído e produzido pela vontade” e comenta: “O que quer que seja construído e produzido pela vontade é impermanente, sujeito a acabar.” Também neste caso, ele ou alcança o estado de arahant ou de sem-retorno (AN 11.16). ", "an-introduction-bodhi:168": "A Saṅgha ", - "an-introduction-bodhi:169": "De acordo com a exegese tradicional, a palavra saṅgha é usada em dois sentidos: como a designação da ordem monástica de bhikkhus e bhikkhunīs, por vezes chamada de “Saṅgha institucional” ou “Saṅgha convencional” (sammutisaṅgha) e como a designação da “comunidade dos nobres” (ariyasaṅgha), composta por oito pessoas nobres, os quatro pares dos que alcançaram os frutos e o caminho transcendentes. Com base nesta distinção, é dito que a Saṅgha convencional é composta somente de discípulos e discípulas contemplativos, nobres ou ordinários e a Saṅgha nobre inclui leigos que alcançaram os frutos e os caminhos bem como os monges. No AN, uma distinção entre esses dois tipos de Saṅgha é discernível, mas as fronteiras entre elas não é tão bem definida como a tradição a faz parecer. Primeiro, sempre que alguém recém convertido ao Dhamma declara que busca refúgio, ele proclama como terceiro objeto de refúgio a “Saṅgha dos bhikkhus” (presumivelmente incluindo também as bhikkhunīs). Isso demonstra que eles (ou, mais provavelmente, os compiladores dos textos) entendiam por terceiro objeto de refúgio a comunidade monástica. Segundo, a fórmula para a Saṅgha nobre a descreve em termos que mais facilmente se aplicam aos renunciantes que vivem daquilo que é oferecido: ela é “merecedora de dádivas, merecedora de hospitalidade, merecedora de oferendas, merecedora de saudações com reverência.” Tal enaltecimento estabelece, mais uma vez, o vínculo entre a Saṅgha monástica e a Saṅgha nobre. ", - "an-introduction-bodhi:170": "Não obstante, um sutta fala de “quatro tipos de pessoas que adornam a Saṅgha.” Essas são os bhikkhus, bhikkhunīs, seguidores leigos e seguidoras leigas disciplinados e versados no Dhamma (AN 4.7; vide também AN 4.211). Isto sugere que a palavra saṅgha, mesmo em seu significado convencional, pode incluir leigos, a menos que se entenda isso significa que os bhikkhus e bhikkhunīs adornam a Saṅgha como membros e os leigos como mantenedores. De qualquer forma, quando os textos falam da Saṅgha sem referência específica aos nobres discípulos, quase sempre eles se referem à ordem monástica (ou subgrupos dentro dela). ", + "an-introduction-bodhi:169": "De acordo com a exegese tradicional, a palavra _saṅgha_ é usada em dois sentidos: como a designação da ordem monástica de bhikkhus e bhikkhunīs, por vezes chamada de “Saṅgha institucional” ou “Saṅgha convencional” (_sammutisaṅgha_) e como a designação da “comunidade dos nobres” (_ariyasaṅgha_), composta por oito pessoas nobres, os quatro pares dos que alcançaram os frutos e o caminho transcendentes. Com base nesta distinção, é dito que a Saṅgha convencional é composta somente de discípulos e discípulas contemplativos, nobres ou ordinários e a Saṅgha nobre inclui leigos que alcançaram os frutos e os caminhos bem como os monges. No AN, uma distinção entre esses dois tipos de Saṅgha é discernível, mas as fronteiras entre elas não é tão bem definida como a tradição a faz parecer. Primeiro, sempre que alguém recém convertido ao Dhamma declara que busca refúgio, ele proclama como terceiro objeto de refúgio a “Saṅgha dos bhikkhus” (presumivelmente incluindo também as bhikkhunīs). Isso demonstra que eles (ou, mais provavelmente, os compiladores dos textos) entendiam por terceiro objeto de refúgio a comunidade monástica. Segundo, a fórmula para a Saṅgha nobre a descreve em termos que mais facilmente se aplicam aos renunciantes que vivem daquilo que é oferecido: ela é “merecedora de dádivas, merecedora de hospitalidade, merecedora de oferendas, merecedora de saudações com reverência.” Tal enaltecimento estabelece, mais uma vez, o vínculo entre a Saṅgha monástica e a Saṅgha nobre. ", + "an-introduction-bodhi:170": "Não obstante, um sutta fala de “quatro tipos de pessoas que adornam a Saṅgha.” Essas são os bhikkhus, bhikkhunīs, seguidores leigos e seguidoras leigas disciplinados e versados no Dhamma (AN 4.7; vide também AN 4.211). Isto sugere que a palavra _saṅgha_, mesmo em seu significado convencional, pode incluir leigos, a menos que se entenda isso significa que os bhikkhus e bhikkhunīs adornam a Saṅgha como membros e os leigos como mantenedores. De qualquer forma, quando os textos falam da Saṅgha sem referência específica aos nobres discípulos, quase sempre eles se referem à ordem monástica (ou subgrupos dentro dela). ", "an-introduction-bodhi:171": "Vários suttas no AN mostram que a Saṅgha monástica nem sempre era digna pelos critérios que o Buda estabeleceu para ela. No AN 2.42–51, uma série de contrastes são delineados entre dois grupos de discípulos monásticos, um censurável, outro louvável. Os dois grupos são especificamente descritos em termos de bhikkhus. A parte censurável de cada par inclui a assembleia superficial em que os bhikkhus são “inquietos, cheios de si, vaidosos”; a assembleia inferior, em que eles são relaxados e vivem com luxo; a borra de uma assembleia que tomou um caminho errado por causa do desejo, do ódio, da desilusão ou do medo; e a assembleia que valoriza as coisas mundanas, e não o bom Dhamma. Descuido e mundanismo não eram os únicos problemas com que o Buda precisou lidar na ordem monástica. Referências a brigas e disputas entre os bhikkhus estão espalhadas pelo AN. Assim, lemos sobre situações em que os bhikkhus começaram a “debater e argumentar e caíram em uma briga, ferindo-se mutuamente com palavras duras” (AN 10.50; vide também AN 2.43, AN 3.124). Em certas ocasiões, a ameaça do cisma projetava sua sombra. Para aplacar este perigo, o Buda propôs seis regras para promover uma relação cordial entre os bhikkhus (AN 6.12) e os incentivou a se reunirem frequentemente e a gerir a Saṅgha em harmonia (AN 7.23). Entretanto, apesar das faltas de seus membros, o Buda tinha a Saṅgha monástica em alta conta. Ele elogiou a Saṅgha dos bhikkhus diligentes como um campo incomparável de méritos pelo qual se deve viajar por muitas milhas para ver (AN 4.190) e ele ficou satisfeito quando viu monges vivendo “em concórdia, harmoniosamente, sem disputas, misturando-se como leite e água, vendo uns aos outros com olhos de afeição” (AN 10.50). ", "an-introduction-bodhi:172": "A Saṅgha monástica não só dava as melhores condições para os que desejavam com toda seriedade a vida espiritual, mas também servia como um campo de bênçãos e um canal para divulgação dos ensinamentos do Buda para a comunidade leiga. Bhikkhus e bhikkhunīs ofereciam aos leigos a oportunidade de ganhar méritos fazendo doações de mantos, alimentos, moradia e medicamentos. Os monges também usavam seus encontros com os leigos para ensinar ao público o Dhamma nas casas, vilas e cidades que visitavam. Portanto, o Buda enfatizava a necessidade de ambos as contrapartes nesta relação simbiótica a fim de satisfazer suas obrigações. Os monges eram obrigados a dar um modelo inspirador de conduta disciplinada aos leigos, comportando-se para de modo que “faz surgir fé naqueles ainda sem fé, e aumentar a fé daqueles que já a têm” (AN 8.54; vide também AN 4.245 §1). A comunidade de discípulos leigos é responsável por cuidar das necessidades materiais dos discípulos contemplativos ou monásticos. Ao fazê-lo, espera-se que este o façam com a etiqueta apropriada, saudando os discípulos monges respeitosamente, oferecendo-lhes um assento, doando generosamente e mostrando-se solícitos em assistir seu bem-estar (AN 7.13). Os devotos leigos devem, também, se sentar próximos para ouvir o Dhamma e experimentar o sabor das palavras (AN 9.17). ", - "an-introduction-bodhi:173": "A Saṅgha nobre consiste em oito tipos de pessoas nobres, agrupadas em quatro pares relacionados aos quatro estágios do despertar. Os dois membros de cada par são aqueles que alcançaram um estágio específico e um que entrou no caminho irreversível que leva àquele estágio. Eles são citados concisamente: “aquele que entrou na correnteza, aquele que pratica para alcançar o fruto de entrar da correnteza; aquele que retorna apena uma vez, aquele que pratica para alcançar o fruto de retornar apenas uma vez; aquele que não retorna, o que pratica para alcançar o fruto do não retorno; aquele aperfeiçoado, um arahant, aquele que pratica para alcançar o fruto da pefeição, do estado de arahant” (AN 8.59). Em um sutta, outro termo é acrescentado à lista dos oito, o gotrabhū ou “membro do clã” (AN 9.10; vide também AN 10.16). Estranhamente, a relação desta figura com as demais não é explicada nos Nikāyas. Os comentários interpretam esse termo pela ótica do sistema exegético Theravāda tardio, de acordo com o qual gotrabhū se refere ao momento mental único em que se dá a transição do insight máximo para o caminho que resulta na transcedência do mundo. Mas esta explicação pressupõe o desenvolvimento de esquemas técnicos nos Nikāyas e, portanto, é improvável que represente o significado original do termo. ", - "an-introduction-bodhi:174": "Os quatro principais estágios são diferenciados pelos grilhões que são eliminados e pelo número de renascimentos que restam àqueles que os alcançam (vide AN 3.86, AN 4.210). Com a destruição dos três grilhões inferiores (vide AN 10.13), o discípulo entra na correnteza (sotāpanna), não mais sendo sujeito ao renascimento nos três planos inferiores ou infelizes de existência e destinado a alcançar a libertação em, no máximo, sete vidas, que transcorrerão ou no domínio humano, ou entre os devas. Com a destruição das três amarras e a atenuação adicional da ganância, do ódio e da delusão, a pessoa passa ao estado de retornar apenas uma vez (sakadāgāmī), destinado a voltar para este mundo mais uma vez e então atingir o fim do sofrimento. Com a destruição de todas os cinco grilhões inferiores, o discípulo se torna alguém que não retorna (anāgāmī), destinado a renascer espontaneamente no domínio da forma (normalmente em um plano de existência chamado de esferas puras) e lá alcança o nibbāna final sem retornar a este mundo. E com a destruição completa das impurezas, o discípulo se torna um arahant, alguém completamente libertado. ", + "an-introduction-bodhi:173": "A Saṅgha nobre consiste em oito tipos de pessoas nobres, agrupadas em quatro pares relacionados aos quatro estágios do despertar. Os dois membros de cada par são aqueles que alcançaram um estágio específico e um que entrou no caminho irreversível que leva àquele estágio. Eles são citados concisamente: “aquele que entrou na correnteza, aquele que pratica para alcançar o fruto de entrar da correnteza; aquele que retorna apena uma vez, aquele que pratica para alcançar o fruto de retornar apenas uma vez; aquele que não retorna, o que pratica para alcançar o fruto do não retorno; aquele aperfeiçoado, um arahant, aquele que pratica para alcançar o fruto da pefeição, do estado de arahant” (AN 8.59). Em um sutta, outro termo é acrescentado à lista dos oito, o _gotrabhū_ ou “membro do clã” (AN 9.10; vide também AN 10.16). Estranhamente, a relação desta figura com as demais não é explicada nos Nikāyas. Os comentários interpretam esse termo pela ótica do sistema exegético Theravāda tardio, de acordo com o qual _gotrabhū_ se refere ao momento mental único em que se dá a transição do insight máximo para o caminho que resulta na transcedência do mundo. Mas esta explicação pressupõe o desenvolvimento de esquemas técnicos nos Nikāyas e, portanto, é improvável que represente o significado original do termo. ", + "an-introduction-bodhi:174": "Os quatro principais estágios são diferenciados pelos grilhões que são eliminados e pelo número de renascimentos que restam àqueles que os alcançam (vide AN 3.86, AN 4.210). Com a destruição dos três grilhões inferiores (vide AN 10.13), o discípulo entra na correnteza (_sotāpanna_), não mais sendo sujeito ao renascimento nos três planos inferiores ou infelizes de existência e destinado a alcançar a libertação em, no máximo, sete vidas, que transcorrerão ou no domínio humano, ou entre os devas. Com a destruição das três amarras e a atenuação adicional da ganância, do ódio e da delusão, a pessoa passa ao estado de retornar apenas uma vez (_sakadāgāmī_), destinado a voltar para este mundo mais uma vez e então atingir o fim do sofrimento. Com a destruição de todas os cinco grilhões inferiores, o discípulo se torna alguém que não retorna (_anāgāmī_), destinado a renascer espontaneamente no domínio da forma (normalmente em um plano de existência chamado de esferas puras) e lá alcança o nibbāna final sem retornar a este mundo. E com a destruição completa das impurezas, o discípulo se torna um arahant, alguém completamente libertado. ", "an-introduction-bodhi:175": "Embora as explicações nos textos normalmente sejam direcionadas aos bhikkhus, os discipulos leigos também são capazes de alcançar os primeiros três frutos e até mesmo o quarto. No último caso, entretanto, a tradição diz que eles ou alcançam o estado de arahant à beira da morte ou quase que imediatamente ao abandonar a vida em família pela vida santa. No AN, encontramos o testemunho de vários leigos que alcançaram o fruo do não retorno. Por exemplo, a leiga Nandamātā insinua que ela não retornaria (at AN 7.53), assim como o faz Ugga de Vesālī e Ugga de Hatthigāma (em AN 8.21 e AN 8.22, respectivamente). No livro seis (AN 6.119–39) há menciona um amplo número de leigos que “atingiram a certeza sobre o Tathāgata e se tornaram testemunhos do imortal”, implicando que eles são nobres discípulos (porém não arahants). Muitos discípulos leigos são confirmadas, em outros pontos, como tendo obtido nobres frutos. ", - "an-introduction-bodhi:176": "Outro método de distinguir os nobres discípulos em sete tipos é mencionado no AN 7.14, onde eles são simplesmente listados sem explicações e apenas explicados no MN 70. Os sete tipos de nobres discípulos são: uma pessoa libertada de ambos os modos, uma pessoa libertada através da sabedoria, uma pessoa que toca com o corpo ou testemunha diretamente, uma pessoa com entendimento realizado ou desperta pela visão, uma pessoa libertada pela fé, um discípulo do Dhamma, um discípulo pela fé. Os dois primeiros são arahants, com a pessoa libertada de ambos os modos diferenciada pelo poder de alcançar as “libertações pacíficas imateriais” (as meditações sem forma e a realização da cessação), enquanto que a pessoa libertada através da sabedoria não as pode alcançar. Os três tipos seguintes são sekhas, discípulos de treinamento avançado, diferenciados de acordo com sua faculdade dominante. O primeiro se destaca em termos de concentração, o segundo em termos de sabedoria, o terceiro em termos de fé. Como indicado no AN 3.21, não é fácil declarar definitivamente qual dessas três pessoas seja a mais excelente, pois Em alguns casos, uma pessoa que é libertada pela visão está praticando para a perfeição, enquanto aquela que é libertada pela fé e aquela que é testemunha direta ou retornarão uma vez, ou então não retornarão. Tanto um discípulo do Dhamma quanto um discípulo pela fé são pessoas destinadas à entrar na correnteza, mas que ainda não alcançaram este fruto. Elas se diferenciam, respectivamente, com base no fato de sua faculdade dominante ser a sabedoria ou a fé. No final do AN 7.56, o Buda menciona outra “sétima pessoa” no lugar do discípulo pela fé. Este tipo é chamado de uma pessoa que acessa um estado livre de sinais (animittavihārī), um termo que não é explicado no sutta e não é elaborado na tradição budista pós-canônica. O comentário simplesmente identifica este tipo de pessoa como um tipo de discípulo pela fé, mas pode se tratar de uma tentativa de adequar ideias atípicas aos rótulos e regras de um sistema estabelecido. ", + "an-introduction-bodhi:176": "Outro método de distinguir os nobres discípulos em sete tipos é mencionado no AN 7.14, onde eles são simplesmente listados sem explicações e apenas explicados no MN 70. Os sete tipos de nobres discípulos são: uma pessoa libertada de ambos os modos, uma pessoa libertada através da sabedoria, uma pessoa que toca com o corpo ou testemunha diretamente, uma pessoa com entendimento realizado ou desperta pela visão, uma pessoa libertada pela fé, um discípulo do Dhamma, um discípulo pela fé. Os dois primeiros são arahants, com a pessoa libertada de ambos os modos diferenciada pelo poder de alcançar as “libertações pacíficas imateriais” (as meditações sem forma e a realização da cessação), enquanto que a pessoa libertada através da sabedoria não as pode alcançar. Os três tipos seguintes são _sekhas_, discípulos de treinamento avançado, diferenciados de acordo com sua faculdade dominante. O primeiro se destaca em termos de concentração, o segundo em termos de sabedoria, o terceiro em termos de fé. Como indicado no AN 3.21, não é fácil declarar definitivamente qual dessas três pessoas seja a mais excelente, pois Em alguns casos, uma pessoa que é libertada pela visão está praticando para a perfeição, enquanto aquela que é libertada pela fé e aquela que é testemunha direta ou retornarão uma vez, ou então não retornarão. Tanto um discípulo do Dhamma quanto um discípulo pela fé são pessoas destinadas à entrar na correnteza, mas que ainda não alcançaram este fruto. Elas se diferenciam, respectivamente, com base no fato de sua faculdade dominante ser a sabedoria ou a fé. No final do AN 7.56, o Buda menciona outra “sétima pessoa” no lugar do discípulo pela fé. Este tipo é chamado de uma pessoa que acessa um estado livre de sinais (_animittavihārī_), um termo que não é explicado no sutta e não é elaborado na tradição budista pós-canônica. O comentário simplesmente identifica este tipo de pessoa como um tipo de discípulo pela fé, mas pode se tratar de uma tentativa de adequar ideias atípicas aos rótulos e regras de um sistema estabelecido. ", "an-introduction-bodhi:177": "A figura espiritual ideal do AN, assim como nos Nikāyas como um todo, é o arahant, que é chamado de “o melhor entre os devas e os humanos: aquele que alcançou a suprema realização, obteve a suprema libertação da escravidão, viveu a vida espiritual suprema, e atingiu a definitiva perfeição.” (AN 3.143, AN 11.10). Um arahant é alguém que “destruiu as impurezas, viveu a vida santa, fez o que devia ser feito, depôs o fardo, alcançou o verdadeiro objetivo, destruiu os grilhões da existência e está completamente libertado através do conhecimento supremo” (AN 6.49, AN 9.7). Eles são “libertados da cobiça através da destruição da cobiça; libertado da raiva através da destruição da raiva; libertados da delusão através da destruição da delusão” (AN 6.55). Eles não mais estão sujeitos ao retorno a qualquer esfera de existência, seja em termos de existência no reino da esfera sensual, no reino da matéria sutil ou no reino imaterial (AN 9.25). Eles entraram e habitam na libertação imaculada da mente, a libertação pela sabedoria e, ao morrerem, alcançam o nibbāna final. ", - "an-introduction-bodhi:178": "Embora todos os arahants sejam parecidos por terem erradicado todos as impurezas e por sua libertação do saṁsāra, o AN introduz uma distinção interessante entre dois tipos de arahant. Um deles, o “asceta lótus branco” (puṇḍarīkasamaṇa), não tem experiência meditativa direta das oito emancipações, enquanto o outro, o “asceta lótus vermelho” (padumasamaṇa), as tem. O comentário interpreta o primeiro tipo como alguém que não alcança nenhuma das oito emancipações e é, portanto, um arahant libertado pelo entendimento introspectivo apenas (sukkhavipassaka), que alcança o estado de arahant sem alcançar os jhānas. Este personagem não é encontrada explicitamente nos Nikāyas e, por isso, é possível se questionar se o comentário não estaria atribuindo ao texto uma ideia que surgiu posteriormente a este. Uma interpretação que melhor se alinha com suttas como o MN 70 entenderia o asceta lótus branco como uma “pessoa libertada através da sabedoria”(paññāvimutta), que pode atingir os quatro jhanas, mas não as emancipações sem forma; enquanto o asceta lótus vermelho seria o arahant “libertado de ambos os modos” (ubhatobhāgavimutta). Além dos quatro jhanas e das emancipações sem forma, alguns arahants realizaram os “três conhecimentos verdadeiros”: o conhecimento das vidas passadas, o conhecimento da morte e renascimento dos seres e o conhecimento da destruição dos āsavas (AN 3.58). Outros, ainda, alcançam seis conhecimentos superiores, que incluem, além dos três supramencionados, os poderes psíquicos, o ouvido divino e o conhecimento das mentes dos outros (AN 6.2). ", + "an-introduction-bodhi:178": "Embora todos os arahants sejam parecidos por terem erradicado todos as impurezas e por sua libertação do saṁsāra, o AN introduz uma distinção interessante entre dois tipos de arahant. Um deles, o “asceta lótus branco” (_puṇḍarīkasamaṇa_), não tem experiência meditativa direta das oito emancipações, enquanto o outro, o “asceta lótus vermelho” (_padumasamaṇa_), as tem. O comentário interpreta o primeiro tipo como alguém que não alcança nenhuma das oito emancipações e é, portanto, um arahant libertado pelo entendimento introspectivo apenas (_sukkhavipassaka_), que alcança o estado de arahant sem alcançar os jhānas. Este personagem não é encontrada explicitamente nos Nikāyas e, por isso, é possível se questionar se o comentário não estaria atribuindo ao texto uma ideia que surgiu posteriormente a este. Uma interpretação que melhor se alinha com suttas como o MN 70 entenderia o asceta lótus branco como uma “pessoa libertada através da sabedoria”(_paññāvimutta_), que pode atingir os quatro jhanas, mas não as emancipações sem forma; enquanto o asceta lótus vermelho seria o arahant “libertado de ambos os modos” (_ubhatobhāgavimutta_). Além dos quatro jhanas e das emancipações sem forma, alguns arahants realizaram os “três conhecimentos verdadeiros”: o conhecimento das vidas passadas, o conhecimento da morte e renascimento dos seres e o conhecimento da destruição dos _āsavas_ (AN 3.58). Outros, ainda, alcançam seis conhecimentos superiores, que incluem, além dos três supramencionados, os poderes psíquicos, o ouvido divino e o conhecimento das mentes dos outros (AN 6.2). ", "an-introduction-bodhi:179": "Tipos de pessoas ", "an-introduction-bodhi:180": "Entre os quatro Nikāyas, o Aṅguttara se distingue pelo seu interesse em descrever tipos de pessoas. Essas classificações não são propostas a partir de uma análise psicológica objetiva, mas com o intuito de relacionar os diferentes tipos de pessoas com os valores e objetivos do Dhamma. A maioria, porém não todas, das distinções são traçadas entre os discípulos monásticos e são expostas como pares ou grupos de três ou mais tipos. ", "an-introduction-bodhi:181": "Assim, encontramos distinções entre os tipos de personalidade como o tolo e o sábio, o mau e o bom, o discípulo monástico censurável e o discípulo louvável. Este último par às vezes é descrito com mais detalhes a partir de uma enumeração das características do monge que é incorrigivelmente mau e o monge apresentado como um exemplo. Distinções semelhantes são feitas entre leigos, de modo que temos leigos mal intencionados comparados com aqueles que servem de exemplo para a comunidade leiga. ", "an-introduction-bodhi:182": "Uma distinção feita entre pessoas serve para dissipar um entendimento equivocado do Budismo antigo que, recentemente se enfraqueceu mas possivelmete não foi ainda completamente abandonado: a idéia de que, por sua ênfase na responsabilidade pessoal, o budismo antigo era estritamente individualista. Em épocas posteriores, este equívoco (que pode ter sido alimentado pelas atitudes que prevaleciam em certos grupos da Saṅgha) levou à aplicação da designação Hīnayāna, ou “Veículo Menor”, às escolas que aderiram às antigas escrituras. Um conjunto de suttas, AN 4.95–99, diferencia as pessoas em quatro tipos, organizados em ordem ascendente de excelência: (1) a pessoa que pratica nem para o seu próprio bem e tampouco para o bem dos outros, (2) a pessoa que pratica para o bem dos outros, mas não o seu próprio bem, (3) a pessoa que pratica para seu próprio bem, mas não o bem dos outros e (4) a pessoa que pratica para o seu bem e o para o bem dos outros. O texto não só elenca o quarto tipo de pessoa como o mais excelente, mas o louva com superlativos como “o principal, o cabeça, o mais destacado, o superior e supremo”. Um outro conjunto de suttas, AN 5.17–20, explica como um bhikkhu pode praticar para seu próprio bem e para o bem dos outros. Um outro sutta amplia a motivação altruísta ainda mais ao concluir que uma pessoa de grande sabedoria “pensa apenas no seu bem-estar, no bem-estar dos outros, no bem-estar de ambos, e no bem-estar de todo o mundo.” (AN 4.186). ", "an-introduction-bodhi:183": "As Bhikkhunīs e Mulheres no Aṅguttara Nikāya ", "an-introduction-bodhi:184": "Embora a maioria dos suttas no AN sejam dirigidos aos bhikkhus e assim descrevessem seus personagens, ocasionalmente, eles apresentavam bhikkhunīs, discípulas monásticas e ordenadas, como protagonistas ou personagens. É no AN que encontramos a história das origens da Saṅgha de Bhikkhunī (AN 8.51) também preservada no Cūḷavagga do Vinaya. A história é controversa: primeiro, por causa da relutância do Buda em admitir mulheres na vida santa, segundo porque, após lhes dar permissão para entrar nela, ele afirma que a ordenação das mulheres terá um efeito negativo no ensinamento, encurtando sua presença no mundo de alguns milhares de anos para cinco séculos. A fidelidade histórica deste relato é questionada por estudiosos modernos, pois contém anacronismos difíceis de reconciliar com outras informações cronológicas presentes no cânone e nos comentários. De qualquer forma, o sutta foi responsável por uma atitude de desconfiança em relação às bhikkhunīs nos países Theravāda e talvez explique porque os monges mais antigos e conservadores tenham resistido ao ressurgimento da Saṅgha das Bhikkhunīs que atualmente se dá em países como o Sri Lanka e a Tailândia. ", - "an-introduction-bodhi:185": "O AN inclui, na sequência sobre os principais discípulos, uma seção dedicada às bhikkhunīs excepcionais. Embora a seção sobre os bhikkhus consista de quatro vaggas contendo 47 categorias (algumas ocupadas pela mesma pessoa), a das bhikkhunīs contém apenas um vagga com 13 nomes. Talvez isto se deva ao fato de o número de bhikkhunīs ter sido muito menor comparado ao de bhikkhus, embora também possa refletir viéses da época e até atitudes que prevaleciam na escola que preservou o Cânone Pāli. Parece que o Ekottarāgama do Tripiṭaka chinês, que vem de outra escola primitiva, inclui um número maior de mais bhikkhunīs entre os discípulos eminentes listados. ", + "an-introduction-bodhi:185": "O AN inclui, na sequência sobre os principais discípulos, uma seção dedicada às bhikkhunīs excepcionais. Embora a seção sobre os bhikkhus consista de quatro _vaggas_ contendo 47 categorias (algumas ocupadas pela mesma pessoa), a das bhikkhunīs contém apenas um _vagga_ com 13 nomes. Talvez isto se deva ao fato de o número de bhikkhunīs ter sido muito menor comparado ao de bhikkhus, embora também possa refletir viéses da época e até atitudes que prevaleciam na escola que preservou o Cânone Pāli. Parece que o Ekottarāgama do Tripiṭaka chinês, que vem de outra escola primitiva, inclui um número maior de mais bhikkhunīs entre os discípulos eminentes listados. ", "an-introduction-bodhi:186": "No AN 7.56, o Buda relata que duas deidades lhe informaram o número de bhikkhunīs “bem libertadas sem qualquer resíduo restante”. No AN 8.53, ele explica para a bhikkhunī Mahāpajāpati Gotamī as oito qualidades distintivas do que constitui de fato do Dhamma e o Vinaya. No AN 10.28, uma “bhikkhunī de Kajaṅgalā” responde a dez questões enumeradas. Quando suas respostas são relatadas para o Buda, ele diz: “A bhikkhunī de Kajaṅgalā é sábia, de grande sabedoria. Se eu tivesse assim sido perguntado, eu teria respondido exatamente da mesma forma.” ", "an-introduction-bodhi:187": "Mas o AN não fala sobre as bhikkhunīs somente em termos favoráveis. Uma série de seis suttas, AN 5.115–20, explica várias causas pelas quais as bhikkhunīs podem renascer no inferno. Ela é mesquinha, ela critica e elogia os outros indiscriminadamente, ela desperdiça o que foi oferecido com fé, ela é invejosa, ela tem entendimento incorreto, ela fala e age erroneamente, etc. Causa perplexidade o fato de que o texto reserve estas considerações severas às bhikkhunīs, mas pode ser que elas fossem vistas como precauções necessárias. De qualquer forma, no AN 5.236–40, as mesmas considerações são feitas sobre os bhikkhus. ", "an-introduction-bodhi:188": "Entre os quatro Nikāyas, o Aṅguttara tem o maior número de suttas direcionados às mulheres e um pequeno número de discursos nesta coleção dão testemunho de uma atitude misógina que nos parece discordante, de mau gosto ou, simplesmente, injustificada. Estes textos retratam as mulheres como dirigidas por poderosas paixões que obstruem suas habilidades e afetam sua moral. No AN 2.61, o Buda declara que muitas das mulheres morrem sem terem tido o suficiente de duas coisas: relações sexuais e dar à luz. Quando Ānanda pergunta o porquê de as mulheres não se sentarem nos concílios, se engajarem nos negócios ou viajarem para regiões distantes, o Buda responde que isto se deve a elas serem irritáveis, invejosas, mesquinhas e de pouca inteligência (AN 4.80). Dois suttas comparam as mulheres a uma serpente negra (AN 5.229–30) por serem “irritáveis, hostis, de veneno mortal, de língua bifurcada e por traírem amigos.” Seu veneno é sua forte luxúria, sua língua bifurcada é a inclinação à maledicência e a traição dos amigos ocorre “por serem, em grande parte, adúlteras.” No AN 5.55, lemos sobre uma mãe e seu filho que foram ordenados como bhikkhunī e bhikkhu. Eles continuam próximos um do outro, apaixonam-se, e terminam tendo relações sexuais. Quando isto foi relatado ao Buda, ele é retratado se valendo da ocasião para fazer uma generalização injusta sobre as mulheres: “Se alguém pudesse dizer que algo seja por completo uma armadilha de Māra, seria sobre as mulheres que isto se diria.” ", "an-introduction-bodhi:189": "Se essas declarações devem realmente ser atribuídas ao Buda ou entendidas como interpolações dos curadores monásticos dos textos é uma questão que talvez não possa ser decidida com perfeita certeza. Eles certamente são, no entanto, contrários ao espírito mais liberal demonstrado em outros lugares nos discursos do Buda. Ademais, em um texto como o Aṅguttara Nikāya, com seus muitos e curtos suttas, seria bastante fácil para os monges, apreensivos quanto à sua sexualidade e quanto ao potencial espiritual das mulheres, inserir essas passagens no cânone. Estes suttas não têm contraparte nos Āgamas chineses, mas este fato, por si só, é inconclusivo, pois muitos suttas no Aṅguttara Nikāya em Pāli não têm contraparte no cânone chinês. Outros suttas no AN que tratam da sexualidade mostram uma abordagem mais simétrica, como AN 1.1–10 , AN 7.51, and AN 8.17–18, em que há um equilíbrio preciso entre a atração sexual dos homens pelas mulheres e das mulheres pelos homens. ", - "an-introduction-bodhi:190": "Em contraste com os suttas de tom misógino, há outros que mostram o Buda agindo cordialmente com as mulheres e generosamente lhes transmitindo seu ensinamento. Ele ensina à discípula leiga Visākhā como a observância do uposatha pode ser de grande fruto e benefício (AN 3.70, AN 8.43). Ele ensina à Suppavāsā, filha dos koliyans, os méritos de doar alimentos (AN 4.57). Ele explica para a rainha Mallikā, esposa do rei Pasenadi, as causas cármicas por meio das quais as mulheres podem alcançar a beleza, a riqueza e a influência (AN 4.197). Ele responde às questões da princesa Cundī acerca dos melhores tipos de confiança e comportamento virtuoso (AN 5.32). Ele instrui um grupo de meninas prestes a se casar sobre como se comportar quando forem viver com seus maridos (AN 5.33) e instrui uma esposa desequilibrada sobre os sete tipos de esposas (AN 7.63). Ele explica a Visākhā a forma de uma mulher se destinar à vitória neste e no outro mundo (AN 8.49). Ele exalta as bhikkhunīs Khemā e Uppalavaṇṇā como modelos para suas discípulas monásticas (bhikkhunīs), e as devotas leigas Khujjuttarā e Veḷukaṇṭakī Nandamātā como modelos para suas discípulas leigas (AN 4.176). É difícil reconciliar estes textos, que mostram uma atitude amistosa e empática em relação às mulheres, com as passagens que, categoricamente, denigrem suas capacidades. ", + "an-introduction-bodhi:190": "Em contraste com os suttas de tom misógino, há outros que mostram o Buda agindo cordialmente com as mulheres e generosamente lhes transmitindo seu ensinamento. Ele ensina à discípula leiga Visākhā como a observância do _uposatha_ pode ser de grande fruto e benefício (AN 3.70, AN 8.43). Ele ensina à Suppavāsā, filha dos koliyans, os méritos de doar alimentos (AN 4.57). Ele explica para a rainha Mallikā, esposa do rei Pasenadi, as causas cármicas por meio das quais as mulheres podem alcançar a beleza, a riqueza e a influência (AN 4.197). Ele responde às questões da princesa Cundī acerca dos melhores tipos de confiança e comportamento virtuoso (AN 5.32). Ele instrui um grupo de meninas prestes a se casar sobre como se comportar quando forem viver com seus maridos (AN 5.33) e instrui uma esposa desequilibrada sobre os sete tipos de esposas (AN 7.63). Ele explica a Visākhā a forma de uma mulher se destinar à vitória neste e no outro mundo (AN 8.49). Ele exalta as bhikkhunīs Khemā e Uppalavaṇṇā como modelos para suas discípulas monásticas (bhikkhunīs), e as devotas leigas Khujjuttarā e Veḷukaṇṭakī Nandamātā como modelos para suas discípulas leigas (AN 4.176). É difícil reconciliar estes textos, que mostram uma atitude amistosa e empática em relação às mulheres, com as passagens que, categoricamente, denigrem suas capacidades. ", "an-introduction-bodhi:191": "A fonte original deste índice foi publicada sob os seguintes termos: ", "an-introduction-bodhi:192": "© Bhikkhu Bodhi, The Numerical Discourses of the Buddha [Os Discursos Enumerados do Buda] (Wisdom Publications, 2012) ", "an-introduction-bodhi:193": "“The Numerical Discourses of the Buddha”, por Bhikkhu Bodhi, está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported." diff --git a/translation/pt/site/discourses_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/discourses_translation-pt-site.json index b3abb9010c19..967533a59ce5 100644 --- a/translation/pt/site/discourses_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/discourses_translation-pt-site.json @@ -10,12 +10,12 @@ "discourses:9": "Reforma Moderna e Crítica Pós-Moderna ", "discourses:10": "Traduções ", "discourses:11": "O corpo mais importante da escritura sagrada no budismo é o Suttapiṭaka, a “cesta de discursos”. Esta coleção contém os ensinamentos do Buda e seus discípulos, coletados e transmitidos pelas escolas do budismo inicial ou antigo. Esta coleção constitui a fonte do Dhamma, de onde são extraídos os ensinamentos e práticas das muitas escolas do budismo. ", - "discourses:12": "O termo sutta em páli ou sūtra em sânscrito é usado de forma bastante abrangente nas tradições budistas e pode incluir uma série de textos posteriores. No entanto, consideramos apenas os mais antigos destes, que são os textos incluídos no Suttapiṭaka do cânone páli, e as várias coleções e textos correspondentes em outros idiomas. Nem todos esses textos derivam do primeiro período, mas pretendemos ser inclusivos, para não perder nenhuma das primeiras escrituras. De um modo geral, eles representam os primeiros séculos de textos budistas, com ênfase especial naqueles que podem ser plausivelmente atribuídos ao Buda histórico e seus discípulos imediatos. Textos posteriores como os sūtras Mahayana estão fora do nosso escopo, exceto nos casos em que eles citam os primeiros textos. ", + "discourses:12": "O termo _sutta_ em páli ou _sūtra_ em sânscrito é usado de forma bastante abrangente nas tradições budistas e pode incluir uma série de textos posteriores. No entanto, consideramos apenas os mais antigos destes, que são os textos incluídos no Suttapiṭaka do cânone páli, e as várias coleções e textos correspondentes em outros idiomas. Nem todos esses textos derivam do primeiro período, mas pretendemos ser inclusivos, para não perder nenhuma das primeiras escrituras. De um modo geral, eles representam os primeiros séculos de textos budistas, com ênfase especial naqueles que podem ser plausivelmente atribuídos ao Buda histórico e seus discípulos imediatos. Textos posteriores como os sūtras Mahayana estão fora do nosso escopo, exceto nos casos em que eles citam os primeiros textos. ", "discourses:13": "O SuttaCentral inclui quase todas as escrituras desse período. Exceções incluem certos manuscritos que são inéditos ou indisponíveis, ou muito fragmentados, e algumas passagens ou citações encontradas em textos posteriores e comentários em chinês e tibetano. ", "discourses:14": "Este artigo apresenta uma visão geral, e detalhes mais específicos podem ser encontrados nas páginas de cada coleção. Observe que este artigo trata da história e da natureza das coleções textuais, não do conteúdo e dos temas. ", "discourses:15": "Origens ", "discourses:16": "O Buda viveu em torno do século 5 aC, e viveu e ensinou nas nações da planície do Ganges, no norte da Índia, especialmente nas regiões hoje conhecidas como Bihar e Uttar Pradesh. Ele teve uma longa carreira e é dito ter ensinado por quarenta e cinco anos. Os textos canônicos do Vinaya relatam como, após seu falecimento for volta do final do século V aC, os seguidores de Buda, liderados por seu discípulo mais próximo, Ananda, reuniram seus ensinamentos no grande Primeiro Concílio em Rajagaha (Rajgir moderno), garantindo a sobrevivência destes até hoje. ", - "discourses:17": "Existem vários relatos diferentes do Primeiro Concílio, e eles variam de certa forma nos detalhes de quais textos foram recitados naquela ocasião. Mas parece provável que o conteúdo principal foi semelhante ao que está hoje incluído nos quatro principais nikāyas, bem como os seis primeiros livros do Khuddaka, juntamente com as primeiras porções do Vinaya. Estes são por vezes referidos como os primeiros textos budistas (PTBs). Não é provável que o que temos hoje seja equivalente a tudo o que foi recitado naquele concílio. As próprias tradições reconhecem que houve acréscimos. No entanto, parece razoável aceitar que a maior parte do conteúdo desses textos deriva dessa época. As principais mudanças foram na estrutura e arranjo, enquanto mudanças no conteúdo foram limitadas e prontamente identificáveis. ", + "discourses:17": "Existem vários relatos diferentes do Primeiro Concílio, e eles variam de certa forma nos detalhes de quais textos foram recitados naquela ocasião. Mas parece provável que o conteúdo principal foi semelhante ao que está hoje incluído nos quatro principais _nikāyas_, bem como os seis primeiros livros do Khuddaka, juntamente com as primeiras porções do Vinaya. Estes são por vezes referidos como os primeiros textos budistas (PTBs). Não é provável que o que temos hoje seja equivalente a tudo o que foi recitado naquele concílio. As próprias tradições reconhecem que houve acréscimos. No entanto, parece razoável aceitar que a maior parte do conteúdo desses textos deriva dessa época. As principais mudanças foram na estrutura e arranjo, enquanto mudanças no conteúdo foram limitadas e prontamente identificáveis. ", "discourses:18": "Os textos teriam sido originalmente redigidos em uma forma de idioma prácrito, isto é, um dialeto indo-ariano médio intimamente relacionado ao sânscrito. A forma exata do prácrito original é desconhecida e, na verdade, pode não ter sido inteiramente padronizada, uma vez que os monásticos, desde os primeiros tempos, usavam dialetos diferentes. Há características dos textos páli da tradição theravada que sugerem que estes foram derivadas de uma versão anterior no idioma māgadhī, isto é, a língua do reino antigo de Magadha. Parece que eles foram padronizados em séculos posteriores para um dialeto semelhante ao usado amplamente na Índia central para inscrições, contendo um sânscrito parcial. No entanto, essas línguas diferem principalmente na fonologia e, além de alguns casos extremos, as mudanças de uma forma para outra não afetam o significado. ", "discourses:19": "Transmissão ", "discourses:20": "Por muitos anos, os textos foram transmitidos de forma oral. Este processo era realizado por grupos de recitadores, todos recitando juntos o mesmo texto para garantir a precisão. Muitas vezes somos céticos de que uma tradição oral possa manter os textos com precisão por um longo tempo. Esse é o nosso viés cultural, já que tudo o que conhecemos são textos escritos. Mas a transmissão oral era a norma na Índia antiga. O Ṛg Veda do Brahmanismo, por exemplo, foi passado em letra perfeita por centenas, talvez milhares, de anos antes de ser escrito. Não importa qual seja o meio de transmissão — oral, escrito, ou digital — corrupções e alterações podem surgir. A coisa mais importante na manutenção da precisão não é o meio, mas o cuidado e a dedicação das pessoas que fazem o trabalho. Os textos budistas, através do uso de tais dispositivos como repetição, são altamente otimizados para a transmissão confiável da doutrina. ", @@ -31,45 +31,45 @@ "discourses:30": "Mas com esse crescimento surgiram novos desafios. A comunidade começou a divergir, impulsionada principalmente pela distância, mas também por desacordos doutrinários e confrontos de personalidade. Em pouco tempo surgiram, de acordo com os cálculos tradicionais, “dezoito” escolas. Este é apenas um número convencional, havendo realmente apenas quatro ou cinco grandes grupos de escolas, tendo estas muitos ramos regionais. ", "discourses:31": "Cada uma dessas escolas teria preservado uma coleção de escrituras. Hoje temos apenas uma pequena seleção destas. No entanto, embora muito tenha sido perdido, possuímos material suficiente para ter uma ideia razoável das semelhanças e diferenças. Note que, ao contrário dos textos do Vinaya, às vezes é difícil determinar a afiliação escolar de uma coleção de suttas. ", "discourses:32": "Sob a perspectiva dos suttas, as seguintes escolas são as mais importantes. ", - "discourses:33": "Theravada: Mais precisamente conhecidos como Mahāvihāravāsins, ou “Habitantes do Grande Monastério (em Anurādhapura)”, esse grupo foi estabelecido no Sri Lanka pelo filho de Aśoka, Mahinda. Este grupo deixaram como herança a coleção conhecida como Tipiṭaka Páli, ou cânone páli. A coleção mantém as características de sua origem continental, possivelmente da região de Avanti (atual Malwa), e poucas mudanças foram feitas nestes desde que chegaram na ilha. Esta escola utilizou exclusivamente o idioma páli para seus textos canônicos. ", - "discourses:34": "Sarvāstivāda: Esta foi uma escola, ou grupo de escolas, influente e em grande parte baseada no noroeste da Índia. Possuímos uma extensa gama de suttas desta escola — uma coleção Majjhima, uma coleção Saṁyutta, a maior parte de uma coleção Dīgha e várias coleções parciais. A maior parte dos suttas existentes em sânscrito, chinês e tibetano vêm desta escola, ou de um de seus ramos, como a Mūlasarvāstivāda. Sua doutrina distintiva era que todos os fenômenos, em certo sentido, “existem” no passado, presente e futuro. No entanto, como todas as doutrinas sectárias, isso teve pouco ou nenhum impacto em seus textos canônicos. Seus textos foram transmitidos principalmente em sânscrito e, às vezes, em um sânscrito prácrito. ", - "discourses:35": " Dharmaguptaka: Uma escola quase indistinguível do Theravada em termos de doutrina, mas baseada na região de Gandhāra, um reino antigo situado ao longo dos rios Kabul e Swat onde hoje está o Afeganistão e Pakistão.O idioma usado foi principalmente o que chamamos de gandhārī, e sobreviveram até os dias de hoje no formato original um Dharmapada e alguns suttas. Acredita-se que a coleção Dīrghāgama (DA) hoje preservada em chinês tenha sido traduzida de uma coleção originalmente desta escola. ", - "discourses:36": "Mahāsaṅghika: Alguns dos textos hoje encontrados em sânscrito híbrido são desta escola, e o Ekottarikāgama (EA) em chinês às vezes é atribuído a eles, embora isso não seja claro. ", + "discourses:33": "**Theravada:** Mais precisamente conhecidos como Mahāvihāravāsins, ou “Habitantes do Grande Monastério (em Anurādhapura)”, esse grupo foi estabelecido no Sri Lanka pelo filho de Aśoka, Mahinda. Este grupo deixaram como herança a coleção conhecida como Tipiṭaka Páli, ou cânone páli. A coleção mantém as características de sua origem continental, possivelmente da região de Avanti (atual Malwa), e poucas mudanças foram feitas nestes desde que chegaram na ilha. Esta escola utilizou exclusivamente o idioma páli para seus textos canônicos. ", + "discourses:34": "**Sarvāstivāda:** Esta foi uma escola, ou grupo de escolas, influente e em grande parte baseada no noroeste da Índia. Possuímos uma extensa gama de suttas desta escola — uma coleção Majjhima, uma coleção Saṁyutta, a maior parte de uma coleção Dīgha e várias coleções parciais. A maior parte dos suttas existentes em sânscrito, chinês e tibetano vêm desta escola, ou de um de seus ramos, como a Mūlasarvāstivāda. Sua doutrina distintiva era que todos os fenômenos, em certo sentido, “existem” no passado, presente e futuro. No entanto, como todas as doutrinas sectárias, isso teve pouco ou nenhum impacto em seus textos canônicos. Seus textos foram transmitidos principalmente em sânscrito e, às vezes, em um sânscrito prácrito. ", + "discourses:35": "** Dharmaguptaka:** Uma escola quase indistinguível do Theravada em termos de doutrina, mas baseada na região de Gandhāra, um reino antigo situado ao longo dos rios Kabul e Swat onde hoje está o Afeganistão e Pakistão.O idioma usado foi principalmente o que chamamos de gandhārī, e sobreviveram até os dias de hoje no formato original um Dharmapada e alguns suttas. Acredita-se que a coleção Dīrghāgama (DA) hoje preservada em chinês tenha sido traduzida de uma coleção originalmente desta escola. ", + "discourses:36": "**Mahāsaṅghika:** Alguns dos textos hoje encontrados em sânscrito híbrido são desta escola, e o Ekottarikāgama (EA) em chinês às vezes é atribuído a eles, embora isso não seja claro. ", "discourses:37": "Destas escolas, apenas a Theravada ainda é encontrada nos dias de hoje com uma história ininterrupta de transmissão de uma coleção inteira no idioma original. Além disso, esta escola possui um conjunto completo de comentários canônicos para todos os textos. Por estas razões, a coleção páli da escola Theravada tem sido, e continuará a ser, a principal fonte de ensinamentos do budismo inicial ou antigo. ", "discourses:38": "Para o resto das escolas, temos coleções e fragmentos que foram preservados principalmente na tradução chinesa e, em menor escala, no idioma tibetano. Os poucos textos em sânscrito e outras línguas índicas antigas derivam de achados fortuitos; manuscritos de mil anos preservados em mosteiros nas montanhas do Tibete ou do Nepal, ou mesmo textos mais antigos desenterrados das areias de desertos da Ásia Central. Esses textos são muito menos completos do que os Páli, foram pouco estudados e apresentam uma série de desafios em termos linguísticos e práticos. No entanto, eles têm um valor único em oferecer uma fonte alternativa para verificar e comparar o que hoje encontramos nos textos do cânone páli. ", "discourses:39": "A opinião unânime dos estudiosos que analisaram os textos das escolas do budismo inicial é que eles são em sua maioria consistentes em doutrina e conteúdo, diferindo principalmente em termos de arranjo e organização. Embora as diferenças não sejam pequenas, e é difícil generalizar, está claro que as comunidades do budismo inicial viram como sua principal tarefa, levada bastante a sério, preservar as palavras do Buda, especialmente os ensinamentos essenciais. ", "discourses:40": "Estrutura ", - "discourses:41": "Nos quarenta e cinco anos em que ensinou, o Buda tinha como principal motivação se dirigir e apaziguar o sofrimento da pessoa ou pessoas diante de quem ele se encontrava. Assim, não era a sua preocupação criar um cânone abrangente de seus ensinamentos. No entanto, ele deu algumas indicações de um sistema mais amplo para a organização dos ensinamentos. Ele normalmente mencionava certas formulações doutrinárias como o conteúdo central de seus ensinamentos — as quatro nobres verdades, ou os conjuntos de ensinamentos sobre prática que vieram a ser conhecidos como os bodhipakkhiyā dhammā, ou seja os 'fatores do despertar'. Esses conjuntos de doutrinas formam a espinha dorsal do Saṁyutta Nikāya. Ele também mencionou uma organização por estilo literário, conhecido como o aṅgas_, ou 'ramos'. Enquanto os textos em páli mencionam nove aṅgas, os textos do norte normalmente mencionam doze, e há alguma indicação de que, originalmente, existiriam apenas três ou quatro destes ramos. ", - "discourses:42": "Independentemente de como os textos foram organizados enquanto o Buda era vivo, rapidamente as escolas iniciais reorganizaram os textos num sistema de nikāyas ou āgamas como os temos hoje. (O termo nikāya, que quer dizer “coleção” ou “grupo”, é preferido no contexto Theravādin, enquanto a tradição do norte geralmente usa o termo āgama, que tem o sentido de uma “tradição” ou “transmissão ”; no entanto, esses termos não são específicos e podem ser usados em qualquer tradição.) Essa reorganização pode muito bem ter começado no Primeiro Concílio ou não muito depois deste. O principal motivo foi organizar a coleção em seções mais gerenciáveis, a fim de facilitar a memorização. Os nikāyas não eram categorias absolutas ou fixas, mas padrões ou modelos que as diferentes tradições implementaram à sua maneira. ", + "discourses:41": "Nos quarenta e cinco anos em que ensinou,_ o Buda tinha como principal motivação se dirigir e apaziguar o sofrimento da pessoa ou pessoas diante de quem ele se encontrava. Assim, não era a sua preocupação criar um cânone abrangente de seus ensinamentos. No entanto, ele deu algumas indicações de um sistema mais amplo para a organização dos ensinamentos. Ele normalmente mencionava certas formulações doutrinárias como o conteúdo central de seus ensinamentos — as quatro nobres verdades, ou os conjuntos de ensinamentos sobre prática que vieram a ser conhecidos como os _bodhipakkhiyā dhammā_, ou seja os 'fatores do despertar'. Esses conjuntos de doutrinas formam a espinha dorsal do Saṁyutta Nikāya. Ele também mencionou uma organização por estilo literário, conhecido como o _aṅgas_, ou 'ramos'. Enquanto os textos em páli mencionam nove aṅgas, os textos do norte normalmente mencionam doze, e há alguma indicação de que, originalmente, existiriam apenas três ou quatro destes ramos. ", + "discourses:42": "Independentemente de como os textos foram organizados enquanto o Buda era vivo, rapidamente as escolas iniciais reorganizaram os textos num sistema de _nikāyas_ ou _āgamas_ como os temos hoje. (O termo _nikāya_, que quer dizer “coleção” ou “grupo”, é preferido no contexto Theravādin, enquanto a tradição do norte geralmente usa o termo _āgama_, que tem o sentido de uma “tradição” ou “transmissão ”; no entanto, esses termos não são específicos e podem ser usados em qualquer tradição.) Essa reorganização pode muito bem ter começado no Primeiro Concílio ou não muito depois deste. O principal motivo foi organizar a coleção em seções mais gerenciáveis, a fim de facilitar a memorização. Os _nikāyas_ não eram categorias absolutas ou fixas, mas padrões ou modelos que as diferentes tradições implementaram à sua maneira. ", "discourses:43": "É provável que cada uma das escolas iniciais possuísse quatro nikāyas principais. A sequência destes não é fixa e a ordem adotada no SuttaCentral reflete a melhor conhecida e usada na tradição páli. Em outras escolas, como está implícito nos relatos do Primeiro Concílio, as coleções estavam em ordens diferentes, como por exemplo tendo o Saṁyutta no início. Note que no cânone chinês, os editores da edição Taishō rearranjaram seu material sob a influência do cânone páli para adotar a mesma sequência deste. ", - "discourses:44": "Cada um dos nikāyas inclui material que foi editado e organizado, e às vezes adicionado, durante um período de tempo. Embora cada coleção contenha alguns textos únicos, a maior parte das diferenças no número de discursos se deve simplesmente ao fato de que determinado discurso se encontra em lugares diferentes nas diferentes coleções. ", - "discourses:45": "Discursos Longos: A coleção dos discursos “longos”. Os discursos da coleção Dīgha têm ambições literárias mais elaboradas do que os demais textos, e um de seus objetivos parece ter sido a conversão de brâmanes, uma classe culta acostumada à literatura sofisticada. O Páli Dīgha Nikāya (DN) tem 34 discursos, o Dīrghāgama (DA) do cânone chinês (Dharmagupta) tem 30. Um antigo manuscrito em sânscrito dos Sarvāstivādins, em grande parte inédito, indica que a coleção desta escola continha 47 discursos. Além disso, há vários discursos individuais Dīrgha preservados na tradução chinesa. ", - "discourses:46": "Discursos Médios: A coleção Majjhima contém um grupo de discursos de “média extensão”, 152 em páli (MN) e 222 na versão chinesa Sarvāstivāda (MA). Tal como acontece com a coleção Dīgha, há vários discursos independentes em chinês também. O Majjhima contém uma ampla gama de discursos sobre diversos temas, com ênfase em diálogos e discussões. ", - "discourses:47": "Discursos Conectados: A coleção de discursos “ligados” ou “conectados” consiste em um grande número de pequenos discursos organizados principalmente por tópicos, mas também às vezes por personagens presentes em relatos específicos. Aqui encontramos grandes coleções de discursos sobre temas budistas fundamentais como origem dependente, os cinco agregados, as quatro nobres verdades e o nobre caminho óctuplo. Temos o Saṁyutta Nikāya (SN) em páli e uma tradução chinesa do Saṁyuktāgama comparável dos Sarvāstivādins (SA). Em chinês, também encontramos duas traduções menores e incompletas. Além disso, há um número significativo de textos em estilo saṁyutta nos idiomas tibetano e sânscrito. ", - "discourses:48": "Discursos Enumerados (Numerados): Os discursos “numerados” ou “numéricos” são geralmente conhecidos como Aṅguttara Nikāya em páli. No entanto, a tradição páli também usa o termo Ekottara (“incremental”), e esta é a forma normalmente encontrada nas coleções do norte. Essas coleções organizam textos em conjuntos numerados, de um a onze. Em comparação com os demais nikāyas, os discursos desta coleção são mais orientados para a comunidade leiga. O Ekottarikāgama (EA) em chinês é um texto altamente incomum, que apresenta uma gama de variações dentro de si, mesmo quando se trata de doutrinas básicas. Ele tem consideravelmente menos em comum com o Aṅguttara do cânone páli do que as outras coleções têm com suas contrapartes. Além disso, há uma tradução parcial em chinês de um Ekottarikāgama, bem como uma variedade de discursos e fragmentos individuais em chinês e sânscrito. ", - "discourses:49": "Os quatro nikāyas do cânone páli, da escola Theravada, constituem uma coleção altamente integrada de textos, e nestes encontramos geralmente passagens, ensinamentos e frases que se repetem através das diferentes coleções. É possível discernir diferenças de ênfase e orientação entre eles, mas isso não deve obscurecer o fato de que a maior parte das principais doutrinas é compartilhada. Na falta de conjuntos completos de āgamas de outras escolas, é difícil saber com certeza que suas coleções eram integradas da mesma forma, mas parece provável que esse tenha sido o caso. ", - "discourses:50": "Os discursos iniciais ou antigos que não foram incluídos nos nikāyas foram reunidos pela tradição páli em sua coleção chamada Khuddaka, ou “coleção menor”. Não é totalmente claro porque estes não foram simplesmente incluídos nos quatro nikāyas; originalmente, pode ter sido simplesmente uma questão de conveniência organizacional. O cânone páli tem seis obras na coleção Khuddaka que são consideradas como pertencentes ao período inicial. Estes consistem principalmente em versos, com alguns materiais narrativos e doutrinários em prosa. ", + "discourses:44": "Cada um dos _nikāyas_ inclui material que foi editado e organizado, e às vezes adicionado, durante um período de tempo. Embora cada coleção contenha alguns textos únicos, a maior parte das diferenças no número de discursos se deve simplesmente ao fato de que determinado discurso se encontra em lugares diferentes nas diferentes coleções. ", + "discourses:45": "**Discursos Longos:** A coleção dos discursos “longos”. Os discursos da coleção Dīgha têm ambições literárias mais elaboradas do que os demais textos, e um de seus objetivos parece ter sido a conversão de brâmanes, uma classe culta acostumada à literatura sofisticada. O Páli Dīgha Nikāya (DN) tem 34 discursos, o Dīrghāgama (DA) do cânone chinês (Dharmagupta) tem 30. Um antigo manuscrito em sânscrito dos Sarvāstivādins, em grande parte inédito, indica que a coleção desta escola continha 47 discursos. Além disso, há vários discursos individuais Dīrgha preservados na tradução chinesa. ", + "discourses:46": "**Discursos Médios:** A coleção Majjhima contém um grupo de discursos de “média extensão”, 152 em páli (MN) e 222 na versão chinesa Sarvāstivāda (MA). Tal como acontece com a coleção Dīgha, há vários discursos independentes em chinês também. O Majjhima contém uma ampla gama de discursos sobre diversos temas, com ênfase em diálogos e discussões. ", + "discourses:47": "**Discursos Conectados:** A coleção de discursos “ligados” ou “conectados” consiste em um grande número de pequenos discursos organizados principalmente por tópicos, mas também às vezes por personagens presentes em relatos específicos. Aqui encontramos grandes coleções de discursos sobre temas budistas fundamentais como origem dependente, os cinco agregados, as quatro nobres verdades e o nobre caminho óctuplo. Temos o Saṁyutta Nikāya (SN) em páli e uma tradução chinesa do Saṁyuktāgama comparável dos Sarvāstivādins (SA). Em chinês, também encontramos duas traduções menores e incompletas. Além disso, há um número significativo de textos em estilo saṁyutta nos idiomas tibetano e sânscrito. ", + "discourses:48": "**Discursos Enumerados (Numerados):** Os discursos “numerados” ou “numéricos” são geralmente conhecidos como Aṅguttara Nikāya em páli. No entanto, a tradição páli também usa o termo Ekottara (“incremental”), e esta é a forma normalmente encontrada nas coleções do norte. Essas coleções organizam textos em conjuntos numerados, de um a onze. Em comparação com os demais _nikāyas_, os discursos desta coleção são mais orientados para a comunidade leiga. O Ekottarikāgama (EA) em chinês é um texto altamente incomum, que apresenta uma gama de variações dentro de si, mesmo quando se trata de doutrinas básicas. Ele tem consideravelmente menos em comum com o Aṅguttara do cânone páli do que as outras coleções têm com suas contrapartes. Além disso, há uma tradução parcial em chinês de um Ekottarikāgama, bem como uma variedade de discursos e fragmentos individuais em chinês e sânscrito. ", + "discourses:49": "Os quatro _nikāyas_ do cânone páli, da escola Theravada, constituem uma coleção altamente integrada de textos, e nestes encontramos geralmente passagens, ensinamentos e frases que se repetem através das diferentes coleções. É possível discernir diferenças de ênfase e orientação entre eles, mas isso não deve obscurecer o fato de que a maior parte das principais doutrinas é compartilhada. Na falta de conjuntos completos de _āgamas_ de outras escolas, é difícil saber com certeza que suas coleções eram integradas da mesma forma, mas parece provável que esse tenha sido o caso. ", + "discourses:50": "Os discursos iniciais ou antigos que não foram incluídos nos _nikāyas_ foram reunidos pela tradição páli em sua coleção chamada Khuddaka, ou “coleção menor”. Não é totalmente claro porque estes não foram simplesmente incluídos nos quatro _nikāyas_; originalmente, pode ter sido simplesmente uma questão de conveniência organizacional. O cânone páli tem seis obras na coleção Khuddaka que são consideradas como pertencentes ao período inicial. Estes consistem principalmente em versos, com alguns materiais narrativos e doutrinários em prosa. ", "discourses:51": "Dhammapada ", "discourses:52": "Udāna ", "discourses:53": "Itivuttaka ", "discourses:54": "Sutta Nipāta ", "discourses:55": "Theragāthā ", "discourses:56": "Therīgāthā ", - "discourses:57": "Embora esses textos sejam considerados iniciais, eles são, no geral, um pouco mais tardios do que os principais nikāyas. Certos capítulos do Sutta Nipāta têm sido frequentemente considerados como uma parte especialmente antiga e autêntica do cânone, mas isso não deve ser interpretado em excesso. Outras partes do Sutta Nipāta são claramente tardias. E não há nada nas primeiras porções deste que indique que estes sejam mais antigos que a maior parte dos discursos em prosa. ", + "discourses:57": "Embora esses textos sejam considerados iniciais, eles são, no geral, um pouco mais tardios do que os principais _nikāyas_. Certos capítulos do Sutta Nipāta têm sido frequentemente considerados como uma parte especialmente antiga e autêntica do cânone, mas isso não deve ser interpretado em excesso. Outras partes do Sutta Nipāta são claramente tardias. E não há nada nas primeiras porções deste que indique que estes sejam mais antigos que a maior parte dos discursos em prosa. ", "discourses:58": "Esta coleção parece ter sido considerada aberta para inclusões até uma data bastante tardia. A recensão birmanesa do cânone páli inclui até mesmo o Milindapañha, um texto que foi escrito não menos de trezentos anos após o falecimento do Buda. ", "discourses:59": "Não está claro se cada uma das escolas iniciais tinham sua própria versão do Khuddaka. No entanto, muitos desses textos, especialmente o Dhammapada, têm versões equivalentes nas coleções do norte. Parece provável que, apesar das diferenças de organização, cada escola teria alguma coleção que correspondesse vagamente ao Khuddaka do cânone páli. ", "discourses:60": "Os demais textos da coleção Khuddaka foram adicionados a esta mais tarde. Em estilo e conteúdo, eles se diferem consideravelmente dos textos mais antigos. Eles indicam diferentes desenvolvimentos dentro da comunidade budista nos séculos seguintes ao falecimento Buda. Estes textos posteriores incluem as extensas colecções de contos Jātaka, encontradas no cânone páli e nos cânones de outras tradições. Note que na tradição theravada, apenas os versos desta coleção são considerados canônicos, enquanto as próprias narrativas por trás destes são encontradas como parte do comentário. ", "discourses:61": "A canonicidade dos suttas ", "discourses:62": "Os discursos iniciais são considerados canônicos em todas as escolas do budismo. Eles são considerados Buddhavacana, as “palavras do Buda”, e são reverenciados como escrituras sagradas. Cada escola, é claro, aceita outros textos como canônicos também; mas os Suttas, juntamente com os Vinayas, são as principais áreas de sobreposição entre as escolas. ", - "discourses:63": "Esse quadro geral, no entanto, fica mais complicado quando tentamos analisar os detalhes. Embora haja uma boa semelhança entre os discursos dos diferentes cânones, eles não são idênticos. Cada uma das três principais escolas mantém seus próprios cânones distintos: a escola Theravada do Sul e do Sudeste Asiático têm seus textos em páli; as tradições budistas da Ásia Central usam o tibetano; e no leste da Ásia o cânone está em chinês. Um conjunto completo de nikāyas está em Páli; coleções extensas são encontradas em chinês; e seleções limitadas são encontradas em tibetano. O sânscrito e outros textos índicos antigos não fazem parte de nenhum cânone formal, mas os textos são, no entanto, canônicos, no sentido de que são reconhecidos como sendo equivalentes ao que se encontra nos cânones. ", + "discourses:63": "Esse quadro geral, no entanto, fica mais complicado quando tentamos analisar os detalhes. Embora haja uma boa semelhança entre os discursos dos diferentes cânones, eles não são idênticos. Cada uma das três principais escolas mantém seus próprios cânones distintos: a escola Theravada do Sul e do Sudeste Asiático têm seus textos em páli; as tradições budistas da Ásia Central usam o tibetano; e no leste da Ásia o cânone está em chinês. Um conjunto completo de _nikāyas_ está em Páli; coleções extensas são encontradas em chinês; e seleções limitadas são encontradas em tibetano. O sânscrito e outros textos índicos antigos não fazem parte de nenhum cânone formal, mas os textos são, no entanto, canônicos, no sentido de que são reconhecidos como sendo equivalentes ao que se encontra nos cânones. ", "discourses:64": "Assim, enquanto podemos dizer que os discursos iniciais são em geral considerados canônicos, para fins práticos, cada uma das escolas tem um conjunto específico de discursos antigos encontrados em seu próprio cânone. ", "discourses:65": "Os suttas nas tradições budistas ", "discourses:66": "Na educação budista tradicional, os discursos registrados nos suttas geralmente não são ensinados diretamente. Em vez disso, os ensinamentos e seus princípios foram assimilados e organizados em textos posteriores, que se tornaram por sua vez o meio prevalente de transmissão. No Theravada, os discursos eram, até recentemente, transmitidos em páli, e assim só eram acessíveis àqueles fluentes no idioma, geralmente monges. E nem todos os que aprendiam páli necessariamente estudariam os discursos. Parece que o ensinamento servia propósitos práticos particulares de tradições monásticas locais, baseado em manuais e conjuntos de notas e comentários. Antes dos tempos modernos, era raro encontrar mosteiros, a não ser os maiores, que possuíssem um conjunto completo do Tipiṭaka. Hoje, os conjuntos impressos do cânone estão amplamente disponíveis em páli e tradução; mas ainda são muitas vezes guardados em um armário trancado no santuário, sem serem lidos. ", "discourses:67": "Os budistas geralmente são expostos a um pequeno conjunto de discursos populares. Estes incluem textos como o Dhammacakkappavattana Sutta — o famoso primeiro sermão de Buda — e alguns textos curtos usados em cânticos de proteção e como base de sermões para os leigos, como o Maṅgala Sutta, o Ratana Sutta e o Metta Sutta. ", - "discourses:68": "Além de estudiosos, a maioria dos budistas Theravada não distingue claramente os discursos antigos de outros textos sagrados. A palavra sutta pode significar simplesmente “escritura sagrada” e pode até mesmo ser usada para coisas como fórmulas mágicas e coisas do gênero. Embora os budistas estejam geralmente cientes de que existe o Tipiṭaka que contém as palavras do Buda, apenas budistas instruídos têm uma idéia clara do seu conteúdo. Não há tradição no budismo comparável às leituras bíblicas da missa cristã, e, portanto, não há maneira padrão de comunicar o conteúdo dos textos diretamente ao povo. ", + "discourses:68": "Além de estudiosos, a maioria dos budistas Theravada não distingue claramente os discursos antigos de outros textos sagrados. A palavra _sutta _ pode significar simplesmente “escritura sagrada” e pode até mesmo ser usada para coisas como fórmulas mágicas e coisas do gênero. Embora os budistas estejam geralmente cientes de que existe o Tipiṭaka que contém as palavras do Buda, apenas budistas instruídos têm uma idéia clara do seu conteúdo. Não há tradição no budismo comparável às leituras bíblicas da missa cristã, e, portanto, não há maneira padrão de comunicar o conteúdo dos textos diretamente ao povo. ", "discourses:69": "Em algumas tradições budistas, é tido como obrigatório que monges ordenados memorizem e estudem de perto certas partes dos textos antigos. Monges do Sri Lanka, por exemplo, memorizam o Dhammapada. No entanto, este não é o caso na Tailândia, por exemplo, onde não há leituras obrigatórias para os monges. Mesmo nos nove anos do currículo formal do estudo do Dhamma na Tailândia, os Discursos canônicos não são estudados, pois são considerados sagrados demais. ", - "discourses:70": "No Budismo do Leste Asiático, a educação tradicional se concentra nos sutras Mahayana e nos textos de mestres chineses, e há poucas evidências de que os discursos iniciais fossem amplamente estudados. Às vezes é dito que o estilo de tradução dos āgamas se compara mal com a dicção mais elegante das traduções do Mahayana por Xuanzang e outros mestres. E os discursos iniciais, é claro, não são organizados de modo que facilite a sua leitura e estudo. ", - "discourses:71": "O budismo tibetano inclui o estudo das escolas budistas antigas ou iniciais como parte de seu currículo regular. No entanto, este se concentra no assunto das doutrinas do Abhidhamma das escolas posteriores. Uma compreensão razoável dos primeiros textos budistas é, no entanto, possível de ser alcançada no idioma tibetano. Embora não existam textos āgama completos, passagens substanciais dos primeiros textos são encontradas no texto Upāyika, que consiste de uma compilação de passagens mencionadas no Abhidharmakoṣa, e em outros textos dispersos. ", + "discourses:70": "No Budismo do Leste Asiático, a educação tradicional se concentra nos sutras Mahayana e nos textos de mestres chineses, e há poucas evidências de que os discursos iniciais fossem amplamente estudados. Às vezes é dito que o estilo de tradução dos _āgamas_ se compara mal com a dicção mais elegante das traduções do Mahayana por Xuanzang e outros mestres. E os discursos iniciais, é claro, não são organizados de modo que facilite a sua leitura e estudo. ", + "discourses:71": "O budismo tibetano inclui o estudo das escolas budistas antigas ou iniciais como parte de seu currículo regular. No entanto, este se concentra no assunto das doutrinas do Abhidhamma das escolas posteriores. Uma compreensão razoável dos primeiros textos budistas é, no entanto, possível de ser alcançada no idioma tibetano. Embora não existam textos _āgama_ completos, passagens substanciais dos primeiros textos são encontradas no texto Upāyika, que consiste de uma compilação de passagens mencionadas no Abhidharmakoṣa, e em outros textos dispersos. ", "discourses:72": "Reforma moderna e crítica pós-moderna ", "discourses:73": "A partir de meados do século XIX, eruditos europeus e asiáticos começaram a estudar os textos budistas com foco em seus aspectos históricos. Enquanto os estudos tradicionais se deram no âmbito de escolas específicas, com os textos interpretados dentro de seus contextos locais, essa nova frente de estudos pretendia situar os textos em termos de lugar e tempo históricos. Essa abordagem era crítica — no sentido de ser cética em relação às reivindicações tradicionais de autoridade, e de exigir evidência para apoiar as afirmações — e construtiva, no sentido de que pretendia construir um quadro histórico coerente e significativo para compreender os textos. ", "discourses:74": "A modernidade trouxe uma série de novas técnicas e conquistas. Por exemplo: ", @@ -83,8 +83,8 @@ "discourses:82": "No Theravada, os quinto e sexto concílios reafirmaram a centralidade do cânone Páli. ", "discourses:83": "Traduções do cânone páli foram feitas em línguas asiáticas modernas e amplamente distribuídas em todo o mundo budista, juntamente com traduções em inglês. ", "discourses:84": "O budismo reformista do rei Mongkut, na Tailândia do século XIX, inspirou-se em grande parte em idéias modernistas de reforma textual e disciplinar. ", - "discourses:85": "Abordagens modernas da prática de meditação foram desenvolvidas com base nos textos em Páli. As escolas birmanesas de vipassanā adotaram o Satipaṭṭhāna Sutta como seu texto central, tornando-o o texto mais influente na prática moderna de meditação. Na Tailândia, movimentos de reforma como a Tradição da Floresta, ou a abordagem de Ajahn Buddhadāsa explicitamente baseada em suttas, rejeitaram práticas contemplativas tradicionais baseadas em invocações mágicas, e defenderam um retorno às práticas de atenção plena focada e baseada no corpo, referenciadas nos suttas antigos ou iniciais. ", - "discourses:86": "A imensamente influente edição Taishō do cânone chinês foi desenvolvida por estudiosos japoneses que estudaram técnicas de análise crítica de texto na Alemanha. Eles rearranjaram o cânone para colocar os āgamas em posição de destaque no início da coleção, na sequência encontrada no Páli. Eles também incluíram informações limitadas sobre os paralelos de páli. ", + "discourses:85": "Abordagens modernas da prática de meditação foram desenvolvidas com base nos textos em Páli. As escolas birmanesas de _vipassanā_ adotaram o Satipaṭṭhāna Sutta como seu texto central, tornando-o o texto mais influente na prática moderna de meditação. Na Tailândia, movimentos de reforma como a Tradição da Floresta, ou a abordagem de Ajahn Buddhadāsa explicitamente baseada em suttas, rejeitaram práticas contemplativas tradicionais baseadas em invocações mágicas, e defenderam um retorno às práticas de atenção plena focada e baseada no corpo, referenciadas nos suttas antigos ou iniciais. ", + "discourses:86": "A imensamente influente edição Taishō do cânone chinês foi desenvolvida por estudiosos japoneses que estudaram técnicas de análise crítica de texto na Alemanha. Eles rearranjaram o cânone para colocar os _āgamas_ em posição de destaque no início da coleção, na sequência encontrada no Páli. Eles também incluíram informações limitadas sobre os paralelos de páli. ", "discourses:87": "As vertentes empíricas e racionais dos primeiros textos foram enfatizadas, sugerindo uma compatibilidade essencial com a ciência moderna. Isso forneceu a base para a aplicação posterior do método científico à meditação da atenção plena, que se mostrou crucial para a aceitação global da prática de meditação como uma abordagem baseada em evidências para maior felicidade, alívio do estresse e bem-estar psicológico. ", "discourses:88": "Ainda é verdade que o estudo direto dos suttas representa uma prática minoritária. No entanto, em toda a Ásia encontramos movimentos populares de reforma que enfatizam a importância central dos suttas. O estudo dos discursos é mais popular no Sri Lanka, onde há uma proliferação de professores e movimentos que defendem o retorno aos suttas. O imensamente popular monge Venerável Kiribathgoda Gnanananda Thero é controverso por sua insistência em tratar os suttas como as fontes primárias do Dhamma. Na Tailândia, o movimento Buddhavacana de Ajahn Kukrit Sotthibalo está mudando a face do budismo contemporâneo por lá, levando muitas pessoas a ler os suttas pela primeira vez. Em Taiwan, similarmente, o recém-falecido mestre Yin Shun enfatizou a primazia histórica dos primeiros textos, argumentando que havia uma continuidade essencial entre eles e o Mahayana inicial. E em países fora das regiões do budismo tradicional, professores como Ajahn Brahm, Bhikkhu Bodhi e muitos outros promovem os ensinamentos dos suttas. ", "discourses:89": "Desde a década de 1980, essas reformas modernistas estão sob crítica pós-moderna, principalmente de estudiosos americanos especializados em formas posteriores de budismo. Essas críticas visam desalojar o consenso modernista, argumentando que não temos nenhum meio real de saber o que o Buda ensinou, ou a procedência do cânone páli e outros textos. Uma variedade de argumentos específicos tenta refutar as principais afirmações dos modernistas, como a ideia de que o ensinamento do Buda era essencialmente racional. Esses argumentos foram repetidamente criticados por especialistas na área. A abordagem pós-moderna ainda tem que produzir resultados construtivos comparáveis aos facilitados pela abordagem modernista. ", diff --git a/translation/pt/site/dn-guide-sujato_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/dn-guide-sujato_translation-pt-site.json index 440e3b302e98..0a2e7328317a 100644 --- a/translation/pt/site/dn-guide-sujato_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/dn-guide-sujato_translation-pt-site.json @@ -6,29 +6,29 @@ "dn-guide-sujato:5": "Como se faz um discurso longo ", "dn-guide-sujato:6": "O “ciclo Mahāparinibbāna” ", "dn-guide-sujato:7": "Uma breve história do texto ", - "dn-guide-sujato:8": "O Dīgha Nikāya é a primeira das quatro principais divisões no Sutta Piṭaka do Cânon Pali (tipiṭaka). Ele é traduzido aqui como Discursos Longos. Como o título sugere, seus discursos são um pouco mais longos do que os dos demais nikāyas. Existem, no entanto, apenas 34 discursos na coleção, portanto, apesar da extensão dos discursos em si, a coleção como um todo representa o mais curto dos nikāyas. ", - "dn-guide-sujato:9": "Este se distingue dos demais nikāyas por sua forma literárias mais desenvolvida e elaborada. Superando o estilo simples e direto da maioria dos textos antigos, aqui o comprimento extra oferece espaço para narrativas e exposições doutrinárias alcançarem uma expressão mais completa. Essa é uma dica inicial de como a forma literária dos textos budistas viria a se desenvolver ao longo do tempo, avançando em direção à expansão e à abundância. ", + "dn-guide-sujato:8": "O Dīgha Nikāya é a primeira das quatro principais divisões no Sutta Piṭaka do Cânon Pali (_tipiṭaka_). Ele é traduzido aqui como Discursos Longos. Como o título sugere, seus discursos são um pouco mais longos do que os dos demais _nikāyas_. Existem, no entanto, apenas 34 discursos na coleção, portanto, apesar da extensão dos discursos em si, a coleção como um todo representa o mais curto dos _nikāyas_. ", + "dn-guide-sujato:9": "Este se distingue dos demais _nikāyas_ por sua forma literárias mais desenvolvida e elaborada. Superando o estilo simples e direto da maioria dos textos antigos, aqui o comprimento extra oferece espaço para narrativas e exposições doutrinárias alcançarem uma expressão mais completa. Essa é uma dica inicial de como a forma literária dos textos budistas viria a se desenvolver ao longo do tempo, avançando em direção à expansão e à abundância. ", "dn-guide-sujato:10": "Não é por acaso que esses textos elaborados são freqüentemente dirigidos aos brâmanes, que eram os líderes espirituais autoproclamados da época. Os brâmanes eram os guardiães dos textos mais sofisticados da Índia antiga até então, a literatura védica. Parece que um dos objetivos do Dīgha era impressionar tais eruditos guardiães. Esses discursos oferecem uma ampla gama de exemplos de como o Buda lidava com aqueles de outros caminhos religiosos. ", "dn-guide-sujato:11": "Outro tema predominante do Dīgha é o falecimento do Buda. A peça central da coleção é o DN 16, O Grande Discurso sobre a Extinção do Buda (Mahāparinibbānasutta), um discurso de importância incomparável. Este discursos representa a última jornada do Buda, vagando em etapas sem pressa de cidade em cidade, cada passo o aproximando de sua morte. Neste extenso texto, que registra tantos detalhes da viagem, podemos sentir o desejo de prolongar ao máximo os preciosos últimos dias do Buda. ", "dn-guide-sujato:12": "Como o Dīgha Nikāya é organizado ", - "dn-guide-sujato:13": "Os 34 discursos são agrupados em três vaggas. O primeiro vagga consiste em treze discursos, cada um dos quais inclui uma longa passagem sobre a prática espiritual de um discípulo monástico, conhecida como Treinamento Gradual (anupubbasikkhā). ", - "dn-guide-sujato:14": "Na segundo vagga, encontramos uma série de discursos de natureza mais biográfica. O DN 14 O Grande Discurso Sobre Os Resultados Das Ações (Mahāpadānasutta) nos fala sobre Budas anteriores, enquanto que os DN 16 Mahāparinibbāna fala dos últimos dias do Buda Gotama. Além disso, vários outros discursos nesta seção estão intimamente relacionados ao Mahāparinibbāna. Este ciclo será discutido mais adiante. ", - "dn-guide-sujato:15": "O vagga final é mais diverso. Inclui longas seções poéticas, compilações doutrinárias—algumas das quais são precursoras do Abhidhamma —e narrativas que costumam ser humorísticas e às vezes beiram a farsa. ", - "dn-guide-sujato:16": "Como de costume nos nikāyas, não há uma sequência geral de ensino e muitos dos detalhes de organização dos textos parecem bastante arbitrários. Ainda assim, podemos discernir um propósito no arranjo de alguns dos principais discursos. Esses detalhes são exclusivos da tradição Theravadin, e então devem ser vistos como um reflexo de suas prioridades, e não como princípios fundamentais do Dīgha. ", + "dn-guide-sujato:13": "Os 34 discursos são agrupados em três _vaggas_. O primeiro _vagga_ consiste em treze discursos, cada um dos quais inclui uma longa passagem sobre a prática espiritual de um discípulo monástico, conhecida como Treinamento Gradual (_anupubbasikkhā_). ", + "dn-guide-sujato:14": "Na segundo _vagga_, encontramos uma série de discursos de natureza mais biográfica. O DN 14 O Grande Discurso Sobre Os Resultados Das Ações (Mahāpadānasutta) nos fala sobre Budas anteriores, enquanto que os DN 16 Mahāparinibbāna fala dos últimos dias do Buda Gotama. Além disso, vários outros discursos nesta seção estão intimamente relacionados ao Mahāparinibbāna. Este ciclo será discutido mais adiante. ", + "dn-guide-sujato:15": "O _vagga_ final é mais diverso. Inclui longas seções poéticas, compilações doutrinárias—algumas das quais são precursoras do Abhidhamma —e narrativas que costumam ser humorísticas e às vezes beiram a farsa. ", + "dn-guide-sujato:16": "Como de costume nos _nikāyas_, não há uma sequência geral de ensino e muitos dos detalhes de organização dos textos parecem bastante arbitrários. Ainda assim, podemos discernir um propósito no arranjo de alguns dos principais discursos. Esses detalhes são exclusivos da tradição Theravadin, e então devem ser vistos como um reflexo de suas prioridades, e não como princípios fundamentais do Dīgha. ", "dn-guide-sujato:17": "O primeiro discurso, o DN 1 O Discurso Sobre A Rede Suprema (Brahmajalasutta), estabelece uma lista de entendimentos incorretos e, portanto, atua como um filtro para o Dhamma, peneirando possíveis interpretações erradas. Parece que esse arranjo estava relacionado aos eventos do chamado “Terceiro Concílio” realizado sob a patronagem do rei Ashoka, em uma época em que a comunidade espiritual da Saṅgha havia sido invadida por impostores que não eram budistas genuínos. O segundo discurso, o DN 2 Discurso Sobre os Frutos da Vida Espiritual (Sāmaññaphalasutta), aborda uma questão fundamental: por qual razão as pessoas seguiriam uma vida de renúncia? Em resposta a isso, o Treinamento Gradual é introduzido, um caminho distintamente budista para a paz. ", - "dn-guide-sujato:18": "O meio da coleção é dominado por discursos que tratam de uma forma ou de outra do significado cósmico do Buda (DN 14, DN 16, DN 17, DN 18, DN 19, DN 20, DN 21; aos quais se pode adicionar o DN 26, DN 27, DN 30, e DN 32). Enquanto nos textos biográficos do Majjhima o prático e o pessoal de como o nosso Buda viveu, esses discursos se situam numa arena de grandeza mítica. O tempo e o espaço são expandidos conforme os detalhes pessoais e comoventes do Mahāparinibbāna foram inseridos em maio a uma série de textos mitológicos que mostram a potência de Buda e seus ensinamentos no passado longíquo, no futuro apocalíptico, e no presente entre os deuses. ", + "dn-guide-sujato:18": "O meio da coleção é dominado por discursos que tratam de uma forma ou de outra do significado cósmico do Buda (DN 14, DN 16, DN 17, DN 18, DN 19, DN 20, DN 21; aos quais se pode adicionar o DN 26, DN 27, DN 30, e DN 32). Enquanto nos textos biográficos do Majjhima o prático e o pessoal de como o *nosso* Buda viveu, esses discursos se situam numa arena de grandeza mítica. O tempo e o espaço são expandidos conforme os detalhes pessoais e comoventes do Mahāparinibbāna foram inseridos em maio a uma série de textos mitológicos que mostram a potência de Buda e seus ensinamentos no passado longíquo, no futuro apocalíptico, e no presente entre os deuses. ", "dn-guide-sujato:19": "O evento no centro de tudo isso é a morte do Buda. Historicamente, esta foi uma crise traumática para a comunidade budista, e muitos temiam que o Dhamma não sobreviveria. Ao tirar a atenção do trauma atual e apontar para um significado maior, esses suttas mostram que o Dhamma não precisa morrer com o Buda. Os eventos do Mahāparinibbāna motivaram a Saṅgha a realizar o Primeiro Concílio, onde os discursos foram coletados e organizados para garantir sua preservação. E esses discurso são, é claro, as próprias escrituras podem ser lidas hoje. Dessa forma, essas narrativas contam a história de sua própria origem. ", - "dn-guide-sujato:20": "O Dīgha Nikāya termina principalmente com compilações doutrinárias (DN 28, DN 29, DN 33, DN 34). Se o início do Dīgha Nikāya nos diz por qual razão os ensinamentos importam e o meio deste nos diz como eles surgiram, o final deste nos diz o que eles são. É uma coisa bastante curiosa que no Dīgha Nikāya, muitas das doutrinas que consideramos fundamentais para os ensinamentos do Buda ocorram apenas raramente. Esses discursos retificam essa situação, garantindo que os alunos do Dīgha Nikāya tivessem acesso a uma ampla gama de ensinamentos. Os dois últimos discursos, em particular, são claramente compilados como recursos mnemônicos, úteis para a memorização de conjuntos de ensinamentos-chave da doutrina. ", + "dn-guide-sujato:20": "O Dīgha Nikāya termina principalmente com compilações doutrinárias (DN 28, DN 29, DN 33, DN 34). Se o início do Dīgha Nikāya nos diz *por qual razão* os ensinamentos importam e o meio deste nos diz *como* eles surgiram, o final deste nos diz *o que* eles são. É uma coisa bastante curiosa que no Dīgha Nikāya, muitas das doutrinas que consideramos fundamentais para os ensinamentos do Buda ocorram apenas raramente. Esses discursos retificam essa situação, garantindo que os alunos do Dīgha Nikāya tivessem acesso a uma ampla gama de ensinamentos. Os dois últimos discursos, em particular, são claramente compilados como recursos mnemônicos, úteis para a memorização de conjuntos de ensinamentos-chave da doutrina. ", "dn-guide-sujato:21": "O Treinamento Gradual ", - "dn-guide-sujato:22": "O Treinamento Gradual descreve os passos dados por um discípulo renunciante budista em seu caminho. Começa com o surgimento de um Buda no mundo. Ao ouvir os ensinamentos do Buda, o indivíduo reflete sobre a melhor forma de aplicá-los à sua própria vida. Percebendo que “a vida doméstica é apertada e suja, mas a vida daquele que a deixa é totalmente aberta”, ele desiste de suas posses e apegos mundanos, veste o manto ocre de um mendicante budista e empreende uma vida de moralidade, simplicidade, e meditação. Prosseguindo passo a passo para práticas cada vez mais avançadas, ele finalmente entra em profunda absorção meditativa (jhāna) antes de realizar por si mesmo as quatro nobres verdades e encontrar a verdadeira liberdade. ", - "dn-guide-sujato:23": "O Treinamento Gradual é uma expansão do treinamento triplo (tisso sikkhā): ética (sīla), imersão meditativa (samādhi) e sabedoria (paññā). No AN 3.89, os três treinamentos são definidos: ", + "dn-guide-sujato:22": "O Treinamento Gradual descreve os passos dados por um discípulo renunciante budista em seu caminho. Começa com o surgimento de um Buda no mundo. Ao ouvir os ensinamentos do Buda, o indivíduo reflete sobre a melhor forma de aplicá-los à sua própria vida. Percebendo que “a vida doméstica é apertada e suja, mas a vida daquele que a deixa é totalmente aberta”, ele desiste de suas posses e apegos mundanos, veste o manto ocre de um mendicante budista e empreende uma vida de moralidade, simplicidade, e meditação. Prosseguindo passo a passo para práticas cada vez mais avançadas, ele finalmente entra em profunda absorção meditativa (_jhāna_) antes de realizar por si mesmo as quatro nobres verdades e encontrar a verdadeira liberdade. ", + "dn-guide-sujato:23": "O Treinamento Gradual é uma expansão do treinamento triplo (_tisso sikkhā_): ética (_sīla_), imersão meditativa (_samādhi_) e sabedoria (_paññā_). No AN 3.89, os três treinamentos são definidos: ", "dn-guide-sujato:24": "a ética (no contexto monástico) requer a observância do código de disciplina monástica; ", "dn-guide-sujato:25": "a imersão meditativa envolve as quatro absorções; ", "dn-guide-sujato:26": "a sabedoria se resume ao entendimento das quatro nobres verdades. ", "dn-guide-sujato:27": "Este ensinamento é amplamente encontrado nos textos budistas antigos. No Dīgha Nikāya, por exemplo, é encontrado no discurso sobre o Mahāparinibbāna como um ensinamento padrão repetido pelo Buda em muitas das paradas de sua jornada. Uma série de discursos mais curtos sobre este assunto pode ser encontrada no Samaṇa Vagga do Aṅguttara Nikāya (AN 3.81–91). ", "dn-guide-sujato:28": "Esta breve visão geral do caminho é explicada mais detalhadamente no Treinamento Gradual, que explica cada um dos três treinamentos em bastante detalhe. Esta exposição mais longa parece ter sido o ensinamento original sobre o estilo de vida, práticas e objetivos gerais dos seguidores mendicantes do Buda. Parece que o Buda preferiu encorajar seus monges exortando-os a seguir os mais elevados ideais de conduta e meditação. Apenas com relutância ele estabeleceu o sistema legal preservado nos textos do Vinaya, com seus procedimentos e punições. ", "dn-guide-sujato:29": "O Treinamento Gradual é encontrado, em formas um tanto variadas, no Majjhima Nikāya (MN 27, MN 51, MN 38, MN 39, MN 53, MN 107, MN 125), no Aṅguttara Nikāya (AN 4.198, AN 10.99), e até mesmo no Abhidhamma (Vb 12, Pp 2.4:114). Curiosamente, no entanto, ele não é encontrado entre os discursos conectados sobre o caminho encontrados no último livro do Saṁyutta Nikāya. Embora virtualmente todas as práticas do Treinamento Gradual sejam encontradas no Saṁyutta, a estrutura geral deste não é encontrada neste. ", - "dn-guide-sujato:30": "O Dīgha Nikāya compensa essa falta posicionando vagga de treze discursos logo no início sobre o Treinamento Gradual. Este é chamado de Sīlakkhandhavagga, o “Capítulo sobre o Agregado da Ética”. Apesar do título, no entanto, esses textos tratam do treinamento gradual como um todo, abordando a ética, a imersão meditativa e a sabedoria. ", + "dn-guide-sujato:30": "O Dīgha Nikāya compensa essa falta posicionando _vagga_ de treze discursos logo no início sobre o Treinamento Gradual. Este é chamado de Sīlakkhandhavagga, o “Capítulo sobre o Agregado da Ética”. Apesar do título, no entanto, esses textos tratam do treinamento gradual como um todo, abordando a ética, a imersão meditativa e a sabedoria. ", "dn-guide-sujato:31": "Embora o conteúdo seja semelhante em cada lugar em que o Treinamento Gradual aparece, as versões deste encontradas no Dīgha Nikāya apresentam uma ênfase pronunciada na beleza e no prazer. Os estágios do caminho são ilustrados por símiles que são tão lindos quanto adequados, enquanto cada passo do caminho é dito ser acompanhado por uma sensação cada vez mais profunda de prazer e felicidade. O Treinamento Gradual não é um caminho de sofrimento, mas de graça, alegria e liberdade. ", "dn-guide-sujato:32": "Devido à repetição, os textos invariavelmente abreviam todas as exposições, exceto os dois primeiros discursos. Deve ser lembrado, entretanto, que isso é meramente uma consequência de como a tradição textual páli organizou esses textos. Nos Dīrghāgamas em sânscrito e chinês, os textos nesta seção são organizados de forma diferente, e suttas diferentes são devidamente expandidos ou abreviados. ", "dn-guide-sujato:33": "Embora o foco esteja firmemente na vida monástica, os princípios gerais são válidos para todos. De fato, noMN 53 O Discurso Sobre Aquele Em Treinamento (Sekhasutta), Ānanda ensina essencialmente o mesmo caminho para um público leigo. No Sīlakkhandhavagga, muitos discursos são de fato dirigidos a leigos, a maioria dos quais são brâmanes. ", @@ -46,16 +46,16 @@ "dn-guide-sujato:45": "Inquietação diz respeito à constante ância por experiências futuras, enquanto que o remorso se trata de desenterrar o passado, especialmente momentos de arrependimento. ", "dn-guide-sujato:46": "Dúvida ", "dn-guide-sujato:47": "É normal e saudável duvidar de coisas que não conhecemos. Mas se não compreendermos os elementos do que é certo e do que é errado, a dúvida vai sutilmente boicotar nossa meditação. ", - "dn-guide-sujato:48": "Experimentando paz e êxtase cada vez mais profundos, os discípulos mendicantes finalmente entram em uma série de estados profundamente quietos de imersão meditativa, conhecidos como as quatro absorções (jhānas). ", + "dn-guide-sujato:48": "Experimentando paz e êxtase cada vez mais profundos, os discípulos mendicantes finalmente entram em uma série de estados profundamente quietos de imersão meditativa, conhecidos como as quatro absorções (_jhānas_). ", "dn-guide-sujato:49": "As absorções representam a prática de meditação fundamental no budismo antigo e são essenciais para todos os estágios do Despertar. Elas ocorrem em muitos contextos, mas é aqui, no Treinamento Gradual, que elas emergem mais naturalmente da vida e da prática assumida pelos discipulos mendicantes. Esse contexto era tão central para os primeiros budistas que, quando eles compilaram o primeiro texto do Abhidhamma, o Vibhaṅga, o capítulo sobre Absorção começa com o Treinamento Gradual. É verdade que há nos textos antigos relatos de discípulos leigos que praticavam a absorção. Mas é igualmente verdade que quando o Buda ensinou como atingir essa paz profunda, ele enfatizou o poder da renúncia profunda. ", "dn-guide-sujato:50": "Tornou-se comum em certas formas modernas de budismo afirmar que as absorções não são uma parte essencial do caminho. Outros dizem que, embora importantes, as absorções são estados de concentração relativamente superficiais que podem ser facilmente alcançados em um retiro curto. Basta dizer que nenhuma dessas visões encontra apoio nos primeiros textos. As absorções são essenciais, profundas e difíceis de atingir. Mesmo com a força total da renúncia, muitos mendicantes nos dias de Buda lutaram para realizá-las. No entanto, é uma qualidade especial do Dhamma que cada passo ao longo do caminho seja acompanhado pelo aprofundamento da paz e da alegria, e o desapego fica mais fácil à medida que se avança. Isso é o que torna possível a realização mesmo desses estados profundos e sutis. ", "dn-guide-sujato:51": "Ao emergir das absorções, o mendicante aproveita o poder de uma mente profundamente purificada para obter uma série de formas especiais de conhecimento ou percepção. Isso culmina na realização das quatro nobres verdades: ", - "dn-guide-sujato:52": "Sofrimento (dukkha). ", - "dn-guide-sujato:53": "A origem do sofrimento, ou seja, o desejo (samudaya). ", - "dn-guide-sujato:54": "A cessação do sofrimento, ou seja, Nibbāna (nirodha). ", - "dn-guide-sujato:55": "A prática que leva ao fim do sofrimento (magga). ", - "dn-guide-sujato:56": "O sofrimento é o estímulo que nos leva a empreender a prática espiritual. Somente quando tivermos alguma experiência de sofrimento, procuraremos uma fuga deste. E ao encontrar os ensinamentos do Buda, um buscador reconhece que o Dhamma fala sobre o que é importante em sua própria vida, oferecendo uma solução poderosa e pragmática. Mas se afundar no sofrimento não leva a lugar nenhum. Quando você entende que esse sofrimento é real, mas tem causas e condições sobre as quais você pode fazer algo, isso desperta a fé e a determinação para agir. O caminho em si é de sobre fazer brotar a felicidade e recuar a dor; a verdade do fim do sofrimento é experimentada a cada passo. Isso culmina na experiência de profunda quietude meditativa, chamada de absorção (jhāna) ou imersão (samādhi). Em tais estados, tendo abandonado o desejo sensual, os cinco sentidos externos cessam (vivicc’eva kāmehi) e a mente sente uma paz e felicidade diferente de tudo que ela já conheceu antes. Capacitado pela clareza e brilho da absorção, a realidade do sofrimento e sua causa se tornam aparentes. Isso significa que a pessoa realizou o primeiro estágio do despertar, ou seja, alguém que entrou na correnteza sotāpanna). ", - "dn-guide-sujato:57": "A entrada na correnteza ocorre quando todos os fatores do caminho—desde o despertar da fé até a prática da absorção e do insight profundo—foram desenvolvidos em grau suficiente. Nesse ponto, a pessoa tem um profundo insight da natureza da realidade, deixando de lado três dos dez grilhões que prendem uma pessoa ao renascimento. No Treinamento Gradual, a compreensão das quatro nobres verdades é geralmente seguida pela compreensão do fim das contaminações (āsava), o que significa a obtenção da perfeição total (arahattā). Os grilhões restantes são abandonados neste ponto, que é o estágio final do caminho: o despertar e libertação total. ", + "dn-guide-sujato:52": "Sofrimento (_dukkha_). ", + "dn-guide-sujato:53": "A origem do sofrimento, ou seja, o desejo (_samudaya_). ", + "dn-guide-sujato:54": "A cessação do sofrimento, ou seja, Nibbāna (_nirodha_). ", + "dn-guide-sujato:55": "A prática que leva ao fim do sofrimento (_magga_). ", + "dn-guide-sujato:56": "O sofrimento é o estímulo que nos leva a empreender a prática espiritual. Somente quando tivermos alguma experiência de sofrimento, procuraremos uma fuga deste. E ao encontrar os ensinamentos do Buda, um buscador reconhece que o Dhamma fala sobre o que é importante em sua própria vida, oferecendo uma solução poderosa e pragmática. Mas se afundar no sofrimento não leva a lugar nenhum. Quando você entende que esse sofrimento é real, mas tem causas e condições sobre as quais você pode fazer algo, isso desperta a fé e a determinação para agir. O caminho em si é de sobre fazer brotar a felicidade e recuar a dor; a verdade do fim do sofrimento é experimentada a cada passo. Isso culmina na experiência de profunda quietude meditativa, chamada de absorção (_jhāna_) ou imersão (_samādhi_). Em tais estados, tendo abandonado o desejo sensual, os cinco sentidos externos cessam (_vivicc’eva kāmehi_) e a mente sente uma paz e felicidade diferente de tudo que ela já conheceu antes. Capacitado pela clareza e brilho da absorção, a realidade do sofrimento e sua causa se tornam aparentes. Isso significa que a pessoa realizou o primeiro estágio do despertar, ou seja, alguém que entrou na correnteza _sotāpanna_). ", + "dn-guide-sujato:57": "A entrada na correnteza ocorre quando todos os fatores do caminho—desde o despertar da fé até a prática da absorção e do insight profundo—foram desenvolvidos em grau suficiente. Nesse ponto, a pessoa tem um profundo insight da natureza da realidade, deixando de lado três dos dez grilhões que prendem uma pessoa ao renascimento. No Treinamento Gradual, a compreensão das quatro nobres verdades é geralmente seguida pela compreensão do fim das contaminações (_āsava_), o que significa a obtenção da perfeição total (_arahattā_). Os grilhões restantes são abandonados neste ponto, que é o estágio final do caminho: o despertar e libertação total. ", "dn-guide-sujato:58": "Como se faz um discurso longo ", "dn-guide-sujato:59": "Existem mais de mil discursos registrados seja no Aṅguttara Nikāya ou Saṁyutta Nikāya, mas apenas 34 longos textos registrados no Dīgha Nikāya. Os textos relativamente curtos do Aṅguttara e Saṁyutta são uma reminiscência dos Upaniṣads pré-budistas, especialmente o Bāhadāraṇyaka e Chandogya. Eles consistem em uma série de passagens na maior parte independentes, cada episódio cobrindo não mais do que algumas páginas e reunidas em um texto muito maior. Eles são lembranças de ensinamentos concisos e focados em certos momentos e lugares por certas pessoas. Parece, então que, conforme se vê na esmagadora maioria dos textos igualmente antigos dos budistas e brâmanes, que o formato padrão era o de breve discursos ou diálogos. ", "dn-guide-sujato:60": "Como, então, esses textos longos foram construídos? Por quê? E para quem? Vamos abordar essas questões considerando brevemente algumas formas diferentes empregadas no Dīgha Nikāya. ", @@ -82,7 +82,7 @@ "dn-guide-sujato:81": "Além dos planos de fundo, encontramos também narrativas que são contadas como histórias nos próprios discursos. Isso inclui parábolas curtas como a história do monge que por engano procurou entre os deuses uma resposta para sua pergunta (DN 11). No DN 23, o monge Kumāra Kassapa debate com o cético Pāyāsi, ilustrando seus argumentos com uma série de contos alternativamente humorísticos e horripilantes. Tais parábolas são encontradas não raramente em outros lugares dos suttas, mas no Dīgha Nikāya certas estórias se expandem além disso e se aproximam da estatura do mito. Isso inclui alguns dos textos do ciclo Mahāparinibbāna cycle, tais como o DN 17 Mahāsudassanasutta e o DN 14 Mahāpadānasutta. ", "dn-guide-sujato:82": "Para evitar um mal-entendido comum, no estudo da religião, “mito” não significa “algo que se acredita ser verdadeiro que é realmente falso”, como na cultura popular. Em vez disso, um mito é um relato sagrada. Alguns relatos sagrados são verdadeiros, outras são invenções. Mas isso é assunto de historiadores é irrelevante para a própria mitologia. O objetivo do mito é contar uma história que cria sentido para aqueles que participam dela, para que possam compreender suas próprias vidas no contexto da estória que é apresentada. ", "dn-guide-sujato:83": "O Dīgha contém textos verdadeiramente míticos nos DN 26 O Discurso sobre o Monarca que faz Girar a Roda (Cakkavattisīhanādasutta) e DN 27 O Discurso sobre a Origem do Mundo (Aggaññasutta). Estes suttas estabelecem um mito de origens, substituindo a mitologia convencional da criação por um relato evolucionário de como o mundo veio a se tornar tal como ele é. Nessas estórias, as escolhas humanas desempenham um papel crítico em como o ambiente evolui e em como tudo vai desmoronar. NoAggañña a questão da mudança climática é apresentada de forma bastante explícita, mostrando como a atividade humana afeta as plantas, o clima e o ecossistema natural do qual fazemos parte (veja também o AN 3.56). ", - "dn-guide-sujato:84": "A mitologia é essencialmente cíclica. Não há um começo absoluto, apenas outro giro da roda. Assim, mesmo quando o mundo desmoronar e a civilização entrar em colapso, haverá um novo renascimento, em um futuro distante, e no final das contas outro Buda surgirá. Ele é nomeado Metteyya (sânscrito: Maitreya), que nos textos budistas antigos aparece apenas no DN 26 Cakkavattisīhanāda. Ele veio a se tornar uma das figuras mais importantes do Budismo Mahāyāna, e muitos budistas ainda hoje esperam sua vinda com esperança. No entanto, o DN 26 não é ensinado para encorajar os devotos a se dedicarem a Metteyya, mas para ilustrar a impermanência e incerteza de nossas vidas. O Buda sempre ensinou que devemos praticar o melhor que pudermos para compreender o Dhamma nesta mesma vida. ", + "dn-guide-sujato:84": "A mitologia é essencialmente cíclica. Não há um começo absoluto, apenas outro giro da roda. Assim, mesmo quando o mundo desmoronar e a civilização entrar em colapso, haverá um novo renascimento, em um futuro distante, e no final das contas outro Buda surgirá. Ele é nomeado Metteyya (sânscrito: _Maitreya_), que nos textos budistas antigos aparece apenas no DN 26 Cakkavattisīhanāda. Ele veio a se tornar uma das figuras mais importantes do Budismo Mahāyāna, e muitos budistas ainda hoje esperam sua vinda com esperança. No entanto, o DN 26 não é ensinado para encorajar os devotos a se dedicarem a Metteyya, mas para ilustrar a impermanência e incerteza de nossas vidas. O Buda sempre ensinou que devemos praticar o melhor que pudermos para compreender o Dhamma nesta mesma vida. ", "dn-guide-sujato:85": "O “ciclo Mahāparinibbāna” ", "dn-guide-sujato:86": "Em vários casos, episódios mencionados resumidamente no Mahāparinibbāna foram desmembrados e expandidos para se tornarem discursos individuais por seu próprio direito. Assim, o Mahāparinibbāna domina muito do Dīgha Nikāya, não apenas por seu próprio comprimento e peso temático, mas por sua influência e conexões com outros discursos. ", "dn-guide-sujato:87": "Em minha opinião, este ciclo de suttas foi provavelmente composto por Ānanda e seus alunos, começando este grande trabalho literário com o próprio Mahāparinibbānasutta e gradualmente ramificando-se em obras relacionadas. O ciclo como um todo mostra não apenas o amor pessoal e devoção característicos de Ānanda pelo Buda, mas também revela uma preocupação com o que está por vir, com o destino do Dhamma nos anos após a morte do Buda. Um detalhe unificador distinto desses discursos é que eles não terminam com a frase padrão dizendo que os ouvintes se alegraram com os ensinamentos, mas terminam diretamente com um ensino ou um versículo sobre o assunto da impermanência ou a longa duração do ensinamento. Ananda sobreviveu ao Buda por várias décadas, e seu legado foi o estabelecimento dos textos, preservando assim a memória de seu amado Mestre para as gerações futuras. ", @@ -109,7 +109,7 @@ "dn-guide-sujato:108": "Essas histórias do fim da vida e dos ensinamentos do Buda também ecoam no primeiro capítulo dos Khandhakas do Vinaya, que conta a história do despertar do Buda, do seu primeiro ensinamento e do estabelecimento de sua comunidade espiritual. Estes não são apenas episódios separados na vida de Buda. Os textos como os temos frequentemente ecoam idéias, expressões, eventos e pessoas, todos os quais mostram que foram editados e compostos como um todo coerente. Juntos, eles constituem uma estrutura de uma mitologia magnífica: a vida e a morte do maior mestre espiritual que o mundo já conheceu. ", "dn-guide-sujato:109": "Uma breve história do texto ", "dn-guide-sujato:110": "O Dīgha Nikāya foi editado por T.W. Rhys Davids e J.E. Carpenter com base em manuscritos em escrita cingalesa, birmanesa e tailandesa, e publicados em três volumes em escrita latina pela Pali Text Society entre 1890 e 1910. ", - "dn-guide-sujato:111": "A primeira tradução se deu em seguida entre 1899 e 1921 por T.W. e C.A.F. Rhys Davids. Esta foi publicada na série “Sacred Books of the Buddhists” sob o título Dialogues of the Buddha. Esse foi um marco na publicação de textos budistas e marcou a primeira ocasião em que um nikāya completo era disponibilizado em inglês. A tradução se esforçou para reter elementos do sabor literário dos textos originais e foi acompanhada por ensaios introdutórios e notas que muitas vezes são úteis e às vezes brilhantes. Mas esta estava longe de ser perfeita e continha muitos erros de leitura e interpretação. Até os dias de hoje, os insights de Rhys Davids permanecem valiosos, especialmente na área da história e da sociedade. ", + "dn-guide-sujato:111": "A primeira tradução se deu em seguida entre 1899 e 1921 por T.W. e C.A.F. Rhys Davids. Esta foi publicada na série “Sacred Books of the Buddhists” sob o título Dialogues of the Buddha. Esse foi um marco na publicação de textos budistas e marcou a primeira ocasião em que um _nikāya_ completo era disponibilizado em inglês. A tradução se esforçou para reter elementos do sabor literário dos textos originais e foi acompanhada por ensaios introdutórios e notas que muitas vezes são úteis e às vezes brilhantes. Mas esta estava longe de ser perfeita e continha muitos erros de leitura e interpretação. Até os dias de hoje, os insights de Rhys Davids permanecem valiosos, especialmente na área da história e da sociedade. ", "dn-guide-sujato:112": "Uma tradução atualizada de Maurice Walshe foi publicada pela Wisdom Publications em 1987 com o título Thus Have I Heard: The Long Discourses of the Buddha, um título que nas edições posteriores foi alterado para The Long Discourses of the Buddha. A edição de Walshe se beneficiou de muitas décadas de estudo e prática do Dhamma no ocidente. Evitando os estilos arcaicos das traduções mais antigas, ela representa uma tradução clara e acessível, com um tratamento muito mais preciso de termos e passagens doutrinárias. Mas também estava longe de ser perfeito. Walshe dependeu muito da tradução de Rhys Davids e, embora tenha corrijido muitos erros, às vezes ele repetiu os erros encontrados na tradução anterior. Pior ainda, não raramente ele introduziu novos erros. ", "dn-guide-sujato:113": "Além disso, houveram muitas traduções de discursos e passagens individuais. Destes, os seguintes foram especialmente úteis para o trabalho de tradução (de Ajahn Sujato): ", "dn-guide-sujato:114": "No caso dos DN 1, DN 2, e DN 15, a tradução e comentários destes por Bhikkhu Bodhi ", diff --git a/translation/pt/site/donations_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/donations_translation-pt-site.json index a3aebf88a2e9..18c67d83fcd0 100644 --- a/translation/pt/site/donations_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/donations_translation-pt-site.json @@ -10,20 +10,20 @@ "donations:9": "Banco ético ", "donations:10": "O SuttaCentral Development Trust usa os serviços bancários comunitários do Bendigo Bank, que segue princípios éticos e sustentáveis de investimento. O Bendigo Bank tornou pública a decisão de não mais investir em combustíveis fósseis. ", "donations:11": "Nome da conta ", - "donations:12": "SuttaCentral Development Trust ", + "donations:12": "**SuttaCentral Development Trust** ", "donations:13": "Banco ", - "donations:14": "Adelaide Bendigo Community Sector Banking ", + "donations:14": "**Adelaide Bendigo Community Sector Banking** ", "donations:15": "Agência (# BSB) ", - "donations:16": "633 000 ", + "donations:16": "**633 000** ", "donations:17": "Número da conta ", - "donations:18": "154500086 ", + "donations:18": "**154500086** ", "donations:19": "Endereço ", - "donations:20": "1273 Pacific Highway, Turramurra NSW 2074 ", + "donations:20": "**1273 Pacific Highway, Turramurra NSW 2074** ", "donations:21": "Cód. SWIFT ", - "donations:22": "BENDAU3B ", + "donations:22": "**BENDAU3B** ", "donations:23": "Caso tenha dúvidas, entre em contato com nossa diretoria financeira, Deepika Weerakoon (suttacentraldevelopmenttrust@gmail.com), que gerencia os recursos arrecadados em nome do SuttaCentral Development Trust. ", "donations:24": "SuttaCentral Development Trust ", "donations:25": "O SuttaCentral Development Trust é uma instituição sem fins lucrativos. Os membros fundadores da trust são Bhante Sujato, Bhante Brahmali e John Kelly. A trust é gerida por Deepika Weerakoon. ", "donations:26": "Os contadores e auditores da Trust são Randolph Alwis & Co Pty Ltd. The ABN is 858 188 75744. ", "donations:27": "Os detalhes financeiros da trust estão disponíveis caso você tenha alguma dúvida. A trust foi criada exclusivamente para apoiar o desenvolvimento do SuttaCentral. Todos os fundos arrecadados pela trust serão gastos exclusivamente no SuttaCentral, e nenhuma despesa resulta da administração da trust, que é gerenciada por voluntários." -} \ No newline at end of file +} diff --git a/translation/pt/site/general-guide-sujato_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/general-guide-sujato_translation-pt-site.json index 951702911d2d..3c5878031018 100644 --- a/translation/pt/site/general-guide-sujato_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/general-guide-sujato_translation-pt-site.json @@ -13,16 +13,16 @@ "general-guide-sujato:12": "Cosmologia ", "general-guide-sujato:13": "Sobre os comentários em páli ", "general-guide-sujato:14": "Uma história textual breve e incompleta ", - "general-guide-sujato:15": "Os suttas do Cânone Páli (Tipiṭaka), especialmente os quatro principais nikāyas, são leitura essencial para qualquer um que deseje compreender o Buda e seus ensinamentos. Eles foram preservados e transmitidos no idioma páli pela tradição do budismo Theravāda como a palavra de Buda. ", + "general-guide-sujato:15": "Os suttas do Cânone Páli (Tipiṭaka), especialmente os quatro principais _nikāyas_, são leitura essencial para qualquer um que deseje compreender o Buda e seus ensinamentos. Eles foram preservados e transmitidos no idioma páli pela tradição do budismo Theravāda como a palavra de Buda. ", "general-guide-sujato:16": "Estes textos foram originalmente transmitidos oralmente, por gerações de bhikkhus e bhikkhunis que os memorizaram e recitaram juntos. Por volta de 30 a.C. eles foram finalmente registrados na forma escrita no site Āluvihāra no Sri Lanka, e daquele ponto em diante transmitidos em manuscritos de folhas de palmeira. ", "general-guide-sujato:17": "A partir do século XIX, os manuscritos foram editados e publicados como edições modernas em conjuntos de livros. Além disso, o texto Pali foi traduzido em vários idiomas modernos, incluindo tailandês, birmanês, cingalês e inglês. ", - "general-guide-sujato:18": "A palavra Tipiṭaka significa “Três Cestas”. A cesta contendo os discursos é tradicionalmente listada como a segunda das três. Os quatro nikāyas compõem a maior parte da cesta dos discursos. A lista abaixo resume como estes são situados dentro do cânone como um todo. ", + "general-guide-sujato:18": "A palavra Tipiṭaka significa “Três Cestas”. A cesta contendo os discursos é tradicionalmente listada como a segunda das três. Os quatro _nikāyas_ compõem a maior parte da cesta dos discursos. A lista abaixo resume como estes são situados dentro do cânone como um todo. ", "general-guide-sujato:19": "O Vinaya Piṭaka (A Cesta da Disciplina Monástica) ", "general-guide-sujato:20": "O Sutta Piṭaka (A Cesta dos Discursos) ", - "general-guide-sujato:21": "Dīgha Nikāya (Os Discursos Longos) ", - "general-guide-sujato:22": "Majjhima Nikāya (Os Discursos Médios) ", - "general-guide-sujato:23": "Saṁyutta Nikāya (Os Discursos Conectados) ", - "general-guide-sujato:24": "Aṅguttara Nikāya (Os Discursos Enumerados) ", + "general-guide-sujato:21": "__Dīgha Nikāya__ (Os Discursos Longos) ", + "general-guide-sujato:22": "__Majjhima Nikāya__ (Os Discursos Médios) ", + "general-guide-sujato:23": "__Saṁyutta Nikāya__ (Os Discursos Conectados) ", + "general-guide-sujato:24": "__Aṅguttara Nikāya__ (Os Discursos Enumerados) ", "general-guide-sujato:25": "Khuddaka Nikāya (Discursos Menores) ", "general-guide-sujato:26": "Abhidhamma Piṭaka (Cesta de Análises Sistemáticas ) ", "general-guide-sujato:27": "Coleções similares são encontradas nas antigas traduções chinesas, e partes substanciais delas também são encontradas em sânscrito e tibetano. As diversas coleções de escrituras surgiram entre as comunidades budistas que se espalharam pela grande Índia nos séculos após o Buda, especialmente sob o imperador budista, Ashoka. Estas missões foram documentadas nas antigas crônicas do Sri Lanka, bem como nos comentários do Vinaya em Pali e chinês, e foram parcialmente corroboradas pela arqueologia moderna. ", @@ -30,18 +30,18 @@ "general-guide-sujato:29": "Por muitas razões, no entanto, os textos em páli sempre terão um papel especial para aqueles que desejam entender o que o Buda ensinou. ", "general-guide-sujato:30": "Eles são o único conjunto completo de escrituras de uma escola original do budismo antigo. ", "general-guide-sujato:31": "Eles são de longe o maior corpo de textos preservados em um dialeto antigo da Índia. ", - "general-guide-sujato:32": "Eles são acompanhados por um conjunto extenso e detalhado de comentários antigos (aṭṭhakathā). ", + "general-guide-sujato:32": "Eles são acompanhados por um conjunto extenso e detalhado de comentários antigos (_aṭṭhakathā_). ", "general-guide-sujato:33": "Eles são, em grande parte, linguisticamente claros, bem editados e facilmente compreensíveis. ", "general-guide-sujato:34": "Além disso, os textos de páli são as escrituras centrais de uma tradição viva, a escola Theravāda encontrada no Sri Lanka, Tailândia, Mianmar, Bangladesh, Camboja, Laos, Índia, China e Vietnã. Até hoje, eles são recitados, ensinados, estudados e praticados diariamente, e são considerados nas tradições como sendo uma testemunha confiável dos ensinamentos do próprio Buda. ", - "general-guide-sujato:35": "Entre os textos páli, são os quatro nikāyas que mais chamam a atenção. É neles que encontramos explicações extensas e definitivas dos ensinamentos budistas, assim como a personalidade viva do Buda e de seus discípulos imediatos. ", - "general-guide-sujato:36": "Em comparação, o Vinaya Piṭaka detalha como era a vida nas comunidades monásticas e, além disso, revela muito sobre a história e o contexto social; mas contém apenas algumas passagens com ensinamentos. O Abhidhamma Piṭaka é composto de análises sistemáticas compostas nos séculos seguintes ao falecimento do Buda. E os livros do Khuddaka Nikāya são uma mescla de várias coisas. Há seis livros relativamente curtos que complementam os quatro principais nikāyas, a maioria em verso: o Dhammapada, o Udāna, o Itivuttaka, o Sutta Nipāta, o Theragāthā, e o Therīgāthā. Entretanto, a maioria dos outros livros do Khuddaka são mais recentes e representam o budismo alguns séculos depois do Buda. ", + "general-guide-sujato:35": "Entre os textos páli, são os quatro _nikāyas_ que mais chamam a atenção. É neles que encontramos explicações extensas e definitivas dos ensinamentos budistas, assim como a personalidade viva do Buda e de seus discípulos imediatos. ", + "general-guide-sujato:36": "Em comparação, o Vinaya Piṭaka detalha como era a vida nas comunidades monásticas e, além disso, revela muito sobre a história e o contexto social; mas contém apenas algumas passagens com ensinamentos. O Abhidhamma Piṭaka é composto de análises sistemáticas compostas nos séculos seguintes ao falecimento do Buda. E os livros do Khuddaka Nikāya são uma mescla de várias coisas. Há seis livros relativamente curtos que complementam os quatro principais _nikāyas_, a maioria em verso: o Dhammapada, o Udāna, o Itivuttaka, o Sutta Nipāta, o Theragāthā, e o Therīgāthā. Entretanto, a maioria dos outros livros do Khuddaka são mais recentes e representam o budismo alguns séculos depois do Buda. ", "general-guide-sujato:37": "Sobre estes guias ", - "general-guide-sujato:38": "Estes guias foram preparados para apoiar estudantes que desejam desenvolver uma compreensão mais profunda dos nikāyas. Eles acompanham minhas traduções dos quatro nikāyas, como encontrados no SuttaCentral. Este guia geral deve ser lido primeiro, pois cobre uma variedade de questões que são comuns a todos os nikāyas. Os quatro nikāyas são um corpo bem unificado de textos, e compartilham a maioria das passagens doutrinárias significativas. As informações gerais aqui apresentadas são apresentadas em ensaios individuais sobre cada uma das quatro nikāyas, que destacam as mudanças na ênfase e orientação de uma coleção para a próxima. Estes podem ser lidos em qualquer ordem. Embora os guias para um nikāyas em específico se concentram naturalmente nos textos daquele nikāya, isto não é sempre o caso, e eles podem se referir também a passagens encontradas em outras partes do cânone. ", - "general-guide-sujato:39": "Resumos dos principais temas doutrinários podem ser encontrados principalmente nos guias dos nikāya, especialmente o do Saṁyutta Nikāya. No entanto, eu gostaria de ter um certo cuidado quando se trata de resumos, incluindo o meu próprio. A verdadeira alegria dos suttas está nos ensinamentos não digeridos, naquele momento em que Buda encontra uma pessoa em sofrimento e a ajuda, não dando a ela um resumo digerido, mas alcançando-a como indivíduo. Resumos e pesquisas são mais bem tratados como pontos de partida para a descoberta, do que como tratados definitivos. ", + "general-guide-sujato:38": "Estes guias foram preparados para apoiar estudantes que desejam desenvolver uma compreensão mais profunda dos _nikāyas_. Eles acompanham minhas traduções dos quatro _nikāyas_, como encontrados no SuttaCentral. Este guia geral deve ser lido primeiro, pois cobre uma variedade de questões que são comuns a todos os _nikāyas_. Os quatro _nikāyas_ são um corpo bem unificado de textos, e compartilham a maioria das passagens doutrinárias significativas. As informações gerais aqui apresentadas são apresentadas em ensaios individuais sobre cada uma das quatro _nikāyas_, que destacam as mudanças na ênfase e orientação de uma coleção para a próxima. Estes podem ser lidos em qualquer ordem. Embora os guias para um _nikāyas_ em específico se concentram naturalmente nos textos daquele _nikāya_, isto não é sempre o caso, e eles podem se referir também a passagens encontradas em outras partes do cânone. ", + "general-guide-sujato:39": "Resumos dos principais temas doutrinários podem ser encontrados principalmente nos guias dos _nikāya_, especialmente o do Saṁyutta Nikāya. No entanto, eu gostaria de ter um certo cuidado quando se trata de resumos, incluindo o meu próprio. A verdadeira alegria dos suttas está nos ensinamentos não digeridos, naquele momento em que Buda encontra uma pessoa em sofrimento e a ajuda, não dando a ela um resumo digerido, mas alcançando-a como indivíduo. Resumos e pesquisas são mais bem tratados como pontos de partida para a descoberta, do que como tratados definitivos. ", "general-guide-sujato:40": "Referências ou considerações acerca dos diversos paralelos em textos em chinês ou outros idiomas são quase que completamente evitadas. A compreensão destas relações é crítica, e toda a base do SuttaCentral está fundamentada neste fato. Mas o número de textos é muito grande, e a complexidade do assunto é assustadora. A preocupação é que se fôssemos lidar com paralelos em qualquer nível de profundidade, estes ensaios nunca seriam completados; e se fossem, eles se tornariam altamente complexos. Por isso o foco num escopo mais manejável, aderindo aos textos em páli, no entendimento de que a maioria das considerações provavelmente também se aplica aos paralelos. O leitor pode verificar facilmente os paralelos no SuttaCentral, se desejar. ", "general-guide-sujato:41": "Entre aqueles que estudam os suttas, os nomes dessas coleções são freqüentemente abreviados para “Dīgha”, “Majjhima”, etc., assim como a palavra “Sutta” é freqüentemente omitida dos títulos dos suttas. Estritamente falando, seria melhor usar o título Pali ao se referir ao texto original, e o título traduzido ao se referir à tradução; mas esta distinção muitas vezes não é feita. ", "general-guide-sujato:42": "Uma tradução acessível ", - "general-guide-sujato:43": "Em 2015, Ajahn Sujato decidiu criar traduções livremente disponíveis dos principais discursos em páli, para que todos esses ensinamentos pudessem ser livremente disponibilizados em uma versão clara, consistente e precisa. O objetivo era traduzir os quatro principais nikāyas assim como os seis primeiros livros do Khuddaka Nikāya: o Theragāthā, o Therīgāthā, o Udāna, o Itivuttaka, o Dhammapada, e o Suttanipāta. Isto foi feito para que estas antigas e impressionantes obras de visão espiritual pudessem desfrutar de uma tão merecida ampla audiência. ", + "general-guide-sujato:43": "Em 2015, Ajahn Sujato decidiu criar traduções livremente disponíveis dos principais discursos em páli, para que todos esses ensinamentos pudessem ser livremente disponibilizados em uma versão clara, consistente e precisa. O objetivo era traduzir os quatro principais _nikāyas_ assim como os seis primeiros livros do Khuddaka Nikāya: o Theragāthā, o Therīgāthā, o Udāna, o Itivuttaka, o Dhammapada, e o Suttanipāta. Isto foi feito para que estas antigas e impressionantes obras de visão espiritual pudessem desfrutar de uma tão merecida ampla audiência. ", "general-guide-sujato:44": "Ao considerar o estilo de tradução, houve uma reflexão sobre o formato padrão que introduz a prosa dos suttas: alguém “vem até” o Buda para fazer uma pergunta ou ouvir um ensinamento. É uma daquelas passagens que se tornaram tão padronizadas que normalmente apenas as pulamos. Mas não era algo simples “vir até” de um professor espiritual. É preciso tempo, esforço, curiosidade e coragem; muitas dessas pessoas teriam ficado mais do que um pouco nervosas. ", "general-guide-sujato:45": "Como, então, o Buda responderia quando abordado? Teria ele sido arcaico e obscuro? Ele usaria palavras de maneiras estranhas e alienantes? Você precisaria ter outro monge ao seu lado, sussurrando notas ao seu ouvido a cada segunda frase — “Ele falou isto; mas o que ele realmente quis dizer foi...”? ", "general-guide-sujato:46": "Eu acho que não. Acho que o Buda teria falado claramente, com gentileza e sem mais complicações do que as necessárias. Penso que ele teria respeitado o esforço que as pessoas faziam para “abordar” seus ensinamentos, e teria tentado o melhor que pôde, dadas as limitações de linguagem e compreensão, para explicar o Dhamma para que as pessoas pudessem entendê-lo. ", @@ -51,19 +51,19 @@ "general-guide-sujato:50": "A cada passo do caminho da tradução deve-se perguntar: “Será que uma pessoa comum, com pouca ou nenhuma compreensão do budismo, seria capaz de ler isto e entender o que realmente quer isto quer dizer?” Neste sentido, termos mais simples são favorecidos em vez daqueles mais complexos; fraseados diretos em vez de fraseados oblíquos; a voz ativa em vez da passiva; a informal em vez da formal; e a explícita em vez da implícita. ", "general-guide-sujato:51": "Ainda assim, não se deve pensar que se trata de adaptações ou simplificações frouxas. Há um lugar para reimaginações de textos antigos, e para versões que despojam a complexidade para focalizar o ponto principal. Mas meu trabalho pretende ser uma tradução completa e precisa, uma tradução que não omite nada de substância. É apenas que eu tento expressar isto sem complexidade indevida. ", "general-guide-sujato:52": "Ainda é possível que o objetivo não tenha sido alcançado. Ninguém é mais consciente dos compromissos e perdas ao longo do caminho do que o tradutor. Consistência, clareza, correção e beleza fazem suas reivindicações concorrentes, e só raramente, ao que parece, tudo pode ser alcançado. É um trabalho em andamento, e provavelmente correções e ajustes serão necessários e feitos ao longo de muitos anos. ", - "general-guide-sujato:53": "Fontes especiais de influência nesta abordagem foram os queridos monges Ajahn Brahm e Ajahn Brahmali. Ajahn Brahm nos ensina a virtude da linguagem simples; a bondade de se falar de tal modo que as pessoas compreendam. E com Ajahn Brahmali, que tem trabalhado na tradução do Vinaya, houveram várias discussões iluminadoras sobre o significado de vários termos e frases. Uma coisa marcante dita por Ajahn Brahmali é que uma tradução deve significar algo. Mesmo que não se tenha certeza do que o texto quer dizer, devemos ter a certeza de que este teve originalmente algum significado. E assim, o processo de traduzir algo simplesmente a partir das correspondências léxicas não pode ser realmente chamado de tradução. Devemos registrar aquilo que se achemos o texto quer dizer e, se isto se provar um erro mais tarde, o corrigimos. ", + "general-guide-sujato:53": "Fontes especiais de influência nesta abordagem foram os queridos monges Ajahn Brahm e Ajahn Brahmali. Ajahn Brahm nos ensina a virtude da linguagem simples; a bondade de se falar de tal modo que as pessoas compreendam. E com Ajahn Brahmali, que tem trabalhado na tradução do Vinaya, houveram várias discussões iluminadoras sobre o significado de vários termos e frases. Uma coisa marcante dita por Ajahn Brahmali é que uma tradução deve significar *algo*. Mesmo que não se tenha certeza do que o texto quer dizer, devemos ter a certeza de que este teve originalmente algum significado. E assim, o processo de traduzir algo simplesmente a partir das correspondências léxicas não pode ser realmente chamado de tradução. Devemos registrar aquilo que se achemos o texto quer dizer e, se isto se provar um erro mais tarde, o corrigimos. ", "general-guide-sujato:54": "Planeje sua rota ou passeie pelo jardim ", - "general-guide-sujato:55": "O ensinamento do Buda é gradual, tendo início em princípios simples e apontando para realizações profundas. Este padrão é encontrado dentro de quase todos os discursos de uma forma ou de outra. Entretanto, ele não se aplica às coleções de discursos. De coleção para coleção ou de discurso para discurso não há graduação em dificuldade, não há a premissa de acumulação de conhecimento daquele que os lê. ", + "general-guide-sujato:55": "O ensinamento do Buda é gradual, tendo início em princípios simples e apontando para realizações profundas. Este padrão é encontrado dentro de quase todos os discursos de uma forma ou de outra. Entretanto, ele *não* se aplica às coleções de discursos. De coleção para coleção ou de discurso para discurso não há graduação em dificuldade, não há a premissa de acumulação de conhecimento daquele que os lê. ", "general-guide-sujato:56": "Pelo contrário, o Dīgha Nikāya começa com o Brahmajala Sutta, enquanto o Majjhima Nikāya começa com o Mūlapariyāya Sutta, ambos os quais estão entre os discursos mais profundos e difíceis em todo o cânone. Um estudante que mergulha desavisadamente certamente se encontra de repente em águas muito profundas. ", "general-guide-sujato:57": "Se desejamos construir conhecimento passo a passo, não podemos confiar na simples leitura das suttas na ordem em que foram registrados. Os estudantes muitas vezes consideram útil o uso de um guia de leitura estruturada como o que é oferecido aqui. No SuttaCentral, oferecemos várias outras abordagens. ", "general-guide-sujato:58": "Dito isto, não há nada de errado em simplesmente mergulhar nos suttas de modo aleatório, desde que não se espere que tudo faça sentido no início. O leitor deve dar tempo ao tempo e se divertir vagando pelos suttas. Não deve se preocupar muito com coisas que pareçam estranhas ou inesperadas. Normalmente se descobre que idéias obscuras ou difíceis são explicadas em outro lugar; e descobrir essas conexões inesperadas é uma das alegrias de ler os suttas. ", "general-guide-sujato:59": "Nesses ensaios introdutórios, se encontrarão muitas referências aos suttas. Não é preciso procurar cada referência para entender os ensaios. Mas se assim o fizer, se realizará uma pesquisa razoável de muitos textos importantes e se aprenderá como encontrar a passagem sempre que preciso. A sugestão é primeiro ler cada ensaio por conta própria, e depois uma segunda vez, procurando e lendo as referências dos suttas à medida que se avança. ", "general-guide-sujato:60": "Consultando referências ", "general-guide-sujato:61": "Ao mergulhar na leitura dos suttas, se notará que textos e passagens são referenciados de maneiras às vezes confusas. No SuttaCentral, empregamos uma forma simples e amplamente adotada de referenciamento semântico. Por referências “semânticas”, entendemos que os números de referência são baseados em divisões significativas nos próprios textos. ", - "general-guide-sujato:62": "No caso dos quatro nikāyas, isto significa: ", + "general-guide-sujato:62": "No caso dos quatro _nikāyas_, isto significa: ", "general-guide-sujato:63": "No caso do Dīgha e Majjhima, os textos são referenciados pelo identificador da coleção (DN e MN respectivamente) seguido pelo número do sutta, contados em uma seqüência simples desde o início. ", - "general-guide-sujato:64": "No caso do Saṁyutta, o identificador da coleção (SN) é seguido pelos números do saṁyutta (grupo temático) e do sutta. ", - "general-guide-sujato:65": "No caso do Aṅguttara, o identificador da coleção (AN) é seguido pelos números donipāta (grupo numerado) e do sutta ", + "general-guide-sujato:64": "No caso do Saṁyutta, o identificador da coleção (SN) é seguido pelos números do _saṁyutta_ (grupo temático) e do sutta. ", + "general-guide-sujato:65": "No caso do Aṅguttara, o identificador da coleção (AN) é seguido pelos números do_nipāta_ (grupo numerado) e do sutta ", "general-guide-sujato:66": "Referências mais granulars ou específicas são feitas através do número da seção. E estes números seguem convenções pré-existentes. ", "general-guide-sujato:67": "No caso do Dīgha, foi usada a numeração de seções conforme a edição em páli da Pali Text Society (PTS), que foram extensivamente adotadas nas traduções em inglês. ", "general-guide-sujato:68": "No caso do Majjhima, foi usada a numeração de seções introduzidas por Bhikkhu Ñāṇamoḷi, e usada na edição de Bhikkhu Bodhi. ", @@ -73,11 +73,11 @@ "general-guide-sujato:72": "DN 3 aponta para o terceiro discurso na coleção dos Discursos Longos (Dīgha Nikāya). ", "general-guide-sujato:73": "MN43:3 aponta para a seção 3 do discurso 43 da coleção dos Discursos Médios (Majjhima Nikāya). ", "general-guide-sujato:74": "MN43:3.7 aponta para o segmento 7 na seção 3 do discurso 43 da coleção dos Discursos Médios (Majjhima Nikāya). ", - "general-guide-sujato:75": "SN 12.2:6.2 aponta para o segmento 2 na seção 6 do discurso 2 do décimo-segundo saṁyutta da coleção de Discursos Conectados (Saṁyutta Nikāya). ", + "general-guide-sujato:75": "SN 12.2:6.2 aponta para o segmento 2 na seção 6 do discurso 2 do décimo-segundo _saṁyutta_ da coleção de Discursos Conectados (Saṁyutta Nikāya). ", "general-guide-sujato:76": "Existem vários outros sistemas de referência. Em trabalhos acadêmicos, os textos são frequentemente referenciados por volume e página da edição Pali Text Society (PTS) do texto em páli original. Esta é uma convenção lamentável e desajeitada, pois vincula referências a uma edição específica em papel. Espera0se que ela seja rapidamente abandonada em favor de referências semânticas adequadas. Entretanto, os números de volume/página do PTS são exibidos no SuttaCentral, caso seja necessário procurar uma referência usando este sistema preexistente. ", - "general-guide-sujato:77": "Tradicionalmente, os textos eram—e muitas vezes ainda são—referenciados de uma forma mais longa: por nikāya, então por saṁyutta ou nipāta e/ou paṇṇasaka (quando o caso), seguido pelo vagga e finalmente o sutta. Este sistema é útil ao utilizar manuscritos, pois você pode restringir sua busca passo a passo através do manuscrito para encontrar o que você precisa. Na web, ou mesmo em livros, no entanto, isto é desnecessário. No entanto, você pode usar a estrutura de navegação tradicional tal como se encontra em nossa barra lateral, se desejar. ", + "general-guide-sujato:77": "Tradicionalmente, os textos eram—e muitas vezes ainda são—referenciados de uma forma mais longa: por _nikāya_, então por _saṁyutta_ ou _nipāta_ e/ou _paṇṇasaka_ (quando o caso), seguido pelo _vagga_ e finalmente o _sutta_. Este sistema é útil ao utilizar manuscritos, pois você pode restringir sua busca passo a passo através do manuscrito para encontrar o que você precisa. Na web, ou mesmo em livros, no entanto, isto é desnecessário. No entanto, você pode usar a estrutura de navegação tradicional tal como se encontra em nossa barra lateral, se desejar. ", "general-guide-sujato:78": "Elementos de estrutura ", - "general-guide-sujato:79": "Como estudantes de textos budistas estamos interessados no conteúdo, em aprender o que Buda e seus discípulos tinham a dizer e como eles viviam. Entretanto, devido à forma como os textos são organizados, rapidamente descobrimos que não é fácil saber como os diferentes textos se relacionam uns com os outros. Portanto, embora possa parecer desanimador, vale a pena gastar um pouco de tempo para considerar a estrutura dos textos. ", + "general-guide-sujato:79": "Como estudantes de textos budistas estamos interessados no conteúdo, em aprender o que Buda e seus discípulos tinham a dizer e como eles viviam. Entretanto, devido à forma como os textos são organizados, rapidamente descobrimos que não é fácil saber como os diferentes textos se relacionam uns com os outros. Portanto, embora possa parecer desanimador, vale a pena gastar um pouco de tempo para considerar a *estrutura* dos textos. ", "general-guide-sujato:80": "Os textos budistas antigos foram organizados não para leitura, mas sim para recitação e memorização oral. A preocupação principal era dividir os textos em partes que pudessem ser memorizadas e recitadas juntas. Como os textos eram guardados na memória, eles eram em grande parte guardados para “acesso aleatório”: um estudante habilidoso podia lembrar instantaneamente uma passagem de qualquer parte dos textos, sem ter que folhear as páginas ou consultar um índice. Desta forma, o sistema mais antigo de organização é um pouco semelhante a como encontramos informações hoje através de um mecanismo de busca. ", "general-guide-sujato:81": "Daí decorre que não podemos esperar que os textos budistas antigos sejam estruturados sequencialmente como um livro moderno. Mas isto não significa que as coleções sejam aleatórias ou caóticas. Elas seguem sua própria lógica, que pode ser discernida se os textos forem abordados com simpatia. ", "general-guide-sujato:82": "Estes são alguns dos elementos estruturais ou formais que encontramos nos textos budistas antigos. ", @@ -86,44 +86,44 @@ "general-guide-sujato:85": "Este padrão formal é altamente eficaz para reforçar a aprendizagem. Primeiro nos é apresentada a idéia básica. Mas declarações filosóficas ou psicológicas abstratas são difíceis de entender e lembrar sem qualquer contexto, por isso o Buda ilumina seu ensinamento com uma símile. Ele termina apresentando a idéia básica mais uma vez. ", "general-guide-sujato:86": "A variedade de similes encontradas nos suttas é verdadeiramente surpreendente. O Buda tinha uma capacidade assombrosa de invocar sem esforço uma comparação adequada a partir de qualquer coisa que visse ao seu redor. As símiles também transmitem uma grande quantidade de detalhes incidentais sobre a vida e a cultura na época de Buda e, mais importante ainda, mostram como o ensino do Dhamma faz sentido em seu contexto. A maioria das imagens budistas clássicas que são comuns hoje em dia tem origem nas símiles usadas pelo Buda nos textos antigos. ", "general-guide-sujato:87": "Às vezes as sínteses são estendidas a uma breve parábola ou fábula. Curiosamente, no entanto, raramente vemos o Buda se envolver em narrativas de qualquer extensão. ", - "general-guide-sujato:88": "Onde as narrativas são desenvolvidas com algum detalhe, elas são tipicamente como parte do enredo do (nidāna) em vez de nos ensinamentos de Buda como tal. É um princípio elementar da erudição histórica que o enredo tenha sido introduzido um tempo após o material doutrinário principal. Tais histórias variam consideravelmente entre os textos antigos paralelos, mostrando que as tradições tratavam a narrativa de forma mais flexível do que a doutrina. ", + "general-guide-sujato:88": "Onde as narrativas são desenvolvidas com algum detalhe, elas são tipicamente como parte do enredo do (_nidāna_) em vez de nos ensinamentos de Buda como tal. É um princípio elementar da erudição histórica que o enredo tenha sido introduzido um tempo após o material doutrinário principal. Tais histórias variam consideravelmente entre os textos antigos paralelos, mostrando que as tradições tratavam a narrativa de forma mais flexível do que a doutrina. ", "general-guide-sujato:89": "Repetição ", - "general-guide-sujato:90": "Não vai demorar muito até que se perceba que os suttas tendem a ser repetitivos. Muito repetitivos. Isto pode ser um grande obstáculo para um leitor novato, vamos então tomar um pouco de tempo para ponderar o que está acontecendo. ", - "general-guide-sujato:91": "Como tantos padrões encontrados na natureza, as repetições são fratais. Ou seja, elas ocorrem em todos os níveis: a palavra, a frase, a frase, o parágrafo, a passagem, todo o texto, até mesmo o grupo de textos. Isto mostra que a repetição não é algo estranho a estes textos, não é algo forçado por um editor excessivamente zeloso, mas é algo originalmente intrínseco a estes textos. ", - "general-guide-sujato:92": "Mas por quê? O que é preciso lembrar é que os textos se originaram de uma tradição oral. E em uma tradição oral, a repetição funciona de forma muito diferente do que na escrita. Quando se uma repetição, esta pode ser irritante; parece uma perda de tempo, a reação é pulá-la. Mas quando se recita, a repetição tem exatamente o efeito oposto. É reconfortante e relaxante. As partes que são diferentes requerem mais trabalho, você tem que exercitar sua memória; mas quando a passagem repetida ressurge como—o refrão de uma música—você relaxa no fluxo do cântico. As repetições dão ao recitador espaço para estar à vontade e contemplar. Recitar um texto altamente repetitivo se torna uma forma de meditação, onde você reflete o significado e o aplica à sua experiência enquanto recita. ", + "general-guide-sujato:90": "Não vai demorar muito até que se perceba que os suttas tendem a ser repetitivos. *Muito* repetitivos. Isto pode ser um grande obstáculo para um leitor novato, vamos então tomar um pouco de tempo para ponderar o que está acontecendo. ", + "general-guide-sujato:91": "Como tantos padrões encontrados na natureza, as repetições são *fratais*. Ou seja, elas ocorrem em todos os níveis: a palavra, a frase, a frase, o parágrafo, a passagem, todo o texto, até mesmo o grupo de textos. Isto mostra que a repetição não é algo estranho a estes textos, não é algo forçado por um editor excessivamente zeloso, mas é algo originalmente intrínseco a estes textos. ", + "general-guide-sujato:92": "Mas por quê? O que é preciso lembrar é que os textos se originaram de uma tradição oral. E em uma tradição oral, a repetição funciona de forma muito diferente do que na escrita. Quando se *lê* uma repetição, esta pode ser irritante; parece uma perda de tempo, a reação é pulá-la. Mas quando se *recita*, a repetição tem exatamente o efeito oposto. É reconfortante e relaxante. As partes que são diferentes requerem mais trabalho, você tem que exercitar sua memória; mas quando a passagem repetida ressurge como—o refrão de uma música—você relaxa no fluxo do cântico. As repetições dão ao recitador espaço para estar à vontade e contemplar. Recitar um texto altamente repetitivo se torna uma forma de meditação, onde você reflete o significado e o aplica à sua experiência enquanto recita. ", "general-guide-sujato:93": "Mas, além deste aspecto espiritual, a repetição tem um propósito prático definido: a preservação. Ao dizer sempre a mesma coisa, de forma idêntica ou com pequenas variações, os recitadores estavam constantemente verificando suas memórias, garantindo a exatidão dos textos. E se um texto foi perdido, há sempre outra passagem semelhante em outro lugar. Assim, as repetições garantiam a sobrevivência do Dhamma a longo prazo, criando cópias de segurança para as informações importantes em vários partes, retidas na mente dos praticantes budistas. ", "general-guide-sujato:94": "A compreensão do papel histórico das repetições, no entanto, não nos ajuda quando queremos apenas ler um sutta. O que devemos fazer? Bem, não há uma maneira única de ler um sutta. Algumas pessoas preferem lê-los na íntegra, contemplando cada repetição. Outros os lêem mais brevemente, chegando ao ponto importante. Você vai descobrir uma maneira que lhe convém. Mas quando se entende o papel das repetições, a idéia é que não as entendamos como um obstáculo. ", "general-guide-sujato:95": "Abreviação ", - "general-guide-sujato:96": "O reverso da repetição é a abreviação. Uma vez que as repetições são tão abundantes, elas são muitas vezes abreviadas. A abreviação como taç não é uma invenção moderna; ela é encontrada em todos os manuscritos e, de fato, não há nenhuma edição que especifique completamente todas as repetições. Os textos de páli têm sua própria convenção para indicar abreviações, marcada com a sílaba pe, sendo esta mesma uma abreviação em si para o termo peyyāla. ", + "general-guide-sujato:96": "O reverso da repetição é a abreviação. Uma vez que as repetições são tão abundantes, elas são muitas vezes abreviadas. A abreviação como taç não é uma invenção moderna; ela é encontrada em todos os manuscritos e, de fato, não há nenhuma edição que especifique completamente todas as repetições. Os textos de páli têm sua própria convenção para indicar abreviações, marcada com a sílaba _pe_, sendo esta mesma uma abreviação em si para o termo _peyyāla_. ", "general-guide-sujato:97": "De modo geral, as abreviações nas edições páli, e as instruções ocasionais sobre como soletrar o texto completo, são sensatas e bastante consistentes entre as edições. As traduções modernas seguem a tradição manuscrita, mas não de forma obstinada. Algumas vezes, a tradução soletrará passagens abreviadas, ou então abreviar aquilo que não é abreviado no original. ", "general-guide-sujato:98": "As abreviações são tanto “internas” quanto “externas”. Abreviações internas ocorrem quando existe informação suficiente no próprio texto para reconstruí-lo completamente. Normalmente, apenas o primeiro e o último itens de uma lista são escritos por extenso e, quanto ao resto, apenas os termos-chave são mencionados. Um exemplo disto pode ser encontrado no SN 22.137: ", "general-guide-sujato:99": "A forma é impermanente, você deve abandonar o desejo por esta. As sensações … percepções … escolhas … consciência é impermanente, você deve abandonar o desejo por esta. ", "general-guide-sujato:100": "No caso de abreviações externas, uma passagem abreviada não pode ser totalmente reconstruída a partir do contexto, mas requer a leitura de outro texto para preencher os espaços em branco. Este é outro exemplo de como a tradição oral difere dos textos escritos. Um recitador obviamente saberia, digamos, a fórmula para as quatro nobres verdades, de modo que não há necessidade de escrevê-la sempre; apenas o suficiente para refrescar a memória. Mas nas edições modernas, especialmente na web, um leitor pode acessar um texto específico de qualquer lugar, e pode nunca ter encontrado a passagem abreviada antes. Por esta razão, buscou-se reduzir o número de abreviações externas nas traduções. ", "general-guide-sujato:101": "Títulos ", "general-guide-sujato:102": "Os manuscritos budistas raramente contêm títulos em suas primeiras páginas, tal como os textos modernos. Ao invés disso, o título de um discurso é registrado no final. Em edições modernas, estes títulos foram acrescentados no início para maior clareza. ", - "general-guide-sujato:103": "Em muitos casos, especialmente nos títulos de suttas e vaggas, o que realmente temos no manuscrito não é realmente um título como tal, mas uma palavra-chave encontrada no verso que o resume (uddāna) encontrado no final de um vagga ou outra divisão. Estes versos foram inseridos pelos redatores do cânone com o objetivo de ajudar a manter o conteúdo organizado, de modo muito similar com o que é feito com um índice. Entretanto, os versos que resumem os textos variam em certa medida entre as edições, e assim, os títulos dos suttas nem sempre são consistentes. Além disso, alguns suttas recebem mais de um título no próprio texto—por exemplo o DN 1 A Rede Suprema (Brahmajalasutta)—-ou então variações ortográficas existem. Portanto, deve-se tomar cuidado, pois é bastante comum encontrarmos títulos diferentes para um mesmo texto. ", + "general-guide-sujato:103": "Em muitos casos, especialmente nos títulos de suttas e _vaggas_, o que realmente temos no manuscrito não é realmente um título como tal, mas uma palavra-chave encontrada no verso que o resume (_uddāna_) encontrado no final de um _vagga_ ou outra divisão. Estes versos foram inseridos pelos redatores do cânone com o objetivo de ajudar a manter o conteúdo organizado, de modo muito similar com o que é feito com um índice. Entretanto, os versos que resumem os textos variam em certa medida entre as edições, e assim, os títulos dos suttas nem sempre são consistentes. Além disso, alguns suttas recebem mais de um título no próprio texto—por exemplo o DN 1 A Rede Suprema (Brahmajalasutta)—-ou então variações ortográficas existem. Portanto, deve-se tomar cuidado, pois é bastante comum encontrarmos títulos diferentes para um mesmo texto. ", "general-guide-sujato:104": "Divisões textuais ", "general-guide-sujato:105": "Vagga (“Capítulo”) ", - "general-guide-sujato:106": "Um vagga é a unidade estrutural mais difundida e distinta nos textos budistas antigos. Geralmente reúne dez textos, que podem ser dez discursos, dez versos, dez regras, e assim por diante. O número dez é aderido de forma bastante consistente, embora ocasionalmente um vagga possa conter mais ou menos de dez textos. ", - "general-guide-sujato:107": "O vagga representa muitas vezes pouco mais que um agrupamento conveniente para ajudar a organizar ordenadamente os discursos. Nestes casos, o vagga normalmente leva como nome o título do primeiro discurso encontrado neste. ", - "general-guide-sujato:108": "Entretanto, também é comum descobrir que a vagga recolhe discursos com uma unidade temática vaga. Por exemplo, no Capítulo Sobre a Totalidade da Ética (Sīlakkhandhavagga) do Dīgha Nikāya (que contem treze discursos neste caso), quase todos os textos tratam do “treinamento gradual” de ética, meditação e sabedoria. ", - "general-guide-sujato:109": "Em alguns casos, um vagga em pálii pode ser um paralelo de um vagga semelhante encontrado num cânone em outro idioma. Por exemplo, o famoso Capítulo das Oitavas (Aṭṭhakavagga) do Sutta Nipāta existe no cânone chinês, embora o Sutta Nipāta como um todo não exista. Semelhantemente, o Sīlakkhandhavagga do Dīgha Nikāya tem paralelos tanto em textos do Dīgha do cânone Dharmaguptaka (chinês) e do cânone Sarvāstivāda (sânscrito). ", - "general-guide-sujato:110": "Ocasionalmente o termo vagga é aplicado a uma unidade textual maior, que inclui um número de seções, cada uma das quais composta de vaggas menores. Exemplos de tais estruturas aninhadas de vagga incluem o Saṁyutta Nikāya e os textos Khandhakas do Vinaya do cânone páli. ", + "general-guide-sujato:106": "Um _vagga_ é a unidade estrutural mais difundida e distinta nos textos budistas antigos. Geralmente reúne dez textos, que podem ser dez discursos, dez versos, dez regras, e assim por diante. O número dez é aderido de forma bastante consistente, embora ocasionalmente um _vagga_ possa conter mais ou menos de dez textos. ", + "general-guide-sujato:107": "O _vagga_ representa muitas vezes pouco mais que um agrupamento conveniente para ajudar a organizar ordenadamente os discursos. Nestes casos, o _vagga_ normalmente leva como nome o título do primeiro discurso encontrado neste. ", + "general-guide-sujato:108": "Entretanto, também é comum descobrir que a _vagga_ recolhe discursos com uma unidade temática vaga. Por exemplo, no Capítulo Sobre a Totalidade da Ética (Sīlakkhandhavagga) do Dīgha Nikāya (que contem treze discursos neste caso), quase todos os textos tratam do “treinamento gradual” de ética, meditação e sabedoria. ", + "general-guide-sujato:109": "Em alguns casos, um _vagga_ em pálii pode ser um paralelo de um _vagga_ semelhante encontrado num cânone em outro idioma. Por exemplo, o famoso Capítulo das Oitavas (Aṭṭhakavagga) do Sutta Nipāta existe no cânone chinês, embora o Sutta Nipāta como um todo não exista. Semelhantemente, o Sīlakkhandhavagga do Dīgha Nikāya tem paralelos tanto em textos do Dīgha do cânone Dharmaguptaka (chinês) e do cânone Sarvāstivāda (sânscrito). ", + "general-guide-sujato:110": "Ocasionalmente o termo _vagga_ é aplicado a uma unidade textual maior, que inclui um número de seções, cada uma das quais composta de _vaggas_ menores. Exemplos de tais estruturas aninhadas de _vagga_ incluem o Saṁyutta Nikāya e os textos Khandhakas do Vinaya do cânone páli. ", "general-guide-sujato:111": "Paṇṇāsaka (“Cinquenta”) ", - "general-guide-sujato:112": "A termo paṇṇāsa significa “cinqüenta”, e paṇṇāsaka denota grupo de aproximadamente cinqüenta suttas, ou cinco vaggas. O termo é usado para organizar coleções que contêm muitos vaggas. A maioria das coleções com grande número de discursos utiliza esta estrutura, por exemplo, os “Cinquenta-raiz” do Majjhima Nikāya (Mūlapaṇṇāsa). Um paṇṇāsaka existe puramente por uma questão de conveniência e não corresponde a nenhuma divisão significativa do texto. ", + "general-guide-sujato:112": "A termo _paṇṇāsa_ significa “cinqüenta”, e _paṇṇāsaka_ denota grupo de aproximadamente cinqüenta suttas, ou cinco _vaggas_. O termo é usado para organizar coleções que contêm muitos _vaggas_. A maioria das coleções com grande número de discursos utiliza esta estrutura, por exemplo, os “Cinquenta-raiz” do Majjhima Nikāya (Mūlapaṇṇāsa). Um _paṇṇāsaka_ existe puramente por uma questão de conveniência e não corresponde a nenhuma divisão significativa do texto. ", "general-guide-sujato:113": "Nipāta (“Grupo”) ", - "general-guide-sujato:114": "O significado literal de nipāta é “tombado”, e é um termo genérico para textos que foram agrupados. No Aṅguttara, ele é usado para cada divisão de textos reunidos por número: o grupo de discursos acerca de itens únicos, e assim por diante. Em outras partes é usado, por exemplo, no título do Sutta Nipāta, que quer dizer “Grupo de Discursos”. ", + "general-guide-sujato:114": "O significado literal de _nipāta_ é “tombado”, e é um termo genérico para textos que foram agrupados. No Aṅguttara, ele é usado para cada divisão de textos reunidos por número: o grupo de discursos acerca de itens únicos, e assim por diante. Em outras partes é usado, por exemplo, no título do Sutta Nipāta, que quer dizer “Grupo de Discursos”. ", "general-guide-sujato:115": "Saṁyutta (“Coleção de Discursos Conectados”) ", - "general-guide-sujato:116": "Enquanto o termo nipāta seja bastante genérico, o termo saṁyutta tem um significado mais específico: textos agrupados de acordo com um tema ou assunto similar. O Saṁyutta Nikāya consiste de 56 coleções deste tipo. Por exemplo, o décimo quarto saṁyutta contém 39 discursos sobre o tema dos elementos. ", + "general-guide-sujato:116": "Enquanto o termo _nipāta_ seja bastante genérico, o termo _saṁyutta_ tem um significado mais específico: textos agrupados de acordo com um tema ou assunto similar. O Saṁyutta Nikāya consiste de 56 coleções deste tipo. Por exemplo, o décimo quarto _saṁyutta_ contém 39 discursos sobre o tema dos elementos. ", "general-guide-sujato:117": "Nikāya or Āgama (“Divisão”) ", - "general-guide-sujato:118": "A maior unidade estrutural é geralmente conhecida como nikāya na tradição textual em páli do Theravāda, e como āgama nas tradições do norte. Entretanto, o termo āgama, embora tenha caído em desuso no Theravāda, é encontrado com bastante freqüência nos comentários em páli. ", - "general-guide-sujato:119": "Coleções similares aos quatro nikāyas como encontrados no cânone páli são encontradas em todas as outras escolas. No entanto, embora a natureza geral das coleções seja semelhante, e elas estejam organizadas de maneira semelhante, o detalhe de seus conteúdos varia consideravelmente. Acontece freqüentemente que um sutta encontrado no Majjhima de uma escola, por exemplo, pode ser encontrado no Saṁyutta ou Dīgha de outra escola. Além disso, a seqüência interna dos textos é bem diferente. Assim, parece que os nikāyas ou āgamas funcionaram mais como diretrizes organizacionais do que como unidades fixas. ", - "general-guide-sujato:120": "O quinto nikāya do cânone páli, o Khuddaka Nikāya, é mais flexível e varia mais entre as tradições. Parece ter se originado como um lugar de coleta de versos e textos menores não reunidos em outro lugar. Entretanto, esta coleção do cânone páli se tornou um lugar útil para incluir textos posteriores, de modo que veio a se tornar o maior de todos os nikāyas. Embora existam referências ocasionais a uma coleção semelhante nas escolas do norte, nenhuma existe hoje sob essa forma. No entanto, muitos dos textos individuais do Khuddaka têm paralelos, especialmente o Dhammapada, que sobrevive em muitas edições diferentes. ", + "general-guide-sujato:118": "A maior unidade estrutural é geralmente conhecida como _nikāya_ na tradição textual em páli do Theravāda, e como _āgama_ nas tradições do norte. Entretanto, o termo _āgama_, embora tenha caído em desuso no Theravāda, é encontrado com bastante freqüência nos comentários em páli. ", + "general-guide-sujato:119": "Coleções similares aos quatro _nikāyas_ como encontrados no cânone páli são encontradas em todas as outras escolas. No entanto, embora a natureza geral das coleções seja semelhante, e elas estejam organizadas de maneira semelhante, o detalhe de seus conteúdos varia consideravelmente. Acontece freqüentemente que um sutta encontrado no Majjhima de uma escola, por exemplo, pode ser encontrado no Saṁyutta ou Dīgha de outra escola. Além disso, a seqüência interna dos textos é bem diferente. Assim, parece que os _nikāyas_ ou _āgamas_ funcionaram mais como diretrizes organizacionais do que como unidades fixas. ", + "general-guide-sujato:120": "O quinto _nikāya_ do cânone páli, o Khuddaka Nikāya, é mais flexível e varia mais entre as tradições. Parece ter se originado como um lugar de coleta de versos e textos menores não reunidos em outro lugar. Entretanto, esta coleção do cânone páli se tornou um lugar útil para incluir textos posteriores, de modo que veio a se tornar o maior de todos os _nikāyas_. Embora existam referências ocasionais a uma coleção semelhante nas escolas do norte, nenhuma existe hoje sob essa forma. No entanto, muitos dos textos individuais do Khuddaka têm paralelos, especialmente o Dhammapada, que sobrevive em muitas edições diferentes. ", "general-guide-sujato:121": "Quando o Buda viveu: um tempo de mudanças ", "general-guide-sujato:122": "Cada discurso começa com uma breve declaração dizendo que “certa vez” o Buda se encontrava em um determinado lugar. Desta forma, os redatores dos textos se preocuparam em localizar o Buda e seus ensinamentos em um contexto histórico e cultural específico. Os estudiosos modernos foram capazes de reconstruir uma imagem razoavelmente confiável da vida e dos tempos de Buda, confiando nos primeiros textos budistas, bem como que informações podem ser obtidas das escrituras do Bramanismo e Jainismo. ", "general-guide-sujato:123": "Infelizmente a arqueologia é de pouco uso, pois há poucos vestígios arqueológicos da época de Buda. De fato, muito pouco pode se encontrar de antes da época do rei Ashoka—que viveu talvez 150 anos depois de Buda—e tampouco da Civilização do Vale do Indo, que antecede o Buda em muitos séculos. Para o período em que estamos interessados, o que foi encontrado consiste em alguma cerâmica e pequenos artefatos similares, assim como alguns restos de fortificações em torno de Kosambī. A escassez de provas deve-se a duas razões principais. A primeira é que os edifícios na época eram na sua maioria de madeira ou outros materiais perecíveis. E a segunda é que o trabalho arqueológico na Índia tem sido muito inconsistente e incompleto. ", "general-guide-sujato:124": "O Buda viveu no século V a.C. na planície do Ganges, no norte da Índia. As datas exatas de seu nascimento e morte são incertas, mas a opinião acadêmica moderna tende a colocar seu nascimento em torno de 480 a.C. e sua morte 80 anos mais tarde em torno de 400 a.C. Ele nasceu em Lumbini e cresceu em Kapilavatthu, ambas localidades partes da república Sákya, que ocupou a área em torno da fronteira moderna entre a Índia e Nepal. Seu nome de família era Gotama; os textos mais antigos não mencionam seu nome pessoal, mas a tradição diz que era Siddhattha. ", - "general-guide-sujato:125": "Depois de seu Despertar, o Buda viajou sobre a planície do Ganges. A área que ele atravessou fazia parte da região cultural/política conhecida como as “dezesseis nações” (janapada). Esta região abrangia desde Delhi moderna ao noroeste, a fronteira de Bangladesh ao leste, a base dos Himalaias ao norte, o planalto do Decão ao sul, e Ujaim ao sudoeste. Ele passou a maior parte do tempo nas cidades de Sāvatthī no reino de Kosala e Rājagaha no reino de Magadha. Apesar da proliferação de lendas locais na maioria dos países budistas, o Buda nunca se aventurou fora desta área. ", + "general-guide-sujato:125": "Depois de seu Despertar, o Buda viajou sobre a planície do Ganges. A área que ele atravessou fazia parte da região cultural/política conhecida como as “dezesseis nações” (_janapada_). Esta região abrangia desde Delhi moderna ao noroeste, a fronteira de Bangladesh ao leste, a base dos Himalaias ao norte, o planalto do Decão ao sul, e Ujaim ao sudoeste. Ele passou a maior parte do tempo nas cidades de Sāvatthī no reino de Kosala e Rājagaha no reino de Magadha. Apesar da proliferação de lendas locais na maioria dos países budistas, o Buda nunca se aventurou fora desta área. ", "general-guide-sujato:126": "Não era apenas o Buda que estava restrito a esta região. Parece que o comércio e outros contatos culturais próximos normalmente ocorriam também dentro desta região. As referências ocasionais a lugares mais distantes—ao sul da Índia ou aos gregos—eram vagas e muitas vezes lendárias. Foi no século após a morte de Buda que os reinos do norte da Índia foram unificados e foram abertas rotas regulares de comércio internacional, primeiro para a Europa e, alguns séculos depois, para o sudeste da Ásia e China. ", "general-guide-sujato:127": "Economia e Política ", "general-guide-sujato:128": "Embora as cidades e a vida urbana estejam em destaque nos textos, elas ainda existiam em pequena escala. A economia era em grande parte rural, com a agricultura desempenhando um papel proeminente. ", @@ -139,20 +139,20 @@ "general-guide-sujato:138": "O papel tradicional de uma mulher era se casar e ter filhos. Fora isso, suas opções eram limitadas. Raramente ouvimos falar de mulheres profissionais além das profissionais do sexo. Neste contexto, a oportunidade de se ordernar como monjas permitiu que as mulheres buscassem seu próprio desenvolvimento espiritual e intelectual, atuassem como líderes e professoras e fossem respeitadas e apoiadas nesse papel. ", "general-guide-sujato:139": "Muitas das manifestações mais extremas de discriminação sexual não são encontradas nos textos budistas antigos. Não encontramos nenhuma menção a noivas crianças, imolação de viúvas, ou a subjugação essencial das mulheres aos homens. ", "general-guide-sujato:140": "A Índia ainda não havia ainda desenvolvido um sistema completo de castas. Havia alí uma divisão da sociedade muito mais simples em quatro partes: ", - "general-guide-sujato:141": "Aristocratas (khattiya) ", - "general-guide-sujato:142": "Proprietários de terras (khetta), tipicamente ricos e poderosos, engajados em questões do Estado, guerra e produção. O Buda nascera de um clã aristocrático. Os aristocratas se colocavam no mais alto nível da sociedade. ", - "general-guide-sujato:143": "Brâmanes (brāhmaṇa) ", + "general-guide-sujato:141": "Aristocratas (_khattiya_) ", + "general-guide-sujato:142": "Proprietários de terras (_khetta_), tipicamente ricos e poderosos, engajados em questões do Estado, guerra e produção. O Buda nascera de um clã aristocrático. Os aristocratas se colocavam no mais alto nível da sociedade. ", + "general-guide-sujato:143": "Brâmanes (_brāhmaṇa_) ", "general-guide-sujato:144": "Membros de uma classe de sacerdotes hereditários. Os brâmanes eram guardiões de textos sagrados chamados “Vedas”, e realizavam rituais e cerimônias para suas diversas deidades. Entretanto, na época de Buda, muitos brâmanes estavam simplesmente engajados em meios de subsistência mundanos comuns e seu papel religioso era secundário. Eles acreditavam ser os filhos de Deus (Brahmā). ", - "general-guide-sujato:145": "Comerciantes (vessa): ", + "general-guide-sujato:145": "Comerciantes (_vessa_): ", "general-guide-sujato:146": "Indivíduos engajados nos mais diversos modos e tipos de negócios e comércio. ", - "general-guide-sujato:147": "Trabalhadores (sudda) ", + "general-guide-sujato:147": "Trabalhadores (_sudda_) ", "general-guide-sujato:148": "Indivíduos que realizavam trabalho manual. ", - "general-guide-sujato:149": "Nem todos os indivíduos se encaixavam claramente neste esquema simples. Vemos referências a indivíduos sem casta e a vários povos tribais. Além disso, existiam escravos ou criados em regime de servidão. Finalmente, haviam também os ascetas (samaṇa) como o Buda que se viam como tendo deixado para trás todas essas noções de casta. ", + "general-guide-sujato:149": "Nem todos os indivíduos se encaixavam claramente neste esquema simples. Vemos referências a indivíduos sem casta e a vários povos tribais. Além disso, existiam escravos ou criados em regime de servidão. Finalmente, haviam também os ascetas (_samaṇa_) como o Buda que se viam como tendo deixado para trás todas essas noções de casta. ", "general-guide-sujato:150": "Os muitos caminhos espirituais da Índia Antiga ", "general-guide-sujato:151": "As mudanças na época de Buda não se limitaram à esfera mundana. A vida religiosa da Índia antiga era igualmente dinâmica. Por esta razão, seria um erro assumir que a Índia no tempo de Buda era principalmente uma sociedade hindu. Alguns dos elementos que compõem o hinduísmo moderno podem ser discernidos, mas a religião indiana, como a prática espiritual e religiosa de todos outras localidades, sempre esteve em um estado de fluxo e evolução. ", - "general-guide-sujato:152": "No tempo de Buda, e até hoje mesmo, os Vedas pré-Budistas antigos formaram a base para a vida espiritual dos brâmanes e daqueles que os seguiram. Rituais como o agnihotra, o derramamento diário de ghee sobre o fogo como uma oferenda para Agni, o deus do fogo — se originou muito antes da chegada do povo Ariano na Índia, e representa uma prática observada até os dias de hoje. ", - "general-guide-sujato:153": "No entanto, muitos dos deuses antigos que aparecem nos Vedas já haviam desaparecido na época de Buda, e muitas das famosas divindades do hinduísmo posterior ainda não haviam surgido. Aqueles que aparecem assumem um aspecto marcadamente diferente; deuses proeminentes como Vishnu (páli: Veṇhu) ou Shiva (páli: Siva) aparecem em papéis menores, e um deus guerreiro como Sakka (também conhecido como Indra) aparece nos textos budistas antigos como um apóstolo da paz. Não havia templos, nem imagens, nem cultos devocionais (bhakti). Não há menção de um sistema de avatars, nem de conceitos familiares da espiritualidade moderna de inspiração hindu como śakti, kuṇḍalinī, chakras, ou exercícios de yoga. ", - "general-guide-sujato:154": "Além disso, quando olhamos para os aspectos do hinduísmo moderno que estavam presentes na época, muitos deles estão completamente separados uns dos outros. Ninguém considerava, por exemplo, a adoração de um dragão local (nāga) a ter algo a ver com os ritos dos brâmanes. A característica marcante do hinduísmo—a grande síntese de idéias e práticas religiosas e filosóficas, do simples animismo ao profundo não-dualismo—ainda não era presente. Diferentes vertentes da vida religiosa eram bastante distintas e não eram consideradas como fazendo parte do mesmo caminho. ", + "general-guide-sujato:152": "No tempo de Buda, e até hoje mesmo, os Vedas pré-Budistas antigos formaram a base para a vida espiritual dos brâmanes e daqueles que os seguiram. Rituais como o _agnihotra_, o derramamento diário de ghee sobre o fogo como uma oferenda para Agni, o deus do fogo — se originou muito antes da chegada do povo Ariano na Índia, e representa uma prática observada até os dias de hoje. ", + "general-guide-sujato:153": "No entanto, muitos dos deuses antigos que aparecem nos Vedas já haviam desaparecido na época de Buda, e muitas das famosas divindades do hinduísmo posterior ainda não haviam surgido. Aqueles que aparecem assumem um aspecto marcadamente diferente; deuses proeminentes como Vishnu (páli: _Veṇhu_) ou Shiva (páli: _Siva_) aparecem em papéis menores, e um deus guerreiro como Sakka (também conhecido como Indra) aparece nos textos budistas antigos como um apóstolo da paz. Não havia templos, nem imagens, nem cultos devocionais (_bhakti_). Não há menção de um sistema de _avatars_, nem de conceitos familiares da espiritualidade moderna de inspiração hindu como _śakti_, _kuṇḍalinī_, chakras, ou exercícios de yoga. ", + "general-guide-sujato:154": "Além disso, quando olhamos para os aspectos do hinduísmo moderno que estavam presentes na época, muitos deles estão completamente separados uns dos outros. Ninguém considerava, por exemplo, a adoração de um dragão local (_nāga_) a ter algo a ver com os ritos dos brâmanes. A característica marcante do hinduísmo—a grande síntese de idéias e práticas religiosas e filosóficas, do simples animismo ao profundo não-dualismo—ainda não era presente. Diferentes vertentes da vida religiosa eram bastante distintas e não eram consideradas como fazendo parte do mesmo caminho. ", "general-guide-sujato:155": "Assim, os historiadores não se referem à religião brahmânica da época como hinduísmo, mas sim como vedismo ou bramanismo. Foi quase mil anos depois que o movimento reconhecível como hinduísmo moderno se tornou proeminente na Índia. Com certeza, grande parte do hinduísmo é extraída dos Vedas, da mesma forma que grande parte do catolicismo é extraída das escrituras hebraicas que os cristãos chamam de Antigo Testamento. Mas se você encontrasse Abraão ou Noé e se dirigisse a eles como “católicos”, eles não saberiam do que você está falando. E os indianos da época de Buda também não estariam familiarizados com a própria idéia do “hinduísmo”. ", "general-guide-sujato:156": "Apesar de tudo isso, há uma afirmação frequentemente repetida de que o Buda “nasceu, viveu e morreu como hindu”, atribuída ao grande pioneiro da Indologia, Thomas Rhys Davids. Embora seja verdade que ele escreveu isto, foi em uma obra inicial, na página 116 do livro Buddhism: its history and literature, que registra uma série de palestras publicada em 1896. Mas em 1912 sua visão havia mudado, pois na página 83 do livro Buddhism: Being a sketch of the life and teachings of Gautama, the Buddha, ele escreve: ", "general-guide-sujato:157": "Gautama nasceu e cresceu, e viveu, e morreu como um típico índiano. Em seus dias o hinduísmo ainda não havia surgido. ", @@ -165,19 +165,19 @@ "general-guide-sujato:164": "Animismo ", "general-guide-sujato:165": "Nas aldeias e cidades da Índia antiga, a religião popular mais difundida era a crença na realidade onipresente dos espíritos na natureza. Tais divindades incorporavam aspectos do clima ou viviam nas plantas, rios ou cavernas; elas podiam promover a abundância ou assumir formas ferozes e ameaçadoras. Elas não eram confiáveis, mas podiam ser cortejadas por meio de simples oferendas de arroz, flores ou ghee. ", "general-guide-sujato:166": "As crenças animistas derivavam de lendas e rituais locais, não da filosofia religiosa. No entanto, os caminhos religiosos mais elevados, como o budismo ou o jainismo, em vez de reprimir tais crenças, permitiam atribuir-lhes um papel menor no esquema das coisas, desde que eliminassem práticas prejudiciais como o sacrifício humano ou animal. ", - "general-guide-sujato:167": "Em todos os textos budistas, ouvimos falar de yakkhas (espíritos), nāgas (dragões), gandhabbas (fadas), garudas (fênixes), e outros mais. A atitude budista em relação a esses seres pode ser melhor descrita como “boa vizinhança”. Nem eles, nem quaisquer seres superiores, são adorados ou louvados visando a salvação. Em vez disso, são tratados com respeito e dignidade, pois quem sabe? Se forem reais, melhor é bom tê-los ao seu lado. ", + "general-guide-sujato:167": "Em todos os textos budistas, ouvimos falar de _yakkhas_ (espíritos), _nāgas_ (dragões), _gandhabbas_ (fadas), _garudas_ (fênixes), e outros mais. A atitude budista em relação a esses seres pode ser melhor descrita como “boa vizinhança”. Nem eles, nem quaisquer seres superiores, são adorados ou louvados visando a salvação. Em vez disso, são tratados com respeito e dignidade, pois quem sabe? Se forem reais, melhor é bom tê-los ao seu lado. ", "general-guide-sujato:168": "Bramanismo ", "general-guide-sujato:169": "A casta que se autodenominava “brâmane” herdou um antigo corpo de sabedoria sagrada conhecido como Vedas. Este consistia em conjuntos de escrituras orais, entre as quais o Ṛg Veda era o principal. Nos textos budistas antigos são mencionados três Vedas: Ṛg, Sama, e Yajur; o Atharva é mencionado, mas ainda não era considerado um Veda. ", "general-guide-sujato:170": "O Ṛg Veda surgiu do meio cultural e religioso dos antigos povos indo-europeus. Ele compartilha uma herança comum com os textos avestanos do zoroastrismo iraniano e, mais remotamente, com as mitologias da Europa. ", "general-guide-sujato:171": "Parece que os povos indo-europeus se mudaram para a Índia cerca de um milênio antes do Buda, com clãs distintos mantendo conjuntos de tradições sagradas. Nos primeiros séculos do primeiro milênio antes da era cristã, na área conhecida como país Kuru (moderna Delhi), os clãs foram unificados no reino bramânico clássico, cuja história ecoa no Mahābharata. O Ṛg Veda foi forjado a partir dos livros dos clãs, embrulhado em capítulos iniciais e finais enfatizando a unidade. Na época do Buda, a cultura e a linguagem bramânicas já haviam se tornado fortemente estabelecidas nas regiões mais ao sul e a leste onde o Buda vivia. ", "general-guide-sujato:172": "Os brâmanes insistiam na santidade de sua casta, na eficácia de seus rituais, na verdade de suas escrituras e na onipotência de sua divindade. O Buda rejeitou de imediato todas essas afirmações. ", "general-guide-sujato:173": "No entanto, as tradições bramânicas estavam longe de ser um monólito unificado. Vemos uma forte linha de questionamento da tradição, de busca de novos caminhos, de busca fervorosa da verdade; e tais atitudes são tão fortes nos textos bramânicos quanto nos textos budistas. ", - "general-guide-sujato:174": "Os brâmanes eram tipicamente homens de família, vivendo uma vida estável e esperando um certo grau de respeito social e posição devido ao seu aprendizado e casta. Mas alguns brâmanes adotavam um estilo de vida ascético, aparentemente influenciado pelos samaṇas. ", - "general-guide-sujato:175": "Nas gerações anteriores ao Buda, a filosofia bramânica atingiu o auge nos Upanixades, com seus debates sofisticados e filosofia mística da unidade essencial do eu e do cosmos. Esses textos formam o contexto dialético imediato da filosofia do Buda. Yājñavalkya, um filósofo chave dos Upanixades, viveu nos arredores de Mithila, na mesma região por onde Buda andou, não mais do que um ou dois séculos antes dele. Aparentemente, alguns Upanixades iniciais são mencionados no DN 13 Discurso sobre os Três Conhecimentos (Tevijjasutta), e a doutrina fundamentada em um “eu” dos Upanixades (ātman) foi rejeitada de forma proeminente pelo Buda em seu ensinamento mais distinto: não-eu (anattā). ", + "general-guide-sujato:174": "Os brâmanes eram tipicamente homens de família, vivendo uma vida estável e esperando um certo grau de respeito social e posição devido ao seu aprendizado e casta. Mas alguns brâmanes adotavam um estilo de vida ascético, aparentemente influenciado pelos _samaṇas_. ", + "general-guide-sujato:175": "Nas gerações anteriores ao Buda, a filosofia bramânica atingiu o auge nos Upanixades, com seus debates sofisticados e filosofia mística da unidade essencial do eu e do cosmos. Esses textos formam o contexto dialético imediato da filosofia do Buda. Yājñavalkya, um filósofo chave dos Upanixades, viveu nos arredores de Mithila, na mesma região por onde Buda andou, não mais do que um ou dois séculos antes dele. Aparentemente, alguns Upanixades iniciais são mencionados no DN 13 Discurso sobre os Três Conhecimentos (Tevijjasutta), e a doutrina fundamentada em um “eu” dos Upanixades (_ātman_) foi rejeitada de forma proeminente pelo Buda em seu ensinamento mais distinto: não-eu (_anattā_). ", "general-guide-sujato:176": "Os Samaṇas ", - "general-guide-sujato:177": "O conjunto complexo de movimentos religiosos conhecidos como samaṇas ou “ascetas” era bem distinto dos brâmanes, e muitas vezes opostos a estes. Seis escolas ascéticas proeminentes eram reconhecidas na época do Buda. O Buda também se considerava um asceta, em vista das muitas semelhanças entre seu próprio movimento e o deles. ", - "general-guide-sujato:178": "Como os mendicantes budistas, os outros samaṇas eram tipicamente renunciantes celibatários, vivendo na solidão ou em comunidades monásticas e dependendo de comida esmolada para se alimentar. Dentre estes, o grupo mais famoso—e o único que sobreviveu até hoje—foi o Jainismo, que floresceu sob seu líder Mahāvīra, conhecido como Nigaṇṭha Nātaputta nos textos budistas. ", - "general-guide-sujato:179": "Os grupos ascéticos compartilhavam uma atitude iconoclasta e todos rejeitavam o sistema bramânico in toto. No entanto, eles variavam entre si, conforme mostrado em seus ensinamentos atestados no DN 2 Discursos sobre os Frutos da Vida Ascética (Sāmaññaphalasutta), bem como no MN 60 e no MN 76.Alguns enfatizavam a austeridade e automortificação, outros a racionalidade e o debate. Alguns defendiam um esforço ardente, outros um fatalismo resignado. Alguns ensinaram o renascimento, enquanto outros afirmaram que este mundo material era a única realidade. ", + "general-guide-sujato:177": "O conjunto complexo de movimentos religiosos conhecidos como _ samaṇas _ ou “ascetas” era bem distinto dos brâmanes, e muitas vezes opostos a estes. Seis escolas ascéticas proeminentes eram reconhecidas na época do Buda. O Buda também se considerava um asceta, em vista das muitas semelhanças entre seu próprio movimento e o deles. ", + "general-guide-sujato:178": "Como os mendicantes budistas, os outros _samaṇas_ eram tipicamente renunciantes celibatários, vivendo na solidão ou em comunidades monásticas e dependendo de comida esmolada para se alimentar. Dentre estes, o grupo mais famoso—e o único que sobreviveu até hoje—foi o Jainismo, que floresceu sob seu líder Mahāvīra, conhecido como Nigaṇṭha Nātaputta nos textos budistas. ", + "general-guide-sujato:179": "Os grupos ascéticos compartilhavam uma atitude iconoclasta e todos rejeitavam o sistema bramânico _in toto_. No entanto, eles variavam entre si, conforme mostrado em seus ensinamentos atestados no DN 2 Discursos sobre os Frutos da Vida Ascética (Sāmaññaphalasutta), bem como no MN 60 e no MN 76.Alguns enfatizavam a austeridade e automortificação, outros a racionalidade e o debate. Alguns defendiam um esforço ardente, outros um fatalismo resignado. Alguns ensinaram o renascimento, enquanto outros afirmaram que este mundo material era a única realidade. ", "general-guide-sujato:180": "Embora suas doutrinas possam parecer floreadas e obscuras, e suas práticas às vezes bizarras e sem sentido, estes movimentos ascéticos representam um testemunho duradouro da diversidade, vigor e inovação da vida religiosa na Índia antiga. ", "general-guide-sujato:181": "Cosmologia ", "general-guide-sujato:182": "Um tema recorrente em muitas das vertentes religiosas da Índia é a preocupação com o assunto da cosmologia. Esperava-se que uma filosofia religiosa apresentasse um modelo do mundo em grande escala e indicasse o papel da humanidade nele. Como todos os aspectos da vida religiosa, essas cosmologias eram parcialmente compartilhadas entre as tradições. Ao mesmo tempo, cada tradição possuía aspectos únicos em termos de cosmologia. ", @@ -187,33 +187,33 @@ "general-guide-sujato:186": "As tradições bramânicas dominantes diziam no entanto que era devido à realização de rituais e sacrifícios aos deuses. ", "general-guide-sujato:187": "Alguns diziam que o renascimento era determinado por ações intencionais, morais ou imorais. ", "general-guide-sujato:188": "Este último ponto de vista era sustentado por algumas escolas ascéticas, como o budismo e o jainismo, e algumas das linhas mais avançadas e inovadoras do bramanismo. Essas tradições compartilhavam uma concepção de transmigração que, em muitos aspectos, bastante semelhante. Três elementos comuns podem ser discernidos: ", - "general-guide-sujato:189": "Todos os seres sencientes renascem inúmeras vezes num processo chamado saṁsāra (“transmigração”). ", - "general-guide-sujato:190": "Este processo é determinados pelas escolhas éticas (kamma). Boas escolhas ou atos levam a um renascimento agradável; as más ações levam a um renascimento infeliz. ", + "general-guide-sujato:189": "Todos os seres sencientes renascem inúmeras vezes num processo chamado _saṁsāra_ (“transmigração”). ", + "general-guide-sujato:190": "Este processo é determinados pelas escolhas éticas (_kamma_). Boas escolhas ou atos levam a um renascimento agradável; as más ações levam a um renascimento infeliz. ", "general-guide-sujato:191": "A verdadeira salvação não é encontrada em nenhum dos planos ou reinos de existência, mas apenas na libertação da própria transmigração. ", "general-guide-sujato:192": "Enquanto estes aspectos da cosmologia eram compartilhados, os detalhes diferiam tanto na teoria quanto na prática. ", - "general-guide-sujato:193": "A teoria dos jainistas e bramanistas propunha que a transmigração era experimentada por uma alma ou eu que poderia alcançar a liberdade. Para os jainistas, a alma individual (jīva) atingiria a pureza e a bem-aventurança eternas. Para os mais sofisticados entre os bramanistas, o eu individual (ātman) perceberia sua verdadeira natureza como idêntica à divindade que é o próprio cosmos (Sanskrit: tat tvam asi; Pali: eso hasmasmi; so attā so loko). ", - "general-guide-sujato:194": "O Buda rejeitou todas essas noções metafísicas de eu ou alma. Em vez disso, ele explicou a transmigração como um processo contínuo de mudança de condições, famosamente formulado nos doze elos de originação dependente (paṭicca samuppāda). ", - "general-guide-sujato:195": "Em termos de aplicação prática de sua teoria, os jainistas acreditavam que o caminho para a salvação era, em primeiro lugar, evitar ferir quaisquer seres sencientes, mesmo não intencionalmente, e em seguida queimar ou consumar o kamma passado através da dolorosa auto-mortificação. Essas práticas são descritas com frequência e em detalhes, atestando sua proeminência na vida espiritual indiana antiga. ", + "general-guide-sujato:193": "A teoria dos jainistas e bramanistas propunha que a transmigração era experimentada por uma alma ou eu que poderia alcançar a liberdade. Para os jainistas, a alma individual (_jīva_) atingiria a pureza e a bem-aventurança eternas. Para os mais sofisticados entre os bramanistas, o eu individual (_ātman_) perceberia sua verdadeira natureza como idêntica à divindade que é o próprio cosmos (Sanskrit: _tat tvam asi_; Pali: _eso hasmasmi_; _so attā so loko_). ", + "general-guide-sujato:194": "O Buda rejeitou todas essas noções metafísicas de eu ou alma. Em vez disso, ele explicou a transmigração como um processo contínuo de mudança de condições, famosamente formulado nos doze elos de originação dependente (_paṭicca samuppāda_). ", + "general-guide-sujato:195": "Em termos de aplicação prática de sua teoria, os jainistas acreditavam que o caminho para a salvação era, em primeiro lugar, evitar ferir quaisquer seres sencientes, mesmo não intencionalmente, e em seguida queimar ou consumar o _kamma_ passado através da dolorosa auto-mortificação. Essas práticas são descritas com frequência e em detalhes, atestando sua proeminência na vida espiritual indiana antiga. ", "general-guide-sujato:196": "Os brâmanes, como visto nos suttas, não tinham um caminho tão claro e inequívoco para um objetivo mais elevado e, de fato, são descritos como discutindo entre si quanto ao caminho correto. Isso reflete a situação histórica, onde os objetivos anteriores, mais simples e mais mundanos do bramanismo védico evoluíam para uma forma mais sofisticada baseada nos Upanixades. ", - "general-guide-sujato:197": "Para os Upanixades, a chave para a salvação era o entendimento. Somente aquele que entende os rituais e filosofias corretamente (ya evam veda) experimentará todos os seus benefícios. Nos séculos anteriores ao Buda, esse caminho de sabedoria se desenvolveu em uma profunda cultura contemplativa, expressa nas passagens extáticas e místicas dos Upanixades. ", + "general-guide-sujato:197": "Para os Upanixades, a chave para a salvação era o entendimento. Somente aquele que entende os rituais e filosofias corretamente (_ya evam veda_) experimentará todos os seus benefícios. Nos séculos anteriores ao Buda, esse caminho de sabedoria se desenvolveu em uma profunda cultura contemplativa, expressa nas passagens extáticas e místicas dos Upanixades. ", "general-guide-sujato:198": "O Buda compartilhava da preocupação que os jainistas tinham em evitar o mal, mas rejeitou a prática de austeridades extremas. Em vez de tormento corporal, ele enfatizou o desenvolvimento da mente. ", "general-guide-sujato:199": "Certas linhagens bramânicas desenvolveram a meditação em alto grau, mas os estados meditativos ainda eram concebidos em termos metafísicos. O Buda adotou essas meditações por seu valor na purificação da mente, mas as interpretou em termos puramente psicológicos, rejeitando inteiramente a metafísica. ", "general-guide-sujato:200": "Um dos benefícios da meditação avançada era que o praticante desenvolveria a habilidade de perceber muitas vidas passadas e muitos dos planos nos quais os seres podem renascer. Nisto, podemos distinguir entre os textos doutrinários centrais, que normalmente falam de renascimento em termos gerais como destinos bons ou ruins, e as porções narrativas, que descrevem os domínios do renascimento nos termos da cosmologia indiana popular antiga. ", "general-guide-sujato:201": "Os textos budistas antigos não tentam sistematizar esses domínios em grandes detalhes. Na verdade, as várias divindades e reinos mencionados desafiam qualquer categorização simples. Mais tarde, o budismo desenvolveu uma teoria de vários reinos, às vezes chamados de 31 planos de existência, mas isso não representa totalmente a situação encontrada nos textos antigos. ", "general-guide-sujato:202": "Aqui segue uma visão geral dos domínios mais importantes encontrados nos suttas. É crucial lembrar que, na visão budista, todas essas coisas, mesmo as mais elevadas, são impermanentes e não constituem a verdadeira liberdade. Eles não são planos metafísicos separados, mas meras estações nas quais a consciência pode passar algum tempo durante sua longa jornada. ", "general-guide-sujato:203": "Reinos ou planos de Brahmā ", - "general-guide-sujato:204": "Os planos de existência mais elevados, que correspondem às realizações da meditação de absorção (jhāna), e só podem ser alcançados por aqueles adeptos nos jhānas. Os reinos de Brahmā incluem os planos de existência baseados na forma luminosa (rūpaloka) e os planos não baseados na forma (arūpaloka). Os primeiros são alcançados por meio das quatro absorções primárias. Nesse contexto, a palavra “forma” se refere ao eco refinado e radiante ou reflexo do objeto de meditação original no qual esses estados se baseiam. Os estados sem forma estão além disso e são realizados quando até mesmo essa luminosidade sutil desaparece. ", + "general-guide-sujato:204": "Os planos de existência mais elevados, que correspondem às realizações da meditação de absorção (_jhāna_), e só podem ser alcançados por aqueles adeptos nos _jhānas_. Os reinos de Brahmā incluem os planos de existência baseados na forma luminosa (_rūpaloka_) e os planos não baseados na forma (_arūpaloka_). Os primeiros são alcançados por meio das quatro absorções primárias. Nesse contexto, a palavra “forma” se refere ao eco refinado e radiante ou reflexo do objeto de meditação original no qual esses estados se baseiam. Os estados sem forma estão além disso e são realizados quando até mesmo essa luminosidade sutil desaparece. ", "general-guide-sujato:205": "Reinos ou paraísos de prazeres sensuais ", "general-guide-sujato:206": "Muitos deles são mencionados, mais comumente o reino dos Trinta e Três, governado por Sakka. É dito que vários dos seres de crenças animistas indianas habitam as camadas mais baixas desses reinos. ", "general-guide-sujato:207": "Reino ou plano humano ", "general-guide-sujato:208": "O reino mais importante, onde os Budas surgem e o caminho espiritual é ensinado. ", "general-guide-sujato:209": "Reinos ou planos inferiores ", - "general-guide-sujato:210": "Estes planos incluiem o reino animal, o reino dos fantasmas e os infernos. O reino dos asuras—titãs ou demônios—é geralmente classificado aqui nas cosmologias posteriores, mas os primeiros textos parecem tratá-los habitantes dos reinos ou paraísos de prazeres sensuais. ", + "general-guide-sujato:210": "Estes planos incluiem o reino animal, o reino dos fantasmas e os infernos. O reino dos _asuras_—titãs ou demônios—é geralmente classificado aqui nas cosmologias posteriores, mas os primeiros textos parecem tratá-los habitantes dos reinos ou paraísos de prazeres sensuais. ", "general-guide-sujato:211": "O Buda ensinou que fazer o bem e evitar o mal seria o caminho para renascer em um dos planos de existência feliz, o que inclui o plano de existência humana e todos os outros planos ou reinos mais elevados. No entanto, o ir e vir da transmigração é longo e imprevisível, e assim nenhum paraíso ou plano feliz de existência oferece um refúgio certo ou previsível. ", "general-guide-sujato:212": "Longe de ensinar o renascimento como um consolo para seguidores ingênuos incapazes de enfrentar a inevitabilidade da morte, o renascimento é descrito em termos traumáticos e aterrorizantes: a quantidade de lágrimas que derramadas no curso infinito da transmigração [e maior do que a quantidade de água em todos os oceanos do mundo. Assim, o verdadeiro significado de fazer boas ações não é apenas obter um renascimento melhor, mas estabelecer os alicerces de um desenvolvimento espiritual superior, principalmente através da meditação. ", - "general-guide-sujato:213": "No ensinamento fundamental das quatro nobres verdades, o desejo é apontado como a origem de todo sofrimento relacionado o renascimento (yāyaṁ taṇhā ponobbhavikā). A prática do nobre caminho óctuplo é a única coisa que permite abandonar esse desejo e se libertar do sofrimento. Isso é o que Buda chamou de “extinção” ou “cessação” (Pali: nibbāna; Sanskrit nirvāṇa). ", + "general-guide-sujato:213": "No ensinamento fundamental das quatro nobres verdades, o desejo é apontado como a origem de todo sofrimento relacionado o renascimento (_yāyaṁ taṇhā ponobbhavikā_). A prática do nobre caminho óctuplo é a única coisa que permite abandonar esse desejo e se libertar do sofrimento. Isso é o que Buda chamou de “extinção” ou “cessação” (Pali: _nibbāna_; Sanskrit _nirvāṇa_). ", "general-guide-sujato:214": "Sobre os comentários em páli ", - "general-guide-sujato:215": "Os textos do canône páli são acompanhados por um extenso e detalhado conjunto de comentários (aṭṭhakathā) e comentários secundários (ṭīkā). Esses textos são, para a maioria das pessoas, ainda mais misteriosos do que o próprio cânone, então é válido dizer algumas coisas sobre estes. ", + "general-guide-sujato:215": "Os textos do canône páli são acompanhados por um extenso e detalhado conjunto de comentários (_aṭṭhakathā_) e comentários secundários (_ṭīkā_). Esses textos são, para a maioria das pessoas, ainda mais misteriosos do que o próprio cânone, então é válido dizer algumas coisas sobre estes. ", "general-guide-sujato:216": "Os principais comentários foram compilados pelo monge Buddhaghosa no mosteiro Mahāvihāra em Anuradhapura, então capital do Sri Lanka, no século V. Buddhaghosa herdou uma série de comentários mais antigos na antiga língua cingalesa, agora perdidos. Eles foram compilados ao longo dos séculos no Sri Lanka, principalmente entre cerca de 200 aC e 200 dC; isto é, a criação de conteúdo principal dos comentários se encerrara vários séculos antes de Buddhaghosa. ", "general-guide-sujato:217": "Era tudo um pouco bagunçado, com textos em páli e comentários em cingalês, e uma diversa gama de outros textos contendo comentários. Buddhaghosa pretendia simplificar a situação combinando todos os comentários antigos em um único sistema, traduzido para o pali. ", "general-guide-sujato:218": "O trabalho de Buddhaghosa permanece como uma realização extraordinária de erudição tradicional. Ele tinha um domínio quase sobrenatural de seus materiais, e a clareza e o rigor de seus escritos tornam fácil o que seria uma tarefa extremamente difícil. É fundamental lembrar que ele viu seu trabalho como o de editor, compilador e tradutor. Isso é o que ele afirmava estar fazendo e, de tudo o que sabemos sobre seu trabalho, ele era um estudioso íntegro que fez exatamente o que se propôs a fazer. Quando sentiu necessidade de expressar sua própria opinião, ele a registrou como tal; mas tais intervenções eram raras e hesitantes. Os comentários são o registro de discussões e explicações dos textos em Pali transmitidos na tradição do mosteiro de Mahāvihāra, não as opiniões pessoais de Buddhaghosa. ", @@ -223,12 +223,12 @@ "general-guide-sujato:222": "Isso sempre me pareceu um bom conselho, e tentei segui-lo. O objetivo do comentário é ajudar a explicar os suttas. Onde os suttas são claros—e na maioria das vezes o são—não há necessidade de se consultar o comentário. A única coisa extra que eu acrescentaria é que, além dos comentários principais e secundários, atualmente também temos paralelos em chinês e sânscrito para nos ajudar a entender passagens difíceis. ", "general-guide-sujato:223": "Nesses guias, as explicações dos comentários foram quase que completamente deixadas de lado. Em vários aspectos, as explicações dadas diferem das encontradas nos comentários. Isto reflete uma escolha consciente e as razões para tal foram registradas em outros lugares. Não é a intenção sobrecarregar os guias litigando novamente todas as controvérsias. E os comentários não são contraditos por ignorância ou teimosia, mas porque depois de muitos anos de estudo, contemplação, discussão e prática, algumas coisas passam a serem vistas de forma diferente. ", "general-guide-sujato:224": "Uma história textual breve e incompleta ", - "general-guide-sujato:225": "A importância dos nikāyas tem sido reconhecida por estudiosos europeus desde o início. Aqui são discutidas os detalhes das edições e traduções nos ensaios sobre os nikāyas, e assim como são feitas algumas observações gerais. ", + "general-guide-sujato:225": "A importância dos _nikāyas_ tem sido reconhecida por estudiosos europeus desde o início. Aqui são discutidas os detalhes das edições e traduções nos ensaios sobre os _nikāyas_, e assim como são feitas algumas observações gerais. ", "general-guide-sujato:226": "Durante o século 19, estudiosos europeus foram descobriram a tradição páli, vendo nela uma fonte confiável de informações sobre o Buda, sua época e seus ensinamentos. Um funcionário público inglês no Sri Lanka, Thomas Rhys Davids, aprendeu o idioma páli com monges, inicialmente para ajudá-lo a entender melhor as práticas jurídicas do Sri Lanka. Reconhecendo a importância desses textos, ele retornou à Inglaterra e estabeleceu a Pali Text Society (PTS), amplamente financiada por doadores asiáticos. Eles obtiveram manuscritos em folha de palmeira, com base nos quais a PTS preparou edições impressas dos principais textos em Pali. ", "general-guide-sujato:227": "As edições da PTS introduziram uma série de idéias originadas na erudição européia. Obviamente, eles usaram um conjunto de convenções para apresentar escritas índicas com caracteres comuns aos idiomas europeus. Este sistema não envolve perdas, portanto, os textos podem ter sido alterados automaticamente quando convertidos de um sistema de escrita para outro. Ele permite uma comparação fácil entre as edições do cânone Pali de diferentes países, que tradicionalmente foram registrados com base nos sistemas de escrita locais. As edições da PTS também introduziram títulos no início dos textos, pontuação e capitalização, números de página, notas de rodapé, leituras variantes e várias outras inovações modernas. ", "general-guide-sujato:228": "Uma inovação que não foi implementada de forma consistente foi o uso de números de capítulo e seção. Eles foram adicionados às edições da PTS do Dīgha Nikāya e do Vinaya, e foram usadas em traduções subsequentes. No entanto, a maioria das edições PTS carecem dessas seções, com a infeliz consequência de que as referências acadêmicas de textos em Pali ainda são baseadas no volume e na página da edição PTS, um sistema que não é prático nem preciso. ", "general-guide-sujato:229": "As edições PTS foram inovadoras e exerceram uma influência sem paralelo no budismo moderno, tanto no Oriente como no Ocidente. Os estudiosos asiáticos estão bem cientes destas, com a conseqüência de que provavelmente é difícil encontrar qualquer edição impressa do século 20 que esteja completamente livre de sua influência. No entanto, os textos da PTS não são particularmente confiáveis. Eles foram montados ao longo de um considerável período de tempo, com escassos recursos e pouca mão-de-obra. Os editores usaram quaisquer manuscritos que tivessem em mãos e, além de uma preferência geral por convenções originárias do Sri Lanka, sendo difícil discernir uma metodologia consistente ou clara em suas escolhas de redações. As limitações dessas edições são bem conhecidas entre os especialistas na área e, em alguns casos, edições atualizadas e aprimoradas foram publicadas. ", - "general-guide-sujato:230": "No caso das traduções aqui apresentadas nikāyas, Ajahn Sujato preferiu usar a edição chamada de Mahāsaṅgīti. Esta é essencialmente uma representação digital da tradição textual birmanesa do 6º Concílio, ela mesma baseada no texto do 5º Concílio do século 19. Esta é baseada na edição digital preparada pelo Vipassana Research Institute, com extensa revisão e correções pela Dhamma Society of Bangkok. A edição Mahāsaṅgīti é um texto digital consistente e cuidadosamente editado, e por esse motivo foi escolhido como o texto-raiz pálo para o SuttaCentral. Mas não se deve presumir que seja o mais autêntico. Pelo contrário, ela preserva as leituras birmanesas, que tendem a corrigir o texto em conformidade com as gramáticas pali. No entanto, em quase todos esses casos, não há diferença no significado, apenas pequenas diferenças na grafia. ", + "general-guide-sujato:230": "No caso das traduções aqui apresentadas _nikāyas_, Ajahn Sujato preferiu usar a edição chamada de Mahāsaṅgīti. Esta é essencialmente uma representação digital da tradição textual birmanesa do 6º Concílio, ela mesma baseada no texto do 5º Concílio do século 19. Esta é baseada na edição digital preparada pelo Vipassana Research Institute, com extensa revisão e correções pela Dhamma Society of Bangkok. A edição Mahāsaṅgīti é um texto digital consistente e cuidadosamente editado, e por esse motivo foi escolhido como o texto-raiz pálo para o SuttaCentral. Mas não se deve presumir que seja o mais autêntico. Pelo contrário, ela preserva as leituras birmanesas, que tendem a corrigir o texto em conformidade com as gramáticas pali. No entanto, em quase todos esses casos, não há diferença no significado, apenas pequenas diferenças na grafia. ", "general-guide-sujato:231": "Como a maioria dos tradutores, quando as edições variam, não se aderiu necessáriamente a uma edição específica, tendo sido usado o pareceu ser a melhor leitura em cada caso. Referências às edições da PTS foram feitas com bastante frequência. Mais raramente, foi consultada a edição romanizada intitulada Buddha Jayanthi encontrada no arquivo GRETIL (Göttingen Register of Electronic Texts in Indian Languages); observe, no entanto, que a edição digital é amplamente considerada inferior ao original preservado na escrita cingalesa. Ocasionalmente, também foi consultada a edição Rama 5 que preserva os textos em caracteres tailandeses. Também foram consultadas traduções pre-existentes, especialmente as de Bhikkhu Bodhi. ", "general-guide-sujato:232": "Em casos problemáticos, o original em páli foi comparadao com os paralelos em sânscrito e chinês; não foram usadas fontes tibetanas. No entanto, em todos os casos, a intenção primordial foi de se representar com precisão os textos em páli. Apenas em alguns casos excepcionais os paralelos em sânscrito ou chinês foi usado para se corrigir o Pali." } \ No newline at end of file diff --git a/translation/pt/site/home_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/home_translation-pt-site.json index 9b96344293ba..a2faabd198f3 100644 --- a/translation/pt/site/home_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/home_translation-pt-site.json @@ -1,5 +1,5 @@ { - "home:1": "Tipiṭaka—as Três Cestas do cânone budista ", + "home:1": "Tipiṭaka—*as* Três Cestas *do* cânone budista ", "home:2": "Vídeo promocional do SuttaCentral (2020) ", "home:3": "A sabedoria do Buda foi preservada em um vasto oceano de textos antigos.
Muitas dessas escrituras se encontram traduzidas nos diversos idiomas do mundo. ", "home:4": "O SuttaCentral reúne estas traduções e as torna disponíveis gratuitamente.
Deixando de lado os limites da linguagem e tradição, deixamos o Buda falar por si próprio. ", @@ -35,7 +35,7 @@ "home:34": "Testemunhos ", "home:35": "Manuscrito em páli originário do Mianmar ", "home:36": "Um guia do leitor para os discursos em páli ", - "home:37": "Os suttas do Cânone Páli (Tipiṭaka), especialmente os quatro principais nikāyas, são leitura essencial para qualquer um que deseje compreender o Buda e seus ensinamentos. Eles foram preservados e transmitidos no idioma páli pela tradição do budismo Theravāda como a palavra de Buda. ", + "home:37": "Os suttas do Cânone Páli (Tipiṭaka), especialmente os quatro principais _nikāyas_, são leitura essencial para qualquer um que deseje compreender o Buda e seus ensinamentos. Eles foram preservados e transmitidos no idioma páli pela tradição do budismo Theravāda como a palavra de Buda. ", "home:38": "Guias ", "home:39": "Manuscrito birmanês contendo o texto do bhikkhu-patimokkha, do século XIX, parte da coleção da British Library. ", "home:40": "Índices e terminologia ", diff --git a/translation/pt/site/interface_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/interface_translation-pt-site.json index 71d22d502d3c..a549d61f75a1 100644 --- a/translation/pt/site/interface_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/interface_translation-pt-site.json @@ -122,7 +122,7 @@ "interface:alwaysShowToolbar": "Sempre mostrar a barra de ferramentas ", "interface:anEssayTitle": "Os discursos enumerados: ensinamentos sempre úteis ", "interface:anGuideSujato": "Guia para os discursos enumerados ", - "interface:anGuideSujatoTitle": "enumerados: ensinamentos sempre úteis ", + "interface:anGuideSujatoTitle": " enumerados: ensinamentos sempre úteis ", "interface:anIntroductionBodhi": "Um guia temático para os discursos temáticos do Aṅguttara Nikāya ", "interface:anIntroductionBodhiTitle": "Um guia temático para os discursos temáticos do Aṅguttara Nikāya ", "interface:browseTooltip": "Navegue em outro idioma ", diff --git a/translation/pt/site/introduction_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/introduction_translation-pt-site.json index 9ec30a887b55..3b06b2c23465 100644 --- a/translation/pt/site/introduction_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/introduction_translation-pt-site.json @@ -18,9 +18,9 @@ "introduction:17": "no idioma páli, ou ", "introduction:18": "tripiṭaka ", "introduction:19": "em sânscrito. As três cestas são: ", - "introduction:20": "Discursos: Sutta no idioma páli, ou sūtra em sânscrito. Estes são os textos principais do tipiṭaka, que consistem em registros de ensinamentos ou conversas do Buda ou de seus discípulos, e organizados por estilo literário ou assunto. ", - "introduction:21": "Código de disciplina monástica: Vinaya em ambos idiomas páli e sânscrito. Estes contêm a famosa lista de regras (pātimokkha) adotadas por monges e monjas budistas. Mas o Vinaya é muito mais do que isso, ele inclui muitos detalhes da rotina monástica no contexto da vida em comunidade e uma infinidade de histórias sobre a vida na Índia antiga. ", - "introduction:22": "Abhidhamma: escrito abhidharma em sânscrito. Os textos do Abhidhamma são resumos sistemáticos e análises dos ensinamentos retirados dos discursos iniciais ou antigos. ", + "introduction:20": "**Discursos:** _Sutta_ no idioma páli, ou _sūtra_ em sânscrito. Estes são os textos principais do tipiṭaka, que consistem em registros de ensinamentos ou conversas do Buda ou de seus discípulos, e organizados por estilo literário ou assunto. ", + "introduction:21": "**Código de disciplina monástica:** _Vinaya_ em ambos idiomas páli e sânscrito. Estes contêm a famosa lista de regras (_pātimokkha_) adotadas por monges e monjas budistas. Mas o Vinaya é muito mais do que isso, ele inclui muitos detalhes da rotina monástica no contexto da vida em comunidade e uma infinidade de histórias sobre a vida na Índia antiga. ", + "introduction:22": "**Abhidhamma:** escrito _abhidharma_ em sânscrito. Os textos do Abhidhamma são resumos sistemáticos e análises dos ensinamentos retirados dos discursos iniciais ou antigos. ", "introduction:23": "Cada tradição budista preservou de modo independente por mais de mil anos suas coleções de escrituras. No entanto, quando analisamos lado à lado as escrituras contendo os discursos e os códigos de disciplina monástica das diferentes tradições, estas se mostram semelhantes ou idênticas em todas as características principais, assim como em bastantes detalhes menores. Desde o século XIX, vários estudiosos observaram essas equivalências e as compilaram. ", "introduction:24": "A maioria dos textos antigos foi digitalizada. Para saber mais sobre a história deste processo, veja o artigo Ingresso Digital de Textos Budistas (inglês) por Lewis Lancaster na Encyclopedia of Buddhism. Além disso, foram produzidas traduções em vários idiomas, tendo como foco principalmente os textos mais conhecidos dos discursos de Pali. ", "introduction:25": "O SuttaCentral baseia-se nessa longa história para apresentar três tipos principais de conteúdo. ", @@ -30,8 +30,8 @@ "introduction:29": "Os textos antigos da coleção Āgama e da coleção relativa ao Vinaya da edição Taishō do cânone chinês. Como fonte digital para tais textos confiamos na organização CBETA. ", "introduction:30": "Uma gama muito menor de textos antigos da coleçãoKangyur do budismo tibetano. ", "introduction:31": "Os fragmentos e achados fortuitos disponíveis em Sanskrit, Gandhārī, e outros idiomas da índia antiga. ", - "introduction:32": "Traduções: Reunimos traduções dos textos antigos em mais de trinta idiomas modernos. Traduções notáveis em inglês incluem trabalhos clássicos de Bhikkhu Bodhi, novas traduções em inglês do Saṁyukta Āgama chinês por Bhikkhu Anālayo, e novas traduções do tibetano Upāyikā por Bhikkhuni Dhammadinnā. Além disso, estamos desenvolvendo nossos próprios conjuntos de novas traduções, na crença de que traduções modernas completas, precisas e fáceis de ler devem estar disponíveis gratuitamente para todos. Publicamos uma tradução inteiramente nova dos quatro Pali nikāyas de Bhikkhu Sujato, que é a primeira tradução completa e consistente destes textos centrais em inglês. E Bhikkhu Brahmāli está produzindo uma tradução moderna e precisa do Pali Vinaya, que é muito necessária. ", - "introduction:33": " Paralelos: O SuttaCentral tem em sua base um mapa de paralelos entre textos. Eles detalham dezenas de milhares de casos em que escrituras encontradas em diferentes coleções ou idiomas correspondem uns aos outros. A existência desses paralelos mostra as conexões entre as escrituras subjacentes a todas as tradições budistas, uma conexão que remete ao próprio Buda. ", + "introduction:32": "**Traduções:** Reunimos traduções dos textos antigos em mais de trinta idiomas modernos. Traduções notáveis em inglês incluem trabalhos clássicos de Bhikkhu Bodhi, novas traduções em inglês do Saṁyukta Āgama chinês por Bhikkhu Anālayo, e novas traduções do tibetano Upāyikā por Bhikkhuni Dhammadinnā. Além disso, estamos desenvolvendo nossos próprios conjuntos de novas traduções, na crença de que traduções modernas completas, precisas e fáceis de ler devem estar disponíveis gratuitamente para todos. Publicamos uma tradução inteiramente nova dos quatro Pali nikāyas de Bhikkhu Sujato, que é a primeira tradução completa e consistente destes textos centrais em inglês. E Bhikkhu Brahmāli está produzindo uma tradução moderna e precisa do Pali Vinaya, que é muito necessária. ", + "introduction:33": "** Paralelos: ** O SuttaCentral tem em sua base um mapa de paralelos entre textos. Eles detalham dezenas de milhares de casos em que escrituras encontradas em diferentes coleções ou idiomas correspondem uns aos outros. A existência desses paralelos mostra as conexões entre as escrituras subjacentes a todas as tradições budistas, uma conexão que remete ao próprio Buda. ", "introduction:34": "Relações ", "introduction:35": "Representação visual das conexões relativas ao DN20 ", "introduction:36": "Conexões para o DN20 ", @@ -43,30 +43,30 @@ "introduction:42": "Como o Tipiṭaka é organizado ", "introduction:43": "Já mencionamos a ideia geral por trás do Tipiṭaka. Agora vamos ver os subníveis de sua estrutura. Para simplificar, nos concentraremos principalmente no cânone páli. ", "introduction:44": "Nikāyas ", - "introduction:45": "Os Discursos Páli são agrupados em cinco principais nikāyas ou “divisões”. Estes não são organizados pelo conteúdo, mas pela forma literária. As duas primeiras divisões — dos textos longos e médios — são organizadas por extensão, a divisão Saṁyutta, dos “discursos ligados ou interconectados”, é organizada por tópico, e a divisão Aṅguttara, dos “discursos numerados” é organizada por conjuntos numéricos. Essas quatro coleções são sinóticas; elas constituem um corpo de texto e doutrina amplamente unificado, organizado principalmente para a conveniência dos recitadores que o memorizaram. ", - "introduction:46": "O quinto nikāya é um tipo diferente de coleção. O seu núcleo é um conjunto de textos antigos principalmente em verso. A estes foi acrescentada uma série de textos posteriores de tipos muito diferentes, mostrando que esta seção foi considerada mais aberta e flexível. ", + "introduction:45": "Os Discursos Páli são agrupados em cinco principais _nikāyas_ ou “divisões”. Estes não são organizados pelo conteúdo, mas pela forma literária. As duas primeiras divisões — dos textos longos e médios — são organizadas por extensão, a divisão Saṁyutta, dos “discursos ligados ou interconectados”, é organizada por tópico, e a divisão Aṅguttara, dos “discursos numerados” é organizada por conjuntos numéricos. Essas quatro coleções são sinóticas; elas constituem um corpo de texto e doutrina amplamente unificado, organizado principalmente para a conveniência dos recitadores que o memorizaram. ", + "introduction:46": "O quinto _ nikāya _ é um tipo diferente de coleção. O seu núcleo é um conjunto de textos antigos principalmente em verso. A estes foi acrescentada uma série de textos posteriores de tipos muito diferentes, mostrando que esta seção foi considerada mais aberta e flexível. ", "introduction:47": "Níveis Intermediários ", - "introduction:48": "Os textos em páli usam uma gama de termos bastante confusos para denotar níveis intermediários de estrutura de texto, correspondendo ao que poderíamos chamar de “parte” ou “capítulo”. Às vezes, essas seções são cruciais para entender um texto. Por exemplo, o termo saṁyutta é usado no Saṁyutta Nikāya para grupos de discursos sobre o mesmo tópico, e o termo nipāta é usado no Aṅguttara Nikāya para grupos de discursos com o mesmo número de ítens. No Vinaya, o agrupamento em khandhaka é também uma característica estrutural essencial. Em outras partes, no entanto, encontramos estruturas de menor importância, como a chamada de pannāsa, que denota um grupo de cinquenta discursos. Originalmente, estes podem ter ajudado a organizar os textos em manuscritos, mas hoje em dia eles são retidos para fins históricos. ", + "introduction:48": "Os textos em páli usam uma gama de termos bastante confusos para denotar níveis intermediários de estrutura de texto, correspondendo ao que poderíamos chamar de “parte” ou “capítulo”. Às vezes, essas seções são cruciais para entender um texto. Por exemplo, o termo _saṁyutta_ é usado no Saṁyutta Nikāya para grupos de discursos sobre o mesmo tópico, e o termo _nipāta_ é usado no Aṅguttara Nikāya para grupos de discursos com o mesmo número de ítens. No Vinaya, o agrupamento em _khandhaka_ é também uma característica estrutural essencial. Em outras partes, no entanto, encontramos estruturas de menor importância, como a chamada de _pannāsa_, que denota um grupo de cinquenta discursos. Originalmente, estes podem ter ajudado a organizar os textos em manuscritos, mas hoje em dia eles são retidos para fins históricos. ", "introduction:49": "Vagga ", - "introduction:50": "O nível mais granular de organização é o vagga, geralmente traduzido como “capítulo”, mas na verdade trata-se de um conjunto de (geralmente) dez discursos ou outros textos. Os vaggas podem reunir textos ordenados por um tema significativo. Por exemplo, o “Capítulo dos Reis” do nikaya dos discursos médios contém dez discussões envolvendo reis. Em muitos casos, no entanto, vaggas representam meramente uma convenção estrutural, normalmente levando o nome do primeiro dos discursos agrupados. ", + "introduction:50": "O nível mais granular de organização é o _vagga_, geralmente traduzido como “capítulo”, mas na verdade trata-se de um conjunto de (geralmente) dez discursos ou outros textos. Os _vaggas_ podem reunir textos ordenados por um tema significativo. Por exemplo, o “Capítulo dos Reis” do nikaya dos discursos médios contém dez discussões envolvendo reis. Em muitos casos, no entanto, _vaggas_ representam meramente uma convenção estrutural, normalmente levando o nome do primeiro dos discursos agrupados. ", "introduction:51": "Barra lateral ", - "introduction:52": "A navegação é feita principalmente através da barra lateral, disponível em todas as páginas. Isso lista todas as coleções com suas várias subdivisões. Você pode ir diretamente para uma coleção completa, como um nikāya, ou então detalhar o grupo exato que você deseja. ", + "introduction:52": "A navegação é feita principalmente através da barra lateral, disponível em todas as páginas. Isso lista todas as coleções com suas várias subdivisões. Você pode ir diretamente para uma coleção completa, como um _nikāya_, ou então detalhar o grupo exato que você deseja. ", "introduction:53": "Discursos (Suttas) ", - "introduction:54": "Para os quatro principais nikāyas, agrupamos os Āgamas chineses juntamente com seus paralelos do cânone páli. Note que no cânone chinês, assim como no principal Āgama completo, geralmente há algum material extra; ou suttas individualmente traduzidos ou coleções incompletas. ", + "introduction:54": "Para os quatro principais _nikāyas_, agrupamos os Āgamas chineses juntamente com seus paralelos do cânone páli. Note que no cânone chinês, assim como no principal Āgama completo, geralmente há algum material extra; ou suttas individualmente traduzidos ou coleções incompletas. ", "introduction:55": "Na seção “Menor”, assim como no caso do homônimo Khuddaka Nikaya do cânone páli, incluímos material em chinês e sânscrito equivalente ao encontrado neste. Estes são principalmente textos no estilo Dhammapada. ", - "introduction:56": "Na seção “Outros”, incluímos a quantidade relativamente pequena de material em tibetano, sânscrito e outras línguas antigas da Índia. Em muitos casos, pode ser possível classificar este material como pertencente a um dos cinco nikāyas. No entanto, sendo que a identificação é complexa e incerta, escolhemos por guardá-los nesta seção. ", + "introduction:56": "Na seção “Outros”, incluímos a quantidade relativamente pequena de material em tibetano, sânscrito e outras línguas antigas da Índia. Em muitos casos, pode ser possível classificar este material como pertencente a um dos cinco _nikāyas_. No entanto, sendo que a identificação é complexa e incerta, escolhemos por guardá-los nesta seção. ", "introduction:57": "O Código de Disciplina Monástica ", "introduction:58": "Diferente do que ocorre com os discursos, os textos do Vinaya quase sempre tem uma clara filiação sectária. Portanto, usamos isso como o principal meio de classificação destes. ", "introduction:59": "Todos os Vinayas têm uma estrutura similar. ", - "introduction:60": "Bhikkhu e Bhikkhunī Vibhaṅga: regras para os mendicantes (bhikkhus) e paras as mendicantes (bhikkhunis), juntamente com explicações e comentários. ", - "introduction:61": "Khandhakas: Esta seção, geralmente nomeada e organizada de maneira um pouco diferente nas várias versões, aborda procedimentos e detalhes do estilo de vida dos discípulos monásticos. ", - "introduction:62": " Suplementos: A maioria dos Vinayas inclui algum tipo de suplemento ou resumo, como o Parivāra do cânone páli. ", + "introduction:60": "**Bhikkhu e Bhikkhunī Vibhaṅga:** regras para os mendicantes (bhikkhus) e paras as mendicantes (bhikkhunis), juntamente com explicações e comentários. ", + "introduction:61": "**Khandhakas:** Esta seção, geralmente nomeada e organizada de maneira um pouco diferente nas várias versões, aborda procedimentos e detalhes do estilo de vida dos discípulos monásticos. ", + "introduction:62": "** Suplementos: ** A maioria dos Vinayas inclui algum tipo de suplemento ou resumo, como o Parivāra do cânone páli. ", "introduction:63": "A organização e os nomes dessas seções variam e seguimos a sequência encontrada em cada escritura. ", "introduction:64": "Abhidhamma ", - "introduction:65": "Os menos abundantes textos Abhidhamma são organizados por escola e idioma. Note que abhidhamma é um termo genérico, usado para denotar também diversos tratados posteriores. Aqui só incluímos textos canônicos. ", + "introduction:65": "Os menos abundantes textos Abhidhamma são organizados por escola e idioma. Note que _abhidhamma_ é um termo genérico, usado para denotar também diversos tratados posteriores. Aqui só incluímos textos canônicos. ", "introduction:66": "Lista de “Sutta cards” ", "introduction:67": "Quando você clica em um link na barra lateral, ele abre uma lista dos textos correspondentes, organizados como uma lista de “cards”, ou cartões. Cada cartão contém uma série de informações sobre o texto relevante, incluindo referências, descrição e links para textos e traduções. Clique no expansor para ver a lista de textos paralelos. ", - "introduction:68": "Uma lista pode ser qualquer nível da hierarquia, como um nikāya, um vagga, etc. Você pode navegar neles conforme sua conveniência. ", + "introduction:68": "Uma lista pode ser qualquer nível da hierarquia, como um _nikāya_, um _vagga_, etc. Você pode navegar neles conforme sua conveniência. ", "introduction:69": "Páginas de texto ", "introduction:70": "É possível ler os textos originais ou suas traduções. Para textos originais, uma variedade de ferramentas úteis estão disponíveis, como lookup de definições para termos específicos, realce de texto crítico, e assim por diante. ", "introduction:71": "Estamos migrando para um novo sistema baseado em textos segmentados. Nem todos os nossos textos apresentam já esta funcionalidade, mas naqueles que a apresentam, é possível ver o texto e a tradução lado a lado." diff --git a/translation/pt/site/methodology_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/methodology_translation-pt-site.json index 3e93b25c3b1b..7b5c26deeaf2 100644 --- a/translation/pt/site/methodology_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/methodology_translation-pt-site.json @@ -7,9 +7,9 @@ "methodology:6": "Markup ", "methodology:7": "Bibliografias ", "methodology:8": "Contexto ", - "methodology:9": "Desde o século XIX, tem sido reconhecido por estudiosos que muitos textos budistas encontrados no cânone pali têm contrapartes ou paralelos nas coleções chinesas e outras. A primeira documentação desses paralelos e equivalências foi publicada por Nanjio Bunyiu (Nanjō Bun’yū, 南條文雄) no trabalho A Catalogue of the Chinese Translation of the Buddhist Tripiṭaka, de 1883. Nanjio listou 24 discursos de Dīgha Nikāya como paralelos para o Dīrghāgama em chinês. Estas primeiras tabelas de equivalência representam um importante primeiro passo, demonstrando que a comparação dos āgamas do cânone chinês com os nikāyas do cânone páli seria uma tarefa potencialmente frutífera. No ano seguinte, Samuel Beal descreveu semelhanças entre vários textos das escrituras budistas em páli e em chinês, e observou: ", + "methodology:9": "Desde o século XIX, tem sido reconhecido por estudiosos que muitos textos budistas encontrados no cânone pali têm contrapartes ou paralelos nas coleções chinesas e outras. A primeira documentação desses paralelos e equivalências foi publicada por Nanjio Bunyiu (Nanjō Bun’yū, 南條文雄) no trabalho A Catalogue of the Chinese Translation of the Buddhist Tripiṭaka, de 1883. Nanjio listou 24 discursos de Dīgha Nikāya como paralelos para o Dīrghāgama em chinês. Estas primeiras tabelas de equivalência representam um importante primeiro passo, demonstrando que a comparação dos _āgamas_ do cânone chinês com os _nikāyas_ do cânone páli seria uma tarefa potencialmente frutífera. No ano seguinte, Samuel Beal descreveu semelhanças entre vários textos das escrituras budistas em páli e em chinês, e observou: ", "methodology:10": "“É evidente que, tendo como base tanto as semelhanças como as pequenas diferenças que ocorrem por toda parte, que esses discursos são derivados de uma fonte, não do original, mas de versões feitas a partir do original; e foi a partir de uma dessas versões que a tradução chinesa foi preparada.” (Buddhism in China, p. 25.) ", - "methodology:11": "Em 1908, Masaharu Anesaki publicouThe Four Buddhist Āgamas in Chinese: A Concordance of their Parts and the Corresponding Counterparts in the Pāli Nikāyas, seguido pela publicação em 1929 por Chizen Akanuma do The Comparative Catalogue of Chinese Āgamas & Pāli Nikāyas. Este se tornou a referência padrão no campo e foi corrigida e melhorada nas décadas subsequentes por uma série de acadêmicos do Japão e Taiwan. Na década de 1990, Rod Bucknell assumiu a tarefa de digitalizar as versões mais recentes dessas tabelas de paralelos. Além disso, ele trabalhou com o Venerável Anālayo para melhorar e ampliar ainda mais a abrangência destas tabelas. Essas tabelas se tornaram a base para as listas de equivalências e paralelos encontradas no SuttaCentral para os quatro principais nikāyas/āgamas. ", + "methodology:11": "Em 1908, Masaharu Anesaki publicouThe Four Buddhist Āgamas in Chinese: A Concordance of their Parts and the Corresponding Counterparts in the Pāli Nikāyas, seguido pela publicação em 1929 por Chizen Akanuma do The Comparative Catalogue of Chinese Āgamas & Pāli Nikāyas. Este se tornou a referência padrão no campo e foi corrigida e melhorada nas décadas subsequentes por uma série de acadêmicos do Japão e Taiwan. Na década de 1990, Rod Bucknell assumiu a tarefa de digitalizar as versões mais recentes dessas tabelas de paralelos. Além disso, ele trabalhou com o Venerável Anālayo para melhorar e ampliar ainda mais a abrangência destas tabelas. Essas tabelas se tornaram a base para as listas de equivalências e paralelos encontradas no SuttaCentral para os quatro principais _nikāyas_/_āgamas._ ", "methodology:12": "Em 2014, Bhikkhu Sujato preparou um conjunto de paralelos para os Vinayas que foi adicionado ao SuttaCentral e, em 2016, Ayya Vimala adicionou dados sobre paralelos e equivalências entre versos dos Dhammapadas. ", "methodology:13": "A informação sobre paralelos e equivalências está mantida em um único arquivo de texto, disponível no parallels.json, que pode ser encontrado em repositório Github do SuttaCentral. ", "methodology:14": "Além dos paralelos, o SuttaCentral hospeda textos originais e traduções quando estas são disponíveis. Uma breve nota sobre as fontes desses textos é encontrada abaixo. ", @@ -17,15 +17,15 @@ "methodology:16": "por Rod Bucknell, atualizado por Bhikkhu Sujato ", "methodology:17": "Tipos de paralelos ", "methodology:18": "De acordo com a classificação simples estabelecida por Akanuma (1929), dois tipos de discursos paralelos foram reconhecidos nos dados originais do SuttaCentral: ", - "methodology:19": "Paralelo completo: Paralelismos ou equivalências completas podem diferir no conteúdo até certo ponto, mas são semelhantes o suficiente para tornar provável que eles provenham de um ancestral comum. ", - "methodology:20": "Paralelo parcial: Paralelismos ou equivalências parciais apresentam um desacordo evidente entre textos. Normalmente, um paralelo parcial tem apenas uma parte relativamente pequena de seu conteúdo compartilhada com o outro discurso, o que por sua vez pode ser entendido como consequência de diversos e diferentes processos históricos. ", + "methodology:19": "**Paralelo completo:** Paralelismos ou equivalências completas podem diferir no conteúdo até certo ponto, mas são semelhantes o suficiente para tornar provável que eles provenham de um ancestral comum. ", + "methodology:20": "**Paralelo parcial:** Paralelismos ou equivalências parciais apresentam um desacordo evidente entre textos. Normalmente, um paralelo *parcial* tem apenas uma *parte* relativamente pequena de seu conteúdo compartilhada com o outro discurso, o que por sua vez pode ser entendido como consequência de diversos e diferentes processos históricos. ", "methodology:21": "Distinguir paralelos completos de paralelos parciais envolve algum grau de subjetividade. Consequentemente, estes devem ser vistos como uma orientação útil ao invés de um julgamento final sobre a relação entre dois textos. ", "methodology:22": "Manuscritos fragmentários em sânscrito ou outras línguas não são “paralelos parciais” nesse sentido. Eles são especificamente identificados como fragmentos. ", "methodology:23": "Com a atualização do SuttaCentral em 2018, adicionamos vários refinamentos e aprimoramentos a esse modelo. Nós agora listamos os seguintes tipos de relações. ", - "methodology:24": "Paralelo completo: Definidos como acima, exceto com o esclarecimento de que um paralelo completo se aplica não apenas a suttas inteiros, mas a qualquer coisa que tenha sido especificada com um identificador (ID) no SuttaCentral. Desta forma, uma “seção” de um texto, ou então um “intervalo” de vários parágrafos, pode ser considerado como um paralelo completo. Considere o caso do Dhammacakkappavattana Sutta. Entre os muitos paralelos, encontramos uma versão no primeiro Khandhaka do Vinaya páli. Ali, ela contém apenas uma pequena parte de todo o texto, mas representa claramente um paralelo completo do texto encontrado no sutta SN 56.11. Como podemos definir totalmente o conteúdo desta seção com IDs, esta é classificada como um paralelo completo. ", - "methodology:25": "Paralelo por semelhança: Este tipo de paralelismo ou equivalência inclui textos que se “assemelham” uns aos outros, mas onde passagens paralelas não podem ser especificadas. Por padrão, os paralelos antes denominados “parciais” se enquadram nessa categoria, a menos que as seções paralelas tenham sido totalmente especificadas e, nesse caso, elas são consideradas “completas”. Um bom exemplo de paralelismo por semelhança ocorre entre o MN 10 (Satipaṭṭhāna) e o MN 119 (Kāyagatāsati). Esses suttas compartilham muito em comum, em particular uma lista extensa de tópicos de meditação que não é encontrada em nenhum outro lugar. No entanto, eles também têm muitas diferenças sistemáticas, e não é possível ou prático especificar totalmente quais partes são compartilhadas. Então, o melhor que podemos dizer é que esses textos “se assemelham” uns aos outros, e se você estuda um texto, você pode querer estudar o outro também. ", - "methodology:26": "Menção: Nestes casos uma passagem “menciona” outra. Como a menção pode não incluir o próprio texto, não é possível considerar como um caso de paralelismo ou equivalência. No entanto, trata-se de uma relação significativa entre os textos. Um exemplo seria o SN 41.3, que se refere aos “sessenta e dois” pontos de vistas não-budistas encontrados no Brahmajāla Sutta (DN 1). ", - "methodology:27": "Reconto: Refere-se a casos em que eventos iguais ou semelhantes são “recontados” em mais de um lugar no cânone. A história de Baka, o Brahma, é um bom exemplo. Ela aparece no SN 6.4 e no MN 49. Os dois textos são muito diferentes e não podem ser considerados paralelos. No entanto, em certo sentido, parece ser a mesma estória ou narrativas intimamente relacionadas, portanto, alguma conexão pode ser reconhecida. Esse tipo de relação também é usado para as “recontagens” das vidas dos monges e monjas encontrados nos Gāthās e nos Apadānas. ", + "methodology:24": "**Paralelo completo:** Definidos como acima, exceto com o esclarecimento de que um paralelo completo se aplica não apenas a suttas inteiros, mas a qualquer coisa que tenha sido especificada com um identificador (ID) no SuttaCentral. Desta forma, uma “seção” de um texto, ou então um “intervalo” de vários parágrafos, pode ser considerado como um paralelo completo. Considere o caso do Dhammacakkappavattana Sutta. Entre os muitos paralelos, encontramos uma versão no primeiro Khandhaka do Vinaya páli. Ali, ela contém apenas uma pequena parte de todo o texto, mas representa claramente um paralelo completo do texto encontrado no sutta SN 56.11. Como podemos definir totalmente o conteúdo desta seção com IDs, esta é classificada como um paralelo completo. ", + "methodology:25": "**Paralelo por semelhança:** Este tipo de paralelismo ou equivalência inclui textos que se “assemelham” uns aos outros, mas onde passagens paralelas não podem ser especificadas. Por padrão, os paralelos antes denominados “parciais” se enquadram nessa categoria, a menos que as seções paralelas tenham sido totalmente especificadas e, nesse caso, elas são consideradas “completas”. Um bom exemplo de paralelismo por semelhança ocorre entre o MN 10 (Satipaṭṭhāna) e o MN 119 (Kāyagatāsati). Esses suttas compartilham muito em comum, em particular uma lista extensa de tópicos de meditação que não é encontrada em nenhum outro lugar. No entanto, eles também têm muitas diferenças sistemáticas, e não é possível ou prático especificar totalmente quais partes são compartilhadas. Então, o melhor que podemos dizer é que esses textos “se assemelham” uns aos outros, e se você estuda um texto, você pode querer estudar o outro também. ", + "methodology:26": "**Menção:** Nestes casos uma passagem “menciona” outra. Como a menção pode não incluir o próprio texto, não é possível considerar como um caso de paralelismo ou equivalência. No entanto, trata-se de uma relação significativa entre os textos. Um exemplo seria o SN 41.3, que se refere aos “sessenta e dois” pontos de vistas não-budistas encontrados no Brahmajāla Sutta (DN 1). ", + "methodology:27": "**Reconto:** Refere-se a casos em que eventos iguais ou semelhantes são “recontados” em mais de um lugar no cânone. A história de Baka, o Brahma, é um bom exemplo. Ela aparece no SN 6.4 e no MN 49. Os dois textos são muito diferentes e não podem ser considerados paralelos. No entanto, em certo sentido, parece ser a mesma estória ou narrativas intimamente relacionadas, portanto, alguma conexão pode ser reconhecida. Esse tipo de relação também é usado para as “recontagens” das vidas dos monges e monjas encontrados nos Gāthās e nos Apadānas. ", "methodology:28": "As “menções” e “recontagens” são derivadas principalmente da informação metadata de referência cruzada contidos no texto Mahāsaṅgīti, organizados e adicionados por Ayya Vimala. ", "methodology:29": "Paralelismos ou equivalências implícitos ", "methodology:30": "Os discursos listados como paralelos completos de um determinado discurso do cânone páli podem ser seguramente considerados paralelos completos entre si. Por exemplo, o DN 22 é mostrado como tendo paralelos completos em MN 10, MA 98 e EA 12.1, e a partir deste pode-se inferir com segurança que o MA 98 é um paralelo completo ao MN 10 e ao EA 12.1. ", @@ -35,10 +35,10 @@ "methodology:34": "Aqui está descrito em resumo o método usado para compilar as correspondências do Vinaya. ", "methodology:35": "A principal fonte usada foi o artigo de Nishimoto, de 1928, sobre como as regras de Pātimokkha se comparam. Embora eu não saiba falar em japonês, consegui entender suas tabelas, que foram gentilmente fornecidas por Shayne Clarke. Eu analisei estas diante do que se encontra no estudo comparativo de 1955 de Pachows Comparative Study of the Pratimoksa, que aparentemente foi compilado sem o conhecimento do texto anterior por Nishimoto. Esses dois trabalhos, portanto, possibilitam uma verificação útil entre eles. Para as regras do código de conduta monástica das monjas (bhikkhunis), a fonte principal foi o texto Bruchstücke des Bhikṣuṇī-Prātimokṣa der Sarvāstivādins de Waldschmidt publicado em 1928. Neste se encontram tabelas de equivalência entre as regras Pātimokkha do Vinaya páli, os cinco principais vinayas chineses, o equivalnte tibetano, uma versão em sânscrito do Vinaya Sarvāstivāda e o Mahāvyutpatti. Outros estudos mais especializados também foram consultados. ", "methodology:36": "A maioria desses estudos assume que as regras do Vinaya de uma escola são as mesmas no Vibhaṅga e no Pātimokkha, exceto no caso dos diversos textos distintos tal como encontrados no Vinaya Sarvāstivāda. No entanto, à medida que prosseguia, descobri que, em vários casos, especialmente nos Vinayas chineses, o Vibhaṅga e o Pātimokkha tinham pequenas diferenças na numeração. Então, decidi tratar cada texto individual como uma entidade separada, embora em alguns casos, notadamente o Vinaya do cânone páli, a numeração de regras seja idêntica. ", - "methodology:37": "Devido a esta e outras pequenas diferenças, cada uma das fontes que consultei apresentava numerações ligeiramente diferentes para as regras. Quase todas essas variações ocorrem nas regras sekhiya, enquanto que no restante das regras do Vinaya as numerações são quase sempre diretamente equivalentes. Na verdade, passei mais tempo tentando ajustar as regras sekhiya do que o resto das regras do Vinaya como um todo, e freqüentemente me encontrei sobrecarregado pela tarefa. As regras são curtas e não têm contexto, e usam termos obscuros que diferem na ortografia de um texto para outro. Muitas vezes minha busca em dicionários sânscritos pelas definições de termos específicos resultou com a descoberta de que aquelas eram as únicas ocorrências dos termos, e seu significado e derivação são desconhecidos. Sem dúvida, os tradutores chineses enfrentaram dificuldades semelhantes. Em casos extremos, uma regra pode ser representada por um único caractere chinês. Pareceu-me que a tentativa ia além dos limites do que era possível se fazer em termos de equivalências e paralelismos. Eu só fui capaz de continuar devido ao pensamento de que meus antecessores acharam que valia a pena e haviam chegado tão longe. Mesmo assim, estou longe de ter certeza de que todas as equivalências tenham sido devidamente identificadas. Sendo assim, por favor, trate as correspondências sekhiya com cuidado! ", - "methodology:38": "Nos casos em que minhas fontes diferiam, eu consultei os textos originais chineses e sânscritos, usando os textos publicados no SuttaCentral. Obviamente, há um grau de subjetividade envolvido na tomada dessas decisões e, no geral, eu provavelmente atribui equivalências de modo menos estrito que Nishimoto ou Pachow. Isto foi principalmente porque eu usei uma gama maior de fontes, especialmente do sânscrito, e algumas vezes surgiram semelhanças que não são óbvias a partir apenas dos textos chineses. No entanto, como eu disse acima, quase todos esses casos marginais ocorrem nas regras sekhiyas. ", + "methodology:37": "Devido a esta e outras pequenas diferenças, cada uma das fontes que consultei apresentava numerações ligeiramente diferentes para as regras. Quase todas essas variações ocorrem nas regras _sekhiya_, enquanto que no restante das regras do Vinaya as numerações são quase sempre diretamente equivalentes. Na verdade, passei mais tempo tentando ajustar as regras _sekhiya_ do que o resto das regras do Vinaya como um todo, e freqüentemente me encontrei sobrecarregado pela tarefa. As regras são curtas e não têm contexto, e usam termos obscuros que diferem na ortografia de um texto para outro. Muitas vezes minha busca em dicionários sânscritos pelas definições de termos específicos resultou com a descoberta de que aquelas eram as únicas ocorrências dos termos, e seu significado e derivação são desconhecidos. Sem dúvida, os tradutores chineses enfrentaram dificuldades semelhantes. Em casos extremos, uma regra pode ser representada por um único caractere chinês. Pareceu-me que a tentativa ia além dos limites do que era possível se fazer em termos de equivalências e paralelismos. Eu só fui capaz de continuar devido ao pensamento de que meus antecessores acharam que valia a pena e haviam chegado tão longe. Mesmo assim, estou longe de ter certeza de que todas as equivalências tenham sido devidamente identificadas. Sendo assim, por favor, trate as correspondências _sekhiya_ com cuidado! ", + "methodology:38": "Nos casos em que minhas fontes diferiam, eu consultei os textos originais chineses e sânscritos, usando os textos publicados no SuttaCentral. Obviamente, há um grau de subjetividade envolvido na tomada dessas decisões e, no geral, eu provavelmente atribui equivalências de modo menos estrito que Nishimoto ou Pachow. Isto foi principalmente porque eu usei uma gama maior de fontes, especialmente do sânscrito, e algumas vezes surgiram semelhanças que não são óbvias a partir apenas dos textos chineses. No entanto, como eu disse acima, quase todos esses casos marginais ocorrem nas regras _sekhiyas_. ", "methodology:39": "Dado o grande número de paralelos entre regras de diferentes textos, eu tive que encontrar uma maneira de atribuir cada instância de cada regra com um identificador (ID) único. Esses IDs não são usados apenas para nomear cada regra, eles também formam os URLs que identificam a página para essa regra. Esses IDs usam abreviações sujeitas a várias restrições: eles devem ser únicos, sem distinção entre maiúsculas e minúsculas e não podem conter caracteres especiais. Embora o método possa parecer um pouco misterioso a princípio, uma vez que se memoriza algumas das abreviaturas, é realmente muito simples. Pli Tv Bu Pm Pj 1 quer dizer “Pali Theravada Bhikkhu Pātimokkha, Pārājika 1 ″; e Lzh Sv Bi Vb Ss 3 quer dizer “Chinese Sarvāstivāda Bhikkhunī Vibhaṅga Saṅghādisesa 3”, e assim por diante. ", - "methodology:40": "De modo geral, tento usar termos páli para títulos, nomes de regras e assim por diante. Isto serve simplesmente para preservar consistência, e não por qualquer crença de que o páli represente o idioma original desses textos. Pelo contrário, cada escritura ou escola teria usado um dialeto ligeiramente diferente. Às vezes encontramos variações ortográficas mesmo dentro de uma mesma escritura. Além disso, em muitos textos é difícil determinar qual era o título tradicional de uma regra, ou mesmo se havia um, já que usualmente tal informação é meramente inferida dos resumos, chamados uddānas. Nos casos em que não há nenhum título páli, eu forneço um título sânscrito quando possível. Eles não representam textos sânscritos específicos, mas são selecionados com base no que parece mais claro. Muito raramente eu forneço um título em páli para uma regra que não existe no cânone páli; nestes casos as regras são equivalentes a uma quase regra idêntica encontrada no texto em páli. Nos casos em que um título em páli ou sânscrito não existe, eu estabeleci um título em inglês. Em todos os casos, esses títulos, como os títulos dos textos budistas em geral, devem ser considerados meramente como auxílios para o leitor fornecidos pelos editores, antigos ou modernos, e não como intrínsecos ao texto. ", + "methodology:40": "De modo geral, tento usar termos páli para títulos, nomes de regras e assim por diante. Isto serve simplesmente para preservar consistência, e não por qualquer crença de que o páli represente o idioma original desses textos. Pelo contrário, cada escritura ou escola teria usado um dialeto ligeiramente diferente. Às vezes encontramos variações ortográficas mesmo dentro de uma mesma escritura. Além disso, em muitos textos é difícil determinar qual era o título tradicional de uma regra, ou mesmo se havia um, já que usualmente tal informação é meramente inferida dos resumos, chamados _uddānas_. Nos casos em que não há nenhum título páli, eu forneço um título sânscrito quando possível. Eles não representam textos sânscritos específicos, mas são selecionados com base no que parece mais claro. Muito raramente eu forneço um título em páli para uma regra que não existe no cânone páli; nestes casos as regras são equivalentes a uma quase regra idêntica encontrada no texto em páli. Nos casos em que um título em páli ou sânscrito não existe, eu estabeleci um título em inglês. Em todos os casos, esses títulos, como os títulos dos textos budistas em geral, devem ser considerados meramente como auxílios para o leitor fornecidos pelos editores, antigos ou modernos, e não como intrínsecos ao texto. ", "methodology:41": "Além das equivalências nos textos Pātimokkha, também oferecemos correspondências muito menos detalhadas para os textos dos Khandhakas. Estes são baseados nos detalhes fornecidos por Frauwallner em seu estudo clássico. Fiquei tentado a incluir a classificação mais detalhada de seu estudo orginal, que mostra paralelos em várias seções dentro de cada Khandhaka; no entanto, no final, mantive as correspondências apenas no nível do capítulo ou de Khandhaka. Isso é, no todo, muito mais simples do que lidar com as correspondências Pātimokkha, embora haja, como sempre, complexidades inesperadas e exceções problemáticas. ", "methodology:42": "Neste caso, a maior exceção ocorre no caso do Vinaya Mahāsaṅghika, que na verdade não tem uma seção de textos Khandhaka. Frauwallner tratou este texto como tendo um Khandhaka, apesar de ter sido drasticamente reformulado por editores posteriores, mas Clarke mostrou mais recentemente que esse não é o caso. A relação exata entre este e outros Vinayas permanece incerta, embora pareça provável que Frauwallner estivesse correto em tratá-lo como uma reorganização posterior de material que antes se assemelhava mais aos Khandhakas. Contudo, apesar das grandes diferenças na forma, o assunto discutido em várias seções do Vinaya Mahāsaṅghika compartilha muito em comum com o que encontramos nos capítulos correspondentes nos Khandhakas dos demais Vinayas. Como o objetivo principal de fornecer correspondências no SuttaCentral é ajudar o leitor a encontrar passagens semelhantes para comparação, preservei, portanto, tanto quanto possível as correspondências de Frauwallner para o Vinaya Mahāsaṅghika. No entanto, devido à forma como essas passagens são espalhadas pelo texto, não foi possível listar todas as correspondências originalmente estabelecidas. ", "methodology:43": "Note que, devido à natureza dos textos do Vinaya, não é necessário estabelecer os diferentes tipos de paralelos e equivalências usados para os Suttas. Em quase todos os casos, é claro que uma regra particular é um paralelo completo das outras regras, no sentido de que elas são versões diferentes da mesma “coisa”. Há, é claro, exceções ocasionais a isso, mas nenhuma conclusão especial, creio eu, resultaria de se especificar alguns desses casos marginais na base de dados do SuttaCentral. ", @@ -70,7 +70,7 @@ "methodology:69": "Aspectos estruturais e outros ", "methodology:70": "Usamos marcação semântica com cerca de cem classes diferentes para indicar a estrutura detalhada dos textos. Exemplos destas incluem: ", "methodology:71": "Cabeçalhos são marcados apropriadamente como cabeçalhos estruturados usando tags hX. Textos em páli têm uma hierarquia tão detalhada que, em alguns casos, usamos todas as tags até o nível h6. ", - "methodology:72": "Uddānas, resumem as vaggas e outros elementos estruturais semelhantes. ", + "methodology:72": "_Uddānas_, resumem as vaggas e outros elementos estruturais semelhantes. ", "methodology:73": "Vários tipos de números, como os números das regras. ", "methodology:74": "Versos. ", "methodology:75": "Conclusões dos suttas ou títulos de seções. Os textos budistas geralmente têm seu título apresentado no final de uma seção, em vez de no começo, como os títulos modernos. ", @@ -83,8 +83,8 @@ "methodology:82": "Allon, Mark 2008. Uma versão Gāndhārī do Simile da Tartaruga e do Buraco no Jugo. Journal of the Pali Text Society 29: 229–262. ", "methodology:83": "Allon, Mark & Salomon, Richard 2000. Fragmento kharoṣṭhī de uma versão gāndhārī do Mahāparinirvāṇasūtra. Braarvig, Jens (ed). Buddhist Manuscripts vol. I (= Manuscritos da coleção Schøyen 1), Oslo: Hermes Publishing, 242–284. ", "methodology:84": "Anālayo, Bhikkhu 2012. On the Five Aggregates (1): A translation of Saṁyukta-āgama Discourses 1 to 32. Dharma Drum Journal of Buddhist Studies 11: 1–61. ", - "methodology:85": "Anālayo and Bucknell, Roderick S. 2006. Tabelas de paralelos e equivalências dos suttas do Majjhima Nikāya: Toward a Revision of Akanuma’s Comparative Catalogue. Journal of the Centre for Buddhist Studies, Sri Lanka 4: 215–238. ", - "methodology:86": "Anesaki, Masaharu 1905. Le Sagātha-vagga du Saṁyutta-nikāya et ses versions chinoises. Le Muséon (nouvelle série) 24: 23–37. ", + "methodology:85": "Anālayo and Bucknell, Roderick S. 2006. Tabelas de paralelos e equivalências dos suttas do _Majjhima Nikāya_: Toward a Revision of Akanuma’s Comparative Catalogue. Journal of the Centre for Buddhist Studies, Sri Lanka 4: 215–238. ", + "methodology:86": "Anesaki, Masaharu 1905. Le _Sagātha-vagga_ du _Saṁyutta-nikāya_ et ses versions chinoises. Le Muséon (nouvelle série) 24: 23–37. ", "methodology:87": "Anesaki, Masaharu 1908. The Four Buddhist Āgamas in Chinese: A Concordance of their Parts and the Corresponding Counterparts in the Pāli Nikāyas. Transactions of the Asiatic Society of Japan 35.3: 1–149. ", "methodology:88": "Bapat, P.V. 1949. Another Valuable Collection of Buddhist Sanskrit Manuscripts. Annals of the Bhandarkar Oriental Research Institute 30: 241–253 ", "methodology:89": "Basak, Radhagovinda 1963. Mahāvastu Avadāna, vol. 1 (Calcutta Sanskrit College Research Series). Calcutta: Sanskrit College. ", @@ -138,7 +138,7 @@ "methodology:137": "Harrison, Paul 2002. Another Addition to the An Shigao Corpus? Preliminary Notes on an Early Chinese Saṁyuktāgama Translation. In Sakurabe Ronshu Committee (ed.), Early Buddhism and Abhidharma Thought: In Honor of Doctor Hajime Sakurabe on His Seventy-seventh Birthday, Kyoto: Heirakuji Shoten, 1–32. ", "methodology:138": "Hartmann, Jens-Uwe 1989. Fragmente aus dem Dīrghāgama der Sarvāstivādins. In Enomoto Fumio, Hartmann, Jens-Uwe, and Matsumura Hisashi (eds), Sanskrit-Texte aus dem buddhistischen Kanon: Neuentdeckungen und Neueditionen (= Sanskrit-Wörterbuch der buddhistischen Texte aus den Turfan-Funden, Beiheft 2), Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 37–67. ", "methodology:139": "Hartmann, Jens-Uwe 1991. Untersuchungen zum Dīrghāgama der Sarvāstivādins. Habilitationsschrift. Göttingen: Georg-August-Universität. ", - "methodology:140": "Hartmann, Jens-Uwe 1998. Sanskrit Fragments from the Āgamas (I): The Aṅgulimālāsūtra. Indologica Taurinensia 23/24: 351–362. ", + "methodology:140": "Hartmann, Jens-Uwe 1998. Sanskrit Fragments from the _Āgamas_ (I): The Aṅgulimālāsūtra. Indologica Taurinensia 23/24: 351–362. ", "methodology:141": "Hartmann, Jens-Uwe 2000. Zu einer neuen Handschrift des Dīrghāgama. In Vividharatnakaraṇḍaka: Festgabe für Adelheid Mette (= Indica et Tibetica: Monographien zu den Sprachen und Literaturen des indo-tibetischen Kulturraumes Band 37). C Chojnacki et al. (eds). Swisstal-Odendorf: Indica und Tibetica, pp. 359–367. ", "methodology:142": "Hartmann, Jens-Uwe 2002. More Fragments of the Caṅgīsūtra. In Braarvig, Jens (ed). Buddhist Manuscripts vol. II (= Manuscripts in the Schøyen Collection III), Oslo: Hermes Publishing, 1–16. ", "methodology:143": "Hartmann, Jens-Uwe 2004. Contents and structure of the Dīrghāgama of the (Mūla)-Sarvāstivādins. Annual report of the International Research Institute for Advanced Buddhology at Soka University 7: 119–137. ", @@ -213,7 +213,7 @@ "methodology:212": "Skilling, Peter 2000. Vasubandhu and the Vyākhāyukti Literature. Journal of the International Association of Buddhist Studies 23,2: 297–350. ", "methodology:213": "Skilling, Peter 2011. Discourse on the Twenty-two Faculties, Translated from Śamathadeva’s Upāyikā-ṭīkā. In Felicitation Volume for Professor Samtani. L. Shravak (ed.) (forthcoming). ", "methodology:214": "Somaratne, G. A. 1999. Saṁyutta-nikāya Vol. I. Oxford: Pali Text Society. ", - "methodology:215": "Speyer, J. S. 1970a (1906). Avadānaśataka: A Century of Edifying Tales Belonging to the Hīnayāna, vol. 1 (Bibliotheca Buddhica III). Osnabrück: Biblio Verlag. ", + "methodology:215": "Speyer, J. S. 1970a (1906). _Avadānaśataka: A Century of Edifying Tales Belonging to the Hīnayāna_, vol. 1 (Bibliotheca Buddhica III). Osnabrück: Biblio Verlag. ", "methodology:216": "Speyer, J. S. 1970b (1909). Avadānaśataka: A Century of Edifying Tales Belonging to the Hīnayāna, vol. 2 (Bibliotheca Buddhica III). Osnabrück: Biblio Verlag. ", "methodology:217": "Stache-Rosen, Valentina 1968. Dogmatische Begriffsreihen im älteren Buddhismus II: Das Saṅgītisūtra und sein Kommentar Saṅgītiparyāya, nach Vorarbeiten von Kusum Mittal bearbeitet. Teil 1–2 (= Sanskrittexte aus den Turfanfunden IX). Berlin: Akademie-Verlag. ", "methodology:218": "Tekin, Şinasi 1980. Maitrisimit nom bitig. Die Uigurische Übersetzung eines Werkes der Buddhistischen Vaibhāṣika Schule. Berlin: Akademie Verlag. ", @@ -290,7 +290,7 @@ "methodology:289": "Roth, Gustav. Bhikṣuṇī Vinaya, including Bhikhṣuṇī Prakīrṇaka and a summary of the Bhikhṣu Prakīrṇaka of the Ārya Mahāsaṁghika Lokuttaravādin, K. P. Jayaswal Research Institute, Patna, 1970. ", "methodology:290": "Singh and Kenryo Minow, Sanghasen. A Critical Edition and Translation of Abhisamācārikā Nāma Bhikhṣu-Prakīrṇakaḥ, Buddhist Studies, Department of Buddhist Studies, University of Delhi, Vol. XII, 1988.
Abhisamacarika ed with trs by Sanghasen and Minowa.pdf (13.8 MB). ", "methodology:291": "Tathaaloka, Ayya. Vinaya Matrix—Reference key to precept numbering, 2003. ", - "methodology:292": "Vidyabhusana, Satis Chandra. So-sor-thar-pa; or, a Code of Buddhist Monastic Laws: Being the Tibetan version of Prātimokṣa of the Mūlasarvāstivāda School, Journal of the Asiatic Society of Bengal, vol. xi, 1915, p. 29ff.
bo-mu-bu-pm.pdf (9.0 MB). ", + "methodology:292": "Vidyabhusana, Satis Chandra. So-sor-thar-pa; or, a Code of Buddhist Monastic Laws: Being the Tibetan version of Prātimokṣa of the Mūlasarvāstivāda School, Journal of the Asiatic Society of Bengal, vol. xi, 1915, p. 29*ff*.
bo-mu-bu-pm.pdf (9.0 MB). ", "methodology:293": "Waldschmidt, Ernst. Bruchstücke des Bhikṣuṇī- Prātimokṣa der Sarvāstivādins, mit einer darstellung der Überlieferung des Bhikṣuṇī-Prātimokṣa in den verschiedenen Schulen, Leipzig, 1926.
(Google books)
Waldschmidt, Bruchstucke der Bhiksunipratimoksa.pdf (55.2 MB). ", "methodology:294": "Wille, Klaus. Survey of the Sanskrit Manuscripts in the Turfan Collection, Vortrag anläßlich des Workshops Digitalisierung der chinesischen, tibetischen, syrischen und Sanskrit-Texte der Berliner Turfansammlung, Berlin, 02.06.2005
Willie - Survey of Buddhist manuscripts in the Turfan collection.pdf (96.2 KB). ", "methodology:295": "Dhammapada, paralelismos e equivalências ", diff --git a/translation/pt/site/mn-guide-sujato_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/mn-guide-sujato_translation-pt-site.json index f42b9b4561de..4aaccc145518 100644 --- a/translation/pt/site/mn-guide-sujato_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/mn-guide-sujato_translation-pt-site.json @@ -10,22 +10,22 @@ "mn-guide-sujato:9": "A Saṅgha ", "mn-guide-sujato:10": "A comunidade em geral ", "mn-guide-sujato:11": "Uma breve história do texto ", - "mn-guide-sujato:12": "O Majjhima Nikāya (MN) é a segunda das quatro principais divisões do Sutta Piṭaka do Cânone Páli (tipiṭaka). Aqui, ele é traduzido como Discursos Médios e é por vezes conhecido como Discursos de Média Extensão. Como sugerido pelo título, seus discursos são um pouco mais curtos que os suttas do Dīgha Nikāya (Discursos Longos), porém mais compridos que os muitos discursos curtos reunidos no Saṁyutta Nikāya (Discursos Conectados) e no Aṅguttara Nikāya (Discursos Numerados). ", - "mn-guide-sujato:13": "Na clássica introdução à sua tradução do Majjhima Nikāya, Bhikkhu Bodhi descreveu o Majjhima como “a coleção que combina a mais rica variedade de contextos com a mais profunda e compreensiva seleção de ensinamentos”. Em seguida, ele o situa entre os outros nikāyas: ", + "mn-guide-sujato:12": "O Majjhima Nikāya (MN) é a segunda das quatro principais divisões do Sutta Piṭaka do Cânone Páli (_tipiṭaka_). Aqui, ele é traduzido como Discursos Médios e é por vezes conhecido como Discursos de Média Extensão. Como sugerido pelo título, seus discursos são um pouco mais curtos que os suttas do Dīgha Nikāya (Discursos Longos), porém mais compridos que os muitos discursos curtos reunidos no Saṁyutta Nikāya (Discursos Conectados) e no Aṅguttara Nikāya (Discursos Numerados). ", + "mn-guide-sujato:13": "Na clássica introdução à sua tradução do Majjhima Nikāya, Bhikkhu Bodhi descreveu o Majjhima como “a coleção que combina a mais rica variedade de contextos com a mais profunda e compreensiva seleção de ensinamentos”. Em seguida, ele o situa entre os outros _nikāyas_: ", "mn-guide-sujato:14": "Como o Dīgha Nikāya, o Majjhima está repleto de drama e narrativa, mesmo que lhe falte muito da tendência para o embelezamento imaginativo e profusão de lendas de seu predecessor. Como o Saṁyutta, ele possui alguns dos mais profundos discursos do Cânone, revelando os insights radicais do Buda sobre a natureza da existência; e, como o Aṅguttara, ele cobre uma amplitude de temas de aplicação prática. Comparado com estes dois Nikāyas, o Majjhima expõe esse material não em forma de pronunciamentos curtos e contidos em si, mas no contexto de uma fascinante sucessão de cenários que exibem o resplendor da sabedoria do Buda, sua habilidade em adaptar seus ensinamentos às necessidades e inclinações de seus interlocutores, sua espirituosidade e humor sutil, sua majestosa sublimidade e sua humanidade compassiva. ", "mn-guide-sujato:15": "Neste guia, algumas características especiais do Majjhima são descritas. Depois de destacar algumas características formais e doutrinais, este ensaio então se concentra no Buda e as pessoas que ele encontrou, sejam os monges da Sangha, seus seguidores leigos ou os muitos não-budistas com quem ele conversou. O Majjhima contém muitos dos mais importantes discursos autobiográficos; portanto, é naturalmente o lugar para discutir a vida e a pessoa do Buda. Além disso, o formato de diálogo faz do Majjhima um contexto particularmente rico para se examinar como o Dhamma emergiu por meio da interação e conversação com pessoas de todos os tipos. ", "mn-guide-sujato:16": "Como o Majjhima é organizado ", - "mn-guide-sujato:17": "Há 152 discursos no Majjhima. Eles estão organizados em grupos de 50 discursos (paṇṇāsa), embora o último paṇṇāsa contenha 52. ", - "mn-guide-sujato:18": "Dentro de cada paṇṇāsa há um conjunto de cinco vaggas. Como esperado, a maioria dos vaggas são intitulados pelo primeiro sutta, embora uns poucos exibam certa unidade temática: ", - "mn-guide-sujato:19": "Opamma Vagga (Capítulo com símiles) ", + "mn-guide-sujato:17": "Há 152 discursos no Majjhima. Eles estão organizados em grupos de 50 discursos (_paṇṇāsa_), embora o último _paṇṇāsa_ contenha 52. ", + "mn-guide-sujato:18": "Dentro de cada _paṇṇāsa_ há um conjunto de cinco _vaggas_. Como esperado, a maioria dos _vaggas_ são intitulados pelo primeiro sutta, embora uns poucos exibam certa unidade temática: ", + "mn-guide-sujato:19": "__Opamma Vagga (Capítulo com símiles)__ ", "mn-guide-sujato:20": "Todos estes discursos contêm, principalmente, símiles. ", - "mn-guide-sujato:21": "Mahāyamaka Vagga (Grande Capítulo com Pares) ", + "mn-guide-sujato:21": "__Mahāyamaka Vagga (Grande Capítulo com Pares)__ ", "mn-guide-sujato:22": "Discursos “longos” e “curtos” emparelhados. (O capítulo seguinte, chamado de Pequeno Capítulo com Pares, tem somente dois conjuntos de pares.) ", - "mn-guide-sujato:23": "Vaggas 6–10 ", + "mn-guide-sujato:23": "__Vaggas 6–10__ ", "mn-guide-sujato:24": "Agrupam discursos como certos tipos de indivíduos como personagens: chefes de família, mendicantes, errantes, reis e brâmanes. ", - "mn-guide-sujato:25": "Vibhaṅga Vagga (Capítulo sobre a Análise) ", + "mn-guide-sujato:25": "__Vibhaṅga Vagga (Capítulo sobre a Análise)__ ", "mn-guide-sujato:26": "Estes discursos consistem em “análises” extensas de alguma fala breve. ", - "mn-guide-sujato:27": "Saḷāyatana Vagga (Capítulo sobre os Seis Sentidos) ", + "mn-guide-sujato:27": "__Saḷāyatana Vagga (Capítulo sobre os Seis Sentidos)__ ", "mn-guide-sujato:28": "Estes discursos tratam dos seis sentidos. ", "mn-guide-sujato:29": "Imagens e narrativa ", "mn-guide-sujato:30": "O Majjhima contém um número impressionante de imagens, com símiles encontradas em quase todos os discursos. Por vezes, estas são ampliadas em breves parábolas. A MN 21 O símile da serra (Kakacūpamasutta) conta a memorável história da corajosa empregada Kāḷī que testou sua patroa. No MN 56:27 [Diálogo] Com Upāli, encontramos a brâmane que queria não só tingir seu macaco de estimação, mas também o golpear e alisar. ", @@ -35,64 +35,64 @@ "mn-guide-sujato:34": "O Majjhima talvez seja a mais rica das coleções do budismo antigo ou inicial em matéria de doutrina. Ele contém uma série extraordinária de discursos que tratam de temas profundos com pormenores e complexidade não encontrados alhures. Não obstante, deve-se ter em mente que tais discursos são para estudantes avançados e, embora fascinantes, exigem ter um alicerce firme nas doutrinas fundamentais encontradas no Saṁyutta. Por esta razão, a maior parte das explicações em termos de doutrina são encontradas no guia dos Discursos Conectados e aqui apenas breves considerações são feitas. ", "mn-guide-sujato:35": "Os ensinamentos conhecidos do Saṁyutta são todos encontrados no Majjhima e, em vários casos, o Majjhima oferece explicações mais detalhadas. Estes discursos são importantes e merecem um estudo cuidadoso, mas deve-se evitar a equivalência entre extensão de um sutta e a sua importância. Nos textos budistas, é igualmente provável que o tamanho não sinalize o que era importante para o Buda, mas sim que trata-se de uma compilação tardia. ", "mn-guide-sujato:36": "Este é o caso do MN 10 Os fundamentos da atenção plena (Satipaṭṭhānasutta) que, juntamente com sua versão ampliada no DN 22, é a explicação mais detalhada da meditação de atenção plena encontrada no Cânone. Entretanto, a análise crítica e comparativa revela que os discursos, como encontrados em páli, foram submetidos a um desenvolvimento posterior significativo. O MN 141 A análise das verdades (Saccavibhaṅgasutta), o discurso mais detalhado sobre as quatro nobres verdades, está intimamente ligado ao MN 10—de fato, o DN 22 é, praticamente, uma combinação deste e do MN 10—e, também, pode-se suspeitar de elementos posteriores. Não há dúvidas quanto ao MN 111 Um por um (Anupadasutta), que claramente é um sutta mais recente. Aqui não é o lugar para uma discussão complexa acerca do método textual-crítico, mas é comumente presumido que o tamanho de um discurso signifique a sua importância e deve se ter em mente que a situação é mais complexa. ", - "mn-guide-sujato:37": "Os suttas do Majjhima que lidam com os principais ensinamentos doutrinários podem ser entendidos como oferecendo análises aprofundadas de fatores particulares das quatro nobres verdades. A primeira verdade do sofrimento é explorada em detalhes no MN 13 e no MN 14 ambos tratando da “Massa de Sofrimento”. Vários tópicos sob este título também são tratados em detalhes; as seis bases dos sentidos são abordadas em vários suttas (MN 18, MN 137, MN 138) e até mesmo um vagga inteiro (MN 143–152), enquanto vários suttas investigam o ensinamento sobre os elementos em grande detalhe, expondo profundidades que ninguém pode suspeitar para o que parece ser um ensinamento tão simples (MN 28, MN 115, MN 140). Os agregados aparecem, mas são tratados com menos detalhes. ", - "mn-guide-sujato:38": "A segunda e a terceira nobres verdades são abordadas no MN 38, um discurso complexo e gratificante sobre a origem dependente, bem como o MN 135 e o MN 136, dois dos mais detalhados e influentes discursos sobre o tema do kamma; vide também MN 120. ", + "mn-guide-sujato:37": "Os suttas do Majjhima que lidam com os principais ensinamentos doutrinários podem ser entendidos como oferecendo análises aprofundadas de fatores particulares das quatro nobres verdades. A primeira verdade do sofrimento é explorada em detalhes no MN 13 e no MN 14 ambos tratando da “Massa de Sofrimento”. Vários tópicos sob este título também são tratados em detalhes; as seis bases dos sentidos são abordadas em vários suttas (MN 18, MN 137, MN 138) e até mesmo um _vagga_ inteiro (MN 143–152), enquanto vários suttas investigam o ensinamento sobre os elementos em grande detalhe, expondo profundidades que ninguém pode suspeitar para o que parece ser um ensinamento tão simples (MN 28, MN 115, MN 140). Os agregados aparecem, mas são tratados com menos detalhes. ", + "mn-guide-sujato:38": "A segunda e a terceira nobres verdades são abordadas no MN 38, um discurso complexo e gratificante sobre a origem dependente, bem como o MN 135 e o MN 136, dois dos mais detalhados e influentes discursos sobre o tema do _kamma_; vide também MN 120. ", "mn-guide-sujato:39": "Contudo, é a quarta nobre verdade, o caminho, que domina o Majjhima. A maioria dos discursos abordam o caminho como tema central. O nobre caminho óctuplo é tratado em detalhes complexos no MN 117 O grande quarenta (Mahācattārīsakasutta) e vários outros discursos tratam de fatores específicos do caminho. No MN 9, o Venerável Sāriputta apresenta o tema da visão correta a partir de diversas perspectivas. O segundo fator do caminho, o pensamento correto ou a intenção correta, é o tema especial do MN 19 and MN 20, que traz conselhos da própria experiência do Buda sobre como purificar o pensamento e, em seguida, abandoná-lo completamente. Os fatores éticos do caminho são também abordados em muitos suttas que serão resumidos aqui, sendo alguns deles expostos nas seções sobre a Saṅgha e as comunidades leigas. O esforço correto aparece em muitos suttas, mas é especialmente enfatizado em textos como o MN 29, o MN 30 e o MN 32. O MN 10, como mencionado, trata da atenção plena correta e o tema é abordado de de modo mais especializado no MN 118, sobre a atenção plena da respiração, e no MN 119, sobre a atenção plena do corpo. No MN 77, encontramos uma longa lista de diferentes expressões do caminho, incluindo tópicos que encabeçam o Saṁyutta e muitos outros. ", - "mn-guide-sujato:40": "A imersão ou absorção correta, ou seja, jhāna, o último fator do caminho, é destacada ao longo do Majjhima. É difícil enfatizar o suficiente o quão central os jhānas são para a meditação budista. A fórmula das quatro absorções aparece aproximadamente 50 vezes no Majjhima, provavelmente um número maior que os dos demais fatores combinados. Além disso, a absorção correta aparece de outras formas, como as quatro “meditações divinas” (brahmavihāra) em que as emoções puras do bem-querer, compaixão, regozijo e equanimidade servem como bases para a absorção. Elas aparecem, aproximadamente, 13 vezes no Majjhima. As meditações “imateriais”, que são mais sutis, frequentemente são discutidas e aparecem, no mínimo, 13 vezes. Ao contrário das absorções, estas não são um pré-requisito indispensável para o caminho do despertar, embora tenham sido, claramente, parte da prática de muitos meditadores talentosos. Discursos como o MN 52 O Homem da Cidade de Aṭṭhaka (Aṭṭhakanāgarasutta) combinam esses três conjuntos de meditações, enquanto textos avançados como o MN 43 A Grande Seqüência de Perguntas e Respostas (Mahāvedallasutta), o MN 44 A Pequena Seqüência de Perguntas e Respostas (Cūḷavedallasutta), o MN 106 Āneñjasappāyasutta, o MN 121 Pequeno Discurso sobre o Vazio (Cūḷasuññatasutta) e o MN 122 Grande Discurso sobre o Vazio (Mahāsuññatasutta) tratam se refinamentos e sutilezas das mais avançadas formas de meditação raramente discutidas. ", + "mn-guide-sujato:40": "A imersão ou absorção correta, ou seja, *jhāna*, o último fator do caminho, é destacada ao longo do Majjhima. É difícil enfatizar o suficiente o quão central os _jhānas_ são para a meditação budista. A fórmula das quatro absorções aparece aproximadamente 50 vezes no Majjhima, provavelmente um número maior que os dos demais fatores *combinados*. Além disso, a absorção correta aparece de outras formas, como as quatro “meditações divinas” (_brahmavihāra_) em que as emoções puras do bem-querer, compaixão, regozijo e equanimidade servem como bases para a absorção. Elas aparecem, aproximadamente, 13 vezes no Majjhima. As meditações “imateriais”, que são mais sutis, frequentemente são discutidas e aparecem, no mínimo, 13 vezes. Ao contrário das absorções, estas não são um pré-requisito indispensável para o caminho do despertar, embora tenham sido, claramente, parte da prática de muitos meditadores talentosos. Discursos como o MN 52 O Homem da Cidade de Aṭṭhaka (Aṭṭhakanāgarasutta) combinam esses três conjuntos de meditações, enquanto textos avançados como o MN 43 A Grande Seqüência de Perguntas e Respostas (Mahāvedallasutta), o MN 44 A Pequena Seqüência de Perguntas e Respostas (Cūḷavedallasutta), o MN 106 Āneñjasappāyasutta, o MN 121 Pequeno Discurso sobre o Vazio (Cūḷasuññatasutta) e o MN 122 Grande Discurso sobre o Vazio (Mahāsuññatasutta) tratam se refinamentos e sutilezas das mais avançadas formas de meditação raramente discutidas. ", "mn-guide-sujato:41": "O Buda ", "mn-guide-sujato:42": "A história da vida do Buda se tornou nas tradições budistas o principal meio de se compartilhar e transmitir os ensinamentos e valores budistas. Contudo, não há uma biografia coerente do Buda nos textos antigos. Nós obtemos tais informações de modo disperso e em pedaços encontrados em detalhes compartilhados pelo próprio Buda ou inferidos de várias situações em que o encontramos. ", "mn-guide-sujato:43": "Talvez esse fato não deva nos surpreender. Não há uma razão específica para o Buda ter se interessado em contar a história de sua vida—ele simplesmente a viveu. E seus discípulos o conheceram pessoalmente. Somente após a sua morte a comunidade sentiu a necessidade de manter a memória de seu mestre viva por meio de histórias detalhadas e vívidas que se tornaram mais elaboradas a cada vez que eram contadas. ", "mn-guide-sujato:44": "As linhas gerais das lendas sobre o Buda cresceram de núcleos dos textos antigos, muitos deles encontrados no Majjhima. Aí encontramos o nascimento do Buda, sua educação, renúncia, prática e despertar, os desafios da criação de uma comunidade e os diversos encontros que teve enquanto ensinava. No Dīgha, encontramos as narrativas mais longas do budismo antigo. Um relato extenso dos últimos dias do Buda é encontrado no DN 16 Mahāparinibbāna. Dispersos nos demais textos, encontramos eventos e encontros isolados. De certa forma, muitos discursos podem ser considerados episódios da vida do Buda, vinhetas de um mito magnífico, cada uma contribuindo um pouco para que se entenda o homem e sua mensagem. Esses textos são a nossa principal fonte de conhecimento sobre os primeiros anos da vida do Buda e sua vida de mestre [espiritual]. Embora a tendência de criar lendas seja aparente em alguns lugares, a maioria dos episódios é simples e realista. ", "mn-guide-sujato:45": "Uma exceção é o MN 123 O Discurso sobre o Maravilhoso e Admirável (Acchariyaabbhutasutta), onde encontramos Ānanda, o fundador da biografia budista, contando uma extensa sequência de eventos aparentemente milagrosos que acompanharam o nascimento do Buda. Evidentemente, isso foi derivado do DN 14 Mahāpadāna, com alguns acréscimos. Com seu tom devocional e ênfase no extraordinário, esse texto demonstra uma mudança de ênfase no sentido de honrar a pessoa do Buda ao invés de praticar seus ensinamentos; uma mudança que Buda resistiu, apontando que o que realmente é extraordinário é estar atento à própria mente. ", - "mn-guide-sujato:46": "A família imediata do Buda é raramente mencionada nos nikāyas. A esposa do Buda aparece apenas no Vinaya e nos Therīgāthā, nos quais ela é dona de alguns versos. Seu filho, Rāhula, é destacado em vários discursos (MN 61, MN 62, MN 147), demonstrando o ensinamento paciente do Buda e o despertar final de Rāhula. O pai do Buda é mencionado brevemente na passagem acima sobre a sua experiência meditativa na infância. Ambos os seus pais são mencionados em vários discursos do Majjhima (MN 26, MN 36, MN 85, MN 100), mas o nome deles são encontrados apenas em outros textos: Suddhodana, seu pai, é citado no Snp 3.11 e no Kd 1:54; Māyā, sua mãe, é mencionada nos Thig 6.6; e referência a ambos é encontrada no DN 14 e nos Thag 10.1. Não obstante, sua madrasta, Mahāpajāpatī Gotamī, aparece em poucos discursos, notavelmente no MN 142 Análise das doações religiosas (Dakkhiṇāvibhaṅgasutta) e no AN 8.51. Dentre seus parentes mais distantes estão alguns leigos e monges conhecidos como Ānanda, Anuruddha e Mahānāma. ", + "mn-guide-sujato:46": "A família imediata do Buda é raramente mencionada nos _nikāyas_. A esposa do Buda aparece apenas no Vinaya e nos Therīgāthā, nos quais ela é dona de alguns versos. Seu filho, Rāhula, é destacado em vários discursos (MN 61, MN 62, MN 147), demonstrando o ensinamento paciente do Buda e o despertar final de Rāhula. O pai do Buda é mencionado brevemente na passagem acima sobre a sua experiência meditativa na infância. Ambos os seus pais são mencionados em vários discursos do Majjhima (MN 26, MN 36, MN 85, MN 100), mas o nome deles são encontrados apenas em outros textos: Suddhodana, seu pai, é citado no Snp 3.11 e no Kd 1:54; Māyā, sua mãe, é mencionada nos Thig 6.6; e referência a ambos é encontrada no DN 14 e nos Thag 10.1. Não obstante, sua madrasta, Mahāpajāpatī Gotamī, aparece em poucos discursos, notavelmente no MN 142 Análise das doações religiosas (Dakkhiṇāvibhaṅgasutta) e no AN 8.51. Dentre seus parentes mais distantes estão alguns leigos e monges conhecidos como Ānanda, Anuruddha e Mahānāma. ", "mn-guide-sujato:47": "No MN 75:10 O Discurso Para Māgaṇḍiya, o Buda relembra os luxos de que gozava quando jovem (cf. AN 3.39) e, no MN 26:13, ele fala sobre o momento doloroso em que deixou a vida em família apesar do lamento de seus pais. Outro relato de seu abandono da vida em família é encontrado no distintivo e antigo sutta de Attadaṇḍa, em que a saída é precipitada não pela visão da velhice, da doença e da morte, mas dos incessantes conflitos e sofrimentos do mundo (Snp 4.15). ", - "mn-guide-sujato:48": "A saída de casa é seguida por seis anos de esforço e empanho, divididos em três períodos. Parece que, primeiro, ele estudou sob a tradição yogi, provavelmente seguindo a filosofia dos Upaniṣads. No MN 26 A Busca Nobre (Ariyapariyesanasutta, também conhecido como Pāsarāsisutta) encontramos o relato da sua experiência sob os famosos guias espirituais Āḷāra Kālāma e Uddaka Rāmaputta. Sob suas orientações, ele atingiu a imersão profunda (samādhi) e as realizações imateriais, porém ele ainda estava insatisfeito e logo os abandonou para seguir um caminho ascético mais rígido. ", + "mn-guide-sujato:48": "A saída de casa é seguida por seis anos de esforço e empanho, divididos em três períodos. Parece que, primeiro, ele estudou sob a tradição yogi, provavelmente seguindo a filosofia dos Upaniṣads. No MN 26 A Busca Nobre (Ariyapariyesanasutta, também conhecido como Pāsarāsisutta) encontramos o relato da sua experiência sob os famosos guias espirituais Āḷāra Kālāma e Uddaka Rāmaputta. Sob suas orientações, ele atingiu a imersão profunda (_samādhi_) e as realizações imateriais, porém ele ainda estava insatisfeito e logo os abandonou para seguir um caminho ascético mais rígido. ", "mn-guide-sujato:49": "De acordo com as tradições, a maior parte desse período foi dedicado à prática de severas austeridades, semelhantes ou idênticas àquelas observadas pelos jainistas. Elas são descritas em detalhes no MN 12 O Grande Discurso do Rugido do Leão (Mahāsīhanādasutta) e no MN 36 O Grande Discurso para Saccaka. Contudo, após muitos anos de mortificação, ele não chegou a lugar algum. Então, ele tomou um pouco de alimento sólido e, relembrando a experiência de absorção que teve quando criança, começou a terceira e final etapa da sua prática que o levaria ao seu despertar. ", "mn-guide-sujato:50": "Embora pareça que a noite do seu despertar tenha ocorrido imediatamente após a sua rejeição das austeridades, vários discursos indicam que este ínterim envolveu um amplo desenvolvimento da meditação. Por exemplo, no MN 19 Dois tipos de pensamento (Dvedhāvitakkasutta) é contada sua análise e treinamento em termos do pensamento hábil ou benéfico; no MN 4 Discurso sobre o Medo e Terror (Bhayabheravasutta) é retratada a sua luta para vencer o medo e, no MN 128 Discurso sobre as Imperfeições (Upakkilesasutta), fala-se de um conjunto de obstáculos específicos à meditação que ele encontrou (vide também AN 8.64 e AN 9.40). Embora suas reflexões acerca do seguimento de um caminho de prática são sempre lógicas, no AN 5.196 lemos sobre uma série extraordinária de sonhos que prenunciaram seu despertar; o simbolismo das imagens oníricas demanda bastante atenção. ", - "mn-guide-sujato:51": "É no Majjhima (MN 36, MN 85, MN 100) que o Buda fala sobre aquele momento crucial de sua infância em que ele, espontaneamente, entrou na primeira absorção, um estado de paz e repouso profundos na meditação. Mais tarde, quando ele teve uma crise no seu progresso espiritual, ele relembraria esse evento e entenderia que somente a absorção meditativa era o caminho verdadeiro para o despertar (eso’va maggo bodhāya). ", + "mn-guide-sujato:51": "É no Majjhima (MN 36, MN 85, MN 100) que o Buda fala sobre aquele momento crucial de sua infância em que ele, espontaneamente, entrou na primeira absorção, um estado de paz e repouso profundos na meditação. Mais tarde, quando ele teve uma crise no seu progresso espiritual, ele relembraria esse evento e entenderia que somente a absorção meditativa era o caminho verdadeiro para o despertar (_eso’va maggo bodhāya_). ", "mn-guide-sujato:52": "O despertar do Buda é contado de diferentes pontos de vista. No MN 4 Bhayabherava, após descrever como ele venceu os seus medos, o Buda conta como ele desenvolveu as absorções e obteve os três conhecimentos superiores. No MN 14 O Pequeno Discurso da Massa de Sofrimento (Cūḷadukkhakkhandha), ele fala sobre fugir do sofrimento por meio do abandono dos prazeres sensuais; vide também SN 35.117. Vários discursos empregam o recurso da compreensão dos três aspectos: gratificação, perigo e escapatória, aplicando-os aos cinco agregados (SN 22.26), aos elementos (SN 14.31), às sensações (SN 36.24) ou ao mundo (AN 3.101). Em outras partes, o despertar é visto como resultado da compreensão da originação dependente (SN 12.10, DN 14). Em outros contextos, o despertar emerge de práticas diferentes como os quatro tipos de meditação da atenção plena (SN 47.31), as quatro bases dos poderes psíquicos (SN 51.9) ou o abandono dos pensamentos (MN 19). Esta lista não é exaustiva, pois os ensinamentos do Buda retratam aspectos diferentes da sabedoria que brotam do despertar. ", - "mn-guide-sujato:53": "O período seguinte ao despertar é contado com alguns pormenores, relembrando as jornadas do Buda, vários encontros que ele teve ao longo do caminho, as primeiras conversões e a criação da Sangha. Contudo, um relato mais pormenorizado é feito no Vinaya (Kd 1) e somente partes desses eventos, como os três primeiros sermões (SN 56.11, SN 22.59, SN 35.28), são encontradas nos nikāyas. ", + "mn-guide-sujato:53": "O período seguinte ao despertar é contado com alguns pormenores, relembrando as jornadas do Buda, vários encontros que ele teve ao longo do caminho, as primeiras conversões e a criação da Sangha. Contudo, um relato mais pormenorizado é feito no Vinaya (Kd 1) e somente partes desses eventos, como os três primeiros sermões (SN 56.11, SN 22.59, SN 35.28), são encontradas nos _nikāyas_. ", "mn-guide-sujato:54": "O Buda levava o mesmo estilo de vida simples seguido por seus discípulos monges. Suas posses consistiam em três mantos ou hábitos, uma tigela e poucos outros objetos. Ele ficava a maior parte do tempo no mosteiro de Anāthapiṇḍika, nas proximidades de Sāvatthī, embora também passasse algum tempo em outros mosteiros, onde morava em uma cabana simples. Ali, o ano era dividido em três estações—quente, chuvosa e fria. Na estação chuvosa, ele sempre ficava em um mosteiro e, nas demais, ele por vezes vagava pela região. ", "mn-guide-sujato:55": "Um dia típico se iniciava com o levantar-se cedo para a meditação. O amanhecer sinalizava o início das atividades diárias, particularmente da busca de esmola de comida. No mosteiro, os bhikkhus normalmente vestiam apenas uma veste semelhante a um sarong (e, no caso das bhikkhunis, uma cobertura adicional para a parte superior do corpo). Logo após o amanhecer, os monges vestiam o hábito completo antes de seguirem para alguma cidade ou vila próxima a fim de coletar esmolas de comida. Durante esta atividade, como ainda se vê em terras budistas, os leigos colocariam nas tigelas alimentos para o consumo naquele dia. Os bhikkhus, monges budistas, não podem receber dinheiro. Eles comem uma ou duas vezes ao dia, sempre entre o amanhecer e o meio-dia. ", "mn-guide-sujato:56": "Em geral, os mendicantes se retiravam após a refeição matinal para a meditação solitária, seja em suas cabanas, seja em alguma floresta próxima ou em qualquer outro lugar silencioso. Na estação quente, às vezes, o Buda tirava uma breve sesta no início da tarde (MN 36:46). No fim do dia, o Buda aparecia para ensinar e responder a perguntas. Isto, porém, ocorria espontaneamente, sem uma rotina fixa. Em seguida, ele meditaria até tarde, pois necessitava de apenas poucas horas de sono à noite. ", "mn-guide-sujato:57": "No MN 91 Discurso com Brahmāyu, seu comportamento é descrito em pormenores, mostrando as nuances da atenção plena e do cuidado com que ele realizava cada atividade. Seus seguidores o viam como a personificação da mais alta verdade. Discernindo suas realizações em cada detalhe de suas palavras e atos, eles eram comovidos e exaltavam-no em episódios alegres e belos (MN 92 Discurso para Sela, AN 6.43, AN 10.30, SN 8.7). Contudo, longe de encorajar a devoção cega, o Buda encorajava seus estudantes a investigá-lo, prescrevendo um conjunto rigoroso e pormenorizado de testes para identificar um bom mestre espiritual (MN 47 O Investigador). ", "mn-guide-sujato:58": "Esta curta descrição não faz jus ao impacto que o Buda teve sobre quem o encontrasse. Constantemente, ele é elogiado como aquele que surge no mundo por compaixão pelos seres sencientes (MN 4), que é perfeito em termos das boas qualidades (MN 38), cuja emergência é a manifestação de grande luz (AN 1.175AN 1.177), que entende completamente tudo o que pode ser conhecido (MN 1; AN 4.23) e que é dotado de perfeita confiança e coragem independente da situação (MN 12). Ele possuía uma beleza física e carisma impressionantes e causava uma impressão inesquecível em muitas das pessoas com quem ele interagiu (MN 26, AN 4.36), muito embora ele tenha dito aos devotos mais zelosos que esquecessem seu “corpo pútrido” (SN 22.87). ", - "mn-guide-sujato:59": "Embora ele foi alguém único, inigualável (MN 56; AN 1.174), como “O Realizado”(tathāgatha), o Buda é parte de uma linhagem de mestres despertos de significância cósmica. Sua compreensão transcendia os limites de espaço e tempo, sendo relevante para todos os seres sencientes em todas as esferas de existência em todos os tempos. ", - "mn-guide-sujato:60": "Outros budas surgiram no passado e surgirão no futuro com as mesmas realizações e ensinamentos. Uma lista detalhada dos Budas do passado é encontrada no DN 14 Mahāpadāna. Menções são encontradas em outros lugares, como aos budas Kakusandha no MN 50 e Kassapa no MN 81, e demonstram que a ideia subjaz aos nikāyas (veja também SN 12.14–10, AN 3.80, and AN 5.180). ", - "mn-guide-sujato:61": "No MN 116 Isigili: A Garganta dos Profetas há também a referência aos chamados “Budas despertados por si próprios” ( paccekabuddha ), um tipo misterioso de sábio que percebeu as mesmas verdades que o “Buda totalmente desperto” (sammāsambuddha), mas o faz sem estabelecer um movimento religioso. ", - "mn-guide-sujato:62": "Apesar de exaltado e reverenciado, nos nikāyas, o Buda ainda não fora elevado à divindade cósmica que mais tarde surgiria no Budismo. A despeito de todas as suas qualidades extraordinárias, ele continua sendo uma figura humana. Ele jamais diz que sua prática, nas vidas passadas, levaram ao seu despertar naquela vida. A pāramīs não são mencionadas. De fato, em uma das raras ocasiões em que ele se referiu a uma vida passada (MN 81 Discursos sobre Ghaṭīkāra, o Oleiro), ele aparece ainda não desperto. ", - "mn-guide-sujato:63": "Nos textos antigos, o termo bodhisatta significa “alguém empenhado pelo despertar”. O termo se refere principalmente ao período subsequente à saída de casa e anterior ao seu despertar. O futuro Buda não é descrito como quem percorre um caminho iniciado há muito tempo, mas como quem explora as diferentes alternativas que lhe estão ao alcance, sem estar certo de como o despertar será atingido. O seu entendimento introspectivo crucial resultou não de votos feitos em vidas passadas, mas sim quando ele relembra o momento em que experimentou absorção (jhāna) quando criança. ", + "mn-guide-sujato:59": "Embora ele foi alguém único, inigualável (MN 56; AN 1.174), como “O Realizado”(_tathāgatha_), o Buda é parte de uma linhagem de mestres despertos de significância cósmica. Sua compreensão transcendia os limites de espaço e tempo, sendo relevante para todos os seres sencientes em todas as esferas de existência em todos os tempos. ", + "mn-guide-sujato:60": "Outros budas surgiram no passado e surgirão no futuro com as mesmas realizações e ensinamentos. Uma lista detalhada dos Budas do passado é encontrada no DN 14 Mahāpadāna. Menções são encontradas em outros lugares, como aos budas Kakusandha no MN 50 e Kassapa no MN 81, e demonstram que a ideia subjaz aos _nikāyas_ (veja também SN 12.14–10, AN 3.80, and AN 5.180). ", + "mn-guide-sujato:61": "No MN 116 Isigili: A Garganta dos Profetas há também a referência aos chamados “Budas despertados por si próprios” ( _ paccekabuddha _), um tipo misterioso de sábio que percebeu as mesmas verdades que o “Buda totalmente desperto” (_sammāsambuddha_), mas o faz sem estabelecer um movimento religioso. ", + "mn-guide-sujato:62": "Apesar de exaltado e reverenciado, nos _nikāyas_, o Buda ainda não fora elevado à divindade cósmica que mais tarde surgiria no Budismo. A despeito de todas as suas qualidades extraordinárias, ele continua sendo uma figura humana. Ele jamais diz que sua prática, nas vidas passadas, levaram ao seu despertar naquela vida. A _pāramīs_ não são mencionadas. De fato, em uma das raras ocasiões em que ele se referiu a uma vida passada (MN 81 Discursos sobre Ghaṭīkāra, o Oleiro), ele aparece ainda não desperto. ", + "mn-guide-sujato:63": "Nos textos antigos, o termo _bodhisatta_ significa “alguém empenhado pelo despertar”. O termo se refere principalmente ao período subsequente à saída de casa e anterior ao seu despertar. O futuro Buda não é descrito como quem percorre um caminho iniciado há muito tempo, mas como quem explora as diferentes alternativas que lhe estão ao alcance, sem estar certo de como o despertar será atingido. O seu entendimento introspectivo crucial resultou não de votos feitos em vidas passadas, mas sim quando ele relembra o momento em que experimentou absorção (_jhāna_) quando criança. ", "mn-guide-sujato:64": "O Buda se esforça ao máximo para detalhar as muitas tentativas e experimentos que empreendeu antes que seu caminho amadurecesse. Sua qualidade verdadeiramente especial era que ele descobriu o caminho por meio de seus próprios esforços e, mais tarde, ensinou esse mesmo caminho aos seus discípulos. Até mesmo os discípulos que alcançaram a mesma libertação e entendimento reverenciaram o Buda como aquele de sabedoria e compaixão insuperáveis que apresentou o caminho para os outros. ", "mn-guide-sujato:65": "Os Estágios do Despertar ", - "mn-guide-sujato:66": "A iluminação ou o despertar espiritual, no Budismo, não é entendida como algo vago. Ao contrário, é algo específico, preciso, e repetível. Os textos desenvolvem uma tipologia detalhada dos seres iluminados. Há quatro estágios principais subdivididos em oito. Estes seres iluminados são chamados de “discípulos nobres” (ariyasāvaka) ou “pessoas verdadeiras” (sappurisa). Estes indivíduos são apresentados a partir de diferentes perspectivas ao longo dos textos. Abaixo apresenta-se um apanhado geral sobre tais indivíduos. ", - "mn-guide-sujato:67": "Os fatores do caminho são desenvolvidos até que sejam suficientemente maduros. Neste ponto, diz-se que alguém é um “discípulo do Dhamma” (dhammānusāri) ou um “discípulo pela fé” (saddhānusāri), conforme nele predomine a sabedoria ou a fé (MN 70:20). Tal indivíduo também é conhecido como “alguém no caminho para a entrada na correnteza” (MN 142:5, MN 48:15). Ele entenderá o Dhamma na vida presente, embora ainda não tenha adquirido a visão do Dhamma, sendo o seu entendimento, em parte, conceitual (SN 25.1). Quão longe e rápido alguém progride dependerá da força de suas faculdades e de seu esforço. ", - "mn-guide-sujato:68": "Os textos não são claros quanto a se essa pessoa definitivamente sabe que alcançou tal ponto. Contudo, esta ambiguidade não existe quanto ao momento de entrada na correnteza em si. Esta vem como um raio no meio da noite (AN 3.25) e aquele que a experimenta se lembrará exatamente quando e onde esta aconteceu (Pj 4). Ela tem uma visão das quatro nobres verdades e, neste ponto, a compreensão conceitual do caminho se converte inteiramente em experiência (SN 25.1). Ao abandonar os três grilhões (saṁyojana)—a dúvida cética, o entendimento equivocado dos preceitos e votos e quaisquer opiniões que identifiquem o eu com os agregados—a pessoa atinge o primeiro estágio do despertar, que é conhecido como “entrar na correnteza”. ", + "mn-guide-sujato:66": "A iluminação ou o despertar espiritual, no Budismo, não é entendida como algo vago. Ao contrário, é algo específico, preciso, e repetível. Os textos desenvolvem uma tipologia detalhada dos seres iluminados. Há quatro estágios principais subdivididos em oito. Estes seres iluminados são chamados de “discípulos nobres” (_ariyasāvaka_) ou “pessoas verdadeiras” (_sappurisa_). Estes indivíduos são apresentados a partir de diferentes perspectivas ao longo dos textos. Abaixo apresenta-se um apanhado geral sobre tais indivíduos. ", + "mn-guide-sujato:67": "Os fatores do caminho são desenvolvidos até que sejam suficientemente maduros. Neste ponto, diz-se que alguém é um “discípulo do Dhamma” (_dhammānusāri_) ou um “discípulo pela fé” (_saddhānusāri_), conforme nele predomine a sabedoria ou a fé (MN 70:20). Tal indivíduo também é conhecido como “alguém no caminho para a entrada na correnteza” (MN 142:5, MN 48:15). Ele entenderá o Dhamma na vida presente, embora ainda não tenha adquirido a visão do Dhamma, sendo o seu entendimento, em parte, conceitual (SN 25.1). Quão longe e rápido alguém progride dependerá da força de suas faculdades e de seu esforço. ", + "mn-guide-sujato:68": "Os textos não são claros quanto a se essa pessoa definitivamente sabe que alcançou tal ponto. Contudo, esta ambiguidade não existe quanto ao momento de entrada na correnteza em si. Esta vem como um raio no meio da noite (AN 3.25) e aquele que a experimenta se lembrará exatamente quando e onde esta aconteceu (Pj 4). Ela tem uma visão das quatro nobres verdades e, neste ponto, a compreensão conceitual do caminho se converte inteiramente em experiência (SN 25.1). Ao abandonar os três grilhões (_saṁyojana_)—a dúvida cética, o entendimento equivocado dos preceitos e votos e quaisquer opiniões que identifiquem o eu com os agregados—a pessoa atinge o primeiro estágio do despertar, que é conhecido como “entrar na correnteza”. ", "mn-guide-sujato:69": "Aquele que entra na correnteza está destinada a despertar, estando livre de renascer nas esferas inferiores de existência (MN 6; SN 55.1) e experimenta o renascimento, no máximo, sete vezes (AN 3.88). Tal indivíduo eliminou a imensa massa de sofrimento e o que resta é como sete pequenas pedras comparadas com os Himalaias (SN 56.59). Ele é generoso, devoto e espontaneamente mantém, pelo menos, os cinco preceitos (MN 53; SN 12.41; AN 7.6). Ele entende as quatro nobres verdades e a originação dependente, não tendo dúvidas com relação ao Buda, o seu ensinamento ou a sua Saṅgha (MN 7; SN 12.41). No entanto, ainda existem apegos; tal indivíduo ainda sofre quando parentes falecem (Ud 8.8) ou sujeito a momentos de tristeza ou aflição (DN 16:5.13). ", "mn-guide-sujato:70": "Quando alguém que entrou na correnteza avança no caminho, diz-se que ele ruma para o fruto de retornar uma vez , estado atingido com a diminuição da cobiça e da raiva. Neste ponto, ele renascerá somente mais uma vez neste mundo. Quando, ao avançar, é eliminada completamente a cobiça e a raiva, ele passa a ser considerado alguém que não retorna. Normalmente, tal tipo de indivíduo renasce em uma dos reinos ou esferas especiais de existência de alta divindade conhecidas como as Moradas Puras e, ali, alcança a completa extinção. Em certos casos, no entanto, a pessoa que não retorna pode encontrar a extinção completa antes de renascer (AN 3.88). ", "mn-guide-sujato:71": "Contudo, até mesmo o estado elevado do não-retorno não está livre do apego. Aquele que alcança o não-retorno aperfeiçoou a ética e a absorção, mas sua sabedoria ainda não está completa. Ele ainda tem os cinco maiores grilhões: o apego ao renascimento nas esferas de forma luminosa e imaterial; uma urgência irrequieta de se alcançar o despertar completo; um senso residual de identidade, ou presunção, e ignorância. ", "mn-guide-sujato:72": "Mais uma vez, o indivíduo progride no caminho até alcançar a perfeição completa. Aquele aperfeiçoado, um arahant, eliminou completamente todas as corrupções e pôs fim ao renascimento e, terminada esta vida, não mais sofrerá. Sua libertação é idêntica à do Buda. Uma vez que ele não mais possui grilhões ou contaminações da mente, ele pode atingir a meditação profunda quando quiser e sua vida será cheia de alegria e paz. Ele não sente luto, ansiedade, confusão ou dúvida. Alguém que atingiu a perfeição só vive de acordo com o Dhamma, sendo incapaz de retornar aos costumes mundanos ou de ceder aos desejos materiais. Sua vida é de serenidade e virtude, preferindo a reclusão e a meditação, embora sirva os outros sem interesses, ajudando-os sempre que possível, especialmente por meio do ensinamento. Um arahant não tem medo e é completamente equânime quando diante da morte (MN 140:24). Ele ainda experimenta a dor do corpo, embora não tenha qualquer sofrimento mental (SN 36.6). ", "mn-guide-sujato:73": "Os discípulos monásticos ", - "mn-guide-sujato:74": "Embora imaginemos que os suttas são “os ensinamentos do Buda”, a verdade é que somente cerca de um quarto dos discursos do Majjhima apresentam o Buda discursando para uma assembleia. Mais de metade dos discursos consistem em diálogos (vyākaraṇa). Por vezes, o Buda faz uma pergunta e conduz a assembleia em um processo socrático de questionamento. Por vezes alguém curioso faz uma pergunta ou várias. O Buda pode responder de diversas formas—às vezes diretamente, às vezes com uma contraquestão, às vezes com uma longa análise—dependendo da natureza da questão e do questionador. Curiosamente, às vezes ele não dá qualquer resposta. ", + "mn-guide-sujato:74": "Embora imaginemos que os suttas são “os ensinamentos do Buda”, a verdade é que somente cerca de um quarto dos discursos do Majjhima apresentam o Buda discursando para uma assembleia. Mais de metade dos discursos consistem em diálogos (_vyākaraṇa_). Por vezes, o Buda faz uma pergunta e conduz a assembleia em um processo socrático de questionamento. Por vezes alguém curioso faz uma pergunta ou várias. O Buda pode responder de diversas formas—às vezes diretamente, às vezes com uma contraquestão, às vezes com uma longa análise—dependendo da natureza da questão e do questionador. Curiosamente, às vezes ele não dá qualquer resposta. ", "mn-guide-sujato:75": "Além de aparecerem de certa forma nos discursos, os vários discípulos também servem como mestres em cerca de um quinto dos discursos do Majjhima, continuando o trabalho do Buda de explorar e explicar os ensinamentos. No Majjhima Nikāya, encontramos uma gama de mestres habilidosos e distintos, muitos dos quais se tornaram bastante famosos nas tradições budistas. Desde o início de seu ministério, o Buda era desejoso de capacitar seus seguidores, encorajando-os a compartilhar o ensinamento da melhor maneira que pudessem. ", "mn-guide-sujato:76": "Nove discursos são pronunciados pelo principal discípulo do Buda, o renomado general do Dhamma, Sāriputta. Dentre eles, estão o MN 9, um amplo apanhado das diversas facetas do entendimento correto; o MN 28, que demonstra como todos os ensinamentos estão inseridos nas quatro nobres verdades; e o MN 141, uma detalhada explicação das quatro nobres verdades com base no primeiro sermão do Buda. Nestes discursos, Sāriputta mostra o seu interesse no desenvolvimento de uma visão sistemática do Dhamma. Tais análises formam a matéria prima dos desenvolvimentos posteriores nos textos do Abhidhamma e Sāriputta é, justamente, reconhecido como um dos pais do Abhidhamma. ", "mn-guide-sujato:77": "Mahākaccāna é outro monge de notável sabedoria, cujo estilo analítico e incisivo, focando especialmente no processo da experiência sensorial, também influenciou o Abhidhamma. Ele pronunciou quatro discursos no Majjhima. No MN 18, o “Discurso sobre A Bola de Mel” demonstra sua incomparável habilidade de derivar sutis implicações de breves ensinamentos do Buda. Este discurso recebeu um tratamento pormenorizado no livro Concept and Reality in Early Buddhist Thought [Conceito e realidade no pensamento budista antigo ou inicial] de Katukurunde Nyanananda, uma das monografias mais influentes nos estudos budistas modernos. ", "mn-guide-sujato:78": "O MN 24, um diálogo entre Sāriputta e Puṇṇa Mantāṇiputta, fala de um conjunto de carruagens, introduzindo a ideia dos sete estágios da purificação que, mais tarde, influenciaria amplamente os estágios de entendimento introspectivo no Visuddhimagga de Buddhaghosa e, por conseguinte, na meditação contemporânea na tradição Theravada. ", - "mn-guide-sujato:79": "A monja Dhammadinnā apresenta o único discurso de uma bhikkhunī no Majjhima. Parece que os ensinamentos dados por mulheres nos suttas, ainda que raros, foram incluídos por causa de sua sabedoria única e impactante. No MN 44, ela responde a várias questões feitas por seu ex-esposo, revelando seu profundo desenvolvimento meditativo e sabedoria. ", + "mn-guide-sujato:79": "A monja Dhammadinnā apresenta o único discurso de uma _bhikkhunī_ no Majjhima. Parece que os ensinamentos dados por mulheres nos suttas, ainda que raros, foram incluídos por causa de sua sabedoria única e impactante. No MN 44, ela responde a várias questões feitas por seu ex-esposo, revelando seu profundo desenvolvimento meditativo e sabedoria. ", "mn-guide-sujato:80": "Demais discursos feitos por discípulos incluem vários por Moggallāna, Anuruddha e outros. Não podemos esquecer, em uma discussão sobre os discípulos, de mencionar Ānanda, o discípulo mais próximo do Buda e aquele por meio de quem, de acordo com a tradição, todos os textos foram transmitidos. Ānanda era particularmente interessado na vida pessoal do Buda e é com Ānanda que a história de sua vida assumiu a forma que nos é familiar. ", "mn-guide-sujato:81": "A Saṅgha ", - "mn-guide-sujato:82": "Por distintos que fossem em sabedoria, os discípulos iluminados do Buda não existiram isoladamente. Eles eram parte de uma comunidade espiritual organizada chamada Saṅgha ou ”Ordem Monástica”. Saṅgha é um termo religioso usado em dois sentidos específicos: a “ordem monástica” (bhikkhusaṅgha) e a “comunidade dos nobres discípulos” (sāvakasaṅgha; o mais conhecido termo ariyasaṅgha só aparece em um único versículo no AN 6.54). O primeiro termo se refere àqueles que receberam a ordenação e têm a prática de um mendicante budista e o segundo se refere a alguém que atingiu algum dos estágios do despertar, o que pode, é claro, incluir seguidores leigos. ", + "mn-guide-sujato:82": "Por distintos que fossem em sabedoria, os discípulos iluminados do Buda não existiram isoladamente. Eles eram parte de uma comunidade espiritual organizada chamada Saṅgha ou ”Ordem Monástica”. _Saṅgha_ é um termo religioso usado em dois sentidos específicos: a “ordem monástica” (_bhikkhusaṅgha_) e a “comunidade dos nobres discípulos” (_sāvakasaṅgha_; o mais conhecido termo _ariyasaṅgha_ só aparece em um único versículo no AN 6.54). O primeiro termo se refere àqueles que receberam a ordenação e têm a prática de um mendicante budista e o segundo se refere a alguém que atingiu algum dos estágios do despertar, o que pode, é claro, incluir seguidores leigos. ", "mn-guide-sujato:83": "A distinção entre estes dois grupos não é tão clara quanto parece. A fórmula descrevendo a Saṅgha na recordação das Três Joias menciona oito tipos de nobres discípulos no caminho. Ela também os descreve em termos típicos para ordem monástica, por exemplo, como um “campo de mérito”. Não obstante, é difícil traçar uma conclusão definitiva, pois esta fórmula parece ser composta. Como regra geral, é possível presumir que, exceto quando o contexto se refere específicamente à Saṅgha dos nobres discípulos, o termo se trata da ordem monástica. ", "mn-guide-sujato:84": "A comunidade monástica foi estabelecida logo depois do despertar do Buda, como é contado no primeiro capítulo dos Vinaya Khandhakas, conhecido como Mahākkhandhaka ou Pabbajjakkhandhaka (Kd 1). Partes desta narrativa aparecem nos suttas, porém, recomenda-se que a história completa seja lida. ", "mn-guide-sujato:85": "A Saṅgha inicial consistia em uma pequena comunidade de praticantes avançados; de acordo com os textos, todos eram aperfeiçoados. É famosa a recomendação do Buda de que seus seguidores vagassem pelo mundo ensinando o Dhamma para o bem de todos os povos (SN 4.5). Isto dá testemunho de como o Buda se relacionava com a sua comunidade. Ele não operava como um guru que exigia obediência e tratava seus seguidores como dependentes. Ao contrário, ele tratava seus discípulos como adultos que faziam suas próprias escolhas e confiava neles, permitindo que fizessem suas próprias contribuições. Decerto, no princípio, todos eram despertos, mas esta política teve continuidade ao longo de sua vida, até mesmo em seu leito de morte, quando essa característica já não era compartilhada por toda a comunidade de discípulos. ", "mn-guide-sujato:86": "No Kd 1 é contada a história da evolução do procedimento de ordenação. Originalmente, o próprio Buda apenas convidava seus seguidores com as palavras “Vinde, mendicante!” Mais tarde, quando o número de candidatos cresceu, o Buda permitiu que outros mendicantes fizessem a ordenação usando uma cerimônia simples de busca dos três refúgios; esta forma ainda é usada na ordenação de noviços. Mais tarde, formalizou-se o procedimento amadurecido, conhecido como “moção e três anúncios”. A forma da cerimônia de ordenação madura continha vários elementos formais e legais: um conjunto de questões eram feitas para vetar os candidatos; os questionadores eram indicados formalmente pela Saṅgha; os candidatos, depois de questionados, recebiam um mentor; e toda a Saṅgha dava sua anuência para a ordenação. O procedimento completo é direto e legalista, sem ornamentos e rituais. O núcleo deste procedimento ainda é feito hoje, embora as tradições tenham adornado a o procedimento em si com um amplo número de rituais e celebrações. ", - "mn-guide-sujato:87": "Este procedimento serviu de modelo para as tramitações internas da Sangha. Estas ocorrem via consenso: a totalidade da Saṅgha faz a ordenação (saṁgho itthannāmaṁ upasampādeti). Se até mesmo um mendicante discordar, a ordenação não é feita. Ao contrário de um equívoco que, infelizmente, está presente até dentro da Saṅgha, o mentor—chamado upajjhāya, no caso de monges, e pavattinī, para as monjas—não ministra a ordenação; eles são indicados pela Saṅgha para dar apoio aos novos membros. ", - "mn-guide-sujato:88": "Para fins legais, a Saṅgha é a comunidade “circunscrita” (sīmā) em uma área designada formalmente pela comunidade monástica local. Em geral, ela estaria dentro do território de um mosteiro, embora pudesse ser bem maior ou menor (vide Kd 2). Trata-se de um ponto prático importante: a Saṅgha é descentralizada. Seria impraticável querer que todos os mendicantes do mundo todo se reunissem para atingir um consenso, logo, todos os procedimentos são baseados no consenso da comunidade monástica local. ", + "mn-guide-sujato:87": "Este procedimento serviu de modelo para as tramitações internas da Sangha. Estas ocorrem via consenso: a totalidade da Saṅgha faz a ordenação (*saṁgho itthannāmaṁ upasampādeti*). Se até mesmo um mendicante discordar, a ordenação não é feita. Ao contrário de um equívoco que, infelizmente, está presente até dentro da Saṅgha, o mentor—chamado _upajjhāya_, no caso de monges, e _pavattinī_, para as monjas—não ministra a ordenação; eles são indicados pela Saṅgha para dar apoio aos novos membros. ", + "mn-guide-sujato:88": "Para fins legais, a Saṅgha é a comunidade “circunscrita” (_sīmā_) em uma área designada formalmente pela comunidade monástica local. Em geral, ela estaria dentro do território de um mosteiro, embora pudesse ser bem maior ou menor (vide Kd 2). Trata-se de um ponto prático importante: a Saṅgha é descentralizada. Seria impraticável querer que todos os mendicantes do mundo todo se reunissem para atingir um consenso, logo, todos os procedimentos são baseados no consenso da comunidade monástica local. ", "mn-guide-sujato:89": "Não há hierarquia na Saṅgha: todos os membros são igualmente relevantes. Aos mais velhos, deve-se respeito por causa de sua experiência e sabedoria, mas isto não se traduz em poder de comando. Nenhum membro da Saṅgha tem o direito de forçar quem quer que seja a fazer algo e, se um membro mais velho da Saṅgha, até mesmo um mentor ou mestre, disser para alguém fazer algo que seja contra o Dhamma ou o Vinaya, a obrigação é desobedecer. A título de exemplo de como os mendicantes deveriam tomar decisões, o MN 17 Discurso sobre a Floresta Cerrada (Vanapatthasutta) dá algumas orientações sobre se o mendicante deve ou não permanecer em um mosteiro; não se cogita alguém ser mandado ir de um lugar para o outro. ", - "mn-guide-sujato:90": "A Saṅgha logo estabeleceu mosteiros com comunidades relativamente estáveis. Em situações típicas, os mendicantes ficavam nos mosteiros durante parte do ano, especialmente nos três meses de retiro da estação chuvosa e, no resto do ano, vagavam. Eles se reuniam a cada quinzena para o “sabbath” (uposatha), quando eram compartilhados os ensinamentos (MN 109 Grande discurso na noite de lua cheia, Mahāpuṇṇamasutta) e, mais tarde, a recitação das regras monásticas (pātimokkha). ", - "mn-guide-sujato:91": "Em algum ponto, foi estabelecida a comunidade de monjas (bhikkhunīs) nos moldes da comunidade dos monges. A tradição diz que isto se deveu à instigação da madrasta do Buda, Mahāpajāpatī Gotamī. Contudo, o relato preservado até hoje é problemático, tanto textual quanto eticamente e não pode ser aceito sem restrições. De qualquer forma, sabemos que uma comunidade de monjas foi estabelecida e que funcionava, em grande parte, de maneira independente. As monjas construíram seus próprios mosteiros (Bi Pj 5), tinham seus próprios estudantes (Thig 5.11), estudavam os textos (Bi Pc 33), desenvolviam a meditação (SN 47.10), vagavam pela região (Bi Pc 50) e alcançavam a sabedoria do despertar (MN 44 A pequena sequência de perguntas e respostas, Cūḷavedallasutta). Embora seja verdade que certas regras existentes na atualidade discriminem as monjas, outras as protegem. Por exemplo, aos monges é proibido que as monjas lavem seus hábitos, assim evitando que eles as tratassem como servas domésticas. Quando os monges ensinavam às monjas, eles o faziam de maneira respeitosa, tratando-as como iguais (MN 146 O conselho de Nandaka). A ordem de monjas dava às mulheres da época uma oportunidade rara de buscar seu próprio caminho espiritual apoiadas pela comunidade. Ela sobreviveu ao longo dos anos nas tradições do leste asiático e, recentemente, foi restaurada nas escolas Tibetana e Theravada. ", - "mn-guide-sujato:92": "Note que, nos suttas, o termo bhikkhu (gênero masculino) é utilizado como termo genérico que inclui monges e monjas. Isto é evidente pelo contexto como no AN 4.170, onde Ānanda começa se dirigindo aos “monges e monjas” e prossegue usando apenas “monges”; ou no DN 16, que trata de “monges e monjas”, mas usa o pronome masculino para se referir a ambos. Este uso do masculino também é confirmado em passagens como Thig 16.1, onde Sumedhā é chamada putta pelo pai. Putta, “filho” contrasta com dhītā, “filha”, mas esse trecho mostra que ele pode ser usado no sentido genérico de “criança”. No ensinamento destinado ao público geral, é provável que monges e monjas, assim como os leigos, estivessem presentes, ainda que os textos sejam dirigidos aos “monges” (bhikkhave) por convenção. Por isso, eu verti bhikkhu no termo mais neutro “mendicante”, exceto quando fosse necessário distinguir os gêneros, em que usei “monge”. Não obstante, no Vinaya Piṭaka, os textos são, via de regra, separados pelo gênero, sendo melhor usar “monge”. Note, ainda, que “mendicante” é o que bhikkhu realmente significa: o termo se refere àquele que vive vagando em busca de esmolas. ", - "mn-guide-sujato:93": "Originalmente, a Saṅgha seguia um conjunto informal de princípios considerados apropriados para os ascetas, similar ao seguido por outros grupos. Estes princípios foram preservados em detalhes na porção ética do treinamento gradual (MN 51; DN 1, etc.). No início, o Buda se recusou a estabelecer um sistema formal de regra monástica, porém, a Saṅgha cresceu tanto que este sistema se tornou necessário (Bu Pj 1). Ele é tratado extensamente nos textos do Vinaya Piṭaka. Note que quando a palavra vinaya é usada nos quatro nikāyas, raramente ela se refere ao Vinaya Piṭaka. O termo em si é geralmente usado para denotar a aplicação prática do ensinamento: dhammavinaya significa algo semelhante a “teoria e prática”. ", - "mn-guide-sujato:94": "Encontramos dispersos pelos quatro nikāyas ensinamentos direcionados à comunidade monástica. Por vezes eles se referem a procedimentos técnicos do Vinaya Piṭaka, provavelmente para assegurar que estudantes dos suttas se familiarizassem com eles (MN 104 Em Sāmagāma). Contudo, frequentemente eles são princípios gerais de ética, delineando orientações para uma comunidade espiritual harmoniosa e próspera. ", + "mn-guide-sujato:90": "A Saṅgha logo estabeleceu mosteiros com comunidades relativamente estáveis. Em situações típicas, os mendicantes ficavam nos mosteiros durante parte do ano, especialmente nos três meses de retiro da estação chuvosa e, no resto do ano, vagavam. Eles se reuniam a cada quinzena para o “sabbath” (_uposatha_), quando eram compartilhados os ensinamentos (MN 109 Grande discurso na noite de lua cheia, Mahāpuṇṇamasutta) e, mais tarde, a recitação das regras monásticas (_pātimokkha_). ", + "mn-guide-sujato:91": "Em algum ponto, foi estabelecida a comunidade de monjas (_bhikkhunīs_) nos moldes da comunidade dos monges. A tradição diz que isto se deveu à instigação da madrasta do Buda, Mahāpajāpatī Gotamī. Contudo, o relato preservado até hoje é problemático, tanto textual quanto eticamente e não pode ser aceito sem restrições. De qualquer forma, sabemos que uma comunidade de monjas foi estabelecida e que funcionava, em grande parte, de maneira independente. As monjas construíram seus próprios mosteiros (Bi Pj 5), tinham seus próprios estudantes (Thig 5.11), estudavam os textos (Bi Pc 33), desenvolviam a meditação (SN 47.10), vagavam pela região (Bi Pc 50) e alcançavam a sabedoria do despertar (MN 44 A pequena sequência de perguntas e respostas, Cūḷavedallasutta). Embora seja verdade que certas regras existentes na atualidade discriminem as monjas, outras as protegem. Por exemplo, aos monges é proibido que as monjas lavem seus hábitos, assim evitando que eles as tratassem como servas domésticas. Quando os monges ensinavam às monjas, eles o faziam de maneira respeitosa, tratando-as como iguais (MN 146 O conselho de Nandaka). A ordem de monjas dava às mulheres da época uma oportunidade rara de buscar seu próprio caminho espiritual apoiadas pela comunidade. Ela sobreviveu ao longo dos anos nas tradições do leste asiático e, recentemente, foi restaurada nas escolas Tibetana e Theravada. ", + "mn-guide-sujato:92": "Note que, nos suttas, o termo _bhikkhu_ (gênero masculino) é utilizado como termo genérico que inclui monges e monjas. Isto é evidente pelo contexto como no AN 4.170, onde Ānanda começa se dirigindo aos “monges e monjas” e prossegue usando apenas “monges”; ou no DN 16, que trata de “monges e monjas”, mas usa o pronome masculino para se referir a ambos. Este uso do masculino também é confirmado em passagens como Thig 16.1, onde Sumedhā é chamada _putta_ pelo pai. _Putta_, “filho” contrasta com _dhītā_, “filha”, mas esse trecho mostra que ele pode ser usado no sentido genérico de “criança”. No ensinamento destinado ao público geral, é provável que monges e monjas, assim como os leigos, estivessem presentes, ainda que os textos sejam dirigidos aos “monges” (_bhikkhave_) por convenção. Por isso, eu verti _bhikkhu_ no termo mais neutro “mendicante”, exceto quando fosse necessário distinguir os gêneros, em que usei “monge”. Não obstante, no Vinaya Piṭaka, os textos são, via de regra, separados pelo gênero, sendo melhor usar “monge”. Note, ainda, que “mendicante” é o que _bhikkhu_ realmente significa: o termo se refere àquele que vive vagando em busca de esmolas. ", + "mn-guide-sujato:93": "Originalmente, a Saṅgha seguia um conjunto informal de princípios considerados apropriados para os ascetas, similar ao seguido por outros grupos. Estes princípios foram preservados em detalhes na porção ética do treinamento gradual (MN 51; DN 1, etc.). No início, o Buda se recusou a estabelecer um sistema formal de regra monástica, porém, a Saṅgha cresceu tanto que este sistema se tornou necessário (Bu Pj 1). Ele é tratado extensamente nos textos do Vinaya Piṭaka. Note que quando a palavra _vinaya_ é usada nos quatro _nikāyas_, raramente ela se refere ao Vinaya Piṭaka. O termo em si é geralmente usado para denotar a aplicação prática do ensinamento: _dhammavinaya_ significa algo semelhante a “teoria e prática”. ", + "mn-guide-sujato:94": "Encontramos dispersos pelos quatro _nikāyas_ ensinamentos direcionados à comunidade monástica. Por vezes eles se referem a procedimentos técnicos do Vinaya Piṭaka, provavelmente para assegurar que estudantes dos suttas se familiarizassem com eles (MN 104 Em Sāmagāma). Contudo, frequentemente eles são princípios gerais de ética, delineando orientações para uma comunidade espiritual harmoniosa e próspera. ", "mn-guide-sujato:95": "No MN 3 Dhammadāyāda, o Buda ensina a seus mendicantes a serem seus “herdeiros no Dhamma”, herdando de seu mestre coisas espirituais e não materiais. No MN 5 Sem máculas (Anaṅgaṇasutta),os veneráveis Sāriputta e Moggallāna falam dos que têm “máculas” que comprometem sua integridade espiritual. Quando culpados por uma ofensa, ao invés de limpá-la com uma confissão, eles a escondem. Ou talvez eles esperem que o Buda lhes faça uma pergunta sobre o ensinamento ou, ainda, esperem receber a melhor refeição. Estas coisas podem parecer pequenas, porém, ao longo do tempo, elas corrompem. Por isso elas devem ser eliminadas diligentemente, pois a atenção escrupulosa à ética é o alicerce de todas as conquistas mais elevadas no caminho espiritual (MN 6 Se um bhikkhu desejar, Ākaṅkheyyasutta). É essencial que os membros da comunidade estejam abertos a admoestações ou não serão capazes de identificar suas faltas e as remediar (MN 15 Inferência, Anumānasutta). Entretanto, uma comunidade não deve se firmar sobre denúncias e críticas, mas sobre amor, generosidade e respeito (MN 16 Obstruções na mente, Cetokhilasutta). ", "mn-guide-sujato:96": "Nem todos estavam satisfeitos com o caminho do Buda. Sunakkhatta—conhecido personagem do DN 24—deixou a vida santa, pois queria ver milagres e pensava ser o fim do sofrimento um objetivo muito inferior (MN 12; vide também MN 63). O monge Ariṭṭha foi mais longe ao contradizer diretamente os princípios fundamentais do Dhamma dizendo que as coisas que o Buda disse serem prejudiciais não o seriam na verdade (MN 22 O símile da cobra, Alagaddūpamasutta). Este evento precipitou a criação de várias regras do Vinaya demonstrando a interdependência das diferentes partes dos textos (Bu Pc 68, Bu Pc 69; Kd 11). ", "mn-guide-sujato:97": "Às vezes, os problemas excediam o âmbito individual, podendo causar uma cisão em uma comunidade inteira. O MN 48 Os kosambianos, que também tem paralelos no Vinaya, conta como uma comunidade pode se dividir em razão de uma pequena discordância. Eles foram de tal forma consumidos pela raiva e presunção que ignoraram até mesmo as tentativas do Buda de reconciliá-los. Posteriormente, no entanto, eles se resolveram. Da mesma forma, os monges em Cātuma (MN 67) eram tão ruidosos e barulhentos que o Buda os dispensou, mas foi convencido a voltar atrás. ", @@ -102,7 +102,7 @@ "mn-guide-sujato:101": "Os monges estão longe de serem as únicas pessoas que encontramos nestes textos. Em suas viagens pela planície gangética, o Buda interagiu com um amplo recorte das populações locais: brâmanes eruditos e pessoas comuns, reis e escravos, sacerdotes e prostitutas, mulheres e homens, crianças e velhos, devotos e céticos, doentes e pessoas com deficiências, os que buscavam depreciá-lo e os que buscavam a verdade sinceramente. ", "mn-guide-sujato:102": "Não se deve pensar que os ensinamentos destinados aos monges e aos leigos eram distintos. Por exemplo, o MN 7 O Discurso Sobre O Símile do Pano (Vatthasutta ou Vatthūpamasutta) começa com o ensinamento padrão para mendicantes acerca da purificação da mente, que deságua nas meditações divinas e no despertar completo. O Buda chama o bhikkhu que a alcança de alguém “banhado com o banho interno”. Diante disto, o brâmane Sundarika—que se achava por perto—protestou dizendo que os brâmanes atestavam as propriedades purificadoras do ato de banhar-se no rio Bāhuka. Este exemplo corriqueiro mostra que, até quando um discurso se destina aos mendicantes, várias pessoas, as que não são budistas inclusive, podem estar presentes. ", "mn-guide-sujato:103": "A brâmane do MN 7 foi ordenada. Contudo, também há muitos casos de pessoas que praticaram por um bom tempo e permaneceram leigas. No MN 14 Cūḷadukkhakkhandha, Mahānāma, um parente do Buda, lamenta que, apesar de seus muitos anos de prática, ele ainda possuía ganância, ódio e desilusão. Evidentemente, os praticantes leigos da meditação à época lutaram para conquistar uma paz de espírito profunda, como acontece hoje. ", - "mn-guide-sujato:104": "Casos assim demonstram como o Buda falava para as pessoas, abordando suas necessidades e preocupações. Em outras situações, ele pronunciava discursos mais gerais sobre princípios éticos. No MN 41 Discurso com os Brâmanes de Sālā (Sāleyyakasutta), ele ensina para um grupo de pessoas que não são budistas as chamadas “dez vias para atos hábeis” (dasakusalakammapathā; vide AN 10.176): ", + "mn-guide-sujato:104": "Casos assim demonstram como o Buda falava para as pessoas, abordando suas necessidades e preocupações. Em outras situações, ele pronunciava discursos mais gerais sobre princípios éticos. No MN 41 Discurso com os Brâmanes de Sālā (Sāleyyakasutta), ele ensina para um grupo de pessoas que não são budistas as chamadas “dez vias para atos hábeis” (_dasakusalakammapathā_; vide AN 10.176): ", "mn-guide-sujato:105": "Abster-se de matar ", "mn-guide-sujato:106": "Abster-se de roubar ", "mn-guide-sujato:107": "Abster-se de conduta sexual imprópria ", @@ -122,6 +122,6 @@ "mn-guide-sujato:121": "Uma breve história do texto ", "mn-guide-sujato:122": "O Majjhima Nikāya foi editado por V. Trenckner (Volume 1) e Robert Chalmers (Volumes 2 e 4) tendo por base manuscritos em escrita cingalesa, birmanesa e tailandesa, publicados em escrita latina pela Pali Text Society (PTS) entre os anos 1888 e 1899. A primeira tradução para o inglês foi publicada de 1926 a 1927 por Robert Chalmers sob o título Further Dialogues of the Buddha. ", "mn-guide-sujato:123": "Durante a primeira metade do século XX, com a rápida evolução no entendimento do páli e do budismo, uma nova tradução logo se revelou necessária. Ela foi feita nos anos 1950 por I. B. Horner e foi publicada pela PTS sob o título The Book of Middle Length Sayings de 1954 a 1959. ", - "mn-guide-sujato:124": "Embora sua tradução demonstrasse uma melhoria significativa em relação à de Chalmers, ela foi eclipsada pela tradução feita por Bhikkhu Ñāṇamoḷi. A extraordinária carreira de Ñāṇamoḷi como estudioso e tradutor do páli foi prematura e tragicamente interrompida por sua morte e sua tradução do Majjhima Nikāya permaneceu como um manuscrito incompleto. Não obstante, seu valor era tão claro que foi publicada, primeiro como uma seleção de 90 discursos editados por Bhikkhu Khantipalo e publicada em Bangkok em 1976 sob o título A Treasury of the Buddha’s Words e, depois, como uma versão completa e atualizada por Bhikkhu Bodhi em 1995 sob o título The Middle Length Discourses of the Buddha: A Translation of the Majjhima Nikaya. Esta última atingiu o ápice de precisão, consistência e legibilidade que se tornou o que todas as traduções posteriores dos nikāyas aspiraram. ", + "mn-guide-sujato:124": "Embora sua tradução demonstrasse uma melhoria significativa em relação à de Chalmers, ela foi eclipsada pela tradução feita por Bhikkhu Ñāṇamoḷi. A extraordinária carreira de Ñāṇamoḷi como estudioso e tradutor do páli foi prematura e tragicamente interrompida por sua morte e sua tradução do Majjhima Nikāya permaneceu como um manuscrito incompleto. Não obstante, seu valor era tão claro que foi publicada, primeiro como uma seleção de 90 discursos editados por Bhikkhu Khantipalo e publicada em Bangkok em 1976 sob o título A Treasury of the Buddha’s Words e, depois, como uma versão completa e atualizada por Bhikkhu Bodhi em 1995 sob o título The Middle Length Discourses of the Buddha: A Translation of the Majjhima Nikaya. Esta última atingiu o ápice de precisão, consistência e legibilidade que se tornou o que todas as traduções posteriores dos _nikāyas_ aspiraram. ", "mn-guide-sujato:125": "Quando o texto em páli não era claro, eu frequentemente me referi ao trabalho de Ñāṇamoḷi e Bodhi (o trabalho publicado e o manuscrito original de Ñāṇamoḷi) e, menos frequentemente, à tradução de Horner e outras traduções de textos específicos. Eu também tive acesso às notas dos bhikkhus Ñāṇadīpa e Ñāṇatusita feitas sobre a tradução de Bhikkhu Bodhi. Ademais, eu consultei textos em chinês e demais paralelos, bem como estudos detalhados sobre eles feitos por Bhikkhu Anālayo. Não obstante, estes foram úteis à tradução em poucas ocasiões, pois acredito ser importante preservar a integridade de diferentes linhagens textuais. Estudos comparativos perdem valor quando os textos subjacentes já foram reconciliados." } \ No newline at end of file diff --git a/translation/pt/site/numbering_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/numbering_translation-pt-site.json index a09f3accc15b..b58df5f60291 100644 --- a/translation/pt/site/numbering_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/numbering_translation-pt-site.json @@ -18,7 +18,7 @@ "numbering:17": "Na maioria dos casos, a numeração dos suttas Páli é simples e consistente entre as edições. “DN 2” é sempre o segundo discurso do Dīgha Nikāya, ou seja, o Sāmaññaphala Sutta. No entanto, há vários casos marginais e de borda em que as diferenças emergem. Estes ocorrem frequentemente porque nos discursos mais curtos existem muitas abreviaturas e repetições, por isso nem sempre é claro como estes textos devem ser exatamente contados. ", "numbering:18": "Geralmente seguimos a numeração encontrada em nossa edição em Páli, a edição Mahāsaṅgīti do texto do Sexto Concílio, produzida pela Dhamma Society. Esta é uma versão revisada e corrigida da edição do cânone resultante do Sexto Concílio, produzida pelo Vipassana Research Institute, e segue o mesmo sistema de numeração. Na maioria dos casos, esta é compatível com a numeração usada nas edições da Pali Text Society (PTS). No entanto, nos textos mais raramente utilizados, como o Abhidhamma, a numeração pode ser diferente daquela usada pela PTS. Além disso, dentro do escopo dos principais nikāyas, note os seguintes problemas. ", "numbering:19": "Dois nívels, e não três, para o AN 1 e AN 2 ", - "numbering:20": "Nos dois primeiros nipatas do AN, a numeração PTS reconhece três níveis de agrupamento ( nipāta , vagga , e sutta ). Nesses casos, seguimos a prática amplamente aceita de dispensar o segundo nível. Isso envolve a aplicação de um princípio mecânico simples, ilustrado nos exemplos a seguir: ", + "numbering:20": "Nos dois primeiros nipatas do AN, a numeração PTS reconhece três níveis de agrupamento (_ nipāta _, _ vagga _, e _ sutta _). Nesses casos, seguimos a prática amplamente aceita de dispensar o segundo nível. Isso envolve a aplicação de um princípio mecânico simples, ilustrado nos exemplos a seguir: ", "numbering:21": "AN 1.1.6 se torna AN 1.6 ", "numbering:22": "AN 1.8.1 se torna AN 1.71 ", "numbering:23": "AN 2.2.9 se torna AN 2.19 ", @@ -27,16 +27,16 @@ "numbering:26": "Para o Volume i do SN, o Sagātha-Vagga, existem dois conjuntos de números de volume / página para cada sutta. Isto porque este texto foi originalmente editado por Feer em 1884, com uma nova edição preparada por Somaratne em 1998. ", "numbering:27": "Usamos a numeração do SN and AN por Bhikkhu Bodhi ", "numbering:28": "Ao longo do SN e AN seguimos a numeração de suttas adotada nas traduções inglesas de Bhikkhu Bodhi, que em algumas seções é diferente da numeração da PTS. Este é um sistema mais racional baseado principalmente no que é encontrado nas edições nativas e na edição Chaṭṭha Saṅgāyana. Aqui, novamente, onde quer que haja uma diferença, ambos os números são mostrados. As seções afetadas dessa maneira são as seguintes: ", - "numbering:29": "SN: do SN 22.150 [SN 22.149] até ao fim do saṁyutta ", - "numbering:30": "do SN 35.136 [SN 35.135] até ao fim do saṁyutta ", - "numbering:31": "do SN 36.26 [SN 36.25] até ao fim do saṁyutta ", - "numbering:32": "AN: do AN 1.98 [AN 1.10.1] até ao fim do nipāta ", - "numbering:33": "do AN 2.23 [AN 2.3.3 + 2.3.4] até ao fim do nipāta ", - "numbering:34": "do AN 3.34 [AN 3.33] até ao fim do nipāta ", - "numbering:35": "do AN 4.227 [AN 4.226] até ao fim do nipāta ", - "numbering:36": "do AN 7.19 [AN 7.17] até ao fim do nipāta ", - "numbering:37": "do AN 10.211 [AN 10.200] até ao fim do nipāta ", - "numbering:38": "do AN 11.8 [AN 11.9] até ao fim do nipāta ", + "numbering:29": "SN: do SN 22.150 [SN 22.149] até ao fim do _saṁyutta_ ", + "numbering:30": "do SN 35.136 [SN 35.135] até ao fim do _saṁyutta_ ", + "numbering:31": "do SN 36.26 [SN 36.25] até ao fim do _saṁyutta_ ", + "numbering:32": "AN: do AN 1.98 [AN 1.10.1] até ao fim do _nipāta_ ", + "numbering:33": "do AN 2.23 [AN 2.3.3 + 2.3.4] até ao fim do _nipāta_ ", + "numbering:34": "do AN 3.34 [AN 3.33] até ao fim do _nipāta_ ", + "numbering:35": "do AN 4.227 [AN 4.226] até ao fim do _nipāta_ ", + "numbering:36": "do AN 7.19 [AN 7.17] até ao fim do _nipāta_ ", + "numbering:37": "do AN 10.211 [AN 10.200] até ao fim do _nipāta_ ", + "numbering:38": "do AN 11.8 [AN 11.9] até ao fim do _nipāta_ ", "numbering:39": "Por exemplo, na edição da PTS do SN, o sutta intitulado “Etaṁ mama” em Khandha-saṁyutta é numerado SN 22.150; e na tradução inglesa de Bhikkhu Bodhi (como também em várias edições nativas do texto em Páli) este sutta é numerado SN 22.151. Na maioria dos casos, não existe tal ambiguidade quanto ao número do sutta e, portanto, não existe nenhum número alternativo. ", "numbering:40": "Vários conjuntos de números de versos ", "numbering:41": "Números de versos para textos como o Dhammapada, Sutta Nipāta e Theragāthā e Therīgāthā variam um pouco das edições da PTS. Isto é, por vezes, devido a diferentes escolhas editoriais na quebra de versos e, por vezes, devido ao tratamento diferente de abreviaturas. Nós incluímos os números PTS para referência. ", @@ -49,7 +49,7 @@ "numbering:48": "Nossos textos chineses são uma adaptação do que é disponibilizado pela CBETA, uma edição digital do cânone Taishō. Nós herdamos e disponibilizamos na íntegra o sistema Taishō clássico. No entanto, para a nossa numeração primária, em vez de copiar o Taishō literalmente, organizamos os textos por estrutura semântica, para que eles possam ser alinhados com seus paralelos em Páli e outras línguas. Aqui está uma visão geral dessas principais escrituras. ", "numbering:49": "Para os principais āgamas, numeramos os sutras por āgamas. Ou seja, o da1 é o primeiro sutra no Dīrghāgama, que é o volume um, sutra um do Taishō. ", "numbering:50": "Para textos fora dos āgamas, como os sutras “independentes”, damos o número do sutra Taishō. ", - "numbering:51": "Para textos do vinaya, atribuímos a cada um deles um ID que especifica a escola, a divisão e o idioma. Assim lzh-mg-bu-vb-pj1 é “o texto da primeira regra pārājika em chinês Bhikkhu Vibhaṅga Mahāsaṅghika”. ", + "numbering:51": "Para textos do vinaya, atribuímos a cada um deles um ID que especifica a escola, a divisão e o idioma. Assim lzh-mg-bu-vb-pj1 é “o texto da primeira regra _pārājika_ em chinês Bhikkhu Vibhaṅga Mahāsaṅghika”. ", "numbering:52": "Cânone tibetano ", "numbering:53": "Para o cânone tibetano, usamos a numeração da edição Derge, baseada nas edições on-line. No entanto, como no caso do cânone chinês, aplicamos divisões semânticas onde isso é útil, como no caso dos textos Upāyika. Para estes numeramos os sutras conforme a ocorrência destes. ", "numbering:54": "Escrituras em sânscrito e outros idiomas ", diff --git a/translation/pt/site/similes_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/similes_translation-pt-site.json index 0659ff9efad9..4ddfdeb18c1b 100644 --- a/translation/pt/site/similes_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/similes_translation-pt-site.json @@ -613,7 +613,7 @@ "similes:612": "Semente de mostarda ", "similes:613": "paixão, desejo Dhp 407 ", "similes:614": "apego aos prazeres sensuais Dhp 401. ", - "similes:615": "(Nota:a famosa parábola em que o Buda desafia uma mulher chamada Kisa Gotamī em luto a buscar um grão de mostarda de um lar que nunca testemunhou a morte é encontrada nos Comentários referentes aos textos Thig 10.1 and Dhp 114.) ", + "similes:615": "(**Nota:**a famosa parábola em que o Buda desafia uma mulher chamada Kisa Gotamī em luto a buscar um grão de mostarda de um lar que nunca testemunhou a morte é encontrada nos Comentários referentes aos textos Thig 10.1 and Dhp 114.) ", "similes:616": "N ", "similes:617": "Ruído de uma bolsa de couro de gato macio ", "similes:618": "fala MN 21 ", diff --git a/translation/pt/site/sn-guide-sujato_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/sn-guide-sujato_translation-pt-site.json index 953271ec110b..ce90ef45a3d5 100644 --- a/translation/pt/site/sn-guide-sujato_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/sn-guide-sujato_translation-pt-site.json @@ -8,8 +8,8 @@ "sn-guide-sujato:6.1": "O Livro das Seis Bases ou Meios dos Sentidos", "sn-guide-sujato:7": "O Livro Maior ", "sn-guide-sujato:8": "Uma breve história do texto ", - "sn-guide-sujato:9": "O Saṁyutta Nikāya é a terceira das quatro divisões principais do Sutta Piṭaka do Cânone Páli (tipiṭaka). Ele é traduzido aqui comoDiscursos Conectados, título que foi anteriormente traduzido como Discursos Agrupados ou Kindred Sayings (inglês). Como o título sugere, seus discursos são conectados ou vinculados por seu temas. Esses grupos de textos conectados são chamados de saṁyuttas, e o Saṁyutta Nikāya é então a coleção de tais saṁyuttas. ", - "sn-guide-sujato:10": "O Saṁyutta Nikāya consiste em 56 saṁyuttas coletados em cinco grandes “livros” (vagga), contendo mais de mil discursos. O texto Mahāsaṅgīti conforme usado no SuttaCentral contém 2837 discursos; mas o número total é um tanto arbitrário, pois depende de como os textos abreviados são expandidos, o que difere em diferentes edições. Essa variação, no entanto, aplica-se apenas à forma como os textos são contados e não afeta o conteúdo, que é praticamente idêntico em todas as edições. ", + "sn-guide-sujato:9": "O Saṁyutta Nikāya é a terceira das quatro divisões principais do Sutta Piṭaka do Cânone Páli (_tipiṭaka_). Ele é traduzido aqui comoDiscursos Conectados, título que foi anteriormente traduzido como Discursos Agrupados ou Kindred Sayings (inglês). Como o título sugere, seus discursos são conectados ou vinculados por seu temas. Esses grupos de textos conectados são chamados de _saṁyuttas_, e o Saṁyutta Nikāya é então a coleção de tais _saṁyuttas_. ", + "sn-guide-sujato:10": "O Saṁyutta Nikāya consiste em 56 _saṁyuttas_ coletados em cinco grandes “livros” (_vagga_), contendo mais de mil discursos. O texto Mahāsaṅgīti conforme usado no SuttaCentral contém 2837 discursos; mas o número total é um tanto arbitrário, pois depende de como os textos abreviados são expandidos, o que difere em diferentes edições. Essa variação, no entanto, aplica-se apenas à forma como os textos são contados e não afeta o conteúdo, que é praticamente idêntico em todas as edições. ", "sn-guide-sujato:11": "É no Saṁyutta Nikāya que encontramos as doutrinas centrais que formaram a base para todo desenvolvimento subsequente da filosofia budista. Ele é em grande parte estruturado em torno das principais seções doutrinárias que correspondem ao modelo das quatro nobres verdades. ", "sn-guide-sujato:12": "Sofrimento ", "sn-guide-sujato:13": "Agregados (SN 22) ", @@ -22,90 +22,90 @@ "sn-guide-sujato:20": "A prática que leva ao fim do sofrimento ", "sn-guide-sujato:21": "Os capítulos do último livro, o Mahāvagga (SN 45–54) ", "sn-guide-sujato:22": "As quatro nobres verdades em si são tratadas no capítulo final, o Sacca Saṁyutta (SN 56). ", - "sn-guide-sujato:23": "Nem todos os saṁyuttas se encaixam tão facilmente nesse esquema. Existem muitos saṁyuttas menores que às vezes estão relacionados a um saṁyutta principal, e às vezes não. Além disso, o primeiro livro, o Sagāthāvagga, não é organizado por assunto. Em vez disso, a vinculação temática aqui é o tipo de personagem envolvido no discurso. Esses textos também são unificados em termos de forma literária; eles são uma mistura de texto em prosa e verso. ", + "sn-guide-sujato:23": "Nem todos os _saṁyuttas_ se encaixam tão facilmente nesse esquema. Existem muitos _saṁyuttas_ menores que às vezes estão relacionados a um _saṁyutta_ principal, e às vezes não. Além disso, o primeiro livro, o Sagāthāvagga, não é organizado por assunto. Em vez disso, a vinculação temática aqui é o tipo de personagem envolvido no discurso. Esses textos também são unificados em termos de forma literária; eles são uma mistura de texto em prosa e verso. ", "sn-guide-sujato:24": "Esta coleção tem um paralelo completo no Saṁyuktāgama (SA) da escola Sarvāstivāda na tradução chinesa. Além disso, há duas coleções parciais em chinês (SA-2 e SA-3), bem como vários textos diversos ou fragmentados em chinês, sânscrito e tibetano. Grande parte da estrutura organizacional do SN é compartilhada com a do Saṁyuktāgama, sugerindo que essa estrutura precedeu a divisão entre essas duas coleções. ", "sn-guide-sujato:25": "Como o Saṁyutta é organizado ", - "sn-guide-sujato:26": "O Saṁyutta Nikāya é convenientemente dividido em cinco grandes vaggas ou “livros”. Conforme observado no Guia Geral, o Saṁyutta é um exemplo da estrutura “aninhada vagga”, onde o vagga funciona de modo único como um “livro” inclui muitos “pequenos” vagga mas característicos, isto é, grupos de aproximadamente dez suttas. ", - "sn-guide-sujato:27": "Dentro de cada um dos cinco “grandes” vaggas, existem vários saṁyuttas, cada um contendo um conjunto de discursos conectados em tema por personagem ou tema (às vezes ambos). Por exemplo, cada um dos discursos do SN 5 trata de uma discípula monástica (bhikkhunī), enquanto que cada discurso do SN 24 trata do assunto de “pontos de vista” (diṭṭhi). ", - "sn-guide-sujato:28": "No SuttaCentral, os discursos do Saṁyutta são organizados por saṁyutta e sutta. Assim, o SN 1.1 é o primeiro discurso do primeiro saṁyutta, enquanto que o SN 56.11 é o décimo primeiro discurso do quinquagésimo sexto saṁyutta. O sistema usado no SuttaCentral é o mesmo usado por Bhikkhu Bodhi no livro Connected Discourses of the Buddha e encontrado tanto no site Access to Insight quanto Acesso Ao Insight. ", + "sn-guide-sujato:26": "O Saṁyutta Nikāya é convenientemente dividido em cinco grandes _vaggas_ ou “livros”. Conforme observado no Guia Geral, o Saṁyutta é um exemplo da estrutura “aninhada _vagga_”, onde o _vagga_ funciona de modo único como um “livro” inclui muitos “pequenos” _vagga_ mas característicos, isto é, grupos de aproximadamente dez suttas. ", + "sn-guide-sujato:27": "Dentro de cada um dos cinco “grandes” _vaggas_, existem vários _saṁyuttas_, cada um contendo um conjunto de discursos conectados em tema por personagem ou tema (às vezes ambos). Por exemplo, cada um dos discursos do SN 5 trata de uma discípula monástica (_bhikkhunī_), enquanto que cada discurso do SN 24 trata do assunto de “pontos de vista” (_diṭṭhi_). ", + "sn-guide-sujato:28": "No SuttaCentral, os discursos do Saṁyutta são organizados por _saṁyutta_ e _sutta_. Assim, o SN 1.1 é o primeiro discurso do primeiro _saṁyutta_, enquanto que o SN 56.11 é o décimo primeiro discurso do quinquagésimo sexto _saṁyutta_. O sistema usado no SuttaCentral é o mesmo usado por Bhikkhu Bodhi no livro Connected Discourses of the Buddha e encontrado tanto no site Access to Insight quanto Acesso Ao Insight. ", "sn-guide-sujato:29": "Os cinco livros são são nomeados de acordo com vários princípios: ", "sn-guide-sujato:30": "O volume 1 Sagāthāvagga contém grupos de discursos baseados em versos, como indicado no seu título. ", - "sn-guide-sujato:31": "Os volumes 2–4 têm seus nomes baseados no primeiro e maior saṁyutta do livro. ", - "sn-guide-sujato:32": "O volume 5 é chamado de “Livro Maior” (Mahāvagga) devido ao seu tamanho. A versão chinesa recebe o nome mais apropriado de, “O Livro sobre o Caminho” (Maggavagga). ", - "sn-guide-sujato:33": "Neste ensaio, uma visão geral de cada um dos cinco livros será apresentada. No entanto, não será aqui encontrado um resumo de cada um dos 56 saṁyuttas, pois isso tornaria o texto demasiadamente longo. Para tais resumos, consulte as listas de suttas encontrados no SuttaCentral, que incluem explicações dos vários níveis estruturais do saṁyutta, bem como discursos individuais. Aqui, o foco será mais nas questões gerais de conteúdo e interpretação. ", + "sn-guide-sujato:31": "Os volumes 2–4 têm seus nomes baseados no primeiro e maior _saṁyutta_ do livro. ", + "sn-guide-sujato:32": "O volume 5 é chamado de “Livro Maior” (_Mahāvagga_) devido ao seu tamanho. A versão chinesa recebe o nome mais apropriado de, “O Livro sobre o Caminho” (_Maggavagga_). ", + "sn-guide-sujato:33": "Neste ensaio, uma visão geral de cada um dos cinco livros será apresentada. No entanto, não será aqui encontrado um resumo de cada um dos 56 _saṁyuttas_, pois isso tornaria o texto demasiadamente longo. Para tais resumos, consulte as listas de suttas encontrados no SuttaCentral, que incluem explicações dos vários níveis estruturais do _saṁyutta_, bem como discursos individuais. Aqui, o foco será mais nas questões gerais de conteúdo e interpretação. ", "sn-guide-sujato:34": "O Livro dos Versos ", - "sn-guide-sujato:35": "O Livro dos Versos (Sagāthāvagga) é dividido em onze saṁyuttas, com um total de 271 suttas. ", - "sn-guide-sujato:36": "Embora a maior parte do Saṁyutta seja organizada em torno de um assunto, aqui o princípio organizacional gira em torno de personagens. Cada um dos saṁyutta descreve uma conversa envolvendo o Buda ou seus discípulos com um personagem ou tipo de individuo específico, como deuses, reis, discípulas monásticas ou brâmanes. ", + "sn-guide-sujato:35": "O Livro dos Versos (Sagāthāvagga) é dividido em onze _saṁyuttas_, com um total de 271 suttas. ", + "sn-guide-sujato:36": "Embora a maior parte do Saṁyutta seja organizada em torno de um assunto, aqui o princípio organizacional gira em torno de *personagens*. Cada um dos _saṁyutta_ descreve uma conversa envolvendo o Buda ou seus discípulos com um personagem ou tipo de individuo específico, como deuses, reis, discípulas monásticas ou brâmanes. ", "sn-guide-sujato:37": "Um sutta típico deste vagga tem uma estrutura narrativa simples, onde alguém vem ao Buda e pronuncia um verso, e o Buda responde com um verso melhor. Em alguns casos, notavelmente no Sakka Saṁyutta, o elemento narrativo é desenvolvido em uma troca animada. ", "sn-guide-sujato:38": "Verso e prosa ", "sn-guide-sujato:39": "Cada um dos suttas nesta coleção contém versos com um fundo de narrativa em prosa, embora em muitos casos a prosa tenha sido omitida com a abreviação. Esse tipo de forma literária é comum na literatura indiana, portanto, vale a pena gastar um pouco de tempo para entendê-la. ", "sn-guide-sujato:40": "A literatura indiana mais antiga é o Ṛg Veda, uma coleção de cerca de 10.600 versos. Eles foram transmitidos na tradição oral dos brâmanes por milhares de anos. Uma das chaves para a transmissão precisa dessa tradição sagrada era o uso da métrica: padrões rítmicos de sílabas longas e curtas. Esses medidores fornecem uma estrutura que organiza as palavras e, portanto, o conhecimento, de uma forma tão memorável quanto uma canção; e, de fato, eles teriam sido cantados em uma melodia simples. Dessa forma, os versos passam a ter uma forma precisa e definida, que pode ser preservada e transmitida inalterada através das gerações. ", - "sn-guide-sujato:41": "Mas a poesia não é apenas tecnicamente complexa; é extática, inspirada, divina. Os brâmanes não viam os Vedas como sendo escritos no sentido normal, mas canalizados como a palavra divina do deus (Brahmā) por meio de sábios humanos (páli: isi; sânscrito: ṛṣi). Os versos védicos constantemente aludem a estórias, mitos e eventos—por exemplo, a morte do dragão Vṛtra pelo deus-herói Indra—que eram bem conhecidos pela sua audiência e, portanto, não exigiam ser explicados no próprio texto. Os versos são, na verdade, hinos, invocados em rituais para intensificar a resposta emocional, para inspirar admiração, medo ou devoção. Eles recebem significado e contexto pelo entendimento básico da mitologia. Assim, os versos implicam uma história, da qual são o clímax emocional e narrativo. ", + "sn-guide-sujato:41": "Mas a poesia não é apenas tecnicamente complexa; é extática, inspirada, divina. Os brâmanes não viam os Vedas como sendo escritos no sentido normal, mas canalizados como a palavra divina do deus (Brahmā) por meio de sábios humanos (páli: _isi_; sânscrito: _ṛṣi_). Os versos védicos constantemente aludem a estórias, mitos e eventos—por exemplo, a morte do dragão Vṛtra pelo deus-herói Indra—que eram bem conhecidos pela sua audiência e, portanto, não exigiam ser explicados no próprio texto. Os versos são, na verdade, hinos, invocados em rituais para intensificar a resposta emocional, para inspirar admiração, medo ou devoção. Eles recebem significado e contexto pelo entendimento básico da mitologia. Assim, os versos implicam uma história, da qual são o clímax emocional e narrativo. ", "sn-guide-sujato:42": "Portanto, podemos pensar em um versículo como o cristal-semente em torno do qual uma narrativa em prosa mais flexível cresce e se desenvolve. A prosa pode ser ajustada ao tempo e ao lugar, apresentada com mais ou menos detalhes, ou adaptada para a audiência em questão. Pode comentar sobre eventos contemporâneos ou expressar uma perspectiva pessoal; mas o versículo é (em teoria) sempre o mesmo. ", - "sn-guide-sujato:43": "Aqui fala-se dos versos encontrados no Sagāthāvagga. Mas vale a pena ter em mente que existem muitos versos nos nikāyas fora do Sagāthāvagga, e eles não são todos do mesmo tipo. Aqui se apresenta em um breve resumo os principais tipos de versos que serão encontrados. Isso serve apenas para ajudar o leitor a obter uma orientação aproximada, e exceções e inconsistências são facilmente encontradas. ", + "sn-guide-sujato:43": "Aqui fala-se dos versos encontrados no Sagāthāvagga. Mas vale a pena ter em mente que existem muitos versos nos _nikāyas_ fora do Sagāthāvagga, e eles não são todos do mesmo tipo. Aqui se apresenta em um breve resumo os principais tipos de versos que serão encontrados. Isso serve apenas para ajudar o leitor a obter uma orientação aproximada, e exceções e inconsistências são facilmente encontradas. ", "sn-guide-sujato:44": "O verso de clímax ", "sn-guide-sujato:45": "Como no Sagāthāvagga, esses versos aparecem no clímax de uma narrativa. A narrativa pode ser muito tênue, ou mesmo ausente, mas sempre é presumida. Às vezes, é fornecido em comentários posteriores. Esta forma é usada fora do Sagāthāvagga em textos como o Dhammapada, Udāna e os Jātakas. Também podemos considerar sob este título versos devocionais mais longos, como os de Sela (MN 92, Snp 3.7). ", "sn-guide-sujato:46": "Poemas isolados ", - "sn-guide-sujato:47": "Conjunto de versos que constitui um todo literário e temático unificado, independente de uma narrativa em prosa. Existem relativamente poucos deles nos quatro nikāyas, mas eles dominam o Sutta Nipāta. O último vagga desse livro contém uma série de poemas independentes, todos unidos em uma narrativa em verso. Alguns dos versos do Sagāthāvagga podem ser considerados sob este título, se a narrativa em prosa for descartada como irrelevante. ", + "sn-guide-sujato:47": "Conjunto de versos que constitui um todo literário e temático unificado, independente de uma narrativa em prosa. Existem relativamente poucos deles nos quatro _nikāyas_, mas eles dominam o Sutta Nipāta. O último _vagga_ desse livro contém uma série de poemas independentes, todos unidos em uma narrativa em verso. Alguns dos versos do Sagāthāvagga podem ser considerados sob este título, se a narrativa em prosa for descartada como irrelevante. ", "sn-guide-sujato:48": "Invocações devocionais ", "sn-guide-sujato:49": "Textos como o Mahāsamaya Sutta (DN 20), o Āṭāṇātiya Sutta (DN 32), ou o Isigili Sutta (MN 116) ocupam um lugar incomum no corpo de texto do budismo antigo. De pouco conteúdo doutrinário, eles aparecem mais como encantamentos para proteção ou bênçãos. ", "sn-guide-sujato:50": "Versos sumários ", - "sn-guide-sujato:51": "Como os versos culminantes, eles acompanham a prosa. Mas, ao invés de ser um destaque emocional, eles servem como um dispositivo mnemônico para ajudar a preservar a memória do conteúdo da prosa. Eles são mais comuns nos uddānas que aparecem no final dos vaggas e em outras seções dos Textos Budistas Antigos (TBAs), geralmente listando uma palavra-chave de cada texto e, portanto, atuando como uma espécie de índice analítico. Eles não devem ser confundidos com o gênero do verso culminante conhecido como udāna, “exclamações inspiradas”, que, apesar da grafia semelhante, é uma palavra completamente diferente. Além dos uddānas formais, podemos considerar sob esse título muitos dos versos do Aṅguttara, especialmente os encontrados no livro quatro deste, que muitas vezes servem apenas para resumir o conteúdo da prosa, embora por vezes se desenvolvam em uma reflexão poética mais satisfatória sobre o tema. Ocasionalmente, um sutta mais longo conterá partes misturadas de prosa e versos resumidos, sendo Dvayatānupassanā Sutta (Snp 3.12) um bom exemplo. Um desenvolvimento muito posterior desse estilo é encontrado no Lakkhaṇa Sutta (DN 30). ", + "sn-guide-sujato:51": "Como os versos culminantes, eles acompanham a prosa. Mas, ao invés de ser um destaque emocional, eles servem como um dispositivo mnemônico para ajudar a preservar a memória do conteúdo da prosa. Eles são mais comuns nos _uddānas_ que aparecem no final dos _vaggas_ e em outras seções dos Textos Budistas Antigos (TBAs), geralmente listando uma palavra-chave de cada texto e, portanto, atuando como uma espécie de índice analítico. Eles não devem ser confundidos com o gênero do verso culminante conhecido como _udāna_, “exclamações inspiradas”, que, apesar da grafia semelhante, é uma palavra completamente diferente. Além dos _uddānas_ formais, podemos considerar sob esse título muitos dos versos do Aṅguttara, especialmente os encontrados no livro quatro deste, que muitas vezes servem apenas para resumir o conteúdo da prosa, embora por vezes se desenvolvam em uma reflexão poética mais satisfatória sobre o tema. Ocasionalmente, um sutta mais longo conterá partes misturadas de prosa e versos resumidos, sendo Dvayatānupassanā Sutta (Snp 3.12) um bom exemplo. Um desenvolvimento muito posterior desse estilo é encontrado no Lakkhaṇa Sutta (DN 30). ", "sn-guide-sujato:52": "Em minhas traduções, transformei o verso em prosa dividida em versos, raramente tentando uma formulação mais poética. Transformar esses versículos altamente didáticos, repletos de termos doutrinários, em versos genuínos não é tarefa fácil. Em muitos casos, especialmente no caso dos versos resumidos, o texto em páli tem pouco mérito literário. Outros textos, especialmente os versos posteriores, exibem o domínio erudito de formas literárias complexas e sofisticadas, não facilmente encontradas, mesmo entre escritores de poesia contemporânea. Combinado com o vocabulário muitas vezes obscuro, formas gramaticais raras e arcaicas e a flexibilidade sintática dos versos em páli, a tarefa de convertê-los para algo legível e preciso é difícil e demorada, mesmo sem aspirar à beleza poética. Portanto, os versos encontrados nas traduções são artesanais, e só podemos esperar que verdadeiros poetas assumam a tarefa de virem a reproduzir versos selecionados com a beleza que eles merecem. ", "sn-guide-sujato:53": "A peça dos Deuses ", "sn-guide-sujato:54": "No Livro dos Versos, vemos o antigo padrão védico adotado para servir a um propósito budista. Não é por acaso que aqui encontramos várias divindades, muitas das quais vêm da mitologia védica, em contextos que às vezes respondem diretamente a passagens védicas ou bramânicas específicas. ", "sn-guide-sujato:55": "O aparecimento casual de divindades ao longo desses textos é, obviamente, problemático. Hoje em dia, normalmente não vemos deuses se manifestando com gloriosa luz em encontros da comunidade espiritual. Então, como devemos entender isso? ", - "sn-guide-sujato:56": "Uma resposta óbvia é que tais textos são literalmente verdadeiros: os deuses com esses nomes apareceram exatamente da maneira descrita e tiveram exatamente aquelas conversas. Se este foi o caso, por que essas coisas não são mais testemunhadas nos dias de hoje? Alguém pode ser tentado a apontar com pesar para o declínio da vida religiosa e ética nos tempos modernos. Mas esta é apenas outra afirmação que não pode ser verificada: como poderíamos saber tal coisa? E isso cria um problema ainda maior. Pois quando vemos o passado como uma era exclusivamente privilegiada, abençoada com um grau de pureza e integridade que se perdeu para nós, então de que adianta praticar? Não seria melhor ansiar pelas glórias do passado e desejar a renovação do Dhamma sob o futuro Buda Metteyya? Tais entendimentos esquecem um aspecto básico do ensinamento: ele é akāliko—podemos realizá-lo aqui e agora, não importa em que época vivamos. ", - "sn-guide-sujato:57": "Portanto, talvez seja melhor adotarmos uma visão cética: tais divindades não existem e tais eventos não aconteceram. Eles são simplesmente propaganda religiosa, ficções cujo propósito é converter pessoas simples copiando elementos de uma cosmologia indiana familiar. Se existe alguma realidade em tais eventos, ela é puramente psicológica; tais seres representam diferentes aspectos da mente. Apesar de sua aparência científica, essa visão redutora também é insustentável. As ideias de renascimento e a existência de múltiplas dimensões ou planos de existência não são encontradas apenas em narrativas populares, mas são centrais para os ensinamentos fundamentais, como a origem dependente e as quatro nobres verdades—a segunda nobre verdade é precisamente “o desejo que leva ao futuro renascimento” (yāyaṁ taṇhā ponobbhavikā). Eles não podem ser simplesmente descartados como uma herança acrítica da cultura indiana. ", - "sn-guide-sujato:58": "Esses entendimentos são opostos extremos; e como todos os pares de opostos, eles têm mais coisas em comum do que gostariam de admitir. Ambos estão preocupados com os fatos, se esses eventos foram verdadeiros ou não. Mas os textos como tal como os encontramos não são coleções de fatos: são estórias. E o significado de uma estória está em seu significado. O fato de uma estória ser real ou não é, na melhor das hipóteses, algo secundário e, freqüentemente, totalmente irrelevante. Serve para envolver o público, provocando espanto, surpresa, admiração ou alegria. ", + "sn-guide-sujato:56": "Uma resposta óbvia é que tais textos são literalmente verdadeiros: os deuses com esses nomes apareceram exatamente da maneira descrita e tiveram exatamente aquelas conversas. Se este foi o caso, por que essas coisas não são mais testemunhadas nos dias de hoje? Alguém pode ser tentado a apontar com pesar para o declínio da vida religiosa e ética nos tempos modernos. Mas esta é apenas outra afirmação que não pode ser verificada: como poderíamos saber tal coisa? E isso cria um problema ainda maior. Pois quando vemos o passado como uma era exclusivamente privilegiada, abençoada com um grau de pureza e integridade que se perdeu para nós, então de que adianta praticar? Não seria melhor ansiar pelas glórias do passado e desejar a renovação do Dhamma sob o futuro Buda Metteyya? Tais entendimentos esquecem um aspecto básico do ensinamento: ele é _akāliko_—podemos realizá-lo aqui e agora, não importa em que época vivamos. ", + "sn-guide-sujato:57": "Portanto, talvez seja melhor adotarmos uma visão cética: tais divindades não existem e tais eventos não aconteceram. Eles são simplesmente propaganda religiosa, ficções cujo propósito é converter pessoas simples copiando elementos de uma cosmologia indiana familiar. Se existe alguma realidade em tais eventos, ela é puramente psicológica; tais seres representam diferentes aspectos da mente. Apesar de sua aparência científica, essa visão redutora também é insustentável. As ideias de renascimento e a existência de múltiplas dimensões ou planos de existência não são encontradas apenas em narrativas populares, mas são centrais para os ensinamentos fundamentais, como a origem dependente e as quatro nobres verdades—a segunda nobre verdade é precisamente “o desejo que leva ao futuro renascimento” (_yāyaṁ taṇhā ponobbhavikā_). Eles não podem ser simplesmente descartados como uma herança acrítica da cultura indiana. ", + "sn-guide-sujato:58": "Esses entendimentos são opostos extremos; e como todos os pares de opostos, eles têm mais coisas em comum do que gostariam de admitir. Ambos estão preocupados com os *fatos*, se esses eventos foram verdadeiros ou não. Mas os textos como tal como os encontramos não são coleções de fatos: são estórias. E o significado de uma estória está em seu significado. O fato de uma estória ser real ou não é, na melhor das hipóteses, algo secundário e, freqüentemente, totalmente irrelevante. Serve para envolver o público, provocando espanto, surpresa, admiração ou alegria. ", "sn-guide-sujato:59": "As tradições budistas entenderam isso bem, como evidenciado pela situação textual. Embora em alguns casos os versículos e a história estejam intimamente ligados, é muito comum que o mesmo versículo seja acompanhado por narrativas de fundo completamente diferentes, ou por nenhum pano de fundo. Os versos, que transmitem o ensinamento essencial do Dhamma, o núcleo do significado e da emoção, permanecem os mesmos, embora a estória varie. Insistir na factualidade ou não da estória é perder o foco. A esstória fornece um contexto que dá vida ao ensinamento dos versos para o público. ", "sn-guide-sujato:60": "Assim, a melhor forma de se abordar tais textos não é nem os encarando como estória e tampouco como propaganda, mas como estória sagrada; isto é, como mito. Cada um dos suttas curtos conta uma estória que transmite uma verdade espiritual atemporal de uma forma que fala ao público daquela época e lugar. Eles acontecem dentro de uma mitologia mais ampla que ajuda as pessoas a encontrarem seu lugar em um cosmos vasto e desconhecido. ", "sn-guide-sujato:61": "Como sempre, a resposta budista inicial às tradições religiosas anteriores é complexa e cheia de nuances. E, embora seja verdade que muitos dos detalhes da forma literária e do assunto são extraídos dos Vedas, é nas diferenças que o caráter distintamente budista dos textos se mostra. ", - "sn-guide-sujato:62": "Nos Vedas, os agentes humanos são apenas os transmissores da palavra sagrada dos deuses. Exatamente como isso aconteceu não está claro, mas provavelmente envolveu uma combinação de drogas (uma das deidades védicas de destaque é chamada soma), ritual, inspiração criativa, sabedoria popular, devoção e empoderamento comunal, todos os quais inspiraram os poetas sagrados a alturas de visões extáticas por meio das quais as palavras dos deuses se manifestaram. Mas, independentemente dos detalhes, o ponto-chave é que as tradições consideravam a presença do agente humano como incidental e o valor real dos textos como proveniente do divino. ", + "sn-guide-sujato:62": "Nos Vedas, os agentes humanos são apenas os transmissores da palavra sagrada dos deuses. Exatamente como isso aconteceu não está claro, mas provavelmente envolveu uma combinação de drogas (uma das deidades védicas de destaque é chamada _soma_), ritual, inspiração criativa, sabedoria popular, devoção e empoderamento comunal, todos os quais inspiraram os poetas sagrados a alturas de visões extáticas por meio das quais as palavras dos deuses se manifestaram. Mas, independentemente dos detalhes, o ponto-chave é que as tradições consideravam a presença do agente humano como incidental e o valor real dos textos como proveniente do divino. ", "sn-guide-sujato:63": "Nos textos budistas, a situação é inversa. Os deuses não inspiram humanos hospedeiros, eles falam por si próprios. E eles não são reservas infalíveis da Verdade; eles podem estar certos ou errados, habilidosos ou tolos, assim como qualquer outra pessoa. Embora a magnificência de sua presença seja enfatizada, o efeito final é mostrar a inutilidade de tais exibições, pois os deuses estão constantemente sendo instruídos pelo Buda. A forma mais característica de diálogo é quando um deus apresenta uma ideia que é muito boa, dentro de uma visão de mundo limitada e mundana (isto é, védica), mas que o Buda eleva a um nível inteiramente novo. ", "sn-guide-sujato:64": "É um axioma elementar do budismo que os deuses não são metafísicos, no sentido de que não existem em um reino separado governado por princípios diferentes dos nossos. Pelo contrário, eles são impermanentes e sujeitos ao sofrimento, presos no ciclo de transmigração assim como nós. Conclui-se que eles não têm acesso a nenhuma forma especial de conhecimento ou sabedoria. Os budistas não procuram os deuses em busca de ensinamentos; em vez disso, o Buda é “mestre de deuses e humanos”. ", - "sn-guide-sujato:65": "Eu me concentrei nas interações com seres divinos nesta coleção, já que estas requerem mais contextualização. Mas nem todas as coleções apresentam seres divinos. Muitos dos saṁyuttas apresentam tipos de indivíduos comuns aos outros textos da época. E mesmo quando seres divinos estão envolvidos, na maioria dos casos, os próprios versos não exigem um cenário divino, pois não há nada sobre os deuses e seus dramas divinos nos próprios versos. ", + "sn-guide-sujato:65": "Eu me concentrei nas interações com seres divinos nesta coleção, já que estas requerem mais contextualização. Mas nem todas as coleções apresentam seres divinos. Muitos dos _saṁyuttas_ apresentam tipos de indivíduos comuns aos outros textos da época. E mesmo quando seres divinos estão envolvidos, na maioria dos casos, os próprios versos não exigem um cenário divino, pois não há nada sobre os deuses e seus dramas divinos nos próprios versos. ", "sn-guide-sujato:66": "Alguns dos textos desta coleção são bem conhecidos e amplamente citados, como o convite de Brahmā ou a símile, pela discípula monástica Vajirā, da pessoa como uma carruagem. A maioria dos suttas aqui têm paralelos nas traduções do Saṁyuktāgama em chinês; as traduções parciais do SA-2 e SA-3 incluem material típico do Sagāthāvagga. Além disso, muitos dos versos têm paralelos em outras partes da literatura budista em todas as línguas. ", "sn-guide-sujato:67": "O Livro sobre a Causação ", - "sn-guide-sujato:68": "O Livro sobre a Causação (Nidānavagga) é o segundo dos cinco livros dos Discursos Conectados. Ele leva o nome da sua primeira e mais longa seção, o Nidāna Saṁyutta. Este lida com a causalidade por meio do ensinamento central do budismo a respeito da origem dependente, que explica como o renascimento acontece sem uma alma. Os três saṁyuttas seguintes podem ser vistos como apêndices do Livro sobre a Causação, lidando com a eliminação do sofrimento da transmigração (SN 13), vários conjuntos de elementos condicionados (SN 14), e a incognoscibilidade da extensão da transmigração (SN 15). Os seis saṁyuttas restantes não estão relacionados tematicamente. Em vez disso, eles são agrupados principalmente por indivíduos ou personagens, em vez de assunto. ", + "sn-guide-sujato:68": "O Livro sobre a Causação (Nidānavagga) é o segundo dos cinco livros dos Discursos Conectados. Ele leva o nome da sua primeira e mais longa seção, o Nidāna Saṁyutta. Este lida com a causalidade por meio do ensinamento central do budismo a respeito da origem dependente, que explica como o renascimento acontece sem uma alma. Os três _saṁyuttas_ seguintes podem ser vistos como apêndices do Livro sobre a Causação, lidando com a eliminação do sofrimento da transmigração (SN 13), vários conjuntos de elementos condicionados (SN 14), e a incognoscibilidade da extensão da transmigração (SN 15). Os seis _saṁyuttas_ restantes não estão relacionados tematicamente. Em vez disso, eles são agrupados principalmente por indivíduos ou personagens, em vez de assunto. ", "sn-guide-sujato:69": "O tema da causalidade permeia todos os ensinamentos do Buda. Nós o encontramos em contextos como prática de meditação, doenças sociais, evolução biológica, medicina, estresse psicológico e muitos mais. No entanto, quando nos referimos à origem dependente, não estamos falando sobre um princípio geral de causalidade—embora tal princípio seja apresentado em SN 12.21 —mas de uma série específica de ligações condicionais que revelam como o sofrimento se origina e como termina. Como tal, é um tratamento extenso da segunda e terceira verdades nobres (SN 12.27). O origem dependente integra aspectos psicológicos e existenciais do sofrimento, mostrando como, quando limitados pelo desejo, fazemos escolhas que nos obrigam a transmigrar para vidas futuras (SN 12.38). A razão pela qual não escapamos do processo de renascimento é que não entendemos a origem dependente ( SN 12.60 ). Assim, um dos objetivos centrais do ensinamento é explicar como o renascimento ocorre sem envolver um “eu” ou “meu” (SN 12.37). ", "sn-guide-sujato:70": "É uma necessidade profundamente humana querer entender como as coisas surgiram. Praticamente todo caminho religioso ou espiritual sente a necessidade de oferecer algum tipo de explicação para a questão sobre de onde este mundo veio e qual é o nosso lugar nele. Esses mitos da criação são encontrados em todo o mundo e têm semelhanças impressionantes. Eles falam de uma época em que o mundo era sem forma, coberto por uma escuridão aquosa, antes que a luz aparecesse e o mundo tomasse forma. Na forma usual dos mitos, essas histórias funcionam em vários níveis, refletindo tanto a evolução física do planeta (macrocosmo) quanto o crescimento de um indivíduo no útero (microcosmo). ", "sn-guide-sujato:71": "Muito antes do Buda, o Nasadiya Sukta do Ṛg Veda (10.129) contou a história da criação de uma maneira radicalmente nova. Ele se baseava nos motivos do mito clássico da criação—água, escuridão, ausência de forma—mas mostrava seu desenvolvimento com uma nova ênfase no desejo e na agência. A criação evoluiu não a partir de decreto divino, mas devido às energias encontradas em seu interior. E não podemos saber o que veio antes desse processo; até mesmo o Deus mais elevado teria surgido após este. ", "sn-guide-sujato:72": "O Buda compartilhava da humildade epistemológica de Nasadiya Sukta, insistindo que a origem última das coisas era desconhecida (SN 15.1). A origem dependente, de fato, levou as coisas muito mais longe, dispensando inteiramente tanto a teologia quanto a mitologia. No entanto, ele reteve a riqueza e a profundidade da mitologia, encapsulando em sua formulação esparsa tanto a experiência imediata quanto a transmigração cósmica. ", "sn-guide-sujato:73": "O Nidāna Saṁyutta começa declarando (SN 12.1) e definindo (SN 12.2) cada um dos termos da cadeia padrão de 12 elos de originação dependente, definições que se supõem se aplicam a todo o processo. Os demais discursos ecoam este tema, introduzindo novas perspectivas e formulações. Às vezes, eles variam os 12 elos padrão e, portanto, podem lançar luz sobre nuances inesperadas e profundidades ocultas. Aqui se apresenta um resumo das definições encontradas para os 12 elos, juntamente com algumas notas explicativas. ", - "sn-guide-sujato:74": "Ignorância (avijjā) ", + "sn-guide-sujato:74": "Ignorância (_avijjā_) ", "sn-guide-sujato:75": "O desconhecimento das quatro nobres verdades ", "sn-guide-sujato:76": "Claramente, este elo não significa ignorância de todos os fatos ou detalhes das coisas. Um Buda ou um arahant não é onisciente. ", - "sn-guide-sujato:77": "Escolhas (saṅkhārā) ", - "sn-guide-sujato:78": "Atos intencionais (kamma) benéficos ou prejudiciais, que se expressam através do corpo, fala ou mente. ", - "sn-guide-sujato:79": "O termo índico saṅkhāra pode se referir a qualquer tipo de atividade que gere um resultado. É usado em um contexto mundano para coisas como construção. O ritual védico é um <saṅkhāra, cujo objetivo era produzir um resultado benéfico nesta vida ou na próxima. No budismo, saṅkhāra às vezes é usado em um sentido geral de “fenômenos condicionados (e condicionantes)”. Na origem dependente, entretanto, este termo é definido como escolhas morais ou intenções de se fazer o bem ou o mal (SN 12.51). Um saṅkhāra é uma força ou energia na mente que impulsiona a consciência para o renascimento em um estado particular. Isso pode ser formulado conscientemente como um desejo ou aspiração (veja MN 120), mas normalmente é gerado inconscientemente, ou seja, nascido da ignorância. ", - "sn-guide-sujato:80": "Consciência (viññāṇa) ", + "sn-guide-sujato:77": "Escolhas (_saṅkhārā_) ", + "sn-guide-sujato:78": "Atos intencionais (_kamma_) benéficos ou prejudiciais, que se expressam através do corpo, fala ou mente. ", + "sn-guide-sujato:79": "O termo índico *saṅkhāra* pode se referir a qualquer tipo de atividade que gere um resultado. É usado em um contexto mundano para coisas como construção. O ritual védico é um <*saṅkhāra*, cujo objetivo era produzir um resultado benéfico nesta vida ou na próxima. No budismo, *saṅkhāra* às vezes é usado em um sentido geral de “fenômenos condicionados (e condicionantes)”. Na origem dependente, entretanto, este termo é definido como escolhas morais ou intenções de se fazer o bem ou o mal (SN 12.51). Um *saṅkhāra* é uma força ou energia na mente que impulsiona a consciência para o renascimento em um estado particular. Isso pode ser formulado conscientemente como um desejo ou aspiração (veja MN 120), mas normalmente é gerado inconscientemente, ou seja, nascido da ignorância. ", + "sn-guide-sujato:80": "Consciência (_viññāṇa_) ", "sn-guide-sujato:81": "O seis tipos de consciência dos sentidos ", - "sn-guide-sujato:82": "Nos suttas, todas as formas de consciência são consideradas como constituindo o “fluxo de consciência” (viññāṇasota) que é estabelecido tanto nesta vida quanto na próxima (DN 28). Essa consciência é fortalecida e dirigida pelas escolhas que fizemos. ", - "sn-guide-sujato:83": "Nome e forma (nāma-rūpa) ", + "sn-guide-sujato:82": "Nos suttas, todas as formas de consciência são consideradas como constituindo o “fluxo de consciência” (_viññāṇasota_) que é estabelecido tanto nesta vida quanto na próxima (DN 28). Essa consciência é fortalecida e dirigida pelas escolhas que fizemos. ", + "sn-guide-sujato:83": "Nome e forma (_nāma-rūpa_) ", "sn-guide-sujato:84": "O termo “nome” denota os vários fatores mentais (sensações, percepção, atenção, contato e intenção), enquanto que o termo “forma” se refere aos quatro elementos materiais que compõem o corpo. ", - "sn-guide-sujato:85": "Este é um conceito complicado. Origina-se nos Upanishads, onde se refere às várias entidades individualizadas no mundo, cada uma com sua própria “forma” e “nome”. Por exemplo, usando uma metáfora do Prasna Upaniṣad (6.5), cada um dos rios da terra tem sua própria forma individual e é chamado por seu próprio nome; mas quando retornam ao oceano, perdem seus nomes e formas e são conhecidos apenas como o grande oceano. O oceano nesta metáfora representa a consciência, que nos Upanishads é considerada a divindade eterna e infinita do cosmos. O Buda refuta diretamente essa ideia, mostrando que a consciência, o nome e a forma dependem um do outro. No DN 15 O Grande Discurso sobre a Causação (Mahānidānasutta), nome e forma são descritos como o embrião tomando forma dentro do útero da mãe, enquanto que MN 38 O Discurso Maior sobre o Fim do Desejo (Mahātaṇhāsaṅkhaya) fala sobre como a criança então cresce e amadurece. Assim, o conceito aponta principalmente para o organismo individual com seus atributos mentais e físicos. Uma vez que nāma-rūpa está em dependência mútua com a consciência, no entanto, não é correto traduzi-lo como “mente e corpo”—o dualismo mente/corpo não tem lugar no budismo antigo. Foi apenas em textos muito posteriores do Abhidhamma que nāma-rūpa passou a ser usado como um termo genérico para todas as propriedades mentais e físicas, em cujo contexto a tradução “mente e corpo” é então apropriada. ", - "sn-guide-sujato:86": "As seis bases ou meios dos sentidos (saḷāyatana) ", + "sn-guide-sujato:85": "Este é um conceito complicado. Origina-se nos Upanishads, onde se refere às várias entidades individualizadas no mundo, cada uma com sua própria “forma” e “nome”. Por exemplo, usando uma metáfora do Prasna Upaniṣad (6.5), cada um dos rios da terra tem sua própria forma individual e é chamado por seu próprio nome; mas quando retornam ao oceano, perdem seus nomes e formas e são conhecidos apenas como o grande oceano. O oceano nesta metáfora representa a consciência, que nos Upanishads é considerada a divindade eterna e infinita do cosmos. O Buda refuta diretamente essa ideia, mostrando que a consciência, o nome e a forma dependem um do outro. No DN 15 O Grande Discurso sobre a Causação (Mahānidānasutta), nome e forma são descritos como o embrião tomando forma dentro do útero da mãe, enquanto que MN 38 O Discurso Maior sobre o Fim do Desejo (Mahātaṇhāsaṅkhaya) fala sobre como a criança então cresce e amadurece. Assim, o conceito aponta principalmente para o organismo individual com seus atributos mentais e físicos. Uma vez que _nāma-rūpa_ está em dependência mútua com a consciência, no entanto, não é correto traduzi-lo como “mente e corpo”—o dualismo mente/corpo não tem lugar no budismo antigo. Foi apenas em textos muito posteriores do Abhidhamma que _nāma-rūpa_ passou a ser usado como um termo genérico para todas as propriedades mentais e físicas, em cujo contexto a tradução “mente e corpo” é então apropriada. ", + "sn-guide-sujato:86": "As seis bases ou meios dos sentidos (_saḷāyatana_) ", "sn-guide-sujato:87": "O olho, ouvido, nariz, língua, corpo, e mente. ", "sn-guide-sujato:88": "Eles são tratados em detalhes no SN 35 Saḷāyatana Saṁyutta. Na origem dependente, dizem que se desenvolvem e evoluem à medida que o indivíduo cresce, permitindo-lhe experimentar o mundo de maneiras cada vez mais sofisticadas. Este é o primeiro de quatro elos que, como a consciência, é sextuplo e corresponde aos seis sentidos. Estes integram o processo de experiência sensorial imediata dentro do contexto mais amplo da origem dependente. ", - "sn-guide-sujato:89": "Contato (phassa) ", + "sn-guide-sujato:89": "Contato (_phassa_) ", "sn-guide-sujato:90": "This is the operation of sense stimulus, when the six sense organs are activated and perform their function. It occurs with the coming together of the inner sense organ, the outer sense stimulus, and the corresponding consciousness. ", "sn-guide-sujato:91": "O indivíduo consciente não existe isoladamente, mas só pode viver e crescer em um ambiente que o estimule. ", - "sn-guide-sujato:92": "Sensações (vedanā) ", + "sn-guide-sujato:92": "Sensações (_vedanā_) ", "sn-guide-sujato:93": "O tom ou teor agradável, doloroso ou neutro que acompanha todas as experiências conscientes. ", - "sn-guide-sujato:94": "Certos tipos de experiência são agradáveis, outros são desagradáveis, enquanto alguns não têm nenhum efeito particular. Note que o termo vedanā no budismo não se refere a sentimentos no sentido de “emoções”, que são muito mais complexos. Vedanā é uma propriedade fundamental de toda experiência e o conceito é tratado em detalhes no SN 36 Vedana Saṁyutta. ", - "sn-guide-sujato:95": "Desejo (taṇhā) ", + "sn-guide-sujato:94": "Certos tipos de experiência são agradáveis, outros são desagradáveis, enquanto alguns não têm nenhum efeito particular. Note que o termo _vedanā_ no budismo não se refere a sentimentos no sentido de “emoções”, que são muito mais complexos. _Vedanā_ é uma propriedade fundamental de toda experiência e o conceito é tratado em detalhes no SN 36 Vedana Saṁyutta. ", + "sn-guide-sujato:95": "Desejo (_taṇhā_) ", "sn-guide-sujato:96": "Anseio ou desejo pelos seis estímulos sensoriais. ", "sn-guide-sujato:97": "Aqui, a definição segue o tema dos seis sentidos, ao invés da definição dada nas quatro nobres verdades, que é o desejo por renascimento futuro, ou seja, desejo sensual, desejo por continuar a existência e desejo por terminar a existência. Em ambos os casos, o desejo se refere a um instinto ou anseio primordial que responde ao estímulo dos sentidos, buscando obter mais prazer ou evitar a dor. ", - "sn-guide-sujato:98": "Apego (upādāna) ", + "sn-guide-sujato:98": "Apego (_upādāna_) ", "sn-guide-sujato:99": "Apego por prazeres dos sentidos, pontos de vista, observâncias religiosas, e teorias sobre um eu. ", "sn-guide-sujato:100": "Além do primeiro fator, os tipos de apego são mais sofisticados do que os anseios primitivos do “desejo”. Eles exigem o desenvolvimento do pensamento e da linguagem. Isso representa mais uma etapa no desenvolvimento de um indivíduo, à medida que amadurece e se torna totalmente responsável por suas ações. É por essa razão que no budismo são principalmente os humanos maduros que realizam as ações que geram o renascimento e moldam o curso das vidas futuras. Animais ou crianças podem de fato realizar tais ações, mas estas são tem menos peso em termos de seus efeitos. ", - "sn-guide-sujato:101": "Existência continuada (bhava) ", - "sn-guide-sujato:102": "A existência pode se dar no reino sensual (kāma-bhava), no reino da forma luminosa (rūpa-bhava), ou no reino imaterial (arūpa-bhava). ", - "sn-guide-sujato:103": "O termo bhava pode ser traduzido como “existência” ou “vida”. Refere-se ao processo contínuo de existência. Ao se agarrar a vários aspectos da vida presente, os seres geram energia kammica de acordo com isso. A maioria dos seres está apegada ao reino sensual, mas aqueles que praticaram meditação avançada podem se apegar aos reino da forma luminosa (por meio das quatro absorções) e reino imaterial (por meio das realizações meditativas imateriais). Esse apego ou fixação estimula e ativa esses aspectos da existência, criando um renascimento correspondente. Bhava é, portanto, como um fio que percorre as várias etapas da origem dependente; e, de fato, toda a origem dependente às vezes é chamada de bhavacakka, a “Roda da Existência”. Bhava é um substantivo contável, então a tradução mais antiga como “vir-a-ser” ou “devir” é incorreta: você não pode falar de vários “devires”. No entanto,bhava tem um sentido claramente carregado. Embora possamos desejar uma vida de alegria estável e eterna, é da natureza da existência que, mesmo quando esta se encerra, contém as sementes para uma nova vida no futuro. Assim, em AN 3.76, o Buda explica bhava dizendo que “as ações intencionais são o campo, a consciência é a semente, e o desejo é a umidade ”(kammaṁ khettaṁ, viññāṇaṁ bījaṁ, taṇhā sneho) que fazem brotar ou geram uma nova vida no futuro (āyatiṁ punabbhavābhinibbatti). ", - "sn-guide-sujato:104": "Renascimento (jāti) ", + "sn-guide-sujato:101": "Existência continuada (_bhava_) ", + "sn-guide-sujato:102": "A existência pode se dar no reino sensual (_kāma-bhava_), no reino da forma luminosa (_rūpa-bhava_), ou no reino imaterial (_arūpa-bhava_). ", + "sn-guide-sujato:103": "O termo _bhava_ pode ser traduzido como “existência” ou “vida”. Refere-se ao processo contínuo de existência. Ao se agarrar a vários aspectos da vida presente, os seres geram energia kammica de acordo com isso. A maioria dos seres está apegada ao reino sensual, mas aqueles que praticaram meditação avançada podem se apegar aos reino da forma luminosa (por meio das quatro absorções) e reino imaterial (por meio das realizações meditativas imateriais). Esse apego ou fixação estimula e ativa esses aspectos da existência, criando um renascimento correspondente. _Bhava_ é, portanto, como um fio que percorre as várias etapas da origem dependente; e, de fato, toda a origem dependente às vezes é chamada de _bhavacakka_, a “Roda da Existência”. _Bhava_ é um substantivo contável, então a tradução mais antiga como “vir-a-ser” ou “devir” é incorreta: você não pode falar de vários “devires”. No entanto,_bhava_ tem um sentido claramente carregado. Embora possamos desejar uma vida de alegria estável e eterna, é da natureza da existência que, mesmo quando esta se encerra, contém as sementes para uma nova vida no futuro. Assim, em AN 3.76, o Buda explica _bhava_ dizendo que “as ações intencionais são o campo, a consciência é a semente, e o desejo é a umidade ”(_kammaṁ khettaṁ, viññāṇaṁ bījaṁ, taṇhā sneho_) que fazem brotar ou geram uma nova vida no futuro (_āyatiṁ punabbhavābhinibbatti_). ", + "sn-guide-sujato:104": "Renascimento (_jāti_) ", "sn-guide-sujato:105": "O renascimento ou concepção dos agregados nas várias ordens ou classes de seres sencientes. ", - "sn-guide-sujato:106": "O termo páli jāti é frequentemente traduzido como “nascimento”, mas em contextos doutrinários sempre se refere ao renascimento no sentido de reencarnação em uma nova vida. Apesar das afirmações de alguns comentaristas modernos, os suttas nunca usam o renascimento como uma metáfora psicológica. ", + "sn-guide-sujato:106": "O termo páli _jāti_ é frequentemente traduzido como “nascimento”, mas em contextos doutrinários sempre se refere ao renascimento no sentido de reencarnação em uma nova vida. Apesar das afirmações de alguns comentaristas modernos, os suttas nunca usam o renascimento como uma metáfora psicológica. ", "sn-guide-sujato:107": "Velhice e morte, tristeza, lamentação, dor, tristeza e angústia ", "sn-guide-sujato:108": "A velhice é a quebra dos dentes, o enrugamento da pele e o enfraquecimento das faculdades. A morte é a deposição ou abandono do corpo no fim da vida. ", "sn-guide-sujato:109": "Como o renascimento, a velhice e a morte são definidas em termos puramente físicos. O sofrimento psicológico é coberto pelos outros termos. ", @@ -114,82 +114,82 @@ "sn-guide-sujato:112": "Esta é a diferença entre o conhecimento da origem dependente e os poderes psíquicos de se ver detalhes específicos de vidas passadas e renascimentos presentes. Essas visões psíquicas surgem da imersão profunda na meditação e são úteis, mas não essenciais para a compreensão e o desapego. A origem dependente não consiste em ver as especificidades de vidas passadas e futuras, mas em compreender os princípios pelos quais opera o renascimento. Se as memórias de vidas passadas são como assistir a um programa na TV, o insight sobre a origem dependente é como entender a ciência e a tecnologia de como a transmissão da televisão funciona. É por isso que a origem dependente é sempre considerada única e central para o budismo, enquanto que visões psíquicas têm apenas um papel limitado a desempenhar. ", "sn-guide-sujato:113": "Este corpo consciente, com seus sistemas complexos de processos mentais e físicos, foi produzido devido à ignorância e desejo em uma vida passada (SN 12.19). Foi assim que surgiu nossa existência atual. Enquanto continuarmos presos no desejo por experiência sensorial, repetimos o ciclo, alimentando o desejo e gerando mais um novo corpo que renascerá no futuro. Quando entendemos a teoria da origem dependente, ela nos dá uma abertura para desenvolver o entendimento introspectivo ou insight. ", "sn-guide-sujato:114": "É então evidente que todos os fatores de origem dependente podem ser observados no presente. Mas em termos do funcionamento do processo, começamos examinando os fatores centrais, o desdobramento da experiência sensorial. Gradualmente, percebemos que as implicações do que estamos vendo são muito mais profundas do que o mero presente. Como um cientista que, examinando anéis de árvores ou núcleos de gelo, percebe que podem fazer inferências confiáveis sobre o passado remoto, entendemos que os mesmos processos que nos trouxeram até aqui nos impulsionarão para o futuro. E vemos que é esse mesmo entendimento que representa o começo do fim para a ignorância. ", - "sn-guide-sujato:115": "Assim, embora este ensinamento seja profundamente filosófico, não é mera teoria, mas também uma práxis (SN 12.3). Seu entendimento se desdobra como uma consequência natural do desenvolvimento da fé no Dhamma (SN 12.23). É compreendido por aquele que tem a realização experiencial do Dhamma, comumente conhecido como aquele que entra na corrente (SN 12.28). Isso é verdadeiro para os discípulos monásticos (SN 12.29) e leigos SN 12.41). É por isso que um nobre discípulo não tem dúvidas sobre o significado ou a origem da vida: eles próprios viram por si (SN 12.49). Alguém assim é independente dos outros e não precisa depender de um professor. Não é necessário ser um dos aperfeiçoados (arahant) para entender a origem dependente SN 12.68). ", + "sn-guide-sujato:115": "Assim, embora este ensinamento seja profundamente filosófico, não é mera teoria, mas também uma práxis (SN 12.3). Seu entendimento se desdobra como uma consequência natural do desenvolvimento da fé no Dhamma (SN 12.23). É compreendido por aquele que tem a realização experiencial do Dhamma, comumente conhecido como aquele que entra na corrente (SN 12.28). Isso é verdadeiro para os discípulos monásticos (SN 12.29) e leigos SN 12.41). É por isso que um nobre discípulo não tem dúvidas sobre o significado ou a origem da vida: eles próprios viram por si (SN 12.49). Alguém assim é independente dos outros e não precisa depender de um professor. Não é necessário ser um dos aperfeiçoados (_arahant_) para entender a origem dependente SN 12.68). ", "sn-guide-sujato:116": "O Buda ilustra a origem dependente com muitos símiles, com suas imagens freqüentemente baseadas em idéias de fogo, combustível ou comida. Focar em coisas que dão prazer tende a estimular o desejo, como um fogo alimentado por grama seca (SN 12.52) ou uma árvore sugando seiva (SN 12.58). É nesta coleção que encontramos a agora clássica comparação da mente como um macaco, embora a aplicação seja um tanto inesperada (SN 12.61). ", "sn-guide-sujato:117": "Vários suttas adotam a ideia de condicionalidade como “alimento” ou “combustível” ou “sustento” e a aplicam a um conjunto de quatro coisas: alimento sólido, contato, intenção e consciência (SN 12.11). Cada um deles é, por sua vez, ilustrado com símiles que são tão horríveis quanto inesquecíveis (SN 12.63). ", "sn-guide-sujato:118": "Embora a apresentação padrão dos 12 elos possa dar a impressão de que ocorrem um após o outro, como uma série de peças de dominó caindo, a realidade é mais complexa. Certos fatores, como consciência e nome e forma, são interdependentes, dependendo um do outro (SN 12.65) como dois feixes de juncos colocados de pé (SN 12.67). Às vezes, um fator pode estar implícito em vez de mencionado diretamente (SN 12.13), às vezes a sequência é alterada (SN 12.43 and SN 12.44), enquanto em outros lugares o ensinamento pode ser apresentado de uma maneira bastante diferente (SN 12.38). A condicionalidade no budismo é sempre entendida como complexa e ramificada: muitas causas, muitos efeitos, todos interagindo. O esquema simples não pretende ser reducionista, mas sim esclarecer aspectos cruciais do processo de uma forma que seja facilmente memorizada e compreendida. ", "sn-guide-sujato:119": "Filosoficamente, a origem dependente é considerada o “ensinamento do meio” que evita visões extremas. Essas visões extremas são os pólos opostos que freqüentemente definem posições filosóficas. Eles incluem visões de responsabilidade moral: a pessoa que pratica um ato intencional é idêntica àquela que experimenta o seu resultado? Ou este é experimentado por uma pessoa diferente? O Buda rejeita essas alternativas: o ato intencional tem um efeito, e esse efeito é o sofrimento (SN 12.46). ", "sn-guide-sujato:120": "Da mesma forma, o Buda rejeita as idéias de que “tudo existe” ou que “nada existe” (SN 12.48). Embora essas noções possam parecer estranhas, até bizarras, para nossa maneira de pensar, elas se originam da tendência filosófica indiana de ver o “ser” como inerente, absoluto e até divino. Assim, se algo existe, existe em um sentido absoluto e essencial e, se tudo existe, significa que a própria realidade do cosmos é absoluta e eterna. Se nada “existe”, não significa que não haja nada real no mundo; significa que as coisas não têm nenhuma essência e, portanto, perecerão. Assim, o Buda rejeita essas visões opostas como formas de eternalismo e aniquilacionismo, ou seja, as idéias de que o eu durará para sempre e que o eu será destruído (SN 12.15). ", - "sn-guide-sujato:121": "Finalmente, talvez a coisa mais importante a se ter em mente é que a “origem” dependente é apenas parte de um todo. De igual importância é a “cessação”, o fim de cada um dos fatores, que é o que é chamado de “extinção” (nibbāna). O verdadeiro propósito de estudar a origem dependente não é para o domínio filosófico, não para ganhar debates ou passar em um curso, mas para se realizar o fim do sofrimento. A origem dependente é um ensinamento verdadeiramente fortalecedor, pois assume que a compreensão humana é suficiente para compreender a essência da própria existência, para encontrar a salvação por meio da sabedoria. ", + "sn-guide-sujato:121": "Finalmente, talvez a coisa mais importante a se ter em mente é que a “origem” dependente é apenas parte de um todo. De igual importância é a “cessação”, o fim de cada um dos fatores, que é o que é chamado de “extinção” (_nibbāna_). O verdadeiro propósito de estudar a origem dependente não é para o domínio filosófico, não para ganhar debates ou passar em um curso, mas para se realizar o fim do sofrimento. A origem dependente é um ensinamento verdadeiramente fortalecedor, pois assume que a compreensão humana é suficiente para compreender a essência da própria existência, para encontrar a salvação por meio da sabedoria. ", "sn-guide-sujato:122": "O Livro sobre os Agregados ", - "sn-guide-sujato:123": "O “Livro dos agregados” é o terceiro dos cinco livros dos Discursos Conectados. Ele leva o nome do primeiro e mais longo saṁyutta que trata do ensinamento central budista dos cinco agregados em 159 discursos. Dos doze saṁyuttas restantes, três também abordam o tema dos agregados, enquanto o resto do livro trata de diversos temas secundários, alguns organizados por assunto, outros por individuos. ", - "sn-guide-sujato:124": "Os “cinco agregados influenciados pelo apego” ( pañc'upādānakkhandhā ) são mencionados no primeiro sermão como o resumo da nobre verdade do sofrimento (SN 56.11), e se tornaran um ensinamento fundamental em todas as formas de budismo. ", - "sn-guide-sujato:125": "A ideia básica do termo “agregado” (khandha) é um conjunto ou classe de fenômenos. Os “cinco agregados” são os vários conjuntos ou apanhados de fenômenos assim classificados. ", - "sn-guide-sujato:126": "Quase sempre se diz que os cinco agregados são agregados “de apego”. O termo “apego” (upādāna) tem uma relação complexa e multifacetada com o termo básico. ", - "sn-guide-sujato:127": "Os agregados são o objeto do apego, na medida em que são coisas pelas quais normalmente se tem apego e tidas como sendo o “eu” permanente. ", - "sn-guide-sujato:128": "Mas eles não são meramente espectadores passivos: são também o apoio funcional do apego, as coisas que fazem o apego ou fixação funcionar. Esta é provavelmente a metáfora básica do conjunto, já que os cinco agregados correspondem aos cinco dedos de uma mão, que realizam o ato de agarrar. E agarrar é algo que os agregados fazem. Nesta metáfora, o “polegar” é a consciência, que se opõe aos outros quatro. ", - "sn-guide-sujato:129": "stimulate grasping to themselves (upādāniya). ", - "sn-guide-sujato:130": "E, finalmente, eles são o producto do apego no sentido de que os diferentes apegos em vidas passadas deram origem aos agregados nesta vida (upādiṇṇa). ", + "sn-guide-sujato:123": "O “Livro dos agregados” é o terceiro dos cinco livros dos Discursos Conectados. Ele leva o nome do primeiro e mais longo _saṁyutta_ que trata do ensinamento central budista dos cinco agregados em 159 discursos. Dos doze _saṁyuttas_ restantes, três também abordam o tema dos agregados, enquanto o resto do livro trata de diversos temas secundários, alguns organizados por assunto, outros por individuos. ", + "sn-guide-sujato:124": "Os “cinco agregados influenciados pelo apego” (_ pañc'upādānakkhandhā _) são mencionados no primeiro sermão como o resumo da nobre verdade do sofrimento (SN 56.11), e se tornaran um ensinamento fundamental em todas as formas de budismo. ", + "sn-guide-sujato:125": "A ideia básica do termo “agregado” (_khandha_) é um conjunto ou classe de fenômenos. Os “cinco agregados” são os vários conjuntos ou apanhados de fenômenos assim classificados. ", + "sn-guide-sujato:126": "Quase sempre se diz que os cinco agregados são agregados “de apego”. O termo “apego” (_upādāna_) tem uma relação complexa e multifacetada com o termo básico. ", + "sn-guide-sujato:127": "Os agregados são o *objeto* do apego, na medida em que são coisas pelas quais normalmente se tem apego e tidas como sendo o “eu” permanente. ", + "sn-guide-sujato:128": "Mas eles não são meramente espectadores passivos: são também o *apoio funcional* do apego, as coisas que fazem o apego ou fixação funcionar. Esta é provavelmente a metáfora básica do conjunto, já que os cinco agregados correspondem aos cinco dedos de uma mão, que realizam o ato de agarrar. E agarrar é algo que os agregados fazem. Nesta metáfora, o “polegar” é a consciência, que se opõe aos outros quatro. ", + "sn-guide-sujato:129": "*stimulate* grasping to themselves (_upādāniya_). ", + "sn-guide-sujato:130": "E, finalmente, eles são o *producto* do apego no sentido de que os diferentes apegos em vidas passadas deram origem aos agregados nesta vida (_upādiṇṇa_). ", "sn-guide-sujato:131": "Aqui se apresenta uma breve análise de cada um dos cinco agregados. ", - "sn-guide-sujato:132": "Forma (rūpa) ", + "sn-guide-sujato:132": "Forma (_rūpa_) ", "sn-guide-sujato:133": "“Fenômenos físicos”, ou às vezes simplesmente “corpo”, entendido como consistindo nas quatro propriedades físicas primárias: terra (solidez), água (liquidez), fogo (calor) e ar (gás), e qualquer material derivado destes, como as impressões dos cinco sentidos materiais. ", - "sn-guide-sujato:134": "Rūpa é mais amplo em escopo do que o conceito ocidental de “matéria”. Inclui propriedades materiais que são percebidas puramente na mente, como forma ou cor vistas como visões experimentadas quando se medita. ", - "sn-guide-sujato:135": "Sensações (vedanā) ", + "sn-guide-sujato:134": "_Rūpa_ é mais amplo em escopo do que o conceito ocidental de “matéria”. Inclui propriedades materiais que são percebidas puramente na mente, como forma ou cor vistas como visões experimentadas quando se medita. ", + "sn-guide-sujato:135": "Sensações (_vedanā_) ", "sn-guide-sujato:136": "O tom ou teor agradável, doloroso ou neutro da experiência nascido dos seis sentidos. ", - "sn-guide-sujato:137": "Percepção (saññā) ", + "sn-guide-sujato:137": "Percepção (_saññā_) ", "sn-guide-sujato:138": "O reconhecimento ou interpretação da experiência através dos seis sentidos. ", "sn-guide-sujato:139": "A percepção refere-se àquela função da mente que organiza a entrada altamente complexa e caótica da experiência presente com base na experiência passada. O olho, por exemplo, não vê “azul” ou “amarelo”, ele só vê luz em várias frequências e amplitudes. A percepção reconhece que essas entradas correspondem ao conceito “azul” ou “amarelo” (SN 22.79), e assim nos permite viver em um mundo de entidades e ideias (relativamente) estabelecidas e previsíveis. Embora a percepção torne a consciência possível, ela também pode nos levar a ver as coisas apenas em termos do passado. Nas discussões regulamentares do Vinaya, é comum discutir casos em que as ações de um mendicante são baseadas em uma percepção que acaba sendo incorreta. ", - "sn-guide-sujato:140": "Escolhas (saṅkhārā) ", - "sn-guide-sujato:141": "Intenção, vontade ou volição (cetanā); a escolha de se realizar um ato, especialmente aquele com dimensão ética. São as escolhas que criam os cinco agregados (SN 22.79). ", - "sn-guide-sujato:142": "Formas posteriores de budismo, começando com os textos do Abhidhamma, trataram esse agregado como se fosse um apanhado geral, cujo propósito era incluir tudo o que não era mencionado nos outros agregados. No entanto, este não é o caso nos textos antigos, onde não há indicação de que saṅkhārā neste contexto signifique outra coisa senão “volição, escolha”. ", - "sn-guide-sujato:143": "Consciência (viññāṇa) ", + "sn-guide-sujato:140": "Escolhas (_saṅkhārā_) ", + "sn-guide-sujato:141": "Intenção, vontade ou volição (_cetanā_); a escolha de se realizar um ato, especialmente aquele com dimensão ética. São as escolhas que criam os cinco agregados (SN 22.79). ", + "sn-guide-sujato:142": "Formas posteriores de budismo, começando com os textos do Abhidhamma, trataram esse agregado como se fosse um apanhado geral, cujo propósito era incluir tudo o que não era mencionado nos outros agregados. No entanto, este não é o caso nos textos antigos, onde não há indicação de que _saṅkhārā_ neste contexto signifique outra coisa senão “volição, escolha”. ", + "sn-guide-sujato:143": "Consciência (_viññāṇa_) ", "sn-guide-sujato:144": "O processo subjectivo da consciência em si. ", "sn-guide-sujato:145": "Como na origem dependente, diz-se que a consciência depende do nome e da forma. ", "sn-guide-sujato:146": "Com exceção da percepção, todos esses também são encontrados na origem dependente, onde têm definições semelhantes. Enquanto a origem dependente mostra o desdobramento do processo de sofrimento ao longo do tempo, o ensinamento dos agregados concentra-se nos aspectos da experiência presente que são mais aptos a serem considerados como um eu. No SN 22.5, o apego ou fixação aos agregados é mostrado como o mesmo agarrar que leva ao renascimento conforme mostrado na origem dependente. E o SN 22.54 promove este argumento, afirmando que é impossível falar de renascimento sem se referir aos agregados. ", "sn-guide-sujato:147": "Desde o primeiro ensinamento do Buda (SN 56.11), aprendemos que os agregados são dolorosos, sorfrimento. No segundo sermão—o Discurso sobre Não-eu (Anattalakkhaṇa Sutta) SN 22.59— esta breve declaração é a base de um diálogo posterior com o grupo de cinco ascetas. Cada um dos agregados leva à aflição e não se pode simplesmente decretar que os agregados sejam aquilo que se deseja que sejam; portanto, eles não podem ser um eu. Além disso, cada um dos agregados é impermanente e, portanto, sofrimento, o que novamente exclui a possibilidade de que sejam um eu. Vendo desta forma, o praticante abandona o apego aos agregados e percebe a liberdade. Foi enquanto ouvia esse discurso que os cinco ascetas se realizaram a perfeição espiritual. ", "sn-guide-sujato:148": "Embora a doutrina das “três marcas” seja encontrada em todos os textos budistas, é aqui no Khandha Saṁyutta que ela ganha destaque. Abaixo um breve resumo. ", - "sn-guide-sujato:149": "Impermanência (anicca) ", + "sn-guide-sujato:149": "Impermanência (_anicca_) ", "sn-guide-sujato:150": "Todos os fenômenos condicionados são produzidos e sustentados por causas ou condições e, portanto, só podem durar enquanto as causas os sustentam. A impermanência é um fenômeno fractal; trata-se de como a realidade é estruturada em todos os níveis. Aplica-se igualmente à maior escala dos universos e ao tempo de vida dos deuses, assim como ao incessante rompimento e desaparecimento de condições de momento a momento. Mas nos cinco agregados, o foco principal está na escala da existência humana, onde o impacto emocional da impermanência é sentido mais intensamente na morte. ", - "sn-guide-sujato:151": "Sofrimento (dukkha). ", - "sn-guide-sujato:152": "Em seu nível mais simples, se refere a sensações dolorosos, sejam físicos ou mentais (dukkha-dukkhatā). Por si só, essa é uma observação profunda, já que praticamente todos os momentos de nossa vida enquanto conscientes envolvem alguma forma de dor ou irritação. Mas o sofrimento é mais profundo do que isso, pois mesmo quando experimentamos prazer, ele não pode ser sustentado. O segundo pedaço de manga é delicioso—mas não tão delicioso quanto o primeiro (vipariṇāma-dukkhatā). Finalmente, mesmo o mais profundo dos prazeres, como a bem-aventurança da meditação profunda, nunca é tão pacífico quanto nibbāna, pois por sua natureza esta é condicionado e instável (saṅkhāradukkhatā). Nenhuma experiência é tão pacífica quanto a cessação. ", - "sn-guide-sujato:153": "Não-eu (anattā) ", + "sn-guide-sujato:151": "Sofrimento (_dukkha_). ", + "sn-guide-sujato:152": "Em seu nível mais simples, se refere a sensações dolorosos, sejam físicos ou mentais (_dukkha-dukkhatā_). Por si só, essa é uma observação profunda, já que praticamente todos os momentos de nossa vida enquanto conscientes envolvem alguma forma de dor ou irritação. Mas o sofrimento é mais profundo do que isso, pois mesmo quando experimentamos prazer, ele não pode ser sustentado. O segundo pedaço de manga é delicioso—mas não tão delicioso quanto o primeiro (_vipariṇāma-dukkhatā_). Finalmente, mesmo o mais profundo dos prazeres, como a bem-aventurança da meditação profunda, nunca é tão pacífico quanto _nibbāna_, pois por sua natureza esta é condicionado e instável (_saṅkhāradukkhatā_). Nenhuma experiência é tão pacífica quanto a cessação. ", + "sn-guide-sujato:153": "Não-eu (_anattā_) ", "sn-guide-sujato:154": "A mais sutil e distinta das três marcas, o não-eu é a mais sujeita a ser mal compreendida. É principalmente uma doutrina antimetafísica, não psicológica. A intenção é descartar os vários tipos de eu ou alma propostos pelos filósofos na época do Buda. Ele faz isso apontando que todas as doutrinas de eu acabam identificando um ou outro dos agregados como eu; mas eles não têm a natureza que se supõe que o eu tenha. Esse significado é bastante diferente da noção psicológica moderna de ego, e é inapropriado, e potencialmente prejudicial, aplicar o ensino do não-eu nos casos em que uma pessoa sofre de um distúrbio de identidade. ", "sn-guide-sujato:155": "Detenhamo-nos um pouco mais na ideia de eu e não-eu, que é melhor compreendida em seu contexto histórico. Alguns séculos antes do Buda, os sábios e filósofos indianos ficaram fascinados com a natureza subjetiva da experiência. Eles se perguntaram quem era, no sentido verdadeiro e último, aquele referido como “eu”. ", "sn-guide-sujato:156": "Teorias iniciais se basearam em noções animistas simples, imaginando o eu como um totem físico externo, ou mesmo como um homenzinho que vivia no peito. Outros teorizaram que o eu era o coração, ou o fôlego da respiração, ou algum outro atributo físico. Mas tudo isso pode ser refutado por simples observação empírica. Às vezes, um totem pode ser destruído, mas uma pessoa vive. Quando você observa uma pessoa que está dormindo, nenhum homenzinho pode ser visto saindo pela boca. E quando um trompetista sopra todo o seu fôlego, ele não cai morto. ", "sn-guide-sujato:157": "Então, o que seria este eu senão algo material? Talvez, em vez disso, seja a sensação, a bem-aventurança experimentada por alguém que vai para um belo reino de existência após a morte. Mas não pode ser assim, pois tal sensação também é impermanente (DN 15). Então, poweria o eu ser percepção (DN 1)? Mas não, a percepção também é complicada e não confiável, como uma ilusão. Seria o eu, então, as escolhas de alguém? Afinal, um homem é definido pelas decisões que toma. Mas estes também são vistos como impermanentes e não confiáveis; muitas vezes fazemos escolhas erradas ou os resultados de uma escolha não são o que esperamos. ", - "sn-guide-sujato:158": "Insatisfeitos, os sábios dos Upanishads rejeitaram todas essas concepções limitadas do eu (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 3.9.26: neti! neti!). Eles chegaram à sua tese mais profunda: o eu em seu sentido mais elevado seria a própria consciência, a massa pura da consciência (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 2.4.12: vijnāna-ghanam’eva). A verdadeira natureza do eu seria a divindade suprema (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 1.4.10: ahaṁ brahmāsmīti; cp. DN 1:2, DN 11:81, DN 24:2: ahamasmi brahmā). Esse insight é expresso nos Upanishads como o famoso “tu és isso” (Chāndogya Upaniṣad 6.8.7: tat tvam asi), e nos textos em páli como “Eu sou isso” ( SN 22.8: eso hamasmi). “Isso” pode ser qualquer coisa que se identifique como eu. Mas para quem entende corretamente (ya evaṁ veda), o eu divino seria nada menos do que a totalidade do universo: “o eu é idêntico ao cosmos” (SN 22.81: so attā so loko, cp. Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 1.2.7: tasyeme lokā ātmānaḥ, 4.5.7: idaṁ brahmedaṁ kṣatram ime lokā ime devā ime vedā imāni bhūtānīdaṁ sarvaṁ yad ayam ātmā). Essa filosofia é mais intimamente associada a Yajnavalkya, um sábio brâmane que viveu na mesma região que Buda (Mithila), talvez um ou dois séculos antes. ", + "sn-guide-sujato:158": "Insatisfeitos, os sábios dos Upanishads rejeitaram todas essas concepções limitadas do eu (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 3.9.26: _neti! neti!_). Eles chegaram à sua tese mais profunda: o eu em seu sentido mais elevado seria a própria consciência, a massa pura da consciência (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 2.4.12: _vijnāna-ghanam’eva_). A verdadeira natureza do eu seria a divindade suprema (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 1.4.10: _ahaṁ brahmāsmīti_; cp. DN 1:2, DN 11:81, DN 24:2: _ahamasmi brahmā_). Esse insight é expresso nos Upanishads como o famoso “tu és isso” (Chāndogya Upaniṣad 6.8.7: _tat tvam asi_), e nos textos em páli como “Eu sou isso” ( SN 22.8: _eso hamasmi_). “Isso” pode ser qualquer coisa que se identifique como eu. Mas para quem entende corretamente (_ya evaṁ veda_), o eu divino seria nada menos do que a totalidade do universo: “o eu é idêntico ao cosmos” (SN 22.81: _so attā so loko_, cp. Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 1.2.7: _tasyeme lokā ātmānaḥ_, 4.5.7: _idaṁ brahmedaṁ kṣatram ime lokā ime devā ime vedā imāni bhūtānīdaṁ sarvaṁ yad ayam ātmā_). Essa filosofia é mais intimamente associada a Yajnavalkya, um sábio brâmane que viveu na mesma região que Buda (Mithila), talvez um ou dois séculos antes. ", "sn-guide-sujato:159": "Embora a forma exata desses argumentos possa parecer arcaica, ainda nos apegamos aos agregados de maneiras semelhantes. Pensamos em nossos bens e pertences—casas, roupas, carros—como expressões de nosso eu e ficamos chateados quando estes são danificados ou criticados. Também nos apegamos a nossos corpos físicos, deleitando-nos com a saúde ou imaginando que sobreviveremos por meio da propagação de nosso DNA. Nós nos apegamos ao prazer, pensando que a felicidade vai durar. Nos apegamos a nossas percepções, como nosso sentimento de pertencer a uma nação ou religião, ou nossa ideia de nós mesmos como uma boa pessoa. Nós nos apegamos às nossas escolhas, tendo orgulho de nossa capacidade de tomar decisões. Finalmente, nos apegamos à nossa consciência, especialmente quando purificamos a consciência na meditação. ", "sn-guide-sujato:160": "Assim, uma das funções principais dos agregados era categorizar as teorias sobre a natureza do eu, indo do simples ao profundo. Isso parece ter sido familiar aos filósofos antes de Buda. Os agregados são mencionados de passagem no primeiro sermão, como se fosse dado como certo que os cinco ascetas da época os conheceriam. Muitas das visões sectárias do eu no DN 1 Brahmajala Sutta referem-se aos agregados de uma forma ou de outra. E em outro lugar, o asceta não budista Saccaka afirmou que os cinco agregados eram o eu (MN 35). No entanto, os agregados não foram assim listados em nenhum texto pré-budista. ", "sn-guide-sujato:161": "Independentemente de o conjunto de categorias ser pré-budista, o Buda as tratou de uma maneira distinta, enfatizando que, quando examinados, os agregados revelam carecer das qualidades de permanência, segurança e refúgio que são intrínsecas à ideia de um verdadeiro eu. Mas nossa compreensão e identificação são fortes e foram construídas ao longo de muito tempo, então não é suficiente apenas reconhecer isso em um nível intelectual. Portanto, no Khandha Saṁyutta encontramos os principais ensinamentos enfatizados repetidamente. O Buda constantemente lembra aos mendicantes que os agregados levam à tristeza e ao desespero (SN 22.7), que eles causam transtorno (SN 22.79),que o desejo por eles deve ser abandonado (SN 22.137), e que eles são alheios (SN 22.33). Aquele que se identifica com os agregados é como um homem que contrata um assassino como servo (SN 22.85). Quem o faz sofrendo no passado e no futuro assim como no presente (SN 22.10). ", - "sn-guide-sujato:162": "O entendimento de que os agregados são eu é chamada de “crença na identidade” (sakkāyadiṭṭhi). É possível se identificar com qualquer um ou todos os agregados de uma infinidade de maneiras, comumente estabelecidas como vinte formas de visão de identidade ((SN 22.1, etc.). A idéia da existência de um eu prende alguém não iluminado a transmigração como um cachorro amarrado a um poste, correndo em círculos e sem sair do lugar (SN 22.99). ", + "sn-guide-sujato:162": "O entendimento de que os agregados são eu é chamada de “crença na identidade” (_sakkāyadiṭṭhi_). É possível se identificar com qualquer um ou todos os agregados de uma infinidade de maneiras, comumente estabelecidas como vinte formas de visão de identidade ((SN 22.1, etc.). A idéia da existência de um eu prende alguém não iluminado a transmigração como um cachorro amarrado a um poste, correndo em círculos e sem sair do lugar (SN 22.99). ", "sn-guide-sujato:163": "Vários discursos enfatizam que, para compreender os agregados, é essencial desenvolver a profunda quietude da meditação de imersão (SN 22.5, SN 22.6). Mas a realização meditativa não é algo que simplesmente acontece automaticamente; para esta se dar é preciso contemplar e observar continuamente os agregados (SN 22.40, etc.). ", "sn-guide-sujato:164": "Nesta coleção encontramos um grande número de narrativas marcantes e vivas, mostrando como os agregados podem ser um consolo na idade avançada (SN 22.1), um guia para os difíceis debates teóricos sobre identidade ou uma estrutura para a meditação do insight. ", "sn-guide-sujato:165": "O Livro das Seis Bases ou Meios dos Sentidos ", - "sn-guide-sujato:166": "O “O Livro das Seis Bases ou Meios dos Sentidos” é o quarto dos cinco livros dos Discursos Conectados. Seu nome vem do primeiro e mais longo saṁyutta. O segundo saṁyutta sobre as sensações também trata de um tópico doutrinário importante, que está intimamente relacionado ao tema principal. Os oito saṁyuttas restantes lidam com temas secundários organizados por assunto ou por pessoa. ", - "sn-guide-sujato:167": "O número de discursos nos “Discursos Conectados sobre as Seis Bases ou Meios dos Sentidos” varia entre as edições, principalmente devido à forma como as repetições são contadas; o SuttaCentral segue a tradução de Bhikkhu Bodhi na contagem de 248 discursos; veja na introdução deste para este capítulo uma discussão dos problemas na contagem dos Suttas desta coleção. Eles são reunidos em quatro paṇṇasakas. ", - "sn-guide-sujato:168": "Este saṁyutta tem uma relação especialmente próxima com os “Discursos Conectados Sobre Os Agregados”, que vai muito além das aparentes semelhanças temáticas. Na verdade, muitos dos discursos nas duas coleções são construídos em linhas virtualmente idênticas. Bhikkhu Bodhi explora essas conexões com sua noção de “modelos paralelos”, que são encontrados em todo o Saṁyutta Nikāya, mas especialmente com essas duas seções. ", + "sn-guide-sujato:166": "O “O Livro das Seis Bases ou Meios dos Sentidos” é o quarto dos cinco livros dos Discursos Conectados. Seu nome vem do primeiro e mais longo _saṁyutta_. O segundo _saṁyutta_ sobre as sensações também trata de um tópico doutrinário importante, que está intimamente relacionado ao tema principal. Os oito _saṁyuttas_ restantes lidam com temas secundários organizados por assunto ou por pessoa. ", + "sn-guide-sujato:167": "O número de discursos nos “Discursos Conectados sobre as Seis Bases ou Meios dos Sentidos” varia entre as edições, principalmente devido à forma como as repetições são contadas; o SuttaCentral segue a tradução de Bhikkhu Bodhi na contagem de 248 discursos; veja na introdução deste para este capítulo uma discussão dos problemas na contagem dos Suttas desta coleção. Eles são reunidos em quatro _paṇṇasakas_. ", + "sn-guide-sujato:168": "Este _saṁyutta_ tem uma relação especialmente próxima com os “Discursos Conectados Sobre Os Agregados”, que vai muito além das aparentes semelhanças temáticas. Na verdade, muitos dos discursos nas duas coleções são construídos em linhas virtualmente idênticas. Bhikkhu Bodhi explora essas conexões com sua noção de “modelos paralelos”, que são encontrados em todo o Saṁyutta Nikāya, mas especialmente com essas duas seções. ", "sn-guide-sujato:169": "As seis bases ou meios dos sentidos complementam os cinco agregados como o resumo da nobre verdade do sofrimento. Onde os agregados se concentram na estrutura funcional da experiência como base para as visões do self, a ênfase aqui é em como a experiência sensorial estimula o desejo. ", - "sn-guide-sujato:170": "Os seis campos dos sentidos são os meios pelos quais o mundo é conhecido e, portanto, cada um deles tem dois aspectos. O aspecto “interno” são os órgãos dos sentidos, por exemplo, o “olho” ou o “ouvido”, que possibilitam a um organismo experimentar o mundo externo ao receber estímulos dos sentidos. Estes são emparelhados com os estímulos dos sentidos externos, como “visões” ou “sons”, que impactam o órgão dos sentidos (contato, phassa) e dão origem à forma correspondente de consciência . ", - "sn-guide-sujato:171": "É melhor evitar pensar nas bases ou meios externos dos sentidos como “objetos”, uma vez que nos suttas eles são representados em relação à mente observadora, e não como entidades com existência independente. Não há palavra para “objeto” neste sentido nos primeiros textos: a existência não é objetiva, é relacional. O termo ārammaṇa, que veio a ser usado neste sentido muito mais tarde no Abhidhamma, significa “suporte” nos suttas. ", - "sn-guide-sujato:172": "A operação dos sentidos é relativamente simples até chegarmos ao último sentido, ou seja, a “mente” e “pensamentos” ou “fenômenos mentais”. Para esclarecer uma possível confusão, este “sexto sentido” é simplesmente a faculdade mental e não tem nada a ver com poderes psíquicos. E ao contrário dos cinco sentidos externos, o campo dos sentidos “interno” não é um órgão físico: mano does not mean “brain”. ", - "sn-guide-sujato:173": "O significado exato de “mente” (mano) neste contexto não é explicado em detalhes, então abordemos este ponto primeiro. Os suttas usam três termos principais para a mente: mano, citta, e viññāṇa. Em geral, são sinônimos e não é possível estabelecer distinções rígidas e rápidas entre eles (AN 3.60, DN 1:2, SN 12.61). No entanto, eles tendem a ser usados em contextos diferentes, cada um com uma nuance distinta. Esses contextos podem ser entendidos em termos das quatro nobres verdades; assim, os diferentes termos referem-se à mesma coisa, mas implicam um aspecto ou resposta diferente a essa coisa. ", - "sn-guide-sujato:174": "Viññāṇa ", + "sn-guide-sujato:170": "Os seis campos dos sentidos são os meios pelos quais o mundo é conhecido e, portanto, cada um deles tem dois aspectos. O aspecto “interno” são os órgãos dos sentidos, por exemplo, o “olho” ou o “ouvido”, que possibilitam a um organismo experimentar o mundo externo ao receber estímulos dos sentidos. Estes são emparelhados com os estímulos dos sentidos externos, como “visões” ou “sons”, que impactam o órgão dos sentidos (contato, _phassa_) e dão origem à forma correspondente de consciência . ", + "sn-guide-sujato:171": "É melhor evitar pensar nas bases ou meios externos dos sentidos como “objetos”, uma vez que nos suttas eles são representados em relação à mente observadora, e não como entidades com existência independente. Não há palavra para “objeto” neste sentido nos primeiros textos: a existência não é objetiva, é relacional. O termo _ārammaṇa_, que veio a ser usado neste sentido muito mais tarde no Abhidhamma, significa “suporte” nos suttas. ", + "sn-guide-sujato:172": "A operação dos sentidos é relativamente simples até chegarmos ao último sentido, ou seja, a “mente” e “pensamentos” ou “fenômenos mentais”. Para esclarecer uma possível confusão, este “sexto sentido” é simplesmente a faculdade mental e não tem nada a ver com poderes psíquicos. E ao contrário dos cinco sentidos externos, o campo dos sentidos “interno” não é um órgão físico: _mano_ does not mean “brain”. ", + "sn-guide-sujato:173": "O significado exato de “mente” (_mano_) neste contexto não é explicado em detalhes, então abordemos este ponto primeiro. Os suttas usam três termos principais para a mente: _mano_, _citta_, e _viññāṇa_. Em geral, são sinônimos e não é possível estabelecer distinções rígidas e rápidas entre eles (AN 3.60, DN 1:2, SN 12.61). No entanto, eles tendem a ser usados em contextos diferentes, cada um com uma nuance distinta. Esses contextos podem ser entendidos em termos das quatro nobres verdades; assim, os diferentes termos referem-se à mesma coisa, mas implicam um aspecto ou resposta diferente a essa coisa. ", + "sn-guide-sujato:174": "_Viññāṇa_ ", "sn-guide-sujato:175": "Em contextos doutrinários, trata-se da consciência em si, o puro conhecimento ou cognição das coisas. Ele aparece, nesse sentido, na origem dependente, nos agregados e nos campos dos sentidos. Conseqüentemente, pertence à primeira nobre verdade, o sofrimento do mundo, e precisa ser totalmente compreendido. No uso coloquial, no entanto, pode assumir uma variedade de nuances de significado, como “compreensão”. ", - "sn-guide-sujato:176": "Mano ", - "sn-guide-sujato:177": "A mente em ação, uma das três esferas de atuação de kamma, um significado herdado dos Upanishads. Trata-se do que cria resultados, como na famosa primeira linha do Dhammapada: mano pubbaṅgamā dhammā, “a mente é a precursora de todas as coisas”. É particularmente usado em contextos éticos, a realização de atos mentais que dão frutos bons ou maus. Portanto, pode ser entendido principalmente como relacionado à segunda e terceira nobres verdades, a origem e o fim do sofrimento. ", - "sn-guide-sujato:178": "Citta ", - "sn-guide-sujato:179": "O termo mais geral e o menos vinculado a um sentido técnico específico. É amplamente usado como “mente”, “pensamento”, “coração”, etc. Mas quando encontrado em contextos técnicos, refere-se a samādhi, à consciência purificada da imersão meditativa profunda . Por isso é especialmente utilizado em contextos relativos ao caminho, a quarta nobre verdade. ", - "sn-guide-sujato:180": "Nos seis sentidos, mano não é claramente equivalente a “conhecimento” (viññāṇa), pois dá origem a ele. Nem é o “que é conhecido”, o fenômeno do qual a mente está ciente, pois o termo para isso é dhammā. Nem é voltar-se para ou prestar atenção ao que é conhecido, como é revelado em MN 28 O Grande Discurso sobre o Símile da Pegada do Elefante (Mahāhatthipadopamasutta): ", + "sn-guide-sujato:176": "_Mano_ ", + "sn-guide-sujato:177": "A mente em ação, uma das três esferas de atuação de _kamma_, um significado herdado dos Upanishads. Trata-se do que cria resultados, como na famosa primeira linha do Dhammapada: _mano pubbaṅgamā dhammā_, “a mente é a precursora de todas as coisas”. É particularmente usado em contextos éticos, a realização de atos mentais que dão frutos bons ou maus. Portanto, pode ser entendido principalmente como relacionado à segunda e terceira nobres verdades, a origem e o fim do sofrimento. ", + "sn-guide-sujato:178": "_Citta_ ", + "sn-guide-sujato:179": "O termo mais geral e o menos vinculado a um sentido técnico específico. É amplamente usado como “mente”, “pensamento”, “coração”, etc. Mas quando encontrado em contextos técnicos, refere-se a _samādhi_, à consciência purificada da imersão meditativa profunda . Por isso é especialmente utilizado em contextos relativos ao caminho, a quarta nobre verdade. ", + "sn-guide-sujato:180": "Nos seis sentidos, _mano_ não é claramente equivalente a “conhecimento” (_viññāṇa_), pois dá origem a ele. Nem é o “que é conhecido”, o fenômeno do qual a mente está ciente, pois o termo para isso é _dhammā_. Nem é voltar-se para ou prestar atenção ao que é conhecido, como é revelado em MN 28 O Grande Discurso sobre o Símile da Pegada do Elefante (Mahāhatthipadopamasutta): ", "sn-guide-sujato:181": "Embora a mente esteja intacta internamente, desde que os pensamentos externos não surjam ao seu alcance e não haja atenção correspondente, não há manifestação do tipo correspondente de consciência. ", - "sn-guide-sujato:182": "Esta passagem sugere que, como os órgãos dos sentidos físicos, mano de alguma forma pré-existe ou antecede o momento real de percepção consciente. Isso não significa que seja algum substrato místico da consciência, pois, como vimos, mano é usado consistentemente no sentido da mente que realiza atos, especialmente aqueles com uma dimensão moral . Portanto, o mano é aquilo que realizou ações no passado, alimentando e perpetuando um contínuo mental dentro do qual os resultados dessas ações podem ser experimentados no presente. É a faculdade mental que carrega o potencial para a experiência consciente, criada e condicionada por escolhas feitas no passado. ", - "sn-guide-sujato:183": "O aspecto “externo” do sexto sentido é dhammā, um termo tão ambíguo que sua tradução é sempre difícil. Aqui se refere a qualquer coisa que possa ser conhecida diretamente pela mente, distinta dos cinco sentidos físicos. A tradução mais tecnicamente correta é provavelmente “fenômenos mentais”. No entanto, isso é desajeitado e opaco, então “pensamento” pode ser usado como uma tradução mais coloquial, desde que seja entendido como incluindo ideias, imaginação e assim por diante, não apenas cognição verbalizada. ", - "sn-guide-sujato:184": "O termo āyatana se refere a algo “estendido”, um domínio, campo ou dimensão de atividade. No entanto, o Visuddhimagga sugere que o sentido da palavra é principalmente uma “causa”, ou talvez “estímulo”: ", - "sn-guide-sujato:185": "… base (āyatana) deve ser entendida como tal (a) por causa de sua atuação (āyatana), (b) por ser o intervalo (tanana) das origens (āya), e (c) por liderar (nayana) o que é acionado (āyata). O Caminho da Purificação, XV.4, traduzido por Bhikkhu Ñāṇamoḷi. ", - "sn-guide-sujato:186": "Bhikkhu Ñāṇamoḷi traduziu o termo adequadamente como “base”, que foi seguido por Bhikkhu Bodhi. Mas essa explicação do comentário é apenas uma série de etimologias falsas, ou melhor, trocadilhos. O objetivo de tais explicações é fornecer material para os professores refletirem e usarem no ensino, e não devem ser assumidas sem reflexão crítica. Na verdade, a raiz verbal não é o obscuro āyatati (“atuar”) mas sim āyamati, “esticar, estender”. Āyatana é comumente usado neste sentido e pode ser traduzido como “campo”, “dimensão” etc. ", - "sn-guide-sujato:187": "Como sempre, o contexto se baseia e redefine a terminologia bramânica. As “seis bases dos sentidos” (saḷāyatana) foram mencionados pela primeira vez no terceiro ensinamento do Buda, o famoso Discurso do Fogo (Ādittapariyāya Sutta) que aparece nesta coleção em SN 35.28. Este sermão foi dado a uma grande assembléia de ascetas bramânicos, após um período em que o Buda se hospedou na “casa do fogo” destes, uma espécie de santuário para adorar a chama sagrada. E em sânscrito, tal tipo de local é chamado de āyatana. Os Upanishads também chamam os sentidos de āyatana no sentido de campos ou âmbitos de atividade e experiência (por exemplo Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 4.1.4: cakṣur evāyatanam, Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 6.1.5: mano vā āyatanam; Chāndogya Upaniṣad 5.1.5: mano ha vā āyatanam). ", + "sn-guide-sujato:182": "Esta passagem sugere que, como os órgãos dos sentidos físicos, _mano_ de alguma forma pré-existe ou antecede o momento real de percepção consciente. Isso não significa que seja algum substrato místico da consciência, pois, como vimos, _mano_ é usado consistentemente no sentido da mente que realiza atos, especialmente aqueles com uma dimensão moral . Portanto, o _mano_ é aquilo que realizou ações no passado, alimentando e perpetuando um contínuo mental dentro do qual os resultados dessas ações podem ser experimentados no presente. É a faculdade mental que carrega o potencial para a experiência consciente, criada e condicionada por escolhas feitas no passado. ", + "sn-guide-sujato:183": "O aspecto “externo” do sexto sentido é _dhammā_, um termo tão ambíguo que sua tradução é sempre difícil. Aqui se refere a qualquer coisa que possa ser conhecida diretamente pela mente, distinta dos cinco sentidos físicos. A tradução mais tecnicamente correta é provavelmente “fenômenos mentais”. No entanto, isso é desajeitado e opaco, então “pensamento” pode ser usado como uma tradução mais coloquial, desde que seja entendido como incluindo ideias, imaginação e assim por diante, não apenas cognição verbalizada. ", + "sn-guide-sujato:184": "O termo _āyatana_ se refere a algo “estendido”, um domínio, campo ou dimensão de atividade. No entanto, o Visuddhimagga sugere que o sentido da palavra é principalmente uma “causa”, ou talvez “estímulo”: ", + "sn-guide-sujato:185": "… base (_āyatana_) deve ser entendida como tal (a) por causa de sua atuação (_āyatana_), (b) por ser o intervalo (_tanana_) das origens (_āya_), e (c) por liderar (_nayana_) o que é acionado (_āyata_). O Caminho da Purificação, XV.4, traduzido por Bhikkhu Ñāṇamoḷi. ", + "sn-guide-sujato:186": "Bhikkhu Ñāṇamoḷi traduziu o termo adequadamente como “base”, que foi seguido por Bhikkhu Bodhi. Mas essa explicação do comentário é apenas uma série de etimologias falsas, ou melhor, trocadilhos. O objetivo de tais explicações é fornecer material para os professores refletirem e usarem no ensino, e não devem ser assumidas sem reflexão crítica. Na verdade, a raiz verbal não é o obscuro _āyatati_ (“atuar”) mas sim _āyamati_, “esticar, estender”. _Āyatana_ é comumente usado neste sentido e pode ser traduzido como “campo”, “dimensão” etc. ", + "sn-guide-sujato:187": "Como sempre, o contexto se baseia e redefine a terminologia bramânica. As “seis bases dos sentidos” (_saḷāyatana_) foram mencionados pela primeira vez no terceiro ensinamento do Buda, o famoso Discurso do Fogo (Ādittapariyāya Sutta) que aparece nesta coleção em SN 35.28. Este sermão foi dado a uma grande assembléia de ascetas bramânicos, após um período em que o Buda se hospedou na “casa do fogo” destes, uma espécie de santuário para adorar a chama sagrada. E em sânscrito, tal tipo de local é chamado de _āyatana_. Os Upanishads também chamam os sentidos de _āyatana_ no sentido de campos ou âmbitos de atividade e experiência (por exemplo Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 4.1.4: _cakṣur evāyatanam_, Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 6.1.5: _mano vā āyatanam_; Chāndogya Upaniṣad 5.1.5: _mano ha vā āyatanam_). ", "sn-guide-sujato:188": "Quando o Buda disse àqueles ascetas que “tudo está queimando”, ele não estava fazendo uma análise típica do Abhidhamma, pois muitos séculos se passariam antes que o Abhidhamma fosse concebido. Ele estava falando em termos que os brâmanes podiam entender. ", - "sn-guide-sujato:189": "Um dos principais projetos dos Upaniads bramânicos era reinterpretar as divindades dos Vedas. Em vez de pensar neles como entidades que viviam no céu, eles se tornaram forças ou essências que impregnavam toda a realidade. Portanto, para os ascetas brâmanes, a chama (agni) era adorada como a personificação de uma energia sagrada iminente em todas as coisas. ", - "sn-guide-sujato:190": "Os ensinamentos do Sermão do Fogo respondem a várias passagens importantes dos Upanishads. No Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 1.3, é dito que o mal entrou no mundo pelas ações dos demônios (asuras). Enquanto os deuses (devas) realizavam o ritual, eles entraram nos vários sentidos e os corromperam, manchando-os com o mal e a morte. Portanto, segundo este, esta seria a razão quando o sofrimento é experimentado por meio dos sentidos. Mas esses mesmos sentidos podem ser libertados dessa corrupção sendo levados para além da morte. ", + "sn-guide-sujato:189": "Um dos principais projetos dos Upaniads bramânicos era reinterpretar as divindades dos Vedas. Em vez de pensar neles como entidades que viviam no céu, eles se tornaram forças ou essências que impregnavam toda a realidade. Portanto, para os ascetas brâmanes, a chama (_agni_) era adorada como a personificação de uma energia sagrada iminente em todas as coisas. ", + "sn-guide-sujato:190": "Os ensinamentos do Sermão do Fogo respondem a várias passagens importantes dos Upanishads. No Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 1.3, é dito que o mal entrou no mundo pelas ações dos demônios (_asuras_). Enquanto os deuses (_devas_) realizavam o ritual, eles entraram nos vários sentidos e os corromperam, manchando-os com o mal e a morte. Portanto, segundo este, esta seria a razão quando o sofrimento é experimentado por meio dos sentidos. Mas esses mesmos sentidos podem ser libertados dessa corrupção sendo levados para além da morte. ", "sn-guide-sujato:191": "Esses sentidos purificados e divinos são descritos posteriormente no Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 2.5.1, o famoso “Conhecimento do Mel”, considerado um dos ensinamentos mais elevados e secretos. Ele apresenta um modelo, aplicado a vários tipos de coisas. Estes ensinamentos não são organizadas tão racionalmente como as doutrinas budistas, mas incluem tipos de coisas bastante diferentes no mesmo conjunto, como os elementos, a verdade, o sol, etc. No entanto, os paralelos com os ensinamentos dos seis sentidos são bastante aparentes. ", "sn-guide-sujato:193": "A visão bramânica é que toda a criação deriva de Brahmā e, portanto, em sua essência mais verdadeira, transborda divindade e bem-aventurança—mel. Qualquer sofrimento é apenas uma imperfeição temporária. ", "sn-guide-sujato:194": "É assim que eles lidaram com o grande desafio de qualquer sistema teísta, o problema do mal. Para os brâmanes, enfocar no sofrimento é perder o foco. Esta não é apenas uma doutrina fácil de “pensamento positivo”, é uma filosofia profundamente contemplativa, trabalhada em grandes detalhes em muitos textos sagrados complexos e informada por prática meditativa profunda. Não nega a realidade do sofrimento, mas evoca uma realidade mais profunda onde o sofrimento não pode chegar. ", @@ -197,20 +197,20 @@ "sn-guide-sujato:196": "As forças que acendem esse fogo podem ser prontamente discernidas: ganância, ódio e ilusão. Esta clássica apresentação budista das impurezas fundamentais aparece primeiro nesta passagem. Está correlacionado com as três sensações: sensação agradável que estimula o desejo; sentimento doloroso que provoca ódio; e o sentimento neutro escorrega para a delusão (MN 44:25, MN 128:28, SN 36.3). ", "sn-guide-sujato:197": "O Sermão do Fogo, em sua brevidade, prenuncia várias características distintas dos ensinamentos sobre os seis sentidos em comparação com os cinco agregados. Ele é direto, emocional e poderoso, falando do mundo que arde, em contraste com a abordagem mais intelectual dos agregados. ", "sn-guide-sujato:198": "Ao invocar a ideia de “tudo”, o Sermão do Fogo sugere que o escopo dos seis sentidos inclui tudo o que é experimentado e conhecido. Essa ideia foi expandida em vários Suttas (SN 35.33–52). Em contraste, nenhuma reivindicação de completude é feita dos agregados. E o texto trata a experiência dos sentidos como um processo condicionado, a dimensão imediatamente visível da origem dependente. ", - "sn-guide-sujato:199": "Uma vez que os campos dos sentidos tornam a experiência possível, é por meio deles que o sofrimento surge (SN 35.106). É para compreender esse sofrimento que se empreende o caminho espiritual (SN 35.81, SN 35.152). Os campos dos sentidos são, na verdade, o mundo (loka) que se desgasta (lujjati; SN 35.82, SN 35.84), para “Aquilo no mundo através do qual alguém percebe o mundo, concebe o mundo—isso é chamado de mundo na Disciplina dos Nobres”( SN 35.116 ). Este mundo é vazio de um eu (SN 35.85). ", - "sn-guide-sujato:200": "Uma vez que os campos dos sentidos são produzidos por escolhas feitas em vidas passadas, eles são chamados de “kamma antigo”; nisso eles contrastam com os agregados, pois incluem “escolhas”, que são o kamma feito no presente. Tendo herdado os sentidos como resultado de ações passadas, no entanto, passamos a responder a eles pensando ou concebendo-os em termos de um “eu”, um processo conhecido em Pali como “identificação” (maññita; SN 35.146, SN 35.30–32, SN 35.90–91, SN 35.248). ", - "sn-guide-sujato:201": "“Conceber” e o intimamente relacionado “presunção” (māna) referem-se à tendência da mente de moldar a experiência em termos do self. Muito de nosso pensamento é dedicado a justificar, explicar e interpretar nossa experiência de maneiras que reforçam nossa noção de eu. Isso pode acabar saindo do controle, caso em que é chamado de “proliferação” (papañca). Para interromper esse processo, o Buda nos exorta a não ir além da experiência dos sentidos (SN 35.94, SN 35.95). ", - "sn-guide-sujato:202": "É significativo que, embora os textos falem repetidamente de como os agregados formam a base para as teorias do eu (sakkāya), o mesmo not é dito sobre as bases ou meios dos sentidos. Se os agregados provocam o apego às teorias, as bases dos sentidos provocam o apego ao pleasure, à pura vitalidade da experiência sensorial. Assim, embora os ensinamentos sobre os agregados enfatizem pontos de vistas, aqui o foco muda para contenção. Uma passagem padrão sobre a contenção dos sentidos, comum no Treinamento Gradual, fala em prevenir que qualidades prejudiciais invadam a mente no meio da experiência dos sentidos (SN 35.120, SN 35.127, SN 35.239, SN 35.240). Uma pessoa que persegue o prazer proporcionado pelos sentidos não fica menos presa à dor que eles trazem, e é somente estabelecendo a atenção plena que se pode alcançar a paz (SN 35.132, SN 35.243–244, SN 35.247). ", - "sn-guide-sujato:203": "Desse modo, ao escolher os campos dos sentidos como um local de prática, corta-se diretamente nas raízes do desejo. Isso é enfatizado nos dois vaggas finais, que são especialmente ricos em imagens inesquecíveis. Os sentidos são um oceano atravessado durante a jornada espiritual (SN 35.228). Estaríamos melhor sendo torturados por pregos de ferro incandescentes do que sendo apanhados pela experiência sensorial (SN 35.235). Se você deseja desenvolver a meditação, você deve aprender a recolher-se dos sentidos como uma tartaruga que puxa seus membros para dentro de seu casco e se protege de predadores (SN 35.240). Experiências agradáveis são a isca de Māra (SN 35.230). Os seis sentidos são como seis animais muito diferentes, todos atados juntos e lutando para chegar ao seu próprio território (SN 35.247). ", + "sn-guide-sujato:199": "Uma vez que os campos dos sentidos tornam a experiência possível, é por meio deles que o sofrimento surge (SN 35.106). É para compreender esse sofrimento que se empreende o caminho espiritual (SN 35.81, SN 35.152). Os campos dos sentidos são, na verdade, o mundo (_loka_) que se desgasta (_lujjati_; SN 35.82, SN 35.84), para “Aquilo no mundo através do qual alguém percebe o mundo, concebe o mundo—isso é chamado de mundo na Disciplina dos Nobres”( SN 35.116 ). Este mundo é vazio de um eu (SN 35.85). ", + "sn-guide-sujato:200": "Uma vez que os campos dos sentidos são produzidos por escolhas feitas em vidas passadas, eles são chamados de “kamma antigo”; nisso eles contrastam com os agregados, pois incluem “escolhas”, que são o kamma feito no presente. Tendo herdado os sentidos como resultado de ações passadas, no entanto, passamos a responder a eles pensando ou concebendo-os em termos de um “eu”, um processo conhecido em Pali como “identificação” (_maññita_; SN 35.146, SN 35.30–32, SN 35.90–91, SN 35.248). ", + "sn-guide-sujato:201": "“Conceber” e o intimamente relacionado “presunção” (_māna_) referem-se à tendência da mente de moldar a experiência em termos do self. Muito de nosso pensamento é dedicado a justificar, explicar e interpretar nossa experiência de maneiras que reforçam nossa noção de eu. Isso pode acabar saindo do controle, caso em que é chamado de “proliferação” (_papañca_). Para interromper esse processo, o Buda nos exorta a não ir além da experiência dos sentidos (SN 35.94, SN 35.95). ", + "sn-guide-sujato:202": "É significativo que, embora os textos falem repetidamente de como os agregados formam a base para as teorias do eu (_sakkāya_), o mesmo *not* é dito sobre as bases ou meios dos sentidos. Se os agregados provocam o apego às teorias, as bases dos sentidos provocam o apego ao *pleasure*, à pura vitalidade da experiência sensorial. Assim, embora os ensinamentos sobre os agregados enfatizem *pontos de vistas*, aqui o foco muda para *contenção*. Uma passagem padrão sobre a contenção dos sentidos, comum no Treinamento Gradual, fala em prevenir que qualidades prejudiciais invadam a mente no meio da experiência dos sentidos (SN 35.120, SN 35.127, SN 35.239, SN 35.240). Uma pessoa que persegue o prazer proporcionado pelos sentidos não fica menos presa à dor que eles trazem, e é somente estabelecendo a atenção plena que se pode alcançar a paz (SN 35.132, SN 35.243–244, SN 35.247). ", + "sn-guide-sujato:203": "Desse modo, ao escolher os campos dos sentidos como um local de prática, corta-se diretamente nas raízes do desejo. Isso é enfatizado nos dois _vaggas_ finais, que são especialmente ricos em imagens inesquecíveis. Os sentidos são um oceano atravessado durante a jornada espiritual (SN 35.228). Estaríamos melhor sendo torturados por pregos de ferro incandescentes do que sendo apanhados pela experiência sensorial (SN 35.235). Se você deseja desenvolver a meditação, você deve aprender a recolher-se dos sentidos como uma tartaruga que puxa seus membros para dentro de seu casco e se protege de predadores (SN 35.240). Experiências agradáveis são a isca de Māra (SN 35.230). Os seis sentidos são como seis animais muito diferentes, todos atados juntos e lutando para chegar ao seu próprio território (SN 35.247). ", "sn-guide-sujato:204": "O Livro Maior ", - "sn-guide-sujato:205": "O “Livro Maior” é o último e maior dos cinco livros dos Discursos Conectados. Consiste em doze saṁyuttas, quase todos os quais lidam com um aspecto da prática budista, ou o caminho. O primeiro deles, de fato, é a “Seção sobre Caminho” (Magga Saṁyutta), e nos cânones do norte o livro como um todo é referido como o “Livro sobre o Caminho ” (Maggavagga). ", - "sn-guide-sujato:206": "Os primeiros sete saṁyuttas oferecem um tratamento detalhado de sete conjuntos de fatores na prática budista. Esses conjuntos passaram a ser conhecidos nas tradições posteriores como os 37 bodhipakkhiyā dhammā, ou “qualidades que levam ao despertar”. Observe que este termo não é usado dessa maneira nos suttas; é, em vez disso, aplicado a um dos conjuntos, as cinco faculdades (SN 48.55, etc.) Embora os 37 fatores sejam mencionados em todo o cânon, é neste livro que encontramos a fonte primária desses ensinamentos. Os saṁyuttas subsequentes lidam com o caminho de diferentes perspectivas, enquanto os dois finais lidam com a entrada da corrente e as quatro nobres verdades, respectivamente. ", - "sn-guide-sujato:207": "Enquanto a maioria dos livros do Saṁyutta são dominados por uma coleção principal, o Livro Maior apresenta vários saṁyuttas de importância comparável. Por esse motivo, discutirei brevemente a maioria dossaṁyuttas substantivos. Deixo de lado aqueles que são meramente conjuntos de repetições de modelos e também os dois saṁyuttas finais sobre o entrar na correnteza e as nobres verdades, já que abordei esses tópicos em outro lugar. A discussão dos saṁyuttas individuais é introduzida com uma discussão geral sobre as “qualidades que levam ao despertar”. ", - "sn-guide-sujato:208": "Os saṁyuttas do Livro Maior exibem uma complexidade considerável em sua estrutura e no uso de repetições. Mas, por medo de sobrecarregar a discussão, encaminho qualquer pessoa interessada às seções relevantes do texto Connected Discourses escrito por Bhikkhu Bodhi. ", + "sn-guide-sujato:205": "O “Livro Maior” é o último e maior dos cinco livros dos Discursos Conectados. Consiste em doze _saṁyuttas_, quase todos os quais lidam com um aspecto da prática budista, ou o caminho. O primeiro deles, de fato, é a “Seção sobre Caminho” (_Magga Saṁyutta_), e nos cânones do norte o livro como um todo é referido como o “Livro sobre o Caminho ” (_Maggavagga_). ", + "sn-guide-sujato:206": "Os primeiros sete _saṁyuttas_ oferecem um tratamento detalhado de sete conjuntos de fatores na prática budista. Esses conjuntos passaram a ser conhecidos nas tradições posteriores como os 37 _bodhipakkhiyā dhammā_, ou “qualidades que levam ao despertar”. Observe que este termo não é usado dessa maneira nos suttas; é, em vez disso, aplicado a um dos conjuntos, as cinco faculdades (SN 48.55, etc.) Embora os 37 fatores sejam mencionados em todo o cânon, é neste livro que encontramos a fonte primária desses ensinamentos. Os _saṁyuttas_ subsequentes lidam com o caminho de diferentes perspectivas, enquanto os dois finais lidam com a entrada da corrente e as quatro nobres verdades, respectivamente. ", + "sn-guide-sujato:207": "Enquanto a maioria dos livros do Saṁyutta são dominados por uma coleção principal, o Livro Maior apresenta vários _saṁyuttas_ de importância comparável. Por esse motivo, discutirei brevemente a maioria dos_saṁyuttas_ substantivos. Deixo de lado aqueles que são meramente conjuntos de repetições de modelos e também os dois _saṁyuttas_ finais sobre o entrar na correnteza e as nobres verdades, já que abordei esses tópicos em outro lugar. A discussão dos _saṁyuttas_ individuais é introduzida com uma discussão geral sobre as “qualidades que levam ao despertar”. ", + "sn-guide-sujato:208": "Os _saṁyuttas_ do Livro Maior exibem uma complexidade considerável em sua estrutura e no uso de repetições. Mas, por medo de sobrecarregar a discussão, encaminho qualquer pessoa interessada às seções relevantes do texto Connected Discourses escrito por Bhikkhu Bodhi. ", "sn-guide-sujato:209": "As 37 Qualidades ou Apoios para o Despertar ", "sn-guide-sujato:210": "Nos textos budistas antigos, a principal preocupação era a prática espiritual que leva ao fim do sofrimento. Esta é a quarta nobre verdade. Desde o primeiro discurso, isso foi explicado por um conjunto específico de fatores que compõem o caminho para o despertar: o nobre caminho óctuplo. Durante o curso de sua longa carreira como mestre, o Buda apresentou este caminho de muitas maneiras diferentes, formal ou informalmente, brevemente ou em detalhes, enfatizando diferentes aspectos para se adequar à ocasião ou à pessoa. ", "sn-guide-sujato:211": "Antes de sua morte, ao que parece, o Buda havia começado a sistematizar essas várias apresentações, reunindo sete conjuntos de qualidades pertencentes ao caminho, totalizando 37 fatores ou princípios. Cada conjunto apresentava o caminho para a libertação de uma perspectiva ligeiramente diferente. ", - "sn-guide-sujato:212": "Os sete saṁyuttas principais do Mahāvagga contêm os mesmos ensinamentos, embora em uma sequência diferente. O Mahāvagga começa com o nobre caminho óctuplo, devido ao seu prestígio e importância como the ensinamento relacionado com caminho. Mas quando apresentados em outro lugar nos suttas, encontramos os conjuntos organizados numericamente. ", + "sn-guide-sujato:212": "Os sete _saṁyuttas_ principais do Mahāvagga contêm os mesmos ensinamentos, embora em uma sequência diferente. O Mahāvagga começa com o nobre caminho óctuplo, devido ao seu prestígio e importância como *the* ensinamento relacionado com caminho. Mas quando apresentados em outro lugar nos suttas, encontramos os conjuntos organizados numericamente. ", "sn-guide-sujato:213": "Os quatro fundamentos ou tipos de meditação de atenção plena. A observação do: ", "sn-guide-sujato:214": "corpo ", "sn-guide-sujato:215": "sensações ", @@ -255,7 +255,7 @@ "sn-guide-sujato:254": "esforço correto ", "sn-guide-sujato:255": "atenção plena correta ", "sn-guide-sujato:256": "imersão ou concentração correta ", - "sn-guide-sujato:257": "Uma breve olhada nos textos em páli mostra como este conjunto de 37 qualidades foi influente e difundido. Ele aparece nos quatro nikāyas (DN 28, DN 29, DN 16, MN 103, MN 104, SN 22.81, SN 22.101, SN 43.12, AN 8.19) assim como no Udāna (Ud 5.5). É um dos poucos ensinamentos doutrinários a ser mencionado várias vezes no Vinaya (Pj 4, Pc 8, Kd 19). Ocorre constantemente nos textos canônicos e tardios do Khuddaka (Ne 8, Cnd 12, Cnd 15, Cnd 20, Cnd 22, Mnd 6, Mnd 7, Mnd 14, Mnd 16, Ps 1.5, Ps 2.8, Ps 2.9, Mil 3.1.13, Mil 6.4.1, Mil 6.4.2, etc.) e também no Abhidhamma (Vb 17, Dt 1.2, Dt 2.1, Dt 2.6, Kv 4.3, Kv 12.5, Kv 14.9, Kv 15.6, Kv 21.1, Kv 21.5, etc.). ", + "sn-guide-sujato:257": "Uma breve olhada nos textos em páli mostra como este conjunto de 37 qualidades foi influente e difundido. Ele aparece nos quatro _nikāyas_ (DN 28, DN 29, DN 16, MN 103, MN 104, SN 22.81, SN 22.101, SN 43.12, AN 8.19) assim como no Udāna (Ud 5.5). É um dos poucos ensinamentos doutrinários a ser mencionado várias vezes no Vinaya (Pj 4, Pc 8, Kd 19). Ocorre constantemente nos textos canônicos e tardios do Khuddaka (Ne 8, Cnd 12, Cnd 15, Cnd 20, Cnd 22, Mnd 6, Mnd 7, Mnd 14, Mnd 16, Ps 1.5, Ps 2.8, Ps 2.9, Mil 3.1.13, Mil 6.4.1, Mil 6.4.2, etc.) e também no Abhidhamma (Vb 17, Dt 1.2, Dt 2.1, Dt 2.6, Kv 4.3, Kv 12.5, Kv 14.9, Kv 15.6, Kv 21.1, Kv 21.5, etc.). ", "sn-guide-sujato:258": "Mas sua influência não parou por aí, pois permaneceu um princípio doutrinário central nas formas posteriores de budismo. No Mahāyāna, por exemplo, as mesmas 37 qualidades vieram a ser conhecidas como as “37 práticas do Bodhisattva”. ", "sn-guide-sujato:259": "O Buda declarou que esses ensinamentos surgiram de seu próprio conhecimento direto. Claramente, eles são fatores de prática, a serem desenvolvidos e experimentados por aqueles trilhando o caminho espiritual. No entanto, desde suas primeiras aparições, eles também foram tratados como ensinamentos a serem aprendidos, memorizados e recitados. No DN 29 encontramos: ", "sn-guide-sujato:260": "Vocês todos devem se reunir e recitar em conjunto, sem contestar, as coisas que lhes ensinei a partir de meu conhecimento direto, comparando significado com significado e fraseado com fraseado, para que este caminho espiritual possa durar muito tempo. ", @@ -275,122 +275,122 @@ "sn-guide-sujato:274": "A retenção e a investigação dos ensinamentos levam ao aprofundamento progressivo das qualidades emocionais que amadurecem na libertação. ", "sn-guide-sujato:275": "O Nobre Caminho Óctuplo ", "sn-guide-sujato:276": "O mais amplo em escopo dos conjuntos e o único a mencionar explicitamente a ética. ", - "sn-guide-sujato:277": "Como é comum nos suttas, esses conjuntos às vezes se referem a qualidades semelhantes com termos diferentes. A qualidade da sabedoria, por exemplo, é chamada de “observação dos princípios” (dhamānupassanā), o quarto tipo de meditação da atenção plena, de “investigação” (vīmaṁsa) como um das bases do poder psíquico, de “sabedoria” (paññā) como um das faculdades e um dos poderes, de “investigação de princípios” (dhammavicaya) como um dos fatores do despertar e de “visão correta” (sammādiṭṭhi) no nobre caminho óctuplo. As relações entre todos esses termos são analisadas em detalhes no Abhidhamma e nos comentários. ", - "sn-guide-sujato:278": "Tenha-se em mente, porém, que cada contexto tem sua própria integridade, seu próprio propósito e orientação específicos, e a escolha de diferentes termos não é de forma alguma arbitrária. “Visão correta”, sendo colocada no start do caminho, enfatiza a compreensão teórica adquirida ao se ouvir o ensinamento. “Investigação de princípios”, similarmente localizada perto do início, refere-se à reflexão e investigação desses ensinamentos conforme percebidos em si mesmo. A “observação dos princípios” e a “investigação” ocorrem após o desenvolvimento da imobilidade profunda na meditação de absorção e referem-se à investigação e investigação da natureza dessa experiência e dos processos e condições meditativas que moldam essas experiências profundas. E “sabedoria”, o culminar de tudo isso, é a compreensão das quatro nobres verdades, o entendimento introspectivo libertador de quem entra na correnteza. Portanto, quando considerados isoladamente, como um fator mental distinto, podem ser considerados sinônimos. Mas sua verdadeira profundidade só é percebida pela compreensão do papel que desempenham em seu contexto. ", + "sn-guide-sujato:277": "Como é comum nos suttas, esses conjuntos às vezes se referem a qualidades semelhantes com termos diferentes. A qualidade da sabedoria, por exemplo, é chamada de “observação dos princípios” (_dhamānupassanā_), o quarto tipo de meditação da atenção plena, de “investigação” (_vīmaṁsa_) como um das bases do poder psíquico, de “sabedoria” (_paññā_) como um das faculdades e um dos poderes, de “investigação de princípios” (_dhammavicaya_) como um dos fatores do despertar e de “visão correta” (_sammādiṭṭhi_) no nobre caminho óctuplo. As relações entre todos esses termos são analisadas em detalhes no Abhidhamma e nos comentários. ", + "sn-guide-sujato:278": "Tenha-se em mente, porém, que cada contexto tem sua própria integridade, seu próprio propósito e orientação específicos, e a escolha de diferentes termos não é de forma alguma arbitrária. “Visão correta”, sendo colocada no *start* do caminho, enfatiza a compreensão teórica adquirida ao se ouvir o ensinamento. “Investigação de princípios”, similarmente localizada perto do início, refere-se à reflexão e investigação desses ensinamentos conforme percebidos em si mesmo. A “observação dos princípios” e a “investigação” ocorrem após o desenvolvimento da imobilidade profunda na meditação de absorção e referem-se à investigação e investigação da natureza dessa experiência e dos processos e condições meditativas que moldam essas experiências profundas. E “sabedoria”, o culminar de tudo isso, é a compreensão das quatro nobres verdades, o entendimento introspectivo libertador de quem entra na correnteza. Portanto, quando considerados isoladamente, como um fator mental distinto, podem ser considerados sinônimos. Mas sua verdadeira profundidade só é percebida pela compreensão do papel que desempenham em seu contexto. ", "sn-guide-sujato:279": "Ao se examinar esses ensinamentos e refletir sobre eles como um caminho espiritual, há algo um tanto estranho neles. Eles parecem bastante diferentes das práticas que normalmente se consideram “religiosas”. Onde estão os rituais? O sacrifício? A devoção à divindade? A lealdade a uma instituição? Os símbolos, ritos e mitologia? Essas coisas estão total e dramaticamente ausentes. Certamente, algumas dessas coisas podem ser encontradas, de uma forma ou de outra, em outras partes do cânone, e mais ainda nas tradições budistas posteriores. Mas aqui, nos ensinamentos considerados pelo próprio Buda como sua mensagem e prática centrais, encontramos apenas o desenvolvimento equilibrado e racional do comportamento, das emoções e do intelecto. É um caminho integrado e racional, que não depende de especificidades culturais ou históricas, mas de qualidades humanas universais. Os fatores que levam ao despertar, todos os 37 deles, são coisas que todo ser humano pode encontrar dentro de si. Ao apontar essas qualidades, o Buda estava apontando para o potencial espiritual de todos os seres e nos oferecendo os meios para expandir e desenvolver as melhores partes de nós mesmos. ", "sn-guide-sujato:280": "SN 45: Discursos Conectados sobre o Caminho ", "sn-guide-sujato:281": "O nobre caminho óctuplo foi declarado como o “caminho do meio” no primeiro sermão do Buda (SN 56.11). Ele abrange todo o caminho espiritual (SN 45.6, SN 45.19, SN 45.20), e tem a aquisição do entendimento correto como começo ou ponto de partida (SN 45.1), e se conclui com a profunda imersão meditativa como o precursor imediato para a realização das quatro nobres verdades. ", "sn-guide-sujato:282": "O nobre caminho óctuplo é considerado um “veículo divino” que nos guia para ao despertar, seus fatores comparados às partes de uma carruagem (SN 45.4). Praticá-lo leva ao fim do sofrimento (SN 45.5), mas somente se esta prática começar pelo entendimento correto, caso contrário, apenas causa alguém a ferir a si mesmo (SN 45.9). ", "sn-guide-sujato:283": "Os oito fatores do caminho são definidos em SN 45.8, bem como em vários outras partes do cânone. ", - "sn-guide-sujato:284": "Entendimento correto (sammādiṭṭhi) ", + "sn-guide-sujato:284": "Entendimento correto (_sammādiṭṭhi_) ", "sn-guide-sujato:285": "Entender as quatro nobres verdades ", - "sn-guide-sujato:286": "Pensamento correto (sammāsaṅkappa) ", + "sn-guide-sujato:286": "Pensamento correto (_sammāsaṅkappa_) ", "sn-guide-sujato:287": "Pensamentos de renúncia, bem-querer, e gentileza. ", - "sn-guide-sujato:288": "Palavra correta (sammāvācā) ", + "sn-guide-sujato:288": "Palavra correta (_sammāvācā_) ", "sn-guide-sujato:289": "Palavra ou fala que é verdadeira, gentil e relevante. ", - "sn-guide-sujato:290": "Ação correta (sammākammanta) ", + "sn-guide-sujato:290": "Ação correta (_sammākammanta_) ", "sn-guide-sujato:291": "Abster-se de matar, roubar e conduta sexual imprópria. ", - "sn-guide-sujato:292": "Meio de vida correto (sammāājīva) ", + "sn-guide-sujato:292": "Meio de vida correto (_sammāājīva_) ", "sn-guide-sujato:293": "Abster-se de meios de vida ou sustentos prejudiciais ou nocivos. ", - "sn-guide-sujato:294": "Esforço correto (sammāvāyāma) ", + "sn-guide-sujato:294": "Esforço correto (_sammāvāyāma_) ", "sn-guide-sujato:295": "Os quatro esforços corretos. ", - "sn-guide-sujato:296": "Atenção plena correta (sammāsati) ", + "sn-guide-sujato:296": "Atenção plena correta (_sammāsati_) ", "sn-guide-sujato:297": "os quatro tipos de meditação de atenção plena. ", - "sn-guide-sujato:298": "Imersão correta (sammāsamādhi) ", + "sn-guide-sujato:298": "Imersão correta (_sammāsamādhi_) ", "sn-guide-sujato:299": "As quatro absorções meditativas. ", "sn-guide-sujato:300": "Os oito fatores do caminho têm um claro aspecto progressivo, como é feito claro desde o início desta coleção (SN 45.1). Eles seguem o mesmo curso geral que é explicado em detalhes no Treinamento Gradual, embora com menos ênfase na vida monástica, já que tanto discípulos monásticos renunciantes quanto discípulos leigos devem praticá-los (SN 45.24). A pessoa ouve o ensinamento e obtém uma compreensão inicial (visão correta). Então, a pessoa determina a viver de acordo com isso (pensamento correto), assumindo os fundamentos da conduta ética na sua fala (palavra correta) e nas ações com o corpo (ação correta), e garantindo que não sustento não é ganhado de uma maneira nociva (meio de vida correto ) Tendo isto como base, um esforço é feito para se purificar a mente (esforço correto), praticar a meditação (atenção plena correta) que resulta na absorção profunda (imersão correta) (SN 45.28). ", "sn-guide-sujato:301": "Quando todos esses fatores forem realizados, a mente está pronta para avançar em direção à realização das quatro nobres verdades. Desta forma, a compreensão de quatro nobres verdades, começando como um conceito aceitado em termos de fé, se aprofunda gradualmente ao longo do caminho espiritual, alimentada pela experiência e reflexão. O entendimento correto nos guia em cada etapa do caminho, nos possibilitando aprendender com os erros, revelando nossas motivações ocultas e descobrindo possibilidades inesperadas. Em última análise, este entendimento se transforma no conhecimento introspectivo libertador dos nobres (SN 45.13, SN 45.35, etc.). A chave para essa transformação é a brilhante clareza e quietude da absorção meditativa, uma consciência superior que vê mais longe e mais profundamente do que nunca e que tem o poder de erradicar completamente a ganância, o ódio e a ilusão (SN 45.36, etc.). ", "sn-guide-sujato:302": "No entanto, apesar dessa progressão, obviamente não é o caso que os fatores devam ser assumidos literalmente um de cada vez. O “caminho” é apenas uma metáfora e, na vida real, o desenvolvimento espiritual é mais complexo. ", "sn-guide-sujato:303": "Os fatores do caminho são melhor entendidos como fornecendo um ponto de referência para se refletir e, se necessário, mudar a própria vida e prática. Cada um desses fatores é essencial, e se percebemos que estamos falhando em termos de fatores superiores, deve-se tentar entender se trabalhamos o suficiente nos elementos mais básicos ou fundamentais. Às vezes, as pessoas parecem entusiasmadas em chegar aos estados superiores de consciência, sem antes terem lançado as bases amplas e seguras oferecidas pelos fatores mais simples do caminho. Se desenvolver a meditação profunda está se mostrando difícil, a resposta não é tentar forçá-la a amadurecer mais rápido, e tampouco racionalizar esta como sendo de alguma forma desnecessária. Em vez disso, preste mais atenção em melhorar o entendimento correto por meio do estudo e discussão do Dhamma; desenvolver o pensamento correto, tornando-se mais generoso e sincero; ou a ser mais cuidadoso em sua conduta em termos ético e de meio de vida (SN 45.50–54). ", - "sn-guide-sujato:304": "E lembre-se, este caminho não é percorrido sozinho. Apesar de toda a ênfase na meditação solitária, este saṁyutta nos lembra que amizade espiritual é toda a vida espiritual (SN 45.2, SN 45.3), pois a boa amizade precede o nobre caminho óctuplo (SN 45.49). ", + "sn-guide-sujato:304": "E lembre-se, este caminho não é percorrido sozinho. Apesar de toda a ênfase na meditação solitária, este _saṁyutta_ nos lembra que amizade espiritual é toda a vida espiritual (SN 45.2, SN 45.3), pois a boa amizade precede o nobre caminho óctuplo (SN 45.49). ", "sn-guide-sujato:305": "SN 46: Discursos Conectados sobre os Fatores do Despertar ", - "sn-guide-sujato:306": "Esses sete fatores são chamados de “fatores do despertar” (bojjaṅga, i.e. bodhi + aṅga) pois levam ao despertar (SN 46.5, SN 46.21). Por si próprios, eles se concentram na psicologia da contemplação, mas este saṁyutta deixa claro desde o início que, como todas as apresentações do caminho, eles são alicerçados na ética (SN 46.1). ", + "sn-guide-sujato:306": "Esses sete fatores são chamados de “fatores do despertar” (_bojjaṅga_, i.e. _bodhi_ + _aṅga_) pois levam ao despertar (SN 46.5, SN 46.21). Por si próprios, eles se concentram na psicologia da contemplação, mas este _saṁyutta_ deixa claro desde o início que, como todas as apresentações do caminho, eles são alicerçados na ética (SN 46.1). ", "sn-guide-sujato:307": "Ao contrário dos fatores do caminho, não existe uma definição explícita. No entanto, devemos, é claro, interpretar esses fatores da mesma maneira como eles ocorrem no caminho óctuplo e em outros lugares. No entanto, existem alguns fatores novos, bem como alguns lugares que oferecem uma nova perspectiva sobre alguns fatores familiares. A maioria dos detalhes a seguir refletem o SN 46.52. ", - "sn-guide-sujato:308": "Atenção plena (sati) ", + "sn-guide-sujato:308": "Atenção plena (_sati_) ", "sn-guide-sujato:309": "Inclui a reflexão sobre os ensinamentos (SN 46.3), bem como a atenta consciência dos fenômenos internos e externos. ", - "sn-guide-sujato:310": "Investigação dos princípios (dhammavicaya) ", + "sn-guide-sujato:310": "Investigação dos princípios (_dhammavicaya_) ", "sn-guide-sujato:311": "Inclui reflexão e investigação dos ensinamentos (SN 46.3), bem como investigação dos fenômenos internos e externos. ", - "sn-guide-sujato:312": "Empenho ou energia (viriya) ", + "sn-guide-sujato:312": "Empenho ou energia (_viriya_) ", "sn-guide-sujato:313": "A persistência, energia e empenho com o corpo e a mente. ", - "sn-guide-sujato:314": "Êxtase (pīti) ", + "sn-guide-sujato:314": "Êxtase (_pīti_) ", "sn-guide-sujato:315": "A experiência de alegria edificante que surge à medida que a mente se torna pacífica na meditação. Inclui o êxtase da primeira e da segunda absorções da mente em meditação. ", - "sn-guide-sujato:316": "Tranquilidade (passadhi) ", + "sn-guide-sujato:316": "Tranquilidade (_passadhi_) ", "sn-guide-sujato:317": "A tranquilidade ou serenidade do corpo e mente. ", - "sn-guide-sujato:318": "Imersão (samādhi) ", + "sn-guide-sujato:318": "Imersão (_samādhi_) ", "sn-guide-sujato:319": "As absorções da mente em meditação. ", - "sn-guide-sujato:320": "Equanimidade (upekkhā) ", + "sn-guide-sujato:320": "Equanimidade (_upekkhā_) ", "sn-guide-sujato:321": "Se refere tanto à equanimidade dos estados superiores de imersão quanto à equanimidade resultante de um entendimento introspectivo profundo. ", - "sn-guide-sujato:322": "Um detalhe do que se encontra acima provavelmente precisa de mais explicações; ou seja, a ideia de que a atenção plena inclui a lembrança ou memória dos ensinamentos. Atenção plena é definida em todos os suttas como a habilidade de lembrar coisas que foram ditas e feitas há muito tempo (DN 33, DN 34, MN 53, SN 48.9, SN 48.50, AN 4.35, AN 8.13, AN 10.17, etc.). O significado da raiz do termo sati é de fato “memória” e nas tradições bramânicas refere-se às escrituras memorizadas. Mas é claro que hoje entendemos a atenção plena como a “clara consciência” dos fenômenos do presente. ", - "sn-guide-sujato:323": "Este saṁyutta oferece uma pista que ajuda a resolver esses dois sentidos. No SN 46.56, um brâmane pergunta ao Buda por que ele às vezes consegue se lembrar dos cânticos e às vezes não. O Buda explica que a presença dos obstáculos obscurece sua memória, dando uma elaborada série de símiles comparando a água em vários estados com os vários obstáculos. Como, podemos nos perguntar, um recitador de textos orais alcança tal habilidade? Através de manter um foco contínuo e claro durante o ato da recitação. Quando a mente divaga e se distrai, a recitação se perde. Sati não significa as memórias não estruturadas que vêm à mente, mas o fluxo constante e a continuidade da percepção conscientemente focada. E, desta forma, o ato de lembrar as escrituras de repente parece muito com manter a atenção na meditação. ", + "sn-guide-sujato:322": "Um detalhe do que se encontra acima provavelmente precisa de mais explicações; ou seja, a ideia de que a atenção plena inclui a lembrança ou memória dos ensinamentos. Atenção plena é definida em todos os suttas como a habilidade de lembrar coisas que foram ditas e feitas há muito tempo (DN 33, DN 34, MN 53, SN 48.9, SN 48.50, AN 4.35, AN 8.13, AN 10.17, etc.). O significado da raiz do termo _sati_ é de fato “memória” e nas tradições bramânicas refere-se às escrituras memorizadas. Mas é claro que hoje entendemos a atenção plena como a “clara consciência” dos fenômenos do presente. ", + "sn-guide-sujato:323": "Este _saṁyutta_ oferece uma pista que ajuda a resolver esses dois sentidos. No SN 46.56, um brâmane pergunta ao Buda por que ele às vezes consegue se lembrar dos cânticos e às vezes não. O Buda explica que a presença dos obstáculos obscurece sua memória, dando uma elaborada série de símiles comparando a água em vários estados com os vários obstáculos. Como, podemos nos perguntar, um recitador de textos orais alcança tal habilidade? *Através de manter um foco contínuo e claro durante o ato da recitação*. Quando a mente divaga e se distrai, a recitação se perde. _Sati_ não significa as memórias não estruturadas que vêm à mente, mas o fluxo constante e a continuidade da percepção conscientemente focada. E, desta forma, o ato de lembrar as escrituras de repente parece muito com manter a atenção na meditação. ", "sn-guide-sujato:324": "Os fatores são sequenciais, com cada um servindo como condição ou combustível para o próximo (SN 46.3). Vários suttas enfatizam esse aspecto da condicionalidade. Cada um dos fatores de despertar é alimentado por um tipo específico de combustível (SN 46.51). O conjunto como um todo emerge da prática dos quatro tipos de meditação da atenção plena e da série de práticas subjacentes a eles (SN 45.6). Eles afetam e condicionam a mente de maneiras distintas; portanto, quando a mente está cansada, é melhor desenvolver investigação, energia e êxtase, mas quando inquieto, desenvolva tranquilidade, imersão e equanimidade. Mas a atenção plena é sempre útil (SN 46.53). E os próprios fatores são a condição para o despertar (SN 46.56). ", "sn-guide-sujato:325": "No entanto, mesmo aqueles aperfeiçoados continuam a praticá-los, fazendo uso qualquer um deles quando lhes convém, como uma roupa (SN 46.4). Tal indivíduo “adquiriu o caminho” e entende o verdadeiro poder dos fatores de despertar em ocasionar o fim do renascimento (SN 46.30). ", - "sn-guide-sujato:326": "O saṁyutta contrasta repetidamente aos fatores do despertar com suas contrapartes sombrias, os cinco obstáculos do desejo sensual, da má vontade, da preguiça e torpor, da inquietação e remorso e da dúvida. Estes obstáculos são comparados com as impurezas que contaminam ouro (SN 46.33) ou com parasitas (SN 46.39). ", + "sn-guide-sujato:326": "O _saṁyutta_ contrasta repetidamente aos fatores do despertar com suas contrapartes sombrias, os cinco obstáculos do desejo sensual, da má vontade, da preguiça e torpor, da inquietação e remorso e da dúvida. Estes obstáculos são comparados com as impurezas que contaminam ouro (SN 46.33) ou com parasitas (SN 46.39). ", "sn-guide-sujato:327": "Um dos aspectos únicos dos fatores do despertar é que sua recitação é considerada eficaz para ajudar a curar doenças. Vários suttas falam de como um monge doente—e até o próprio Buda—se inspira ao ouvi-los recitados e se levanta curado em seguida (SN 46.14–16). Compreensivelmente, isso garantiu que a recitação de passagens sobre os fatores do despertar de pessoas enfermas permanecesse popular na cultura Theravada. Se tal recitação parece menos eficaz hoje do que nos suttas, deve-se ter em mente que esses são casos de meditadores avançados e experientes, realmente aperfeiçoados, que já desenvolveram esses fatores ao máximo. Sua inspiração está em um nível diferente do de uma pessoa comum. E mesmo assim não há garantia: há muitos casos nos primeiros textos em que aqueles aperfeiçoados adoecem sem cura. ", - "sn-guide-sujato:328": "A maioria dos fatores de despertar referem-se aos aspectos emocionais do caminho espiritual, a alegria e a paz da meditação. Isso é enfatizado ainda mais no SN 46.54, que conecta os fatores do despertar com os quatro incomensuráveis ou meditações divinas—amor, compaixão, alegria e equanimidade. Os mendicantes budistas são desafiados por seguidores de outros caminhos, que dizem que eles também ensinam o desenvolvimento dessas coisas. O Buda aponta, no entanto, que ele descreve como desenvolver essas coisas em seu potencial máximo. E para fazer isso, os imensuráveis são fortalecidos pelos fatores do despertar. ", + "sn-guide-sujato:328": "A maioria dos fatores de despertar referem-se aos aspectos emocionais do caminho espiritual, a alegria e a paz da meditação. Isso é enfatizado ainda mais no SN 46.54, que conecta os fatores do despertar com os quatro incomensuráveis ou meditações divinas—amor, compaixão, alegria e equanimidade. Os mendicantes budistas são desafiados por seguidores de outros caminhos, que dizem que eles também ensinam o desenvolvimento dessas coisas. O Buda aponta, no entanto, que ele descreve *como* desenvolver essas coisas em seu potencial máximo. E para fazer isso, os imensuráveis são fortalecidos pelos fatores do despertar. ", "sn-guide-sujato:329": "SN 47: Discursos Conectados sobre a Meditação da Atenção Plena ", - "sn-guide-sujato:330": "O termo Pali satipaṭṭhāna significa o “estabelecimento da atenção plena”. Eu normalmente considero isso mais coloquialmente como simplesmente “meditação da atenção plena”. Enquanto em outro lugar sati é definido como “memória”, aqui o termo é descrito como anupassanā, “observação sustentada”. Refere-se à prática meditativa de estabelecer e manter a consciência contínua e ininterrupta em quatro arenas distintas: ", - "sn-guide-sujato:331": "Corpo (kāya) ", + "sn-guide-sujato:330": "O termo Pali _satipaṭṭhāna_ significa o “estabelecimento da atenção plena”. Eu normalmente considero isso mais coloquialmente como simplesmente “meditação da atenção plena”. Enquanto em outro lugar _sati_ é definido como “memória”, aqui o termo é descrito como _anupassanā_, “observação sustentada”. Refere-se à prática meditativa de estabelecer e manter a consciência contínua e ininterrupta em quatro arenas distintas: ", + "sn-guide-sujato:331": "Corpo (_kāya_) ", "sn-guide-sujato:332": "Qualquer aspecto do corpo físico, incluindo a respiração, as posturas, partes do corpo e assim por diante. ", - "sn-guide-sujato:333": "Sensações (vedanā) ", + "sn-guide-sujato:333": "Sensações (_vedanā_) ", "sn-guide-sujato:334": "Os diferentes tipos de sensações, sejam elas dolorosos, prazerosas ou neutras, espirituais ou carnais. ", - "sn-guide-sujato:335": "Mente (citta) ", + "sn-guide-sujato:335": "Mente (_citta_) ", "sn-guide-sujato:336": "Os estados de consciência, seja sob a influência da ganância, do ódio e da ilusão, ou livre destes. ", - "sn-guide-sujato:337": "Princípios (dhammā) ", + "sn-guide-sujato:337": "Princípios (_dhammā_) ", "sn-guide-sujato:338": "Compreender as relações causais que levam ao sofrimento ou à paz, especialmente refletindo sobre o próprio processo de meditação. ", - "sn-guide-sujato:339": "Cada um destes pode incluir uma ampla gama de experiências. Mas na meditação é importante manter o foco. A fórmula padrão expressa isso por meio do uso da expressão idiomática reflexiva kāye kāyānupassī. Aqui, o caso locativo é usado literalmente para significar “um dos corpos no corpo”, ou, como diríamos em inglês, um aspecto particular do corpo. Assim, o meditador não muda continuamente a atenção para o que quer que venha à mente, mas mantém uma consciência estável e contínua sobre um aspecto específico da experiência física. ", - "sn-guide-sujato:340": "Esta é uma prática progressiva. A natureza desse progressão se torna mais clara quando se reconhece que a atenção plena na respiração é uma forma de prática de satipaṭṭhāna. ", + "sn-guide-sujato:339": "Cada um destes pode incluir uma ampla gama de experiências. Mas na meditação é importante manter o foco. A fórmula padrão expressa isso por meio do uso da expressão idiomática reflexiva _kāye kāyānupassī_. Aqui, o caso locativo é usado literalmente para significar “um dos corpos no corpo”, ou, como diríamos em inglês, um aspecto particular do corpo. Assim, o meditador não muda continuamente a atenção para o que quer que venha à mente, mas mantém uma consciência estável e contínua sobre um aspecto específico da experiência física. ", + "sn-guide-sujato:340": "Esta é uma prática progressiva. A natureza desse progressão se torna mais clara quando se reconhece que a atenção plena na respiração é uma forma de prática de _satipaṭṭhāna_. ", "sn-guide-sujato:341": "A meditação começa com a atenção aos fenômenos relativamente grosseiros da respiração física até que ela se torne calma e quieta. ", "sn-guide-sujato:342": "Uma sutil sensação de alegria e êxtase permeia a respiração e o corpo. ", "sn-guide-sujato:343": "A mente se torna livre, imersa na experiência singular da bem-aventurança daquela liberdade. ", "sn-guide-sujato:344": "A pessoa contempla o processo de mudança da meditação que a levou a este ponto. A mente, fortalecida pela imersão, se solta. ", - "sn-guide-sujato:345": "Mas satipaṭṭhāna denota algo mais amplo do que é aqui indicado, pois inclui não apenas as experiências positivas que evoluem durante a meditação, mas também as negativas: a dor, a mente contraída, os obstáculos . Ao englobar toda a gama de experiências, satipaṭṭhāna promove uma abordagem ampla e inclusiva da meditação, baseada na consciência ao invés do controle, estabelecendo as bases para o florescimento da sabedoria. ", - "sn-guide-sujato:346": "Este saṁyutta apresenta uma série de suttas perspicazes e muitas vezes encantadores sobre satipaṭṭhāna, mas não define o escopo da meditação. As definições acima são derivadas de discursos mais longos hoje encontrados no MN 10 e DN 22. No entanto, estes claramente sofreram um desenvolvimento tardio considerável em comparação com os discursos curtos do saṁyutta, e não se pode simplesmente presumir que tudo que encontramos no MN 10 and DN 22 se aplica no saṁyutta. ", - "sn-guide-sujato:347": "O composto páli satipaṭṭhāna reflete a junção de sati + upaṭṭhāna. Esta frase é familiar no Treinamento Gradual, onde se refere ao momento em que o praticante se senta em reclusão e começa a meditar “estabelecendo atenção plena” (satiṁ upaṭṭhapetvā). Portanto, refere-se principalmente à prática formal de meditação. ", - "sn-guide-sujato:348": "Hoje em dia é comum se falar de “atenção plena na vida diária”, mas nos suttas isso é chamado de sampajañña, que traduzo como “consciência situacional”. Esta é uma das séries de práticas no Treinamento Gradual que estabelece as bases para a meditação formal. O SN 47.2 torna clara a distinção entre esses dois, tratando-os como duas qualidades que o mendicante deve desenvolver. Isso não quer dizer, é claro, que eles sejam completamente separados, pois nada no desenvolvimento espiritual e mental acontece de forma isolada. Sampajañña não se limita à “atenção plena na vida diária”, mas também desempenha um papel na absorção e no insight(see SN 47.35). Mas é para dizer que essas duas práticas são basicamente distintas, com a consciência situacional ajudando a preparar a mente para a meditação da atenção plena. ", - "sn-guide-sujato:349": "A fórmula padrão descreve o meditador atento usando quatro termos. Estes se referem às práticas auxiliares fundamentais do Treinamento Gradual, nos lembrando que a meditação satipaṭṭhāna não acontece isoladamente: ", - "sn-guide-sujato:350": "Resoluto (ātāpī) ", + "sn-guide-sujato:345": "Mas _satipaṭṭhāna_ denota algo mais amplo do que é aqui indicado, pois inclui não apenas as experiências positivas que evoluem durante a meditação, mas também as negativas: a dor, a mente contraída, os obstáculos . Ao englobar toda a gama de experiências, _satipaṭṭhāna_ promove uma abordagem ampla e inclusiva da meditação, baseada na consciência ao invés do controle, estabelecendo as bases para o florescimento da sabedoria. ", + "sn-guide-sujato:346": "Este _saṁyutta_ apresenta uma série de suttas perspicazes e muitas vezes encantadores sobre _satipaṭṭhāna_, mas não define o escopo da meditação. As definições acima são derivadas de discursos mais longos hoje encontrados no MN 10 e DN 22. No entanto, estes claramente sofreram um desenvolvimento tardio considerável em comparação com os discursos curtos do _saṁyutta_, e não se pode simplesmente presumir que tudo que encontramos no MN 10 and DN 22 se aplica no _saṁyutta_. ", + "sn-guide-sujato:347": "O composto páli _satipaṭṭhāna_ reflete a junção de _sati_ + _upaṭṭhāna_. Esta frase é familiar no Treinamento Gradual, onde se refere ao momento em que o praticante se senta em reclusão e começa a meditar “estabelecendo atenção plena” (_satiṁ upaṭṭhapetvā_). Portanto, refere-se principalmente à prática formal de meditação. ", + "sn-guide-sujato:348": "Hoje em dia é comum se falar de “atenção plena na vida diária”, mas nos suttas isso é chamado de _sampajañña_, que traduzo como “consciência situacional”. Esta é uma das séries de práticas no Treinamento Gradual que estabelece as bases para a meditação formal. O SN 47.2 torna clara a distinção entre esses dois, tratando-os como duas qualidades que o mendicante deve desenvolver. Isso não quer dizer, é claro, que eles sejam completamente separados, pois nada no desenvolvimento espiritual e mental acontece de forma isolada. _Sampajañña_ não se limita à “atenção plena na vida diária”, mas também desempenha um papel na absorção e no insight(see SN 47.35). Mas é para dizer que essas duas práticas são basicamente distintas, com a consciência situacional ajudando a preparar a mente para a meditação da atenção plena. ", + "sn-guide-sujato:349": "A fórmula padrão descreve o meditador atento usando quatro termos. Estes se referem às práticas auxiliares fundamentais do Treinamento Gradual, nos lembrando que a meditação _satipaṭṭhāna_ não acontece isoladamente: ", + "sn-guide-sujato:350": "Resoluto (_ātāpī_) ", "sn-guide-sujato:351": "dotado de energia persistente e inabalável. ", - "sn-guide-sujato:352": "Consciente (sampajāno) ", + "sn-guide-sujato:352": "Consciente (_sampajāno_) ", "sn-guide-sujato:353": "dotado de consciência situacional. ", - "sn-guide-sujato:354": "Plenamente atento (satimā) ", + "sn-guide-sujato:354": "Plenamente atento (_satimā_) ", "sn-guide-sujato:355": "dotado de atenção plena. ", - "sn-guide-sujato:356": "Livre do desejo e aversão pelo mundo (vineyya loke abhijjhādomanassaṁ) ", - "sn-guide-sujato:357": "tendo eliminado as formas manifestas de desejo e aversão pela prática da contenção dos sentidos. A frase abhijjhādomanassa é usada em outro lugar apenas no contexto de restrição dos sentidos (DN 10, MN 33, SN 35.120, AN 4.14, etc.). ", - "sn-guide-sujato:358": "No caminho óctuplo, nos fatores de despertar, nas faculdades e nos poderes, a meditação da atenção plena é um dos fatores-chave que levam à imersão e imersão meditativa profunda. É definido em outro lugar como “a base para imersão em samādhi” (MN 44: cattāro satipaṭṭhānā samādhinimittā). Com a encantadora parábola de um cozinheiro, SN 47.8 mostra como um meditador hábil em termos de atenção plena, ao compreender as características de sua própria mente, entra em imersão e abandona contaminações, enquanto um meditador inexperiente falha. No SN 47.4, o Buda incita todos os meditadores, iniciantes ou avançados, a praticar a atenção plena ao nível de imersão total (ekodibhūtā vippasannacittā samāhitā ekaggacittā; “unificados, com a mente límpida, imersa em samādhi, com a mente unificada em um só ponto”). ", - "sn-guide-sujato:359": "A centralidade da imersão meditativa é reforçada pela afirmativa de que satipaṭṭhāna é o “caminho para a convergência” (ekāyano maggo). Esta afirmação famoso é encontrada no MN 10, mas vem do Saṁyutta, onde o ela é feita pelo deus Brahmā (SN 47.1, SN 47.18, SN 47.43). É um termo dos Upaniṣads, que em contextos contemplativos significa “o lugar onde todas as coisas se unem como uma só” (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 2.4:11). ", - "sn-guide-sujato:360": "As absorções meditativas (jhānas) são explicitamente trazidas para satipaṭṭhāna na passagem estendida e tardia sobre as quatro nobres verdades no DN 22. No entanto, elas estão implícitaos em muitos lugares, incluindo a observação das sensações caracterizadas como “êxtase” e “bem-aventurança espirituais”, que são definidas em termos de absorções (SN 36.31); bem como na contemplação da mente como mente que é “transcendente”, “insuperável”, “imersa”, “libertada”, todos os quais são termos para estados profundos de absorção; ou a discussão em MN 125. ", - "sn-guide-sujato:361": "Isso não quer dizer que o conhecimento ou discernimento introspectivo (ou insight, vipassanā) não tenha lugar em satipaṭṭhāna. Pelo contrário, o quarto dos satipaṭṭhānas, a observação dos princípios, é principalmente relacionada com o insight que segue da imersão meditativa. Aqui, conforme descrito no MN 10, não se observa apenas a presença e ausência de vários fatores, mas se compreende a razão de eles aparecerem e desaparecerem. E entender a causalidade é o cerne do insight. Isso é reforçado no ensinamento sobre a atenção plena na respiração, que introduz a contemplação da impermanência neste ponto. ", - "sn-guide-sujato:362": "Dois suttas trazem o aspecto vipassanā à tona. No SN 47.40satipaṭṭhāna e, em seguida, introduz o “desenvolvimento ”de satipaṭṭhāna. Nos suttas, “desenvolvimento” significa o aprimoramento e a expansão do que já está presente. (O termo bhāvanā é derivado da forma causativa da palavra “ser”, ou seja, “fazer ser mais”.) Este desenvolvimento envolve a contemplação de todos os quatro satipaṭṭhānas em termos de origem e cessação. O significado exato disso é explicado em SN 47.42, que fornece a origem de cada um dos quatro. ", + "sn-guide-sujato:356": "Livre do desejo e aversão pelo mundo (_vineyya loke abhijjhādomanassaṁ_) ", + "sn-guide-sujato:357": "tendo eliminado as formas manifestas de desejo e aversão pela prática da contenção dos sentidos. A frase _abhijjhādomanassa_ é usada em outro lugar apenas no contexto de restrição dos sentidos (DN 10, MN 33, SN 35.120, AN 4.14, etc.). ", + "sn-guide-sujato:358": "No caminho óctuplo, nos fatores de despertar, nas faculdades e nos poderes, a meditação da atenção plena é um dos fatores-chave que levam à imersão e imersão meditativa profunda. É definido em outro lugar como “a base para imersão em _samādhi_” (MN 44: _cattāro satipaṭṭhānā samādhinimittā_). Com a encantadora parábola de um cozinheiro, SN 47.8 mostra como um meditador hábil em termos de atenção plena, ao compreender as características de sua própria mente, entra em imersão e abandona contaminações, enquanto um meditador inexperiente falha. No SN 47.4, o Buda incita todos os meditadores, iniciantes ou avançados, a praticar a atenção plena ao nível de imersão total (_ekodibhūtā vippasannacittā samāhitā ekaggacittā_; “unificados, com a mente límpida, imersa em _samādhi_, com a mente unificada em um só ponto”). ", + "sn-guide-sujato:359": "A centralidade da imersão meditativa é reforçada pela afirmativa de que _satipaṭṭhāna_ é o “caminho para a convergência” (_ekāyano maggo_). Esta afirmação famoso é encontrada no MN 10, mas vem do Saṁyutta, onde o ela é feita pelo deus Brahmā (SN 47.1, SN 47.18, SN 47.43). É um termo dos Upaniṣads, que em contextos contemplativos significa “o lugar onde todas as coisas se unem como uma só” (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad 2.4:11). ", + "sn-guide-sujato:360": "As absorções meditativas (_jhānas_) são explicitamente trazidas para _satipaṭṭhāna_ na passagem estendida e tardia sobre as quatro nobres verdades no DN 22. No entanto, elas estão implícitaos em muitos lugares, incluindo a observação das sensações caracterizadas como “êxtase” e “bem-aventurança espirituais”, que são definidas em termos de absorções (SN 36.31); bem como na contemplação da mente como mente que é “transcendente”, “insuperável”, “imersa”, “libertada”, todos os quais são termos para estados profundos de absorção; ou a discussão em MN 125. ", + "sn-guide-sujato:361": "Isso não quer dizer que o conhecimento ou discernimento introspectivo (ou insight, _vipassanā_) não tenha lugar em _satipaṭṭhāna_. Pelo contrário, o quarto dos _satipaṭṭhānas_, a observação dos princípios, é principalmente relacionada com o insight que segue da imersão meditativa. Aqui, conforme descrito no MN 10, não se observa apenas a presença e ausência de vários fatores, mas se compreende a razão de eles aparecerem e desaparecerem. E entender a causalidade é o cerne do insight. Isso é reforçado no ensinamento sobre a atenção plena na respiração, que introduz a contemplação da impermanência neste ponto. ", + "sn-guide-sujato:362": "Dois suttas trazem o aspecto _vipassanā_ à tona. No SN 47.40SN 47.42, que fornece a origem de cada um dos quatro. ", "sn-guide-sujato:363": "Uma característica distintiva desta coleção é o número de parábolas encantadoras, que são tão memoráveis quanto divertidas. Além da história do cozinheiro que mencionamos acima (SN 47.8), temos a símile de como uma codorna aprendeu a escapar de um falcão (SN 47.6), de como um macaco tolo ficou preso no piche (SN 47.7), e de como dois acrobatas se apóiam um no outro (SN 47.19). Outro discurso estabelece um desafio aparentemente impossível para a prática da atenção plena: andar, carregando uma tigela de óleo cheia até a borda, em meio auma multidão que se acotovela para ver a moça mais bonita do país, enquanto um homem com uma espada desembainhada espera para cortar sua cabeça case uma gota de óleo seja derramada (SN 47.20)! ", "sn-guide-sujato:364": "SN 48: Discursos Conectados sobre as Faculdades ", - "sn-guide-sujato:365": "O termo indriya tem uma história bastante interessante. Ele ocorre 39 vezes no Ṛg Veda no sentido geral de “o poder de Indra”, o grande deus-guerreiro e matador de dragões conhecido nos textos páli como Sakka. Mas a natureza desse poder talvez não seja o que se possa imaginar, pois mais de dois terços dessas ocorrência do termo relacionam indriya com soma. ", - "sn-guide-sujato:366": "Agora, soma era obviamente uma droga, provavelmente uma preparação do estimulante éfedra semelhante à anfetamina. Era consumida pelos antigos indo-europeus para imbuir os guerreiros de uma energia frenética no campo de batalha. Além da domesticação do cavalo e invenção da carruagem veloz de duas rodas, o combate intensificado pelas drogas foi uma das principais inovações subjacentes ao sucesso militar dos indo-europeus. ", - "sn-guide-sujato:367": "Na cultura védica, isso era ritualizado como prática religiosa: o próprio deus Indra bebe soma para aumentar sua potência. Ele se torna imparável e esmaga todos os seus inimigos diantes dele. Seus devotos seguem seu exemplo, manifestando o poder do deus dentro de si. A euforia induzida por drogas dava-lhes o poder dos deuses. Mas o ponto crucial é que o poder não era emprestado de Indra; em vez disso, tanto o deus quanto seus devoto obtêm poder da mesma fonte. Ele estava dentro deles o tempo todo, bastava o soma para trazê-lo para fora. ", - "sn-guide-sujato:368": "Na época do Buda, a era védica já havia passado e o soma em grande parte esquecido. Comentaristas posteriores, não familiarizados com suas raízes védicas, definiram indriya como “governo” e os vários indriyas no budismo como as faculdades governantes que exercem controle sobre seus domínios. Mas o uso nos suttas mostra que o significado está mais próximo do sentido védico de “potência”. Os indriyas são potenciais inatos que podem se manifestar nas condições certas. ", - "sn-guide-sujato:369": "É por isso que, após o despertar do Buda, ele sondou o mundo e avaliou os indriyas dos muitos e diferentes seres nele encontrados. Ele viu o potencial espiritual latente dentro de cada pessoa em diferentes graus e percebeu que esse potencial oculto poderia ser extraído com o ensino e o incentivo corretos (SN 6.1). ", - "sn-guide-sujato:370": "Para formular um ensinamento sobre os indriyas, o Buda valeu-se de um conjunto de cinco qualidades que havia desenvolvido com seus antigos professores Āḷāra Kālāma e Uddaka Rāmaputta (MN 26:17, etc.). O fato de que esses são realmente um conjunto de ensinamentos na tradição bramânica é confirmado por sua menção no Yogasūtra (1.20). Ele chamou esse conjunto de cinco indriyas. ", - "sn-guide-sujato:371": "As mesmas qualidades também eram conhecidas como balas ou “poderes”. No SN 48.43, o Buda discute a relação entre esses dois conjuntos, dizendo que eles são como um rio que flui ao redor de uma ilha. Eles fazem parte do mesmo fluxo e seguem para a mesma direção, mas de uma certa perspectiva podem ser diferenciados. O termo bala, assim como indriya, é védico, com o mesmo sentido básico de potência ou força e ocorre em contextos caracterizados por Indra e seusoma. Os balas têm apenas alguns padrões de repetição no saṁyutta e são definidos no Aṅguttara (AN 5.14). ", - "sn-guide-sujato:372": "Os indriyas (juntamente com os balas) vieram a ser incluídos nos 37 bodhipakkhiyadhammā, e formam o coração do Indriya Saṁyutta, onde são definidos da seguinte forma (SN 48.8, SN 48.9, SN 48.10): ", - "sn-guide-sujato:373": "Fé ou convicção (saddhā) ", + "sn-guide-sujato:365": "O termo _indriya_ tem uma história bastante interessante. Ele ocorre 39 vezes no Ṛg Veda no sentido geral de “o poder de Indra”, o grande deus-guerreiro e matador de dragões conhecido nos textos páli como Sakka. Mas a natureza desse poder talvez não seja o que se possa imaginar, pois mais de dois terços dessas ocorrência do termo relacionam _indriya_ com _soma_. ", + "sn-guide-sujato:366": "Agora, _soma_ era obviamente uma droga, provavelmente uma preparação do estimulante éfedra semelhante à anfetamina. Era consumida pelos antigos indo-europeus para imbuir os guerreiros de uma energia frenética no campo de batalha. Além da domesticação do cavalo e invenção da carruagem veloz de duas rodas, o combate intensificado pelas drogas foi uma das principais inovações subjacentes ao sucesso militar dos indo-europeus. ", + "sn-guide-sujato:367": "Na cultura védica, isso era ritualizado como prática religiosa: o próprio deus Indra bebe _soma_ para aumentar sua potência. Ele se torna imparável e esmaga todos os seus inimigos diantes dele. Seus devotos seguem seu exemplo, manifestando o poder do deus dentro de si. A euforia induzida por drogas dava-lhes o poder dos deuses. Mas o ponto crucial é que o poder não era emprestado de Indra; em vez disso, tanto o deus quanto seus devoto obtêm poder da mesma fonte. Ele estava dentro deles o tempo todo, bastava o _soma_ para trazê-lo para fora. ", + "sn-guide-sujato:368": "Na época do Buda, a era védica já havia passado e o _soma_ em grande parte esquecido. Comentaristas posteriores, não familiarizados com suas raízes védicas, definiram _indriya_ como “governo” e os vários _indriyas_ no budismo como as faculdades governantes que exercem controle sobre seus domínios. Mas o uso nos suttas mostra que o significado está mais próximo do sentido védico de “potência”. Os _indriyas_ são potenciais inatos que podem se manifestar nas condições certas. ", + "sn-guide-sujato:369": "É por isso que, após o despertar do Buda, ele sondou o mundo e avaliou os _indriyas_ dos muitos e diferentes seres nele encontrados. Ele viu o potencial espiritual latente dentro de cada pessoa em diferentes graus e percebeu que esse potencial oculto poderia ser extraído com o ensino e o incentivo corretos (SN 6.1). ", + "sn-guide-sujato:370": "Para formular um ensinamento sobre os _indriyas_, o Buda valeu-se de um conjunto de cinco qualidades que havia desenvolvido com seus antigos professores Āḷāra Kālāma e Uddaka Rāmaputta (MN 26:17, etc.). O fato de que esses são realmente um conjunto de ensinamentos na tradição bramânica é confirmado por sua menção no Yogasūtra (1.20). Ele chamou esse conjunto de cinco _indriyas_. ", + "sn-guide-sujato:371": "As mesmas qualidades também eram conhecidas como _balas_ ou “poderes”. No SN 48.43, o Buda discute a relação entre esses dois conjuntos, dizendo que eles são como um rio que flui ao redor de uma ilha. Eles fazem parte do mesmo fluxo e seguem para a mesma direção, mas de uma certa perspectiva podem ser diferenciados. O termo _bala_, assim como _indriya_, é védico, com o mesmo sentido básico de potência ou força e ocorre em contextos caracterizados por Indra e seu_soma_. Os _balas_ têm apenas alguns padrões de repetição no _saṁyutta_ e são definidos no Aṅguttara (AN 5.14). ", + "sn-guide-sujato:372": "Os _indriyas_ (juntamente com os _balas_) vieram a ser incluídos nos 37 _bodhipakkhiyadhammā_, e formam o coração do Indriya Saṁyutta, onde são definidos da seguinte forma (SN 48.8, SN 48.9, SN 48.10): ", + "sn-guide-sujato:373": "Fé ou convicção (_saddhā_) ", "sn-guide-sujato:374": "A fé ou convicção no despertar do Buda. ", - "sn-guide-sujato:375": "Empenho ou energia (viriya) ", + "sn-guide-sujato:375": "Empenho ou energia (_viriya_) ", "sn-guide-sujato:376": "O esforço de se abandonar o que é prejudicial e desenvolver o que é benéfico. ", - "sn-guide-sujato:377": "Atenção plena (sati) ", + "sn-guide-sujato:377": "Atenção plena (_sati_) ", "sn-guide-sujato:378": "A memória daquilo que foi dito e feito no passado distante, e os quatro modos de meditação de atenção plena. ", - "sn-guide-sujato:379": "Imersão (samādhi) ", - "sn-guide-sujato:380": "A unificação da mente baseada no desapego ou renúncia; definido posteriormente como as quatro absorções (jhānas). ", - "sn-guide-sujato:381": "Sabedoria (paññā) ", + "sn-guide-sujato:379": "Imersão (_samādhi_) ", + "sn-guide-sujato:380": "A unificação da mente baseada no desapego ou renúncia; definido posteriormente como as quatro absorções (_jhānas_). ", + "sn-guide-sujato:381": "Sabedoria (_paññā_) ", "sn-guide-sujato:382": "O entendimento da impermanência e as quatro nobres verdade. ", - "sn-guide-sujato:383": "A o começando com a fé ou convição (saddhā), o texto introduz uma qualidade não explicitamente mencionada nos conjuntos anteriores. No budismo, a fé é essencial. Nas terras budistas tradicionais até hoje, a fé tranquila,porém inabalável, e a devoção ao Buda e seus ensinamentos estão sempre presentes, expressa por meio de oferendas de flores, por meio da graça e humildade na presença daquilo que é sagrado, ou por meio da reflexão edificante das palavras do Buda. É uma qualidade emocional, geralmente associada a pema, “afeto”. Mas o Buda rejeitou explicitamente a fé cega ou “irracional” (MN 95:13: amūlikā saddhā) e exortou seus seguidores a desenvolver uma “fé fundamentada” (MN 47:16: ākāravatī saddhā) com base na investigação cuidadosa e crítica. ", + "sn-guide-sujato:383": "A o começando com a fé ou convição (_saddhā_), o texto introduz uma qualidade não explicitamente mencionada nos conjuntos anteriores. No budismo, a fé é essencial. Nas terras budistas tradicionais até hoje, a fé tranquila,porém inabalável, e a devoção ao Buda e seus ensinamentos estão sempre presentes, expressa por meio de oferendas de flores, por meio da graça e humildade na presença daquilo que é sagrado, ou por meio da reflexão edificante das palavras do Buda. É uma qualidade emocional, geralmente associada a _pema_, “afeto”. Mas o Buda rejeitou explicitamente a fé cega ou “irracional” (MN 95:13: _amūlikā saddhā_) e exortou seus seguidores a desenvolver uma “fé fundamentada” (MN 47:16: _ākāravatī saddhā_) com base na investigação cuidadosa e crítica. ", "sn-guide-sujato:384": "Esta é uma fé que se assemelha à confiança que um cientista precisa ter ao confiar nas descobertas e teorias de outros em seu campo. Ela é essencial para se chegar a qualquer lugar; mas, ao mesmo tempo, é totalmente provisória. Se houver alguma coisa que seja contrariada pelas evidências, ela deve ser rejeitada. E uma vez que você tenha visto a verdade por si mesmo, não há mais necessidade de fé, como apontado pelo Venerável Sariputta no SN 48.44. ", - "sn-guide-sujato:385": "Seguindo o padrão que vimos em conjuntos de qualidades anteriores, a menção da fé alinha as faculdades com o progresso de alguém que segue o Treinamento Gradual. Primeiro, a pessoa ouve o ensinamento e adquire fé neste, depois vai em frente e aplica a energia na prática deste, empreendendo a meditação da atenção plena, realizando as absorções e a sabedoria na impermanência que se segue a estas. Nesse ponto, o praticante vai além da simples crença ou argumento racional e vê a verdade por si mesmo. Sua fé é descrita como aveccappasāda, ou seja, confiança “experimental” ou “confirmada”. O termo avecca significa literalmente “tendo sido vivenciada”. É apenas neste ponto que a fé é inabalável. ", - "sn-guide-sujato:386": "Muitos dos suttas sobre as cinco faculdades são estruturados a partir dos mesmos tipos de padrões e moldes que os saṁyuttas sobre nobre caminho óctuplo ou sobre os fatores do despertar. Mas em dois aspectos relacionados eles são bastante distintos. E essas duas características distintas derivam do significado raiz do termo indriya como “potência” ou “potencial”. ", + "sn-guide-sujato:385": "Seguindo o padrão que vimos em conjuntos de qualidades anteriores, a menção da fé alinha as faculdades com o progresso de alguém que segue o Treinamento Gradual. Primeiro, a pessoa ouve o ensinamento e adquire fé neste, depois vai em frente e aplica a energia na prática deste, empreendendo a meditação da atenção plena, realizando as absorções e a sabedoria na impermanência que se segue a estas. Nesse ponto, o praticante vai além da simples crença ou argumento racional e vê a verdade por si mesmo. Sua fé é descrita como _aveccappasāda_, ou seja, confiança “experimental” ou “confirmada”. O termo _avecca_ significa literalmente “tendo sido vivenciada”. É apenas neste ponto que a fé é inabalável. ", + "sn-guide-sujato:386": "Muitos dos suttas sobre as cinco faculdades são estruturados a partir dos mesmos tipos de padrões e moldes que os _saṁyuttas_ sobre nobre caminho óctuplo ou sobre os fatores do despertar. Mas em dois aspectos relacionados eles são bastante distintos. E essas duas características distintas derivam do significado raiz do termo _indriya_ como “potência” ou “potencial”. ", "sn-guide-sujato:387": "O primeiro desses dois aspectos é o uso das faculdades para se classificar aqueles que praticam. Aquele que realmente entende as faculdades é alguém que entrou na correnteza (SN 48.2, SN 48.3), enquanto que aquele que, com base neste entendimento, se desapega completamente é alguém aperfeiçoado, um arahant (SN 48.4, SN 48.5). Esta classificação dos praticantes com base no desenvolvimento das faculdades é estendida com mais detalhes em uma série adicional de discursos (SN 48.12–18, SN 48.24). ", "sn-guide-sujato:388": "Portanto, embora, em certo sentido, todos nós tenhamos essas faculdades dentro de nós como um potencial oculto, elas não manifestam sua força até serem fortalecidas pelo caminho. Uma vez que isso aconteça, no momento da entrada na correnteza, elas serão tão invencíveis quanto Indra em uma matança de dragões. ", - "sn-guide-sujato:389": "Para se entender o segundo aspecto distinto, lembre-se de que nestes saṁyuttas estamos lidando com o caminho, a quarta das nobres verdades, que deve “ser desenvolvida” (bhāvetabba). E enquanto o Indriya Saṁyutta, como outros saṁyuttas sobre o caminho, realmente fala do “desenvolvimento das faculdades”, uma série de suttas também fala de compreensão das faculdades à luz de as quatro nobres verdades (SN 48.2–7). Normalmente, tal fraseado é encontrado em discursos que tratam da primeira nobre verdade, como aqueles sobre agregados ou as bases dos sentidos, que devem “ser totalmente compreendidos”. Aqui, os textos estão obscurecendo a distinção entre a primeira e a quarta verdades nobres. Com certeza, isso não é único; já observamos que em alguns discursos sobre satipaṭṭhāna ocorre algo semelhante de maneira diferente. Mas mesmo assim é algo incomum e certamente a ênfase é única. ", + "sn-guide-sujato:389": "Para se entender o segundo aspecto distinto, lembre-se de que nestes _saṁyuttas_ estamos lidando com o caminho, a quarta das nobres verdades, que deve “ser desenvolvida” (_bhāvetabba_). E enquanto o Indriya Saṁyutta, como outros _saṁyuttas_ sobre o caminho, realmente fala do “desenvolvimento das faculdades”, uma série de suttas também fala de compreensão das faculdades à luz de as quatro nobres verdades (SN 48.2–7). Normalmente, tal fraseado é encontrado em discursos que tratam da primeira nobre verdade, como aqueles sobre agregados ou as bases dos sentidos, que devem “ser totalmente compreendidos”. Aqui, os textos estão obscurecendo a distinção entre a primeira e a quarta verdades nobres. Com certeza, isso não é único; já observamos que em alguns discursos sobre _satipaṭṭhāna_ ocorre algo semelhante de maneira diferente. Mas mesmo assim é algo incomum e certamente a ênfase é única. ", "sn-guide-sujato:390": "Não há nada doutrinariamente difícil sobre isso; afinal, o caminho é condicionado (AN 4.34), e todas as coisas condicionadas são dolorosas ou sofrimento. Mas o Buda geralmente falava do caminho em termos extremamente positivos, não sobre suas e desvantagens ou sofrimento. ", - "sn-guide-sujato:391": "Mais uma vez, isso faz sentido quando consideramos as faculdades como potenciais internos, como algo que já possuímos em uma forma latente em um grau ou outro. Ao compreender as faculdades, estamos entendendo quem somos e quem podemso nos tornar. ", - "sn-guide-sujato:392": "Esta ideia de que uma indriya é uma potência ou habilidade ou força possuída por uma pessoa é elaborada ou apresentada no restante do saṁyutta, que introduz uma série de faculdades além das cinco básicas. Junto com as cinco faculdades, elas formam uma lista de 22 faculdades, que se tornaram um padrão estabelecido no Abhidhamma (see Vb 5). Na sequência do Abhidhamma elas são: ", + "sn-guide-sujato:391": "Mais uma vez, isso faz sentido quando consideramos as faculdades como potenciais internos, como algo que já possuímos em uma forma latente em um grau ou outro. Ao compreender as faculdades, estamos entendendo *quem somos* e *quem podemso nos tornar*. ", + "sn-guide-sujato:392": "Esta ideia de que uma _indriya_ é uma potência ou habilidade ou força possuída por uma pessoa é elaborada ou apresentada no restante do _saṁyutta_, que introduz uma série de faculdades além das cinco básicas. Junto com as cinco faculdades, elas formam uma lista de 22 faculdades, que se tornaram um padrão estabelecido no Abhidhamma (see Vb 5). Na sequência do Abhidhamma elas são: ", "sn-guide-sujato:393": "A seis faculdades dos sentidos (SN 48.25). ", "sn-guide-sujato:394": "A três faculdades biológicas: feminilidade, masculinidade e vitalidade (SN 48.22). ", "sn-guide-sujato:395": "Os cinco tipos de sensações como faculdades (SN 48.31). ", @@ -398,33 +398,33 @@ "sn-guide-sujato:397": "As três faculdades relacionadas aos estágios do despertar (SN 48.23). ", "sn-guide-sujato:398": "Os sentidos, as sensações, até mesmo os atributos biológicos, são coisas que todos possuem. Eles devem ser entendidos como parte da realidade condicionada e, portanto, do sofrimento, mas podem ser a base para o fortalecimento do caminho espiritual. ", "sn-guide-sujato:399": "SN 51: Discursos Conectados sobre as Bases do Poder Espiritual ", - "sn-guide-sujato:400": "Aprendemos que os termos indriya e indriya, aquido traduzidos como “faculdade” e “poder”, eram termos védicos intimamente associados com o poder divino do deus da guerra Indra. O saṁyutta em questão lida com iddhi, outro termo védico com um significado semelhante de “sucesso, poder, potência”. Observe que o termo páli iddhi tem o mesmo significado que dois termos védicos, siddhi e ṛddhi, mas formalmente é derivado do último. O termpo pāda significa literalmente “pé” e, uma vez que iddhipāda é definido como o “caminho ou prática para a aquisição de iddhi” (SN 51.27), é tentador manter a metáfora ao se abordar os “quatro passos em direção ao poder espiritual”. ", - "sn-guide-sujato:401": "Os Iddhis podem se referir a vários tipos de sucesso, potência ou poder, mas, neste contexto, eles consistem em vários feitos surpreendentes de poder psíquico ou superpoderes. Esses feitos têm uma história longa e colorida na Índia. Nos Vedas, como vimos, eles se originaram nas lendárias proezas militares dos deuses, às quais os mortais aspiravam com a ajuda de estimulantes. À medida que o conhecimento do soma desapareceu, ao que parece, outros meios de transcender os limites humanos e físicos normais foram buscados. Os ascetas se se submetiam a penosas mortificações (tapas), torturando seus corpos em busca de superpoderes. Embora alguns praticantes religiosos pré-budistas—notadamente os adeptos dos ensinamentos jainistas e dos Upanishads—se propusessem objetivos mais elevados e valiosos do que meros poderes, havia muitos para os quais a prática espiritual era um meio para esses fins decididamente mundanos. ", + "sn-guide-sujato:400": "Aprendemos que os termos _indriya_ e _indriya_, aquido traduzidos como “faculdade” e “poder”, eram termos védicos intimamente associados com o poder divino do deus da guerra Indra. O _saṁyutta_ em questão lida com _iddhi_, outro termo védico com um significado semelhante de “sucesso, poder, potência”. Observe que o termo páli _iddhi_ tem o mesmo significado que dois termos védicos, _siddhi_ e _ṛddhi_, mas formalmente é derivado do último. O termpo _pāda_ significa literalmente “pé” e, uma vez que _iddhipāda_ é definido como o “caminho ou prática para a aquisição de _iddhi_” (SN 51.27), é tentador manter a metáfora ao se abordar os “quatro passos em direção ao poder espiritual”. ", + "sn-guide-sujato:401": "Os _Iddhis_ podem se referir a vários tipos de sucesso, potência ou poder, mas, neste contexto, eles consistem em vários feitos surpreendentes de poder psíquico ou superpoderes. Esses feitos têm uma história longa e colorida na Índia. Nos Vedas, como vimos, eles se originaram nas lendárias proezas militares dos deuses, às quais os mortais aspiravam com a ajuda de estimulantes. À medida que o conhecimento do _soma_ desapareceu, ao que parece, outros meios de transcender os limites humanos e físicos normais foram buscados. Os ascetas se se submetiam a penosas mortificações (_tapas_), torturando seus corpos em busca de superpoderes. Embora alguns praticantes religiosos pré-budistas—notadamente os adeptos dos ensinamentos jainistas e dos Upanishads—se propusessem objetivos mais elevados e valiosos do que meros poderes, havia muitos para os quais a prática espiritual era um meio para esses fins decididamente mundanos. ", "sn-guide-sujato:402": "O fascínio cultural moderno pelos super-heróis mostra que isso não está vinculado a uma época ou lugar cultural específico. É algo relacionado ao próprio anseio humano de transcendência e transformação, de tornar-se outro, de tornar-se mais. Os super-heróis exibem muitos dos mesmos tipos de poderes falados no textos antigos budistas e de outros grupos indianos: leitura de mentes, sentidos aprimorados, a capacidade de controlar os elementos ou de multiplicar a própria forma, de voar no céu e até mesmo através do espaço(SN 51.11). E os meios pelos quais os poderes são adquiridos permanecem semelhantes às tradições pré-budistas: eles podem ser de origem divina ou externa; ou derivado de um fármaco ou agente químico; ou o resultado de provações e sofrimentos duradouros. ", "sn-guide-sujato:403": "Enquanto ele desconsiderava esses métodos, entretanto, o Buda dizia que superpoderes são obtidos por meio do puro desenvolvimento da mente ou da meditação. O foco mudou dos próprios poderes para os meios através dos quais alcançá-los; que, ao que parece, também é o caminho para o despertar. Os vários poderes estendem ou aumentam as habilidades humanas comuns e podem ser desenvolvidos da mesma maneira que qualquer outra habilidade é desenvolvida: através da prática. ", "sn-guide-sujato:404": "Apesar de sua menção frequente nos textos budistas, os poderes psíquicos são notavelmente omitidos quando se trata de coisas que são realmente importantes. Eles são efeitos colaterais do caminho espiritual, coisas que podem ser divertidas e de algum valor como exercícios preliminares, mas longe do verdadeiro objetivo (see SN 12.70). O Buda, de fato, tinha uma atitude decididamente ambígua em relação aos poderes espirituais, especialmente quando eram exibidos. Ele proibiu os monges de exibi-los publicamente, dizendo que os monges que faziam essas exibições eram como uma mulher que mostra suas partes íntimas por um tanto de dinheiro (Kd 15:8.2). Demonstrações de poderes psíquicos são, além disso, criticadas porque parecem mera mágica (DN 11:5, AN 3.60). E a posse de superpoderes não era de forma alguma um sinal de realização espiritual genuína, pois é dito que até mesmo Devadatta, o arquiinimigo do Buda, os teria antingido (Kd 17:1.4). ", "sn-guide-sujato:405": "Nada disso aborda a questão se tais poderes são ou não reais. Os suttas presumem que sim, e não há razão para pensar que isso não reflita os próprios pontos de vista do Buda. O budismo tradicional sempre aceitou a realidade de experiências e poderes além do normal, e as culturas budistas estão cheias de relatos e histórias sobre esses eventos. Estudos rigorosos, no entanto, são mais difíceis de encontrar. O extraordinário livro entitulado Irreducible Mind, uma crítica sustentada das teorias reducionistas da mente, reúne centenas de estudos em vários tipos de fenômenos extraordinários. Embora uma pessoa razoável possa permanecer cética, parece que há um conjunto significativo de evidências para coisas como a leitura da mente ou a lembrança de vidas passadas. A capacidade de voar ou tocar o sol permanece, infelizmente, não pode ser atestada. ", - "sn-guide-sujato:406": "Normalmente, nos suttas, o termo iddhi é usado para um conjunto específico de poderes psíquicos, que exibem principalmente domínio sobre o plano físico (SN 51.19, etc.). Eles são normalmente incluídos em um conjunto mais amplo de seis “conhecimentos diretos” (abhiññā), que também são mencionados neste saṁyutta (SN 51.11). O último deles é o conhecimento direto do fim das contaminações e renascimento, o verdadeiro objetivo da prática budista. ", - "sn-guide-sujato:407": "Quanto ao cerne do iddhipādas, existem quatro termos básicos: ", - "sn-guide-sujato:408": "Entusiasmo (chanda) ", - "sn-guide-sujato:409": "Este é um dos termos mais comuns para “desejo”. Embora não seja formalmente mencionado como um item nas outras listas que constituem os bodhipakkhiyadhammā, ele aparece na fórmula padrão para os quatro esforços corretos. É o desejo de fazer o bem, de praticar, e de se libertar do sofrimento. ", - "sn-guide-sujato:410": "Empenho ou energia (viriya) ", - "sn-guide-sujato:411": "Este é o fator mais comum entre os 37 bodhipakkhiyadhammā. Porém nas bases do poder psíquico recebe destaque especial por não ser apenas um dos fatores, mas também qualificar cada um dos fatores. ", - "sn-guide-sujato:412": "Mente (citta) ", + "sn-guide-sujato:406": "Normalmente, nos suttas, o termo _iddhi_ é usado para um conjunto específico de poderes psíquicos, que exibem principalmente domínio sobre o plano físico (SN 51.19, etc.). Eles são normalmente incluídos em um conjunto mais amplo de seis “conhecimentos diretos” (_abhiññā_), que também são mencionados neste _saṁyutta_ (SN 51.11). O último deles é o conhecimento direto do fim das contaminações e renascimento, o verdadeiro objetivo da prática budista. ", + "sn-guide-sujato:407": "Quanto ao cerne do _iddhipādas_, existem quatro termos básicos: ", + "sn-guide-sujato:408": "Entusiasmo (_chanda_) ", + "sn-guide-sujato:409": "Este é um dos termos mais comuns para “desejo”. Embora não seja formalmente mencionado como um item nas outras listas que constituem os _bodhipakkhiyadhammā_, ele aparece na fórmula padrão para os quatro esforços corretos. É o desejo de fazer o bem, de praticar, e de se libertar do sofrimento. ", + "sn-guide-sujato:410": "Empenho ou energia (_viriya_) ", + "sn-guide-sujato:411": "Este é o fator mais comum entre os 37 _bodhipakkhiyadhammā_. Porém nas bases do poder psíquico recebe destaque especial por não ser apenas um dos fatores, mas também qualificar cada um dos fatores. ", + "sn-guide-sujato:412": "Mente (_citta_) ", "sn-guide-sujato:413": "Pensamento, ideia, resolução ou consciência (veja abaixo). ", - "sn-guide-sujato:414": "Investigação ou exame (vīmaṁsā) ", + "sn-guide-sujato:414": "Investigação ou exame (_vīmaṁsā_) ", "sn-guide-sujato:415": "Investigação ou questionamento sobre o Dhamma, mas especialmente sobre o que obstrui a meditação e o que a ajuda. Neste contexto, não está muito longe de significar “curiosidade”. ", - "sn-guide-sujato:416": "Curiosamente, embora o termo citta tenha uma ampla gama de significados, ele não está claramente definido neste contexto. Até mesmo o Abhidhamma e comentários oferecem pouco mais do que a lista usual de sinônimos para “mente” (Vb 9). Normalmente, no contexto do caminho, a mente deve “ser desenvolvida” (veja SN 51.9) e tal “desenvolvimento da mente” (cittabhāvanā) é um termo para samādhi e o caminho em direção a este. Assim, citta fica entre os fatores de energia e sabedoria, no lugar normalmente ocupado por samādhi e atenção plena, e é dito que é desenvolvido da maneira normal de samādhi (veja SN 51.11). E tanto samādhi quento a energia, são constantemente enfatizados como essenciais para esta prática em qualquer estágio da prática. ", - "sn-guide-sujato:417": "No entanto, citta também é o pensamento ou intenção que o leva ao seu destino (SN 51.15). De acordo com isso, samādhi é adquirido ao se apoiar em ou recorrer a citta (SN 51.13), o que sugere que o termo citta não aponta para algo exatamente idêntico a samādhi. ", - "sn-guide-sujato:418": "Talvez o termo citta tenha sido usado aqui precisamente por causa de sua amplitude de significado. Ele inclui o “pensamento” do Dhamma, da prática ou do objetivo; a “ideia” que se tem em mente e que nos leva adiante; a “resolução” que mantém a atenção focada; a crescente “consciência” conforme a meta surge; e a “consciência” purificada da meditação profunda. Desta forma, citta neste caso trata-se do mesmo aspecto que quando foco de um dos quatro satipaṭṭhānas: refere-se ao estado da mente com o qual se desenvolve o caminho, incluindo, mas não se limitando a, estados de samādhi. ", - "sn-guide-sujato:419": "As quatro bases do poder espiritual são quase sempre apresentadas em uma fórmula padrão que consiste em um composto longo, cujo significado é explicado no SN 51.13. Cada uma das quatro qualidades pode ser usada para desenvolver uma profunda unificação da mente ou samādhi. Este processo envolve fazer um esforço ativo, definido em termos dos quatro esforços corretos. Assim, cada um dos iddhipādas consiste nestes três aspectos: ", + "sn-guide-sujato:416": "Curiosamente, embora o termo _citta_ tenha uma ampla gama de significados, ele não está claramente definido neste contexto. Até mesmo o Abhidhamma e comentários oferecem pouco mais do que a lista usual de sinônimos para “mente” (Vb 9). Normalmente, no contexto do caminho, a mente deve “ser desenvolvida” (veja SN 51.9) e tal “desenvolvimento da mente” (_cittabhāvanā_) é um termo para _samādhi_ e o caminho em direção a este. Assim, _citta_ fica entre os fatores de energia e sabedoria, no lugar normalmente ocupado por _samādhi_ e atenção plena, e é dito que é desenvolvido da maneira normal de _samādhi_ (veja SN 51.11). E tanto _samādhi_ quento a energia, são constantemente enfatizados como essenciais para esta prática em qualquer estágio da prática. ", + "sn-guide-sujato:417": "No entanto, _citta_ também é o pensamento ou intenção que o leva ao seu destino (SN 51.15). De acordo com isso, _samādhi_ é adquirido ao se apoiar em ou recorrer a _citta_ (SN 51.13), o que sugere que o termo _citta_ não aponta para algo exatamente idêntico a _samādhi_. ", + "sn-guide-sujato:418": "Talvez o termo _citta_ tenha sido usado aqui precisamente por causa de sua amplitude de significado. Ele inclui o “pensamento” do Dhamma, da prática ou do objetivo; a “ideia” que se tem em mente e que nos leva adiante; a “resolução” que mantém a atenção focada; a crescente “consciência” conforme a meta surge; e a “consciência” purificada da meditação profunda. Desta forma, _citta_ neste caso trata-se do mesmo aspecto que quando foco de um dos quatro _satipaṭṭhānas_: refere-se ao estado da mente com o qual se desenvolve o caminho, incluindo, mas não se limitando a, estados de _samādhi_. ", + "sn-guide-sujato:419": "As quatro bases do poder espiritual são quase sempre apresentadas em uma fórmula padrão que consiste em um composto longo, cujo significado é explicado no SN 51.13. Cada uma das quatro qualidades pode ser usada para desenvolver uma profunda unificação da mente ou _samādhi_. Este processo envolve fazer um esforço ativo, definido em termos dos quatro esforços corretos. Assim, cada um dos _iddhipādas_ consiste nestes três aspectos: ", "sn-guide-sujato:420": "Um das quatro qualidades. ", "sn-guide-sujato:421": "A imersão meditativa que resulta destas. ", "sn-guide-sujato:422": "O esforço necessário. ", - "sn-guide-sujato:423": "No SN 51.20, encontramos a explicação mais detalhada de como eles são aplicados na prática. Este sutta traz uma série de práticas comuns a outras partes dos suttas, como a contemplação das 31 partes do corpo. Embora a maioria destas seja direta, existe uma expressão idiomátiva em páli um tanto obscura que requer um pequeno esclarecimento. Trata-se da expressão “Como antes, assim depois; como depois, assim antes” (yathā pure tathā pacchā, yathā pacchā tathā pure), definida como a “percepção de continuidade” (pacchāpuresaññā). Fraseados semelhantes são encontradas em vários lugares no contexto da meditação (Thag 6.4, SN 47.10, AN 7.61, AN 3.90). No Vinaya, a mesma frase é usada para enfatizar que o status de um mendicante permanece o mesmo. Na meditação, aponta para a necessidade de esforço constante e consistente para que o foco seja mantido pelo praticante. Como parte de uma série de expressões idiomáticas relacionadas—como abaixo, assim acima; como acima, assim abaixo; como o dia, assim a noite; como a noite, assim o dia—indica como o processo de meditação se move da diversidade e diferenciação para a unidade e convergência. ", + "sn-guide-sujato:423": "No SN 51.20, encontramos a explicação mais detalhada de como eles são aplicados na prática. Este sutta traz uma série de práticas comuns a outras partes dos suttas, como a contemplação das 31 partes do corpo. Embora a maioria destas seja direta, existe uma expressão idiomátiva em páli um tanto obscura que requer um pequeno esclarecimento. Trata-se da expressão “Como antes, assim depois; como depois, assim antes” (_yathā pure tathā pacchā, yathā pacchā tathā pure_), definida como a “percepção de continuidade” (_pacchāpuresaññā_). Fraseados semelhantes são encontradas em vários lugares no contexto da meditação (Thag 6.4, SN 47.10, AN 7.61, AN 3.90). No Vinaya, a mesma frase é usada para enfatizar que o status de um mendicante permanece o mesmo. Na meditação, aponta para a necessidade de esforço constante e consistente para que o foco seja mantido pelo praticante. Como parte de uma série de expressões idiomáticas relacionadas—como abaixo, assim acima; como acima, assim abaixo; como o dia, assim a noite; como a noite, assim o dia—indica como o processo de meditação se move da diversidade e diferenciação para a unidade e convergência. ", "sn-guide-sujato:424": "Ao encontrar pela primeira vez as bases do poder psíquico, aqueles que os estudam costumam ficar intrigados com um aparente paradoxo. O desejo, assim nos dizem, é a causa do sofrimento, mas aqui devemos desenvolvê-lo. Este problema é abordado diretamente no SN 51.15, onde Ānanda explica ao brâmane Uṇṇābha que o caminho espiritual é vivido para se abandonar o desejo, o que é realizado desenvolvendo as quatro bases do poder psíquico. Mas Uṇṇābha protesta, pois o desejo é em si uma das quatro bases, e o desejo não pode ser abandonado por meio do desejo. Ananda resolve a contradição com a comparação de um homem caminhando para um parque. Antes de partir, tem-se o desejo, a energia, a ideia ou a curiosidade de se chegar ao parque. Mas quando você chega lá, essas coisas desaparecem. Da mesma forma, o desejo ou entusiasmo de alcançar o objetivo da prática espiritual leva você ao objetivo, mas uma vez lá, ele não é mais necessário. ", "sn-guide-sujato:425": "Uma breve história do texto ", "sn-guide-sujato:426": "O Saṁyutta Nikāya foi editado por M. Léon Feer com base em manuscritos em caracteres cingaleses e birmaneses, e publicado em caracteres latinos pela Pali Text Society (PTS) entre 1884 e 1898. A primeira tradução se deu em 1917–30 pela Sra. C.A.F. Rhys Davids (vols. 1-2) e por F.L. Woodward (vols. 3–5) sob o títuloThe Book of the Kindred Sayings. Em 1999, a PTS publicou uma nova edição do texto em páli do vol. 1 Sagāthāvagga, editado por G.A. Somaratne. ", "sn-guide-sujato:427": "Embora várias traduções parciais tenham sido feitas posteriormente, não houve nenhuma nova tradução completa em inglês até 2002, quando Bhikkhu Bodhi publicou seu The Connected Discourses of the Buddha. Tal como no caso de sua tradução entitulada The Middle-Length Discourses of the Buddha, esta constituiu um grande avanço ou marco, essencialmente tornando as traduções anteriores obsoletas. Ao contrário do caso do Middle-Length Discourses, esta foi uma tradução inteiramente nova. Em uma introdução extensa, Bhikkhu Bodhi detalhou como sua abordagem da tradução evoluiu e apresentou uma análise temática e estrutural detalhada do texto. ", "sn-guide-sujato:428": "Onde o texto páli não era claro, frequentemente me referi ao trabalho anterior de Bhikkhu Bodhi, e raramente à tradução de Woodward / Rhys Davids e outras várias traduções de textos específicos." -} \ No newline at end of file +} diff --git a/translation/pt/site/start_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/start_translation-pt-site.json index b5134e2d6ec2..c6cd9be239d5 100644 --- a/translation/pt/site/start_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/start_translation-pt-site.json @@ -5,21 +5,21 @@ "start:4": "Aqui oferecemos algumas dicas e recursos que podem ser úteis para as pessoas que estão dando seus primeiros passos. ", "start:5": "Bons hábitos ", "start:6": "Estes são alguns textos com reflexões sobre o desenvolvimento de uma prática regular da leitura de suttas. ", - "start:7": "How to Read the Suttas: Um texto de Bhante sujato. ", - "start:8": "Befriending the Suttas: Um texto do Access to Insight. ", - "start:9": "Reading Faithfully: Uma página da web dedicada a apoiar uma conexão mais profunda e emocional com os suttas. ", - "start:10": "Guidelines for Sutta Reading: Guias da Sacred Mountain Sangha para a leitura contemplativa dos suttas, em grupo ou individualmente, com instruções por Peter Woods. ", + "start:7": "**How to Read the Suttas:** Um texto de Bhante sujato. ", + "start:8": "**Befriending the Suttas:** Um texto do Access to Insight. ", + "start:9": "**Reading Faithfully:** Uma página da web dedicada a apoiar uma conexão mais profunda e emocional com os suttas. ", + "start:10": "**Guidelines for Sutta Reading:** Guias da Sacred Mountain Sangha para a leitura contemplativa dos suttas, em grupo ou individualmente, com instruções por Peter Woods. ", "start:11": "Cursos estruturados e guias ", "start:12": "Algumas pessoas preferem uma abordagem mais fluente e livre, mas, para outras, um curso bem estruturado é o ideal. ", - "start:13": "Buddhist Life/Buddhist Path: Bhikkhu Cintita elaborou esta introdução abrangente com base em muitos anos de experiência de ensino de cursos sobre os textos antigos. Ela é dividida em dois livros: A Vida Budista, abordando os ensinamentos fundacionais, e O Caminho Budista para o treinamento sistemático no caminho elevado que leva ao despertar. Cada livro pode ser estudado de forma independente e em qualquer ordem. ", - "start:14": "In the Buddha’s Words: Bhikkhu Bodhi apresenta discursos do Buda selecionados a partir do Cânone Páli, o registro mais antigo do que o Buda ensinou. Dividido em dez capítulos temáticos, o texto revela o alcance completo dos discursos de Buda, desde a vida em família e matrimonial até a renúncia e o caminho do discernimento. Uma introdução concisa e informativa precede cada capítulo, guiando o leitor para uma compreensão mais profunda dos textos que se seguem. As leituras e introduções podem ser também encontradas no fórum do SuttaCentral. ", - "start:15": "Guide To Tipitaka: Uma análise clássica por Sayagyi U Ko Lay de todo o cânone Páli. O texto oferece uma visão descritiva a partir de uma perspectiva Theravada, resumindo cada uma das seções e muitos textos individuais. Representa um recurso especialmente útil se você encontrar um novo livro no cânone e quiser aprender um pouco mais sobre ele. ", - "start:16": "The Sutta Discovery Series: Por muitos anos, o professor sênior Piya Tan tem dado aulas sobre os suttas com notas detalhadas, traduzindo ele mesmo textos no idioma Páli original. Este inestimável recurso está inteiramente disponível on-line. ", + "start:13": "**Buddhist Life/Buddhist Path:** Bhikkhu Cintita elaborou esta introdução abrangente com base em muitos anos de experiência de ensino de cursos sobre os textos antigos. Ela é dividida em dois livros: A Vida Budista, abordando os ensinamentos fundacionais, e O Caminho Budista para o treinamento sistemático no caminho elevado que leva ao despertar. Cada livro pode ser estudado de forma independente e em qualquer ordem. ", + "start:14": "**In the Buddha’s Words:** Bhikkhu Bodhi apresenta discursos do Buda selecionados a partir do Cânone Páli, o registro mais antigo do que o Buda ensinou. Dividido em dez capítulos temáticos, o texto revela o alcance completo dos discursos de Buda, desde a vida em família e matrimonial até a renúncia e o caminho do discernimento. Uma introdução concisa e informativa precede cada capítulo, guiando o leitor para uma compreensão mais profunda dos textos que se seguem. As leituras e introduções podem ser também encontradas no fórum do SuttaCentral. ", + "start:15": "**Guide To Tipitaka:** Uma análise clássica por Sayagyi U Ko Lay de todo o cânone Páli. O texto oferece uma visão descritiva a partir de uma perspectiva Theravada, resumindo cada uma das seções e muitos textos individuais. Representa um recurso especialmente útil se você encontrar um novo livro no cânone e quiser aprender um pouco mais sobre ele. ", + "start:16": "**The Sutta Discovery Series:** Por muitos anos, o professor sênior Piya Tan tem dado aulas sobre os suttas com notas detalhadas, traduzindo ele mesmo textos no idioma Páli original. Este inestimável recurso está inteiramente disponível on-line. ", "start:17": "Ouvindo os suttas ", "start:18": "Há uma variedade de fontes que fornecem áudio e / ou vídeo para os suttas, incluindo leituras, aulas e vlogs. ", - "start:19": "5 Funny Buddhist Suttas That Have a Great Message: Um vídeo por Mindah-Lee Kumar (também conhecido como “O Budista Entusiasta”) que mostra como o Buda usou o humor para comunicar ensinamentos. ", - "start:20": "BSWA sutta classes: Por muitos anos, os bhikkhus e bhikkhunis dos mosteiros Bodhinyana e Dhammasara, incluindo Ajahn Brahm, têm dado aulas de sutta. Elas estão disponíveis no Youtube. ", - "start:21": "SuttaCentral forum: O fórum do SuttaCentral é um lugar onde qualquer pessoa pode compartilhar ou apontar para conteúdos nos suttas. Há muitas leituras, cânticos e aulas. ", + "start:19": "**5 Funny Buddhist Suttas That Have a Great Message:** Um vídeo por Mindah-Lee Kumar (também conhecido como “O Budista Entusiasta”) que mostra como o Buda usou o humor para comunicar ensinamentos. ", + "start:20": "**BSWA sutta classes:** Por muitos anos, os bhikkhus e bhikkhunis dos mosteiros Bodhinyana e Dhammasara, incluindo Ajahn Brahm, têm dado aulas de sutta. Elas estão disponíveis no Youtube. ", + "start:21": "**SuttaCentral forum:** O fórum do SuttaCentral é um lugar onde qualquer pessoa pode compartilhar ou apontar para conteúdos nos suttas. Há muitas leituras, cânticos e aulas. ", "start:22": "Junte-se a um grupo de leitura ", "start:23": "Há diversos grupos de leitura dos suttas, tanto locais como online. Uma jornada é sempre melhor quando se tem outras pessoas com quem compartilhar. ", "start:24": "Não apresentamos aqui links para estes, pois tendem a ser locais e transitórios. Mas procure saber sobre estes nos centros locais ou mídias sociais, ou no nosso fórum, e as chances são de que você encontre algo. Se não há nada na sua área, por que não iniciar um grupo você mesmo? ", @@ -29,5 +29,5 @@ "start:28": "Certamente, um curso estruturado é uma boa maneira de obter uma visão geral dos ensinamentos. Mas a vida não é em si estruturada. O Buda não ensinou tudo, desde A até Z, ele respondeu às necessidades daqueles com quem estava. Às vezes, as coisas de que mais aprendemos são aleatórias; uma frase que por acaso ouvimos, ou uma palavra que vem no momento certo. ", "start:29": "Então, por que não tentar um sutta aleatório? Que tal procurar pelo que o Buda tinha a dizer sobre gatos, por exemplo? ", "start:30": "Leia tudo ", - "start:31": "Há muitos suttas. Mas não tantos. Alguns anos de um hábito de leitura regular e você deverá ser capaz de ler todos os suttas já traduzidos. Por que não tentar?" -} \ No newline at end of file + "start:31": "Há muitos suttas. Mas não *tantos*. Alguns anos de um hábito de leitura regular e você deverá ser capaz de ler todos os suttas já traduzidos. Por que não tentar?" +} diff --git a/translation/pt/site/subjects_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/subjects_translation-pt-site.json index 5497c9e7eb07..4b058fb9e079 100644 --- a/translation/pt/site/subjects_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/subjects_translation-pt-site.json @@ -124,7 +124,7 @@ "subjects:123": "Um ~ sente tristeza? SN 21.2 ", "subjects:124": "As ações de um ~ não tem resultados kámmicos, bons ou ruins: AN 3.33, Dhp 39, Dhp 267, Dhp 412 ", "subjects:125": "Qual é a diferença entre um ~ e um Buda? SN 22.58 ", - "subjects:126": "Qual é a diferença entre um ~ e alguém ainda em treinamento, um “aprendiz” (sekha)? SN 48.53 ", + "subjects:126": "Qual é a diferença entre um ~ e alguém ainda em treinamento, um “aprendiz” (_sekha_)? SN 48.53 ", "subjects:127": "Como reconhecer se você é um ~: SN 35.152 ", "subjects:128": "“Arahants” (capítulo 7 do Dhammapada) ", "subjects:129": "“Brâmanes” (capítulo 26 do Dhammapada) ", @@ -288,7 +288,7 @@ "subjects:287": "Como apoio vital para a prática: AN 4.28 ", "subjects:288": "Como uma qualidade de uma pessoa superior: AN 8.30 ", "subjects:289": "Viva como um pássaro que voa tendo suas asas como seu único fardo: DN 2, DN 11 ", - "subjects:290": "Uma coisa que não deve ser objeto de contentamento: AN 2.5 ", + "subjects:290": "Uma coisa que _não_ deve ser objeto de contentamento: AN 2.5 ", "subjects:291": "Fé, convicção ", "subjects:292": "Veja Saddhā. ", "subjects:293": "Desejo, ânsia ", @@ -358,11 +358,11 @@ "subjects:358": "Originação dependente ", "subjects:359": "VejaPaṭicca-samuppāda. ", "subjects:360": "Desejo ", - "subjects:361": "como parte do Caminho (dhamma-chanda) ", + "subjects:361": "como parte do Caminho (_dhamma-chanda_) ", "subjects:362": "O ~ por Despertar atrapalha o Despertar? MN 126 ", "subjects:363": "As instruções do Ven. Ānanda para Uṇṇābha: SN 51.15 ", "subjects:364": "Desejo ", - "subjects:365": "como uma das contaminações (lobha, kāmacchanda, rāga). Veja também Nīvaraṇa (obstáculos); Kilesa (contaminações); Taṇhā (desejo). ", + "subjects:365": "como uma das contaminações (_lobha, kāmacchanda, rāga_). Veja também Nīvaraṇa (obstáculos); Kilesa (contaminações); Taṇhā (desejo). ", "subjects:366": "Como um dos grilhões (Saṁyojana): AN 10.13 ", "subjects:367": "Como uma das obsessões ou tendências latentes (Anusaya): AN 7.11, AN 7.12 ", "subjects:368": "Como causa do sofrimento e angústia: SN 42.11 ", @@ -558,7 +558,7 @@ "subjects:558": "Inofensividade ", "subjects:559": "Veja Princípio da não injúria. ", "subjects:560": "Ódio ", - "subjects:561": "Veja Má vontade (vyāpāda). ", + "subjects:561": "Veja Má vontade (_vyāpāda_). ", "subjects:562": "Enxaqueca ", "subjects:563": "A leve ~ do Ven. Sāriputta Ud 4.4 ", "subjects:564": "Reinos celestiais ", @@ -738,7 +738,7 @@ "subjects:739": "Um debate intenso entre duas divindades sobre os méritos da ~: SN 11.5 ", "subjects:740": "A melhor resposta aos insultos dos outros (uma história): AN 6.54 ", "subjects:741": "Kilesa ", - "subjects:742": "contaminações, corrupções—paixão, ganância, cobiça (lobha), aversão, raiva (dosa) e delusão (moha)—em suas várias formas. Veja também Raiva; Āsava; Avijjā (ignorância); Nīvaraṇa (obstáculos). ", + "subjects:742": "contaminações, corrupções—paixão, ganância, cobiça (_lobha_), aversão, raiva (_dosa_) e delusão (_moha_)—em suas várias formas. Veja também Raiva; Āsava; Avijjā (ignorância); Nīvaraṇa (obstáculos). ", "subjects:743": "Como a origem do mal e sofrimento no mundo: SN 3.23 ", "subjects:744": "Como putrefação: AN 3.126 ", "subjects:745": "Como máculas /inimigos /assassinos etc.: Iti 88 ", @@ -911,7 +911,7 @@ "subjects:912": "O que se encontra além do ~? AN 4.174 ", "subjects:913": "~ é o objetivo; não há nada além deste: MN 144 ", "subjects:914": "~ está além do alcance de Māra: SN 4.19 ", - "subjects:915": "~ não se trata de uma “fonte” ou “substrato” a partir do qual emanam os fenômenos (dhamma): MN 1 ", + "subjects:915": "~ não se trata de uma “fonte” ou “substrato” a partir do qual emanam os fenômenos (_dhamma_): MN 1 ", "subjects:916": "~ não se trata de um fenômeno em si, mas sim o fim dos fenômenos: AN 10.58 ", "subjects:917": "O prazer de ~ supera todos os outros prazeres: AN 9.34 ", "subjects:918": "Dois elementos ou aspectos de ~ (com combustível restante e sem combustível restante): Iti 44 ", @@ -1064,7 +1064,7 @@ "subjects:1068": "O Buda reflete sobre a ~ por sete dias após o seu Despertar: Ud 1.1–3 ", "subjects:1069": "A origem do prazer e da dor: SN 12.25 ", "subjects:1070": "Uma explicação detalhada e extensa da ~ pelo Buda: DN 15 ", - "subjects:1071": "Como ~ se relaciona com o termoNutrimento (āhāra), que constitui o que mantém e sustem os seres já nascidos e em busca de um nascimento: SN 12.63; SN 12.11 ", + "subjects:1071": "Como ~ se relaciona com o termoNutrimento (_āhāra_), que constitui o que mantém e sustem os seres já nascidos e em busca de um nascimento: SN 12.63; SN 12.11 ", "subjects:1073": "Avijjā (ignorância) ", "subjects:1074": "Saṅkhāra (escolhas, fabricações da mente) ", "subjects:1075": "Viññāṇa (consciência) ", @@ -1100,7 +1100,7 @@ "subjects:1105": "Veja também Felicidade; Dor; Prazeres sensuais; Vedanā (sensações). ", "subjects:1106": "Os muitos tipos de prazer: MN 59 ", "subjects:1107": "A origem do ~ e da dor: SN 12.25 ", - "subjects:1108": "Foco no ~ das coisas em vez do aspecto de dukkha associado a estas resulta em apego: SN 22.60 ", + "subjects:1108": "Foco no ~ das coisas em vez do aspecto de _dukkha_ associado a estas resulta em apego: SN 22.60 ", "subjects:1109": "Como uma da oito condições mundanas: AN 8.6 ", "subjects:1110": "Preceitos ", "subjects:1111": "Veja também Prática laica budista; Refúgio; Sīla; Uposatha ", @@ -1176,16 +1176,16 @@ "subjects:1182": "~ testemunhado pelo Buddha na noite do seu Despertar: Veja O Despertar de Buddha. ", "subjects:1183": "Percepções (ou Reflexões), dez ", "subjects:1184": "anussati ", - "subjects:1185": "Recordação (ou contemplação) do Buda (buddhānussati): SN 11.3, AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13, Thag 6.2 ", - "subjects:1186": "Recordação (ou contemplação) do Dhamma (dhammānussati): SN 11.3, AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13, Thag 6.2; como autoridade: AN 3.40 ", - "subjects:1187": "Recordação (ou contemplação) do Saṅgha (saṅghānussati): SN 11.3, AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13, Thag 6.2 ", - "subjects:1188": "Recordação (ou contemplação) de nossas próprias virtudes (sīlānussati): AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13 ", - "subjects:1189": "Recordação (ou contemplação) de nossa própria generosidade (cagānussati): AN 11.12, AN 11.13 ", - "subjects:1190": "Recordação (ou contemplação) das divindades (devas) (devatānussati): AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13 ", - "subjects:1191": "Atenção plena na morte (maraṇassati) (veja também Satipaṭṭhāna). ", - "subjects:1192": "Atenção plena no corpo (kāyagatāsati) (veja também Satipaṭṭhāna). ", - "subjects:1193": "Atenção plena na respiração (ānāpānassati) (veja também Satipaṭṭhāna). ", - "subjects:1194": "Recordação (ou contemplação) da calma ou paz (upasamānussati): Iti 90 ", + "subjects:1185": "Recordação (ou contemplação) do Buda (_buddhānussati_): SN 11.3, AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13, Thag 6.2 ", + "subjects:1186": "Recordação (ou contemplação) do Dhamma (_dhammānussati_): SN 11.3, AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13, Thag 6.2; como autoridade: AN 3.40 ", + "subjects:1187": "Recordação (ou contemplação) do Saṅgha (_saṅghānussati_): SN 11.3, AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13, Thag 6.2 ", + "subjects:1188": "Recordação (ou contemplação) de nossas próprias virtudes (_sīlānussati_): AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13 ", + "subjects:1189": "Recordação (ou contemplação) de nossa própria generosidade (_cagānussati_): AN 11.12, AN 11.13 ", + "subjects:1190": "Recordação (ou contemplação) das divindades (devas) (_devatānussati_): AN 3.70, AN 11.12, AN 11.13 ", + "subjects:1191": "Atenção plena na morte (_maraṇassati_) (veja também Satipaṭṭhāna). ", + "subjects:1192": "Atenção plena no corpo (_kāyagatāsati_) (veja também Satipaṭṭhāna). ", + "subjects:1193": "Atenção plena na respiração (_ānāpānassati_) (veja também Satipaṭṭhāna). ", + "subjects:1194": "Recordação (ou contemplação) da calma ou paz (_upasamānussati_): Iti 90 ", "subjects:1195": "Reconciliação ", "subjects:1196": "Refúgio ", "subjects:1197": "Veja também Preceitos; Tiratana (as Três Jóias). ", @@ -1299,7 +1299,7 @@ "subjects:1305": "Quatro desenvolvimentos de ~: AN 4.41 ", "subjects:1306": "Samatha ", "subjects:1307": "tranquilidade, calma, quietude. Veja também Samādhi (imersão); Vipassanā (insight, discernimento). ", - "subjects:1308": "~ é cultivado juntamente com vipassanā (insight): SN 35.245, AN 2.30, AN 4.170, AN 10.71 ", + "subjects:1308": "~ é cultivado juntamente com _vipassanā_ (insight): SN 35.245, AN 2.30, AN 4.170, AN 10.71 ", "subjects:1309": "Sammāppadhāna ", "subjects:1310": "os quatro empenhos ou esforços corretos. Veja também Bodhipakkhiya-dhamma; Viriya (persistência, esforço). ", "subjects:1311": "Sampajañña ", @@ -1407,7 +1407,7 @@ "subjects:1413": "Recompensas da conduta hábil e apropriada; desvantagens da conduta inábil ou imprópria: AN 2.18 ", "subjects:1414": "Padrões da ~ para os contemplativos: DN 2 ", "subjects:1415": "Declarar ser iluminado/possuir o conhecimento supremo não justifica comportamento desenfreado e impróprio: MN 105 ", - "subjects:1416": "~ superior, elevada (adhisīla): AN 3.88 ", + "subjects:1416": "~ superior, elevada (_adhisīla_): AN 3.88 ", "subjects:1417": "Simplicidade ", "subjects:1418": "Como uma qualidade de uma pessoa superior: AN 8.30 ", "subjects:1419": "Sono ", @@ -1428,7 +1428,7 @@ "subjects:1434": "Como um discípulo leigo pode dar o melhor de si para o bem-estar dos outros: AN 8.26, AN 4.99 ", "subjects:1435": "Isolamento, Afastamento ", "subjects:1436": "Veja Viveka. ", - "subjects:1437": "Palavra (ou Fala) ", + "subjects:1437": "_Palavra (ou Fala)_ ", "subjects:1438": "Veja também Ouvindo o Dhamma; Nobre Silêncio; “Palavra (ou Fala) Correta” in Nobre Caminho Óctuplo. ", "subjects:1439": "Definição: SN 45.8 ", "subjects:1440": "Fale apenas palavras que não causam dano: Thag 21 ", @@ -1459,7 +1459,7 @@ "subjects:1465": "Como reconhecer um discípulo leigo que entrou na correnteza: AN 5.179 ", "subjects:1466": "O tipo de convicção e discernimento necessários para entrar na correnteza: SN 35.1–10 ", "subjects:1467": "O que é preciso para um discípulo leigo entrar na correnteza:AN 10.92 ", - "subjects:1468": "Como a atenção correta, ou atenção com sabedoria (yoniso manasikāra) leva a alcançar o fruto de entrar na correnteza: SN 22.122 ", + "subjects:1468": "Como a atenção correta, ou atenção com sabedoria (_yoniso manasikāra_) leva a alcançar o fruto de entrar na correnteza: SN 22.122 ", "subjects:1469": "Quatro fatores para entrar na correnteza (e suas variantes): SN 55.30, SN 55.31, SN 55.32, SN 55.33, AN 10.92 ", "subjects:1470": "Como reconhecer — e se tornar — uma pessoa íntegra e verdadeira: MN 110 ", "subjects:1471": "Porque a dúvida não surge num discípulo que entrou na correnteza: AN 7.51 ", @@ -1495,7 +1495,7 @@ "subjects:1501": "Por que é importante abandonar o desejo e ganância com relação ao ~: SN 27.8 ", "subjects:1502": "Ensinando o Dhamma ", "subjects:1503": "Veja também Kalyanamittata. ", - "subjects:1504": "O que o Buda ensina é dukkha e sua cessação: MN 22 ", + "subjects:1504": "O que o Buda ensina é _dukkha_ e sua cessação: MN 22 ", "subjects:1505": "O símile de Buda sobre ~: SN 22.84 ", "subjects:1506": "Os três fundamentos da atenção plena que se cultivados tornam alguém um mestre apto a ensinar um grupo: MN 137 ", "subjects:1507": "O Ven. Isidatta sabiamente recusa um convite feito por outros monges mais sêniores: SN 41.3 ", @@ -1517,7 +1517,7 @@ "subjects:1523": "Tevijjā ", "subjects:1524": "Conhecimento tríplice alcançado pelo Buddha durante o seu Despertar . Veja também Buddha. ", "subjects:1525": "Descrições do ~: MN 19, MN 125 ", - "subjects:1526": "Como alguém se torna um verdadeiro brâmane: Iti 99 ", + "subjects:1526": "Como alguém se torna um _verdadeiro_ brâmane: Iti 99 ", "subjects:1527": "Vários bhikkhus e bhikkhunis alcançam o ~: SN 35.88 (Ven. Punna), AN 8.30 (Ven. Anuruddha), Thag 5.1 (Ven. Rājadatta), Thag 6.6 (Ven. Sappadasa), Thag 7.1 (Ven. Sundara Samudda), Thig 5.11 (Ven. Irmã Paṭacāra), Thig 5.12 (Ven. Irmã Candā), Ud 3.3 (500 bhikkhus) ", "subjects:1528": "Reflexão/Ponderação ", "subjects:1529": "Veja Pensamento. ", @@ -1609,7 +1609,7 @@ "subjects:1615": "Vipassanā ", "subjects:1616": "insight, discernimento. Veja também Samatha (tranquilidade); Tilakkhaṇa (três características da existência). ", "subjects:1617": "~ é cultivado em conjunto com samatha (tranquilidade): SN 35.205, AN 2.30, AN 4.170, AN 10.71 ", - "subjects:1618": "Como o ~ pode ser desenvolvido durante ou imediatamente após o jhāna: MN 111 ", + "subjects:1618": "Como o ~ pode ser desenvolvido durante ou imediatamente após o _jhāna_: MN 111 ", "subjects:1619": "Como conhecimento e entendimento direto dos cinco agregados (khandha): ", "subjects:1620": "Analisando os cinco agregados até que a atratividade destes seja abandonada: SN 23.2 ", "subjects:1621": "Cultivando a habilidade na aplicação das quatro nobres verdades aos cinco agregados: SN 22.56 ", diff --git a/translation/pt/site/terminology_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/terminology_translation-pt-site.json index b12c6b4ba875..8a8fae640299 100644 --- a/translation/pt/site/terminology_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/terminology_translation-pt-site.json @@ -27,17 +27,17 @@ "terminology:26": "Nos discursos do cânone pali, este termo significa simplesmente “sobre o Dhamma”, e refere-se a discussões sobre pontos por vezes obscuros nos ensinamentos. ", "terminology:27": "Uma coleção tardia de tratados analíticos baseados em listas de categorias extraídas dos ensinamentos dos discursos, acrescentados ao cânone vários séculos após a vida do Buda. ", "terminology:28": "abhiññā ", - "terminology:29": "Poderes intuitivos que surgem da prática da concentração: capacidade de exibir poderes psíquicos, clarividência, clariaudiência, a capacidade de conhecer os pensamentos de outros, a memória de vidas passadas e o conhecimento que elimina as impurezas mentais (veja āsava). ", + "terminology:29": "Poderes intuitivos que surgem da prática da concentração: capacidade de exibir poderes psíquicos, clarividência, clariaudiência, a capacidade de conhecer os pensamentos de outros, a memória de vidas passadas e o conhecimento que elimina as impurezas mentais (veja _āsava_). ", "terminology:30": "ācariya ", - "terminology:31": "Professor; mentor. Veja kalyāṇamitta. Note que este termo não é um título, nem é usado especificamente para monásticos, mas se refere a qualquer pessoa em um papel de professor. ", + "terminology:31": "Professor; mentor. Veja _kalyāṇamitta_. Note que este termo não é um título, nem é usado especificamente para monásticos, mas se refere a qualquer pessoa em um papel de professor. ", "terminology:32": "adhiṭṭhāna ", "terminology:33": "Determinação; resolução; por vezes, um termo para as contaminações. ", "terminology:34": "akāliko ", "terminology:35": "Atemporal, imediato, sem intervalo; nesta mesma vida. ", "terminology:36": "akusala ", - "terminology:37": "Insalubre, inábil, sem mérito, censurável. Veja o seu oposto, kusala. ", + "terminology:37": "Insalubre, inábil, sem mérito, censurável. Veja o seu oposto, _kusala_. ", "terminology:38": "anāgāmī ", - "terminology:39": "Aquele que não retorna. Alguém que abandonou os cinco grilhões inferiores que prendem a mente ao ciclo de renascimentos (veja saṁyojana), e que, após a morte, irá renascer em um dos mundos de Brahmā chamados Moradas Puras ou Divinas, para aí alcançar o nibbāna, e para nunca mais retornar a este mundo. Este é o terceiro dos quatro estágios do Despertar. ", + "terminology:39": "Aquele que não retorna. Alguém que abandonou os cinco grilhões inferiores que prendem a mente ao ciclo de renascimentos (veja _saṁyojana_), e que, após a morte, irá renascer em um dos mundos de Brahmā chamados Moradas Puras ou Divinas, para aí alcançar o _nibbāna_, e para nunca mais retornar a este mundo. Este é o terceiro dos quatro estágios do Despertar. ", "terminology:40": "ānāpānasati ", "terminology:41": "Atenção plena na respiração. Uma prática de meditação na qual se mantém a atenção plena nas sensações da respiração. ", "terminology:42": "anattā ", @@ -45,35 +45,35 @@ "terminology:44": "anicca ", "terminology:45": "Inconstante; instável; impermanente. ", "terminology:46": "anupādisesa-nibbāna ", - "terminology:47": "Nibbāna sem combustível restante (a analogia remete para um fogo extinto cujas brasas estão frias)—o nibbāna do arahant após o seu falecimento. Cf. sa-upādisesa-nibbāna. ", + "terminology:47": "_Nibbāna_ sem combustível restante (a analogia remete para um fogo extinto cujas brasas estão frias)—o _nibbāna_ do arahant após o seu falecimento. Cf. _sa-upādisesa-nibbāna_. ", "terminology:48": "anupubbī-kathā ", - "terminology:49": "Ensinamento gradual. O método utilizado pelo Buddha para ensinar o Dhamma, e que orientava seus ouvintes progressivamente através de tópicos cada vez mais avançados: generosidade (veja dāna), virtude (veja sīla), paraísos, desvantagens, renúncia e as quatro nobres verdades. ", + "terminology:49": "Ensinamento gradual. O método utilizado pelo Buddha para ensinar o Dhamma, e que orientava seus ouvintes progressivamente através de tópicos cada vez mais avançados: generosidade (veja _dāna_), virtude (veja _sīla_), paraísos, desvantagens, renúncia e as quatro nobres verdades. ", "terminology:50": "anusaya ", - "terminology:51": "Tendências latentes ou subjacentes. (A etimologia deste termo significa “deitado com”.) Existem sete principais tendências latentes às quais a mente retorna vezes sem conta: desejo sensual (kāma-rāgānusaya), resistência (paṭighānusaya), pontos de vista (diṭṭhānusaya), incerteza ou dúvida (vicikicchānusaya), presunção (mānānusaya), desejo de renascer (bhava-rāgānusaya) e ignorância (avijjānusaya). Compare com saṁyojana. ", + "terminology:51": "Tendências latentes ou subjacentes. (A etimologia deste termo significa “deitado com”.) Existem sete principais tendências latentes às quais a mente retorna vezes sem conta: desejo sensual (_kāma-rāgānusaya_), resistência (_paṭighānusaya_), pontos de vista (_diṭṭhānusaya_), incerteza ou dúvida (_vicikicchānusaya_), presunção (_mānānusaya_), desejo de renascer (_bhava-rāgānusaya_) e ignorância (_avijjānusaya_). Compare com _saṁyojana_. ", "terminology:52": "apāya-bhūmi ", - "terminology:53": "Estado de privação; os quatro níveis inferiores da existência em que alguém pode renascer como resultado de ações inábeis passadas (veja kamma): renascimento no inferno, como um fantasma faminto (veja peta), como um demônio irado/titã (veja asura) ou como um animal comum. Nenhum destes estados é permanente. Compare com sugati. ", + "terminology:53": "Estado de privação; os quatro níveis inferiores da existência em que alguém pode renascer como resultado de ações inábeis passadas (veja _kamma): _ renascimento no inferno, como um fantasma faminto (veja _peta_), como um demônio irado/titã (veja _asura_) ou como um animal comum. Nenhum destes estados é permanente. Compare com _sugati_. ", "terminology:54": "appamāda ", - "terminology:55": "Diligência; atenção; zelo. Considerada a pedra angular de todos os estados mentais hábeis, a diligência é de tal modo importante que o Buddha a enfatizou em suas palavras de despedida aos seus discípulos : “Todas as coisas condicionadas estão sujeitas à dissolução. Esforcem-se pelo objetivo com diligência.” (appamādena sampādetha). ", + "terminology:55": "Diligência; atenção; zelo. Considerada a pedra angular de todos os estados mentais hábeis, a diligência é de tal modo importante que o Buddha a enfatizou em suas palavras de despedida aos seus discípulos : “Todas as coisas condicionadas estão sujeitas à dissolução. Esforcem-se pelo objetivo com diligência.” (_appamādena sampādetha_). ", "terminology:56": "arahant ", - "terminology:57": "“Digno” ou “aperfeiçoado”; alguém cuja mente se encontra livre de contaminações (veja kilesa), que abandonou os dez grilhões que prendem a mente ao ciclo de renascimentos (veja saṁyojana), cujo coração se encontra livre de impurezas (veja āsava), e que, dessa forma, não irá mais renascer. Um título para o Buddha e para os seus nobres dicípulos de nível mais elevado. ", + "terminology:57": "“Digno” ou “aperfeiçoado”; alguém cuja mente se encontra livre de contaminações (veja _kilesa_), que abandonou os dez grilhões que prendem a mente ao ciclo de renascimentos (veja _saṁyojana_), cujo coração se encontra livre de impurezas (veja _āsava_), e que, dessa forma, não irá mais renascer. Um título para o Buddha e para os seus nobres dicípulos de nível mais elevado. ", "terminology:58": "ārammaṇa ", "terminology:59": "Base ou causa. Nos textos antigos ou iniciais, ainda não possui o sentido posterior de “objeto mental”. ", "terminology:60": "ariya ", - "terminology:61": "Nobre, ideal. Significa também “Alguém Nobre” (veja ariya-puggala). ", + "terminology:61": "Nobre, ideal. Significa também “Alguém Nobre” (veja _ariya-puggala_). ", "terminology:62": "ariyadhana ", - "terminology:63": "Nobre Riqueza; qualidades que servem como “capital” na busca pela libertação: fé ou convicção (veja saddhā), virtude (veja sīla), vergonha ou escrúpulo, prudência, erudição ou estudo, generosidade (veja dāna) e sabedoria ou discernimento (veja paññā). ", + "terminology:63": "Nobre Riqueza; qualidades que servem como “capital” na busca pela libertação: fé ou convicção (veja _saddhā_), virtude (veja _sīla_), vergonha ou escrúpulo, prudência, erudição ou estudo, generosidade (veja _dāna_) e sabedoria ou discernimento (veja _paññā_). ", "terminology:64": "ariya-puggala ", - "terminology:65": "Pessoa nobre; indíviduo iluminado ou desperto. Alguém que entrou, pelo menos, no nível mais inferior dos quatro nobres caminhos ou dos quatro caminhos supramundanos (veja magga). Compare com puthujjana (pessoa comum). ", + "terminology:65": "Pessoa nobre; indíviduo iluminado ou desperto. Alguém que entrou, pelo menos, no nível mais inferior dos quatro nobres caminhos ou dos quatro caminhos supramundanos (veja _magga_). Compare com _puthujjana_ (pessoa comum). ", "terminology:66": "ariya-sacca ", "terminology:67": "Nobre Verdade. O sentido é de que a própria verdade é nobre e também que “enobrece” quem a compreende. Existem quatro: estresse ou sofrimento, a origem do estresse, a dissolução ou cessação do estresse e o caminho da prática que conduz à dissolução do estresse. ", "terminology:68": "āsava ", "terminology:69": "Impureza, mácula, úlcera ou corrupção da mente. Quatro qualidades - desejo sensual, entendimento incorreto, desejo por ser/existir, e ignorância - que “fluem” a partir da mente e sustentam o ciclo de morte e renascimento. ", "terminology:70": "asubha ", - "terminology:71": "Aspecto não atraente, repulsivo, nojento. O Buda recomenda contemplação desse aspecto do corpo como antídoto para luxúria e complacência. Veja também kāyagatā-sati. ", + "terminology:71": "Aspecto não atraente, repulsivo, nojento. O Buda recomenda contemplação desse aspecto do corpo como antídoto para luxúria e complacência. Veja também _kāyagatā-sati_. ", "terminology:72": "asura ", - "terminology:73": "Classe de seres divinos que, tal como os Titãs da mitologia grega, lutaram contra os devas pela superioridade sobre os paraísos e perderam, habitando um dos reinos inferiores. Veja apāya-bhūmi. ", + "terminology:73": "Classe de seres divinos que, tal como os Titãs da mitologia grega, lutaram contra os _devas_ pela superioridade sobre os paraísos e perderam, habitando um dos reinos inferiores. Veja _apāya-bhūmi_. ", "terminology:74": "avijjā ", - "terminology:75": "Ignorância; insciência; compreensão falhada; a falta de visão e entendimento das Quatro Nobres Verdades. Veja também moha. ", + "terminology:75": "Ignorância; insciência; compreensão falhada; a falta de visão e entendimento das Quatro Nobres Verdades. Veja também _moha_. ", "terminology:76": "āyatana ", "terminology:77": "base ou meio dos sentidos ou sensuais. As bases internas são os órgãos dos sentidos – olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente. As bases externas são os seus respectivos estímulos sensoriais. ", "terminology:78": "B ", @@ -82,53 +82,53 @@ "terminology:81": "bhava ", "terminology:82": "Ser/existir ou vir a ser/devir, processo da existência. Estados ou modos de existência que se desenvolvem primeiro na mente e podem então ser experienciados como mundos internos e / ou como mundos em um nível externo. A existência pode se dar em um dos reinos da esfera sensual, da esfera da matéria sutil ou da esfera imaterial. ", "terminology:83": "bhāvanā ", - "terminology:84": "cultivo ou desenvolvimento da mente; meditação. O terceiro dos três fundamentos para atos meritórios. Veja também dāna e sīla. ", + "terminology:84": "cultivo ou desenvolvimento da mente; meditação. O terceiro dos três fundamentos para atos meritórios. Veja também _dāna_ e _sīla_. ", "terminology:85": "bhikkhu ", - "terminology:86": "Mendicante, contemplativo; monge budista; um homem que abandona a vida em família para viver uma vida de virtude (veja sīla) de acordo com o Vinaya como um todo, e as regras do Pātimokkha em particular. A raiz do termo quer dizer “mendicante”, ou seja, aquele que vive de esmolas. Como o gênero masculino é usado como neutro no idiona páli, o termo bhikkhu geralmente refere-se às discípulas contemplativas também. Desta forma, o termo “mendicante” pode ser usado como uma tradução neutra em termos de gênero. Veja saṅgha, parisā, upasampadā. ", + "terminology:86": "Mendicante, contemplativo; monge budista; um homem que abandona a vida em família para viver uma vida de virtude (veja _sīla_) de acordo com o _Vinaya_ como um todo, e as regras do _Pātimokkha_ em particular. A raiz do termo quer dizer “mendicante”, ou seja, aquele que vive de esmolas. Como o gênero masculino é usado como neutro no idiona páli, o termo _bhikkhu_ geralmente refere-se às discípulas contemplativas também. Desta forma, o termo “mendicante” pode ser usado como uma tradução neutra em termos de gênero. Veja _saṅgha_, _parisā_, _upasampadā_. ", "terminology:87": "bhikkhunī ", - "terminology:88": "Mulher mendicante, contemplativa; monja budista; uma mulher que abandona a vida em família para viver uma vida de virtude (veja sīla) de acordo com o Vinaya como um todo, e as regras do Pātimokkha em particular. Veja saṅgha, parisā, upasampadā. ", + "terminology:88": "Mulher mendicante, contemplativa; monja budista; uma mulher que abandona a vida em família para viver uma vida de virtude (veja _sīla_) de acordo com o _Vinaya_ como um todo, e as regras do _Pātimokkha_ em particular. Veja _saṅgha_, _parisā_, _upasampadā_. ", "terminology:89": "bodhi-pakkhiya-dhammā ", - "terminology:91": "os quatro fundamentos ou estabelecimentos da atenção plena (veja satipaṭṭhāna); ", - "terminology:92": "quatro esforços ou empenhos corretos (sammappadhāna)—o esforço para prevenir que estados inábeis ou prejudiciais surjam na mente, de abandonar quaisquer estados inábeis ou prejudiciais que já surgiram, fazer com que estados hábeis ou benéficos surjam e manter os estados hábeis benéficos que já surgiram; ", - "terminology:93": "quatro bases do poder espiritual (iddhipāda)— desejo, energia, consciência superior, investigação; ", - "terminology:94": "cinco faculdades dominantes (indriya)—fé ou convicção, energia, atenção plena, imersão ou concentração, sabedoria; ", - "terminology:95": "cinco poderes (bala)—idêntico ao [4]; ", - "terminology:96": "sete fatores para o Despertar (bojjhaṅga)—atenção plena, investigação dos princípios, energia, êxtase (veja pīti), tranqüilidade, imersão ou concentração, equanimidade; e ", - "terminology:97": "o Nobre Caminho Óctuplo (magga)—Entendimento Correto, Pensamento Correto, Palavra (ou Fala) Correta, Ação Correta, Modo de Vida Correto, Esforço Correto, Atenção Plena Correta, Concentração (ou Imersão) Correta. ", + "terminology:91": "os quatro fundamentos ou estabelecimentos da atenção plena (veja _satipaṭṭhāna_); ", + "terminology:92": "quatro esforços ou empenhos corretos (_sammappadhāna_)—o esforço para prevenir que estados inábeis ou prejudiciais surjam na mente, de abandonar quaisquer estados inábeis ou prejudiciais que já surgiram, fazer com que estados hábeis ou benéficos surjam e manter os estados hábeis benéficos que já surgiram; ", + "terminology:93": "quatro bases do poder espiritual (_iddhipāda_)— desejo, energia, consciência superior, investigação; ", + "terminology:94": "cinco faculdades dominantes (_indriya_)—fé ou convicção, energia, atenção plena, imersão ou concentração, sabedoria; ", + "terminology:95": "cinco poderes (_bala_)—idêntico ao [4]; ", + "terminology:96": "sete fatores para o Despertar (_bojjhaṅga_)—atenção plena, investigação dos princípios, energia, êxtase (veja _pīti_), tranqüilidade, imersão ou concentração, equanimidade; e ", + "terminology:97": "o Nobre Caminho Óctuplo (_magga_)—Entendimento Correto, Pensamento Correto, Palavra (ou Fala) Correta, Ação Correta, Modo de Vida Correto, Esforço Correto, Atenção Plena Correta, Concentração (ou Imersão) Correta. ", "terminology:98": "bodhisatta ", - "terminology:99": "Nos textos antigos, o termo é usado principalmente como referência à Siddhattha a partir do momento que este abandona a vida em família em busca do despertar. A fruição do despertar por sua vez marca o ponto a partir do qual ele passa a ser conhecido como Buda. A noção de que em uma vida passada um bodhisatta faz uma aspiração para despertar não ocorre nos textos antigos. (Sânscrito: bodhisattva) ", + "terminology:99": "Nos textos antigos, o termo é usado principalmente como referência à Siddhattha a partir do momento que este abandona a vida em família em busca do despertar. A fruição do despertar por sua vez marca o ponto a partir do qual ele passa a ser conhecido como Buda. A noção de que em uma vida passada um bodhisatta faz uma aspiração para despertar não ocorre nos textos antigos. (Sânscrito: _bodhisattva_) ", "terminology:100": "brahmā ", "terminology:101": "Uma alta divindade; um habitante do reino ou esfera de existência da matéria sutil (rupa-loka). Considerado por si mesmo e brâmanes como Senhor e criador do universo - entendimento este negado nos textos antigos budistas. ", "terminology:102": "brahma-vihāra ", - "terminology:103": "Os quatro estados excelentes, louvados, sublimes ou divinos da mente alcançados a partir do cultivo sem limites de mettā (amor/bem-querer), karuṇā (compaixão), muditā (alegria altruísta/regozijo), and upekkhā (equanimidade/imparcialiade desapegada). ", - "terminology:104": "brahman (do páli brāhmaṇa) ", - "terminology:105": "A casta brâmane (brâmane) da índia é uma classe hereditária com funções sacerdotais e sagradas especiais, especialmente na manutenção dos antigos textos e ritos védicos. No entanto, muitos brâmanes viviam vidas seculares, enquanto outros praticavam como renunciantes. No entanto, eles impuseram por muito tempo que, por seu nascimento, são dignos do mais alto respeito. O budismo tomou emprestado o termo brahman para se aplicar àqueles que atingiram o objetivo do caminho, para mostrar que o respeito é conquistado não pelo nascimento, raça ou casta, mas sim pela realização espiritual. Usado no sentido budista, este termo é sinônimo de arahant. ", + "terminology:103": "Os quatro estados excelentes, louvados, sublimes ou divinos da mente alcançados a partir do cultivo sem limites de _mettā_ (amor/bem-querer), _karuṇā_ (compaixão), _muditā_ (alegria altruísta/regozijo), and _upekkhā_ (equanimidade/imparcialiade desapegada). ", + "terminology:104": "brahman (do páli _brāhmaṇa_) ", + "terminology:105": "A casta brâmane (brâmane) da índia é uma classe hereditária com funções sacerdotais e sagradas especiais, especialmente na manutenção dos antigos textos e ritos védicos. No entanto, muitos brâmanes viviam vidas seculares, enquanto outros praticavam como renunciantes. No entanto, eles impuseram por muito tempo que, por seu nascimento, são dignos do mais alto respeito. O budismo tomou emprestado o termo brahman para se aplicar àqueles que atingiram o objetivo do caminho, para mostrar que o respeito é conquistado não pelo nascimento, raça ou casta, mas sim pela realização espiritual. Usado no sentido budista, este termo é sinônimo de _arahant_. ", "terminology:106": "Buddha ", - "terminology:107": "Termo usado para denominar aquele que redescobre por si mesmo o caminho libertador do Dhamma, um longo período após este ter sido esquecido pelo mundo. Segundo a tradição, uma longa linhagem de Budas se estende até um passado distante. O Buda mais recente recebeu originalmente o nome de Siddhattha Gotama e viveu na Índia por volta de 500 aC. Um jovem bem educado e rico, ele renunciou a sua família e herança no auge de sua vida para buscar a verdadeira liberdade e o fim do sofrimento (dukkha). Após sete anos de austeridades na floresta, ele redescobriu o “caminho do meio” e alcançou seu objetivo, tornando-se um Buda. ", + "terminology:107": "Termo usado para denominar aquele que redescobre por si mesmo o caminho libertador do Dhamma, um longo período após este ter sido esquecido pelo mundo. Segundo a tradição, uma longa linhagem de Budas se estende até um passado distante. O Buda mais recente recebeu originalmente o nome de Siddhattha Gotama e viveu na Índia por volta de 500 aC. Um jovem bem educado e rico, ele renunciou a sua família e herança no auge de sua vida para buscar a verdadeira liberdade e o fim do sofrimento (_dukkha_). Após sete anos de austeridades na floresta, ele redescobriu o “caminho do meio” e alcançou seu objetivo, tornando-se um Buda. ", "terminology:108": "C ", "terminology:109": "caṅkama ", "terminology:110": "Meditação andando, em geral na forma de caminhar indo e voltando ao longo de um trecho predeterminado. ", "terminology:111": "cetasika ", "terminology:112": "mental, relativo à mente. Nos textos Abhidhamma tardios, o termo adquiriu um sentido técnico especial de “concomitante mental”, em outras palavras, os fatores mentais que estão associados e que surgem em concomitância com a consciência. ", "terminology:113": "ceto-vimutti ", - "terminology:114": "Veja vimutti. ", + "terminology:114": "Veja _vimutti_. ", "terminology:115": "citta ", "terminology:116": "Mente; coração; estado de consciência. ", "terminology:117": "D ", "terminology:118": "dāna ", - "terminology:119": "generosidade; liberalidade; oferendas; dádivas. Especificamente dar para satisfazer qualquer uma das quatro necessidades dos monásticos. Em termos mais gerais, a inclinação para a generosidade, sem esperar qualquer forma de recompensa por parte de quem recebe. Dāna é o primeiro tema no sistema de treinamento gradual do Buda (veja anupubbī-kathā), a primeira das dez pāramīs, um dos sete tesouros (veja dhana), e o primeiro dos três fundamentos para atos meritórios (veja sīla e bhāvanā). ", + "terminology:119": "generosidade; liberalidade; oferendas; dádivas. Especificamente dar para satisfazer qualquer uma das quatro necessidades dos monásticos. Em termos mais gerais, a inclinação para a generosidade, sem esperar qualquer forma de recompensa por parte de quem recebe. _Dāna_ é o primeiro tema no sistema de treinamento gradual do Buda (veja _anupubbī-kathā_), a primeira das dez _pāramīs_, um dos sete tesouros (veja _dhana_), e o primeiro dos três fundamentos para atos meritórios (veja _sīla_ e _bhāvanā_). ", "terminology:120": "Contaminações ", - "terminology:121": "Tradução para kilesa ou āsava. ", + "terminology:121": "Tradução para _kilesa_ ou _āsava_. ", "terminology:122": "deva; devatā; devaputta ", - "terminology:123": "Divindade; literalmente, um ser “luminoso”—divindades habitantes de paraísos (veja sagga e sugati). Os três termos são sinônimos. ", + "terminology:123": "Divindade; literalmente, um ser “luminoso”—divindades habitantes de paraísos (veja _sagga_ e _sugati_). Os três termos são sinônimos. ", "terminology:124": "Devadatta ", "terminology:125": "Um primo do Buddha que tentou criar um cisma na saṅgha e que, desde então, se tornou emblemático para todos os budistas que trabalham, consciente ou inconscientemente, para minar a religião por dentro. ", "terminology:126": "dhamma ", - "terminology:127": "(1) Fenômeno; qualquer coisa que ocorra e seja cognoscível; (2) fenômeno mental, “pensamento”; (3) princípio, especialmente os princípios de causalidade; (4) doutrina, ensino. Além disso, princípios de comportamento que os seres humanos devem seguir para se enquadrarem na ordem natural e correta das coisas; qualidades mentais que devem ser desenvolvidas para perceber a qualidade inerente da mente em si mesma. Por extensão, “Dhamma” (geralmente em maiúsculas) é usado também para denotar qualquer doutrina que ensine tais coisas. Assim, o Dhamma do Buddha denota tanto seus ensinamentos quanto as realidades descritas por esse ensinamento. (Sanskrit: dharma) ", + "terminology:127": "(1) Fenômeno; qualquer coisa que ocorra e seja cognoscível; (2) fenômeno mental, “pensamento”; (3) princípio, especialmente os princípios de causalidade; (4) doutrina, ensino. Além disso, princípios de comportamento que os seres humanos devem seguir para se enquadrarem na ordem natural e correta das coisas; qualidades mentais que devem ser desenvolvidas para perceber a qualidade inerente da mente em si mesma. Por extensão, “Dhamma” (geralmente em maiúsculas) é usado também para denotar qualquer doutrina que ensine tais coisas. Assim, o Dhamma do Buddha denota tanto seus ensinamentos quanto as realidades descritas por esse ensinamento. (Sanskrit: _dharma_) ", "terminology:128": "Dhamma-vinaya ", - "terminology:129": "“doutrina (dhamma) e disciplina (vinaya)”. O nome dado pelo próprio Buda à religião que ele fundou. ", + "terminology:129": "“doutrina (_dhamma_) e disciplina (_vinaya_)”. O nome dado pelo próprio Buda à religião que ele fundou. ", "terminology:130": "dhana ", - "terminology:131": "Tesouro(s). As sete qualidades de fé ou convicção (saddhā), virtude (sīla), escrúpulo e prudência (hiri-ottappa), estudo ou erudição (suta), generosidade (dāna) e sabedoria (paññā). ", + "terminology:131": "Tesouro(s). As sete qualidades de fé ou convicção (_saddhā_), virtude (_sīla_), escrúpulo e prudência (_hiri-ottappa_), estudo ou erudição (_suta_), generosidade (_dāna_) e sabedoria (_paññā_). ", "terminology:132": "dhātu ", "terminology:133": "Elemento; propriedade, condição impessoal. Os quatro elementos físicos ou propriedades são: terra (solidez), água (liquidez, coesão), ar ou vento (movimento) e fogo (calor). Os seis elementos incluem os quatro acima descritos mais o espaço e a consciência. ", "terminology:134": "dhutaṅga ", @@ -146,97 +146,97 @@ "terminology:147": "contentando-se com qualquer habitação ou morada que se tenha; ", "terminology:148": "jamais se deitar. ", "terminology:149": "dosa ", - "terminology:150": "Aversão; ódio; raiva. Uma das três raízes inábeis ou prejudiciais (mūla) na mente. ", + "terminology:150": "Aversão; ódio; raiva. Uma das três raízes inábeis ou prejudiciais (_mūla_) na mente. ", "terminology:151": "dukkha ", "terminology:152": "Sofrimento ou estresse; dor; angústia; insatisfação. ", "terminology:153": "E ", "terminology:154": "ekaggatārammana ", - "terminology:155": "Unificação da mente. A completa absorção ou imersão da mente em um estado de consciência tranquilo, equilibrado e puro. Veja jhāna. ", + "terminology:155": "Unificação da mente. A completa absorção ou imersão da mente em um estado de consciência tranquilo, equilibrado e puro. Veja _jhāna_. ", "terminology:156": "ekāyana-magga ", "terminology:157": "O caminho para a convergência ou unicidade. Um epíteto derivado dos Upanishads bramânicos. No budismo, a prática dos quatro fundamentos ou estabelecimentos de meditação da atenção plena leva à imersão ou à unicidade da mente. ", "terminology:158": "F ", "terminology:159": "Fundamentos ou estabelecimentos da atenção plena. ", - "terminology:160": "veja Satipaṭṭhāna. ", + "terminology:160": "veja _Satipaṭṭhāna_. ", "terminology:161": "estrutura ou quadro de referência ", - "terminology:162": "veja Satipaṭṭhāna. ", + "terminology:162": "veja _Satipaṭṭhāna_. ", "terminology:163": "G ", "terminology:164": "gotrabhū ", - "terminology:165": "Nos textos antigos, se refere a alguém que é um “membro da família espiritual”. No esquema de comentários de conhecimentos de insight, gotrabhū-ñāṇa (“conhecimento para mudança de linhagem”) se refere ao vislumbre do nibbāna, que torna uma pessoa comum (puthujjana) em uma pessoa Nobre (ariya-puggala). ", + "terminology:165": "Nos textos antigos, se refere a alguém que é um “membro da família espiritual”. No esquema de comentários de conhecimentos de insight, _gotrabhū-ñāṇa_ (“conhecimento para mudança de linhagem”) se refere ao vislumbre do _nibbāna_, que torna uma pessoa comum (_puthujjana_) em uma pessoa Nobre (_ariya-puggala_). ", "terminology:166": "H ", "terminology:167": "hiri-ottappa ", - "terminology:168": "“Consciência e escrúpulo”; “Vergonha moral e pavor moral”. Essas emoções gêmeas são chamadas “as guardiãs do mundo” pois estão associadas com todas as ações hábeis ou benéficas. Hiri equivale à vergonha de cometer transgressões ou o auto-respeito, aquilo que nos refreia de cometer atos que colocariam em risco o respeito que temos por nós mesmos; ottappa equivale ao temor de cometer transgressões que produzam resultados de kamma desfavoráveis ou o temor da crítica e da punição imposta por outros. Veja kamma. ", + "terminology:168": "“Consciência e escrúpulo”; “Vergonha moral e pavor moral”. Essas emoções gêmeas são chamadas “as guardiãs do mundo” pois estão associadas com todas as ações hábeis ou benéficas. _Hiri_ equivale à vergonha de cometer transgressões ou o auto-respeito, aquilo que nos refreia de cometer atos que colocariam em risco o respeito que temos por nós mesmos; _ottappa_ equivale ao temor de cometer transgressões que produzam resultados de kamma desfavoráveis ou o temor da crítica e da punição imposta por outros. Veja _kamma_. ", "terminology:169": "I ", "terminology:170": "idappaccayatā ", - "terminology:171": "Condicionalidade específica. Este é nome do princípio causal que o Buda descobriu na noite do seu Despertar. Este enfatiza que, para os propósitos de acabar com o sofrimento e o estresse, os processos de causalidade podem ser entendidos inteiramente em termos de forças e condições que são experimentadas diretamente, sem necessidade de se referir a forças que operam fora desse domínio. Em vez de postular um princípio simples de causalidade universal ou interdependência, o Buda identificou relações causais específicas entre fenômenos que podem ser conhecidos ou percebidos. ", + "terminology:171": "Condicionalidade específica. Este é nome do princípio causal que o Buda descobriu na noite do seu Despertar. Este enfatiza que, para os propósitos de acabar com o sofrimento e o estresse, os processos de causalidade podem ser entendidos inteiramente em termos de forças e condições que são experimentadas diretamente, sem necessidade de se referir a forças que operam fora desse domínio. Em vez de postular um princípio simples de causalidade universal ou interdependência, o Buda identificou relações causais *específicas* entre fenômenos que podem ser conhecidos ou percebidos. ", "terminology:172": "indriya ", - "terminology:173": "Faculdades ou fatores da mente. Nos suttas, o termo pode se referir às seis bases dos sentidos(āyatana) ou os cinco fatores mentais: saddhā (fé), viriya (energia), sati (atenção plena), samādhi (imersão ou congruência), and paññā (sabedoria ou discernimento); veja bodhi-pakkhiya-dhammā. ", + "terminology:173": "Faculdades ou fatores da mente. Nos suttas, o termo pode se referir às seis bases dos sentidos(_āyatana_) ou os cinco fatores mentais: _saddhā_ (fé), _viriya_ (energia), _sati_ (atenção plena), _samādhi_ (imersão ou congruência), and _paññā_ (sabedoria ou discernimento); veja _bodhi-pakkhiya-dhammā_. ", "terminology:174": "J ", "terminology:175": "jhāna ", - "terminology:176": "Absorção mental. Um estado de forte imersão que é o resultado do desenvolvimento adequado da meditação da atenção plena. A palavra jhana remete às qualidades gêmeas de “absorção” e “iluminação”. O desenvolvimento de jhana surge da suspensão sustentada dos cinco obstáculos (veja nīvaraṇa) através do desenvolvimento de cinco fatores mentais: vitakka (aplicação ou direcionamento da mente), vicāra (manuntenção ou sustentação do foco), pīti (êxtase), sukha (felicidade) e ekaggatārammana (unicidade mental). Os textos antigos geralmente descrevem quatro desses estados, cada um destes envolvendo mais e mais pureza, a simplicidade e a estabilidade. (sânscrito: dhyāna) ", + "terminology:176": "Absorção mental. Um estado de forte imersão que é o resultado do desenvolvimento adequado da meditação da atenção plena. A palavra jhana remete às qualidades gêmeas de “absorção” e “iluminação”. O desenvolvimento de _jhana_ surge da suspensão sustentada dos cinco obstáculos (veja _nīvaraṇa_) através do desenvolvimento de cinco fatores mentais: _vitakka_ (aplicação ou direcionamento da mente), _vicāra_ (manuntenção ou sustentação do foco), _pīti_ (êxtase), _sukha_ (felicidade) e _ekaggatārammana_ (unicidade mental). Os textos antigos geralmente descrevem quatro desses estados, cada um destes envolvendo mais e mais pureza, a simplicidade e a estabilidade. (sânscrito: _dhyāna_) ", "terminology:177": "K ", "terminology:178": "kalyāṇamitta ", "terminology:179": "Amigo admirável; um mentor ou professor do Dhamma. ", "terminology:180": "kāmaguṇa ", "terminology:181": "Elementos do prazer sensual. Os objetos externos dos cinco sentidos: formas visíveis, sons, aromas, sabores e tangíveis. ", "terminology:182": "kamma ", - "terminology:183": "Atos intencionais ou volitivos que resultam em experiências boas ou ruins nesta ou em vidas futuras. (sânscrito: karma) ", + "terminology:183": "Atos intencionais ou volitivos que resultam em experiências boas ou ruins nesta ou em vidas futuras. (sânscrito: _karma_) ", "terminology:184": "karuṇā ", - "terminology:185": "Compaixão; simpatia; a aspiração de se encontrar uma maneira de ser realmente útil para si mesmo e para os outros. Um dos quatro “estados sublimes” (brahma-vihāra). ", + "terminology:185": "Compaixão; simpatia; a aspiração de se encontrar uma maneira de ser realmente útil para si mesmo e para os outros. Um dos quatro “estados sublimes” (_brahma-vihāra_). ", "terminology:186": "kaṭhina ", "terminology:187": "Cerimônia realizada no quarto mês da estação chuvosa, na qual a saṅgha de mendicantes recebe dos leigos oferendas de pano. Este pano é então confiado à um dos membros da saṅgha para que seja usado na feitura de um manto, antes do amanhecer do dia seguinte. ", "terminology:188": "kāya ", - "terminology:189": "Corpo. Por vezes se refere ao corpo físico (rūpa-kāya; veja rūpa), mas também pode ter uma gama de significados, de modo similar aos termos “corpo, grupo” em Português. Em certos contextos, o termo significa experiência direta ou pessoal. ", + "terminology:189": "Corpo. Por vezes se refere ao corpo físico (_rūpa-kāya;_ veja _rūpa_), mas também pode ter uma gama de significados, de modo similar aos termos “corpo, grupo” em Português. Em certos contextos, o termo significa experiência direta ou pessoal. ", "terminology:190": "kāyagatā-sati ", - "terminology:191": "Atenção plena no corpo. Este é um termo geral que abrange vários temas de meditação: manter a atenção plena na respiração; manter a atenção plena nas posturas do corpo; manter a atenção plena em todas atividades; analisar o corpo em suas partes; analisar o corpo de acordo com suas propriedades físicas (veja dhātu); contemplar o fato de que o corpo está inevitavelmente sujeito à morte e à desintegração. ", + "terminology:191": "Atenção plena no corpo. Este é um termo geral que abrange vários temas de meditação: manter a atenção plena na respiração; manter a atenção plena nas posturas do corpo; manter a atenção plena em todas atividades; analisar o corpo em suas partes; analisar o corpo de acordo com suas propriedades físicas (veja _dhātu_); contemplar o fato de que o corpo está inevitavelmente sujeito à morte e à desintegração. ", "terminology:192": "khandha ", - "terminology:193": "Agregado; amontoado; grupo. Componentes físicos e mentais da identidade e da experiência sensual em geral. Nos textos antigos estes são quase que sempre referidos como os “agregados objeto de apego / agregados influenciados pelo apego” (veja upadāna). A idéia é que os agregados: i) são produzidos pelo apego (devido ao apego em vidas passadas); ii) constituem o que estímula o apego; e iii) representam o mecanismo que possibilita que apego atue. Em particular, são fenômenos que muitas vezes são confundidos com um “eu”. Veja: nāma (fenômeno mental), rūpa (fenômeno físico), vedanā (sensações), saññā (percepção), saṅkhāra (escolhas), e viññāṇa (consciência). ", + "terminology:193": "Agregado; amontoado; grupo. Componentes físicos e mentais da identidade e da experiência sensual em geral. Nos textos antigos estes são quase que sempre referidos como os “agregados objeto de apego / agregados influenciados pelo apego” (veja _upadāna_). A idéia é que os agregados: i) são *produzidos pelo apego* (devido ao apego em vidas passadas); ii) constituem o que *estímula o apego*; e iii) representam o mecanismo que *possibilita que apego atue*. Em particular, são fenômenos que muitas vezes são confundidos com um “eu”. Veja: _nāma_ (fenômeno mental), _rūpa_ (fenômeno físico), _vedanā_ (sensações), _saññā_ (percepção), _saṅkhāra_ (escolhas), e _viññāṇa_ (consciência). ", "terminology:194": "khanti ", - "terminology:195": "Paciência, parcimônia, autodomínio. Uma das dez perfeições (pāramīs). ", + "terminology:195": "Paciência, parcimônia, autodomínio. Uma das dez perfeições (_pāramīs_). ", "terminology:196": "kilesa ", - "terminology:197": "Contaminação, impureza—lobha (cobiça), dosa (aversão) e moha (delusão) em suas várias formas, que incluem coisas como ganância, maldade, raiva, rancor, hipocrisia, arrogância, inveja, avareza, desonestidade, jactância, obstinação, violência, orgulho, vaidade, intoxicação e complacência. Note que o termo kilesa raramente é usado nos textos antigos, e não possui um significado técnico estabelecido; āsava é o termo usual. ", + "terminology:197": "Contaminação, impureza—_lobha_ (cobiça), _dosa_ (aversão) e _moha_ (delusão) em suas várias formas, que incluem coisas como ganância, maldade, raiva, rancor, hipocrisia, arrogância, inveja, avareza, desonestidade, jactância, obstinação, violência, orgulho, vaidade, intoxicação e complacência. Note que o termo _kilesa_ raramente é usado nos textos antigos, e não possui um significado técnico estabelecido; _āsava_ é o termo usual. ", "terminology:198": "kusala ", - "terminology:199": "Benéfico, hábil, bom, meritório. Uma ação caracterizada por esta qualidade moral (kusala-kamma) resultará (eventualmente) em felicidade, tendo um resultado favorável. Ações caracterizadas pelo seu oposto (akusala-kamma) levam à tristeza e sofrimento. Veja kamma. ", + "terminology:199": "Benéfico, hábil, bom, meritório. Uma ação caracterizada por esta qualidade moral (_kusala-kamma_) resultará (eventualmente) em felicidade, tendo um resultado favorável. Ações caracterizadas pelo seu oposto (_akusala-kamma_) levam à tristeza e sofrimento. Veja _kamma_. ", "terminology:200": "L ", "terminology:201": "lakkhaṇa ", - "terminology:202": "Veja ti-lakkhaṇa. ", + "terminology:202": "Veja _ti-lakkhaṇa_. ", "terminology:203": "lobha ", - "terminology:204": "Cobiça, ganância; paixão; desejo inábil ou prejudicial. Também rāga. Uma das três raízes inábeis ou prejudiciais (mūla) na mente. ", + "terminology:204": "Cobiça, ganância; paixão; desejo inábil ou prejudicial. Também _rāga_. Uma das três raízes inábeis ou prejudiciais (_mūla_) na mente. ", "terminology:205": "loka-dhamma ", "terminology:206": "Assuntos, condições ou fenômenos mundanos. A lista padrão indica oito: ganho e perda de riqueza, status e perda de status, fama e má reputação, e prazer e dor. ", "terminology:207": "lokavidū ", "terminology:208": "Conhecedor do cosmos, do universo. Um epíteto de Buddha. ", "terminology:209": "lokuttara ", - "terminology:210": "Transcendente; supramundano (veja magga, phala e nibbāna). ", + "terminology:210": "Transcendente; supramundano (veja _magga_, _phala_ e _nibbāna_). ", "terminology:211": "M ", "terminology:212": "magga ", - "terminology:213": "Caminho. Especificamente, o caminho para a cessação do sofrimento e do estresse. Os quatro caminhos transcendentes —ou melhor, um caminho com quatro níveis de refinamento —são: i) o caminho para entrar na correnteza (entrar na correnteza para nibbāna, o que garante, no máximo, renascer apenas mais sete vezes), ii) o caminho para retornar apenas mais uma vez, iii) o caminho para o não retorno e iv) o caminho para se tornar em um arahant. Veja phala. ", + "terminology:213": "Caminho. Especificamente, o caminho para a cessação do sofrimento e do estresse. Os quatro caminhos transcendentes —ou melhor, um caminho com quatro níveis de refinamento —são: i) o caminho para _entrar na correnteza_ (entrar na correnteza para _nibbāna_, o que garante, no máximo, renascer apenas mais sete vezes), ii) o caminho para retornar apenas mais uma vez, iii) o caminho para o não retorno e iv) o caminho para se tornar em um arahant. Veja _phala_. ", "terminology:214": "majjhimā ", "terminology:215": "Médio, meio; apropriado; adequado. ", "terminology:216": "Māra ", "terminology:217": "A personificação do mal e da tentação. Nos textos antigos e iniciais possui ambos os significados de divindade do reino das esferas dos sentidos e de metáfora. ", "terminology:218": "mettā ", - "terminology:219": "Amor, bem-querer; benevolência. Uma das dez perfeições (pāramīs) e um dos quatro “estados sublimes” ou “moradas divinas” (brahma-vihāra). ", + "terminology:219": "Amor, bem-querer; benevolência. Uma das dez perfeições (_pāramīs_) e um dos quatro “estados sublimes” ou “moradas divinas” (_brahma-vihāra_). ", "terminology:220": "moha ", - "terminology:221": "Delusão; ignorância (avijjā). Uma das três raízes (mūla) inábeis ou prejudiciais na mente. ", + "terminology:221": "Delusão; ignorância (_avijjā_). Uma das três raízes (_mūla_) inábeis ou prejudiciais na mente. ", "terminology:222": "muditā ", - "terminology:223": "Regozijo, alegria altruísta ou empática. Deleitando-se com a bondade própria e dos outros. Um dos quatro “estados sublimes” ou “moradas divinas” (brahma-vihāra). ", + "terminology:223": "Regozijo, alegria altruísta ou empática. Deleitando-se com a bondade própria e dos outros. Um dos quatro “estados sublimes” ou “moradas divinas” (_brahma-vihāra_). ", "terminology:224": "mūla ", - "terminology:225": "Tradução literal: “raíz”. As condições fundamentais da mente que determinam a qualidade moral — hábil ou benéfica (kusala) ou inábil ou prejudicial (akusala)—das ações intencionais de cada um (veja kamma). As três raízes prejudiciais são lobha (cobiça, ganância), dosa (aversão) e moha (delusão); as raízes benéficas são os seus opostos. Veja kilesa (contaminações, impurezas). ", + "terminology:225": "Tradução literal: “raíz”. As condições fundamentais da mente que determinam a qualidade moral — hábil ou benéfica (_kusala_) ou inábil ou prejudicial (_akusala_)—das ações intencionais de cada um (veja _kamma_). As três raízes prejudiciais são _lobha_ (cobiça, ganância), _dosa_ (aversão) e _moha_ (delusão); as raízes benéficas são os seus opostos. Veja _kilesa_ (contaminações, impurezas). ", "terminology:226": "N ", "terminology:227": "nāga ", - "terminology:228": "Dragão, elefante, cobra gigante, um espírito gigante. A adoração de nāgas é uma característica proeminente das religiões locais na Índia. No budismo, o termo também é usado para se referir àqueles que alcançaram o objetivo da prática. ", + "terminology:228": "Dragão, elefante, cobra gigante, um espírito gigante. A adoração de _nāgas_ é uma característica proeminente das religiões locais na Índia. No budismo, o termo também é usado para se referir àqueles que alcançaram o objetivo da prática. ", "terminology:229": "nāma ", - "terminology:230": "Nome, mentalidade, fenômeno mental. Originalmente, isso se referia à função psicológica central de conceituar e nomear as coisas. Aos poucos, evoluiu para abranger todos os fenômenos mentais. Nos suttas às vezes é definido como vedanā (sensação), saññā (percepção), cetana (intenção, volição), phassa (contato sensorial), e manasikāra (atenção, advertência mental). Compare com o termo rūpa. No Abhidhamma, o termo nāma é usado para se referir aos componentes mentais dos cinco khandhas. ", + "terminology:230": "Nome, mentalidade, fenômeno mental. Originalmente, isso se referia à função psicológica central de conceituar e nomear as coisas. Aos poucos, evoluiu para abranger todos os fenômenos mentais. Nos suttas às vezes é definido como _vedanā_ (sensação), _saññā_ (percepção), _cetana_ (intenção, volição), _phassa_ (contato sensorial), e _manasikāra_ (atenção, advertência mental). Compare com o termo _rūpa_. No Abhidhamma, o termo _nāma_ é usado para se referir aos componentes mentais dos cinco _khandhas_. ", "terminology:231": "nāma-rūpa ", - "terminology:232": "Nome-e-forma; mentalidade-materialidade, base mental e material da existência. A totalidade dos fenômenos mentais (nāma) e físicos (rūpa) experimentados. Estes são condicionados pela consciência (viññāṇa) na cadeia causal da origem dependente (paṭicca-samuppāda). ", + "terminology:232": "Nome-e-forma; mentalidade-materialidade, base mental e material da existência. A totalidade dos fenômenos mentais _(nāma)_ e físicos _(rūpa)_ experimentados. Estes são condicionados pela consciência (_viññāṇa_) na cadeia causal da origem dependente _(paṭicca-samuppāda_). ", "terminology:233": "nekkhamma ", "terminology:234": "Renúncia, abdicação; literalmente, “liberdade do desejo sensual” ", "terminology:235": "nibbāna ", - "terminology:236": "Extinção, cessação, fim; literalmente, a extinção do sofrimento (veja āsava), contaminações (veja kilesa), e o ciclo de nascimento, morte e renascimento (veja vaṭṭa). Como o apagar de uma chama, traz o significado de calma, arrefecimento, e paz. “Nibbāna total” (parinibbāna) em alguns contextos denota a experiência do Despertar; em outros, o falecimento final de um arahant. (sânscrito: nirvāna) ", + "terminology:236": "Extinção, cessação, fim; literalmente, a extinção do sofrimento (veja _āsava_), contaminações (veja _kilesa_), e o ciclo de nascimento, morte e renascimento (veja _vaṭṭa_). Como o apagar de uma chama, traz o significado de calma, arrefecimento, e paz. “Nibbāna total” (_parinibbāna_) em alguns contextos denota a experiência do Despertar; em outros, o falecimento final de um _arahant_. (sânscrito: _nirvāna_) ", "terminology:237": "nibbidā ", - "terminology:238": "Desencanto; desilusão; nojo ou asco; desgosto; cansaço. O afastamento hábil da mente do mundo samsárico condicionado para o elemento incondicionado de nibbāna. ", + "terminology:238": "Desencanto; desilusão; nojo ou asco; desgosto; cansaço. O afastamento hábil da mente do mundo samsárico condicionado para o elemento incondicionado de _nibbāna_. ", "terminology:239": "nimitta ", - "terminology:240": "Nos primeiros textos, o termo significa um sinal, aspecto ou causa. Na meditação, refere-se a um aspecto da experiência que, quando focalizado, promove o crescimento de qualidades similares ou relacionadas. Em textos posteriores, refere-se a uma imagem ou visão que pode surgir como um sinal de que a meditação atingiu uma certa profundidade. No entanto, os suttas referem-se a estes como rūpa (visões, formas), obhāsa (luz), etc. ", + "terminology:240": "Nos primeiros textos, o termo significa um sinal, aspecto ou causa. Na meditação, refere-se a um aspecto da experiência que, quando focalizado, promove o crescimento de qualidades similares ou relacionadas. Em textos posteriores, refere-se a uma imagem ou visão que pode surgir como um sinal de que a meditação atingiu uma certa profundidade. No entanto, os suttas referem-se a estes como _rūpa_ (visões, formas), _obhāsa_ (luz), etc. ", "terminology:241": "nirodha ", "terminology:242": "Cessação; dispersão; interrupção. ", "terminology:243": "nīvaraṇa ", @@ -246,7 +246,7 @@ "terminology:247": "Interior; a ser interiorizado; em referência a si mesmo. Um epíteto para o Dhamma. ", "terminology:248": "PQ ", "terminology:249": "pabbajjā ", - "terminology:250": "“Seguir adiante (deixando a vida do lar pela vida mendicante)”. Nos primeiro dias do Budismo, o termo era usado junto com o termo upasampadā (“aceitação total”) para se referir à ordenação como um mendicante ou contemplativo. Gradualmente, porém, o “seguir adiante” passou a ser aplicado à ordenação como um samaṇera (samaṇeri) , ou um contemplativo (ou contemplativa) iniciante. Veja upasampadā. ", + "terminology:250": "“Seguir adiante (deixando a vida do lar pela vida mendicante)”. Nos primeiro dias do Budismo, o termo era usado junto com o termo _ upasampadā _ (“aceitação total”) para se referir à ordenação como um mendicante ou contemplativo. Gradualmente, porém, o “seguir adiante” passou a ser aplicado à ordenação como um _ samaṇera (samaṇeri) _, ou um contemplativo (ou contemplativa) iniciante. Veja _upasampadā_. ", "terminology:251": "paccattaṁ ", "terminology:252": "Pessoal; individual. ", "terminology:253": "paccekabuddha ", @@ -254,182 +254,182 @@ "terminology:255": "paññā ", "terminology:256": "Discernimento; insight; sabedoria; inteligência, sapiência; senso comum; ingenuidade. ", "terminology:257": "paññā-vimutti ", - "terminology:258": "Veja vimutti. ", + "terminology:258": "Veja _vimutti_. ", "terminology:259": "papañca ", "terminology:260": "complicação, proliferação, difusão. A tendência da mente para proliferar assuntos a partir da noção de “eu”. ", "terminology:261": "pāramī, pāramitā ", - "terminology:262": "Perfeição de caráter. Um grupo de dez qualidades desenvolvidas ao longo de muitas vidas por alguém empenhado pelo despertar, um bodhisatta: generosidade(dāna), virtude (sīla), renúncia (nekkhamma), sabedoria (paññā), energia/vigor (viriya), paciência/pacatez (khanti), honestidade/autenticidade (sacca), determinação/fundamento (adhiṭṭhāna), bem-querer/amor-bondade (mettā), e equanimidade/imparcialidade (upekkhā). ", + "terminology:262": "Perfeição de caráter. Um grupo de dez qualidades desenvolvidas ao longo de muitas vidas por alguém empenhado pelo despertar, um _bodhisatta_: generosidade(_dāna_), virtude (_sīla_), renúncia (_nekkhamma_), sabedoria (_paññā_), energia/vigor (_viriya_), paciência/pacatez (_khanti_), honestidade/autenticidade (_sacca_), determinação/fundamento (_adhiṭṭhāna_), bem-querer/amor-bondade (_mettā_), e equanimidade/imparcialidade (_upekkhā_). ", "terminology:263": "parinibbāna ", - "terminology:264": "Cessação ou extinção total. Nos textos antigos é geralmente usado como sinônimo de nibbāna, mas às vezes se refere à cessação completa dos khandhas que se dá quando do falecimento de um arahant. ", + "terminology:264": "Cessação ou extinção total. Nos textos antigos é geralmente usado como sinônimo de _nibbāna_, mas às vezes se refere à cessação completa dos _khandhas_ que se dá quando do falecimento de um _arahant_. ", "terminology:265": "parisā ", - "terminology:266": "Assembléia, discipulado, seguidores. Os quatro grupos dos discípulos do Buda que inclui monges (bhikkhus), monjas (bhikkhunis), discípulos leigos homens e mulheres. Compare com o termo saṅgha. Veja bhikkhu, bhikkhunī, upāsaka/upāsikā. ", + "terminology:266": "Assembléia, discipulado, seguidores. Os quatro grupos dos discípulos do Buda que inclui monges (bhikkhus), monjas (bhikkhunis), discípulos leigos homens e mulheres. Compare com o termo _saṅgha_. Veja _bhikkhu_, _bhikkhunī_, _upāsaka/upāsikā_. ", "terminology:267": "pariyatti ", - "terminology:268": "Entendimento teórico do Dhamma obtido através da leitura, estudo e aprendizado. Veja paṭipatti e paṭivedha. ", + "terminology:268": "Entendimento teórico do _Dhamma_ obtido através da leitura, estudo e aprendizado. Veja _paṭipatti_ e _paṭivedha_. ", "terminology:269": "paṭicca-samuppāda ", - "terminology:270": "Originação dependente. Um mapa de doze elos causais que mostra de que forma ignorância (avijjā) e a cobiça ou ânsia (taṇhā) originam o sofrimento (dukkha) em incessante processo de transmigração. Existem várias versões de paṭicca-samuppāda nos suttas, mas o conjunto de doze ligações ou elos é, de longe, o mais comum. ", + "terminology:270": "Originação dependente. Um mapa de doze elos causais que mostra de que forma ignorância (_avijjā_) e a cobiça ou ânsia (_taṇhā_) originam o sofrimento (_dukkha_) em incessante processo de transmigração. Existem várias versões de _paṭicca-samuppāda_ nos suttas, mas o conjunto de doze ligações ou elos é, de longe, o mais comum. ", "terminology:271": "Pātimokkha ", - "terminology:272": "O código básico de disciplina monástica, que consiste em 227 regras para os monges (bhikkhus) e 311 regras para as monjas (bhikkhunīs). Veja Vinaya. ", + "terminology:272": "O código básico de disciplina monástica, que consiste em 227 regras para os monges (_bhikkhus_) e 311 regras para as monjas (_bhikkhunīs_). Veja _Vinaya_. ", "terminology:273": "paṭipadā ", - "terminology:274": "Caminho, via, senda ou estrada; os meios para se alcançar uma meta ou destino. O “Caminho do Meio” (majjhima-paṭipadā) ensinado pelo Buddha; o caminho da prática descrito na quarta Nobre Verdade (dukkhanirodhagāminī-paṭīpadā). ", + "terminology:274": "Caminho, via, senda ou estrada; os meios para se alcançar uma meta ou destino. O “Caminho do Meio” (_majjhima-paṭipadā_) ensinado pelo Buddha; o caminho da prática descrito na quarta Nobre Verdade (_dukkhanirodhagāminī-paṭīpadā_). ", "terminology:275": "paṭipatti ", - "terminology:276": "A prática do Dhamma, como aplicação do conhecimento teórico (pariyatti). Veja também paṭivedha. ", + "terminology:276": "A prática do _Dhamma_, como aplicação do conhecimento teórico (_pariyatti_). Veja também _paṭivedha_. ", "terminology:277": "paṭivedha ", - "terminology:278": "Compreensão direta, e em primeira mão, do Dhamma. Veja também pariyatti e paṭipatti. ", + "terminology:278": "Compreensão direta, e em primeira mão, do _Dhamma_. Veja também _pariyatti_ e _paṭipatti_. ", "terminology:279": "peta ", - "terminology:280": "Um “fantasma faminto” — uma de entre as classes de seres dos reinos inferiores, por vezes capaz de aparecer aos seres humanos. Os petas são frequentemente retratados na arte budista como seres famintos com bocas do tamanho de alfinetes através das quais eles nunca conseguem passar comida suficiente para saciar sua fome. (sânscrito: preta) ", + "terminology:280": "Um “fantasma faminto” — uma de entre as classes de seres dos reinos inferiores, por vezes capaz de aparecer aos seres humanos. Os petas são frequentemente retratados na arte budista como seres famintos com bocas do tamanho de alfinetes através das quais eles nunca conseguem passar comida suficiente para saciar sua fome. (sânscrito: _preta_) ", "terminology:281": "phala ", - "terminology:282": "Fruição, fruto. Especificamente, a fruição de qualquer um dos quatro caminhos supramundanos ou transcendentes (veja magga). ", + "terminology:282": "Fruição, fruto. Especificamente, a fruição de qualquer um dos quatro caminhos supramundanos ou transcendentes (veja _magga_). ", "terminology:283": "pīti ", - "terminology:284": "Êxtase; alegria; deleite. Na meditação, uma qualidade prazerosa da mente que atinge a plena maturidade no desenvolvimento do segundo nível de jhāna. ", + "terminology:284": "Êxtase; alegria; deleite. Na meditação, uma qualidade prazerosa da mente que atinge a plena maturidade no desenvolvimento do segundo nível de _jhāna_. ", "terminology:285": "pūjā ", "terminology:286": "Honra; respeito; observância devocional; adoração e oferendas às divindades. ", "terminology:287": "puñña ", "terminology:288": "Mérito; boas ações. ", "terminology:289": "puthujjana ", - "terminology:290": "Um de muitos, um fulano; um indivíduo “mundano” ou comum que ainda não alcançou nenhum dos quatro estágios do Despertar (veja magga). Compare com ariya-puggala. ", + "terminology:290": "Um de muitos, um fulano; um indivíduo “mundano” ou comum que ainda não alcançou nenhum dos quatro estágios do Despertar (veja _magga_). Compare com _ariya-puggala_. ", "terminology:291": "R ", "terminology:292": "rāga ", - "terminology:293": "luxúria, desejo, paixão; cobiça, ganância. Veja lobha. ", + "terminology:293": "luxúria, desejo, paixão; cobiça, ganância. Veja _lobha_. ", "terminology:294": "rūpa ", - "terminology:295": "Corpo; fenômenos físicos; sentido da visão; forma, materialidade. O significado básico desta palavra é “aparência” ou “forma”. Refere-se, em um sentido geral, a qualquer tipo de fenômeno ou propriedade física conhecível, incluindo matéria e energia, e até mesmo propriedades físicas como a luz, que são experimentadas puramente na mente. É usado em vários contextos diferentes, assumindo diferentes matizes de significado em cada um. Nas listas dos objetos dos sentidos, é dado como o objeto do sentido da visão. Como um dos khandha, se refere aos fenômenos físicos ou sensações, incluindo o próprio corpo e qualquer aspeto físico que o corpo experimente. Este é também o seu significado quando usado em conjunto com o termo nāma (fenômenos mentais). ", + "terminology:295": "Corpo; fenômenos físicos; sentido da visão; forma, materialidade. O significado básico desta palavra é “aparência” ou “forma”. Refere-se, em um sentido geral, a qualquer tipo de fenômeno ou propriedade física conhecível, incluindo matéria e energia, e até mesmo propriedades físicas como a luz, que são experimentadas puramente na mente. É usado em vários contextos diferentes, assumindo diferentes matizes de significado em cada um. Nas listas dos objetos dos sentidos, é dado como o objeto do sentido da visão. Como um dos _khandha_, se refere aos fenômenos físicos ou sensações, incluindo o próprio corpo e qualquer aspeto físico que o corpo experimente. Este é também o seu significado quando usado em conjunto com o termo _nāma_ (fenômenos mentais). ", "terminology:296": "S ", "terminology:297": "sacca ", "terminology:298": "Verdade ", "terminology:299": "saddhā ", - "terminology:300": "Fé, convicção. Uma confiança no Buda que dá a vontade de colocar seus ensinamentos em prática. A fé se torna inabalável com a obtenção da entrada na corrente (ver sotāpanna), pois os ensinamentos foram confirmados em sua própria experiência. ", + "terminology:300": "Fé, convicção. Uma confiança no Buda que dá a vontade de colocar seus ensinamentos em prática. A fé se torna inabalável com a obtenção da entrada na corrente (ver _sotāpanna_), pois os ensinamentos foram confirmados em sua própria experiência. ", "terminology:301": "sādhu ", "terminology:302": "(exclamação) “isso é bom”; uma expressão que demonstra apreciação ou concordância. ", "terminology:303": "sagga ", - "terminology:304": "Paraíso, reino divino ou celestial. A morada dos devas. Diz-se que o renascimento nos céus é uma das recompensas da prática da generosidade (veja dana) e virtude (veja sīla). Porém, como todos os estágios do saṁsāra,, o renascimento em tal destino é temporário. Veja tambémsugati._ ", + "terminology:304": "Paraíso, reino divino ou celestial. A morada dos _ devas_. Diz-se que o renascimento nos céus é uma das recompensas da prática da generosidade (veja dana_) e virtude (veja _sīla_). Porém, como todos os estágios do _saṁsāra,_, o renascimento em tal destino é temporário. Veja também_sugati._ ", "terminology:305": "sakadāgāmī ", - "terminology:306": "‘um que retorna uma vez’. Um indivíduo que abandonou os primeiros três grilhões que aprisionam a mente ao ciclo de renascimentos (veja saṁyojana), enfraqueceu os grilhões do desejo sensual e da má vontade, e que após a morte está destinado a renascer neste mundo somente uma vez mais. ", + "terminology:306": "‘um que retorna uma vez’. Um indivíduo que abandonou os primeiros três grilhões que aprisionam a mente ao ciclo de renascimentos (veja _saṁyojana_), enfraqueceu os grilhões do desejo sensual e da má vontade, e que após a morte está destinado a renascer neste mundo somente uma vez mais. ", "terminology:307": "sakkāya-diṭṭhi ", - "terminology:308": "Crença na identidade, idéia da existência de um eu. A idéia que erroneamente identifica qualquer um dos khandha como um “eu”; o primeiro dos dez grilhões (saṁyojana). O abandono de sakkāya-diṭṭhi é uma das marcas do nível de ‘entrar na correnteza’ (veja sotāpanna). ", + "terminology:308": "Crença na identidade, idéia da existência de um eu. A idéia que erroneamente identifica qualquer um dos _khandha_ como um “eu”; o primeiro dos dez grilhões (_saṁyojana_). O abandono de _sakkāya-diṭṭhi_ é uma das marcas do nível de ‘entrar na correnteza’ (veja _sotāpanna_). ", "terminology:309": "Sākyamuni ", "terminology:310": "“Sábio dos Sakyas”; um epíteto para o Buda. ", "terminology:311": "sākya-putta ", - "terminology:312": "Um membro do clã Sakyan. Ao contrário do uso moderno, nos textos antigos, o termo sākya-putta não se refere aos monges, mas sim ao Buda, enquanto os seus discípulos contemplativos são referidos como “seguidores ascéticos do Sakyan” (_ samaṇā sakyaputtiyā *). ", + "terminology:312": "Um membro do clã Sakyan. Ao contrário do uso moderno, nos textos antigos, o termo _sākya-putta_ não se refere aos monges, mas sim ao Buda, enquanto os seus discípulos contemplativos são referidos como “seguidores ascéticos do Sakyan” (_ samaṇā sakyaputtiyā *). ", "terminology:313": "sallekha-dhamma ", - "terminology:314": "Tópicos para obliteração (obliterando as contaminações) – ter poucos desejos, estar satisfeito com o que tem, isolamento, não se envolver com companhias, energia, virtude (veja sīla), imersão ou concentração, sabedoria, libertação, e o conhecimento e visão da libertação. ", + "terminology:314": "Tópicos para obliteração (obliterando as contaminações) – ter poucos desejos, estar satisfeito com o que tem, isolamento, não se envolver com companhias, energia, virtude (veja _sīla_), imersão ou concentração, sabedoria, libertação, e o conhecimento e visão da libertação. ", "terminology:315": "samādhi ", - "terminology:316": "Imersão, concentração, tranquilidade, calma, aquietação, quietude; a prática de se centrar a mente em uma única sensação ou preocupação, geralmente ao ponto de jhāna. ", + "terminology:316": "Imersão, concentração, tranquilidade, calma, aquietação, quietude; a prática de se centrar a mente em uma única sensação ou preocupação, geralmente ao ponto de _jhāna_. ", "terminology:317": "samaṇa ", - "terminology:318": "Asceta ou contemplativo. O termo tem como raíz śram que significa desgastar ou subjugar. ", + "terminology:318": "Asceta ou contemplativo. O termo tem como raíz _śram_ que significa desgastar ou subjugar. ", "terminology:319": "samaṇera (samaṇerī) ", - "terminology:320": "Literalmente, um pequeno samaṇa. Uma espécie de ordenação originalmente criada para atender jovens com menos de vinte anos a serem ordenados, mas sem as responsabilidades e privilégios da ordenação completa. Mais tarde, evoluiu para se tornar um estágio antes da ordenação completa, independentemente da idade. Um noviço observa dez preceitos, e quando eles completam o vigésimo ano após a concepção, eles podem se tornar candidatos à completa ordenação na ordem dos bhikkhus ou das bhikkhunīs. Veja pabbajjā. ", + "terminology:320": "Literalmente, um pequeno _samaṇa_. Uma espécie de ordenação originalmente criada para atender jovens com menos de vinte anos a serem ordenados, mas sem as responsabilidades e privilégios da ordenação completa. Mais tarde, evoluiu para se tornar um estágio antes da ordenação completa, independentemente da idade. Um noviço observa dez preceitos, e quando eles completam o vigésimo ano após a concepção, eles podem se tornar candidatos à completa ordenação na ordem dos _bhikkhus_ ou das _bhikkhunīs_. Veja _pabbajjā_. ", "terminology:321": "sambhavesin ", "terminology:322": "Um ser buscando por um lugar para renascer. ", "terminology:323": "sammuti ", "terminology:324": "Realidade convencional; convenção; verdade relativa; suposição; qualquer coisa criada pela mente. ", "terminology:325": "sampajañña ", - "terminology:326": "Consciência situacional; presença de espírito; clara compreensão, plena consciência. Veja sati. ", + "terminology:326": "Consciência situacional; presença de espírito; clara compreensão, plena consciência. Veja _sati_. ", "terminology:327": "saṁsāra ", - "terminology:328": "Transmigração, perambulação; o ciclo de morte e renascimento. Veja vaṭṭa. ", + "terminology:328": "Transmigração, perambulação; o ciclo de morte e renascimento. Veja _vaṭṭa_. ", "terminology:329": "saṁvega ", "terminology:330": "Sensação ou sentimento de reverência, choque ou inspiração quando confrontado com realidades espirituais; especialmente um senso de urgência para praticar. ", "terminology:331": "saṁyojana ", - "terminology:332": "Grilhões que aprisionam a mente ao ciclo de renascimentos (veja vaṭṭa) – idéia da existência de um eu (identidade) (sakkāya-diṭṭhi), dúvida (vicikiccha), apego a preceitos e rituais (sīlabbata-parāmāsa); desejo sensual (kāma-rāga), má vontade (vyāpāda); desejo pela forma (rūpa-rāga), desejo pelos fenômenos sem forma (arūpa-rāga), presunção (māna), inquietação (uddhacca), e ignorância (avijjā). Compare com anusaya. ", + "terminology:332": "Grilhões que aprisionam a mente ao ciclo de renascimentos (veja _vaṭṭa_) – idéia da existência de um eu (identidade) (_sakkāya-diṭṭhi_), dúvida (_vicikiccha_), apego a preceitos e rituais (_sīlabbata-parāmāsa); desejo sensual (_kāma-rāga_), má vontade (_vyāpāda); desejo pela forma (_rūpa-rāga_), desejo pelos fenômenos sem forma (_arūpa-rāga_), presunção (_māna_), inquietação (_uddhacca_), e ignorância (_avijjā_). Compare com _anusaya_. ", "terminology:333": "sandiṭṭhiko ", "terminology:334": "Eficaz nesta mesma vida; imediatamente aparente; visível aqui e agora. Um epíteto para o Dhamma. ", "terminology:335": "saṅgha ", "terminology:337": "a “Saṅgha monástica” (comunidades de monges e monjas budistas) em quem os discípulos leigos tomam refúgio; ", - "terminology:338": "os seguidores do Buddha, leigos ou ordenados, que alcançaram pelo menos o nível de “entrar na correnteza” (veja sotāpanna), o primeiro dos caminhos supramundanos ou transcendentes (veja magga) culminando em nibbāna. ", - "terminology:340": "parisā ", + "terminology:338": "os seguidores do Buddha, leigos ou ordenados, que alcançaram pelo menos o nível de “entrar na correnteza” (veja _sotāpanna_), o primeiro dos caminhos supramundanos ou transcendentes (veja _magga_) culminando em _nibbāna_. ", + "terminology:340": "_parisā_ ", "terminology:342": "saṅkhāra ", - "terminology:343": "Condição, fenômenos condicionados, escolhas, intenção, causa—as forças e fatores que originam de modo dependente as coisas (físicas ou mentais), o processo de criação e as coisas que destas resultam por vez.Saṅkhāra pode se referir a qualquer coisa formada, originada ou criada por condições, ou, mais especificamente, às formações, condições e atividades mentais (um dos cinco khandhas). ", + "terminology:343": "Condição, fenômenos condicionados, escolhas, intenção, causa—as forças e fatores que originam de modo dependente as coisas (físicas ou mentais), o processo de criação e as coisas que destas resultam por vez._Saṅkhāra_ pode se referir a qualquer coisa formada, originada ou criada por condições, ou, mais especificamente, às formações, condições e atividades mentais (um dos cinco _khandhas_). ", "terminology:344": "saññā ", - "terminology:345": "Percepção; reconhecimento; interpretação; alusão. Veja khandha. ", + "terminology:345": "Percepção; reconhecimento; interpretação; alusão. Veja _khandha_. ", "terminology:346": "sanyojana ", - "terminology:347": "Veja saṁyojana. ", + "terminology:347": "Veja _saṁyojana_. ", "terminology:348": "sāsana ", - "terminology:349": "Mensagem, instrução, convite ou chamado. A revelação, doutrina e legado do Buddha; a religião budista (veja Dhamma-vinaya). ", + "terminology:349": "Mensagem, instrução, convite ou chamado. A revelação, doutrina e legado do Buddha; a religião budista (veja _Dhamma-vinaya_). ", "terminology:350": "sati ", - "terminology:351": "Atenção plena, memória, lembrança, poderes de referência e retenção. Em alguns contextos, a palavra sati, quando usada por si só, também abrange plena consciência ou consciência situacional (sampajañña). ", + "terminology:351": "Atenção plena, memória, lembrança, poderes de referência e retenção. Em alguns contextos, a palavra _sati_, quando usada por si só, também abrange plena consciência ou consciência situacional (_sampajañña_). ", "terminology:352": "satipaṭṭhāna ", "terminology:353": "Tipos de meditação da atenção plena; fundamentos ou estabelecimentos da atenção plena — corpo, sensações, mente e os princípios da causalidade que governam a mente. O sétimo dos oito fatores do Nobre Caminho Óctuplo, se refere principalmente à “meditação”, ou, por outras palavras, ao que fazemos quando nos sentamos para meditar. Os quatro aspectos representam um processo de meditação aprofundado gradualmente, como exemplificado na atenção plena na respiração, que é o principal exemplo dessa prática. Os três primeiros aspetos focam-se em estabelecer e acalmar a mente e o último em desenvolver insight. ", "terminology:354": "sa-upādisesa-nibbāna ", - "terminology:355": "Nibbāna com combustível restante (a analogia remete para um fogo extinto cujas brasas estão ainda incadescentes)—libertação experimentada nesta vida por um arahant. Compare com anupādisesa-nibbāna. ", + "terminology:355": "Nibbāna com combustível restante (a analogia remete para um fogo extinto cujas brasas estão ainda incadescentes)—libertação experimentada nesta vida por um arahant. Compare com _anupādisesa-nibbāna_. ", "terminology:356": "sāvaka ", - "terminology:357": "Literalmente, um “ouvinte”. Um discípulo do Buddha, especialmente um discípulo nobre (veja ariya-puggala.) ", + "terminology:357": "Literalmente, um “ouvinte”. Um discípulo do Buddha, especialmente um discípulo nobre (veja _ariya-puggala_.) ", "terminology:358": "sekha ", - "terminology:359": "Um “aprendiz”, “discípulo” ou “alguém em treinamento”; um discípulo nobre (ariya-puggala) que ainda não se tornou em um arahant. ", + "terminology:359": "Um “aprendiz”, “discípulo” ou “alguém em treinamento”; um discípulo nobre (_ariya-puggala_) que ainda não se tornou em um arahant. ", "terminology:360": "sīla ", - "terminology:361": "Virtude, moralidade. A qualidade de pureza ética e moral que previne que alguém se afaste do Nobre Caminho Óctuplo. Também, os preceitos de treinamento que impedem a realização de ações inábeis ou prejudiciais. Sīla é o segundo tema no treinamento gradual (veja anupubbī-kathā), o segundo de sete tesouros (veja dhana) e o primeiro dos três fundamentos para ações meritórias (veja dāna e bhāvanā). ", + "terminology:361": "Virtude, moralidade. A qualidade de pureza ética e moral que previne que alguém se afaste do Nobre Caminho Óctuplo. Também, os preceitos de treinamento que impedem a realização de ações inábeis ou prejudiciais. Sīla é o segundo tema no treinamento gradual (veja _anupubbī-kathā_), o segundo de sete tesouros (veja _dhana_) e o primeiro dos três fundamentos para ações meritórias (veja _dāna_ e _bhāvanā_). ", "terminology:362": "sīma ", - "terminology:363": "Fronteira, demarcação ou território que define os limites de uma específica Saṅgha monástica para fins de atos formais, tais como upasampadā, recitação do pātimokkha, resolução de disputas, etc. ", + "terminology:363": "Fronteira, demarcação ou território que define os limites de uma específica Saṅgha monástica para fins de atos formais, tais como _upasampadā_, recitação do _pātimokkha_, resolução de disputas, etc. ", "terminology:364": "sotāpanna ", - "terminology:365": "Aquele que entrou na correnteza. Uma pessoa que abandonou os primeiros três grilhões que aprisionam a mente ao ciclo de renascimentos (veja saṁyojana) e, dessa forma, entrou na “correnteza”, fluindo inexoravelmente para nibbāna, com a garantia de que renascerá no máximo mais sete vezes, e apenas no reino humano ou reinos superiores. ", + "terminology:365": "Aquele que entrou na correnteza. Uma pessoa que abandonou os primeiros três grilhões que aprisionam a mente ao ciclo de renascimentos (veja _saṁyojana_) e, dessa forma, entrou na “correnteza”, fluindo inexoravelmente para _nibbāna_, com a garantia de que renascerá no máximo mais sete vezes, e apenas no reino humano ou reinos superiores. ", "terminology:366": "entrar na correnteza, aquele que venceu a correnteza ", - "terminology:367": "veja sotāpanna. ", + "terminology:367": "veja _sotāpanna_. ", "terminology:368": "estresse ", - "terminology:369": "Veja dukkha. ", - "terminology:370": "stupa (Pali: thūpa) ", + "terminology:369": "Veja _dukkha_. ", + "terminology:370": "stupa (Pali: _thūpa_) ", "terminology:371": "Originalmente, um túmulo ou colina com uma sepultura guardando as relíquias de uma pessoa santa – tal como o Buddha – ou objetos associados com a sua vida. Ao longo dos séculos, se desenvolveu nos monumentos altos e espiralados familiares nos templos da Tailândia, Sri Lanka e Birmânia; e nos pagodes da China, Coréia e Japão. ", "terminology:372": "sugati ", - "terminology:373": "Destinação feliz; os dois níveis de existência mais elevados em que alguém pode renascer como resultado de ações hábeis ou benéficas do passado (veja kamma): renascimento no reino humano ou nos paraísos (veja sagga). Nenhum desses estados é permanente. Compare com apāya-bhūmi_. ", + "terminology:373": "Destinação feliz; os dois níveis de existência mais elevados em que alguém pode renascer como resultado de ações hábeis ou benéficas do passado (veja _kamma): renascimento no reino humano ou nos paraísos (veja _sagga_). Nenhum desses estados é permanente. Compare com _apāya-bhūmi_. ", "terminology:374": "sugata ", "terminology:375": "Bem-aventurado; que se saiu bem; indo (ou tendo ido) para uma boa destinação. Um epíteto do Buddha. ", "terminology:376": "sukha ", - "terminology:377": "Felicidade, bem-aventurança, satisfação; bem-estar; contentamento. Na meditação, uma qualidade mental que atinge a plena maturidade no desenvolvimento do terceiro nível de jhāna. Também usado, com sentido existencial, para a alegria da cessação que está além de toda a sensação. ", + "terminology:377": "Felicidade, bem-aventurança, satisfação; bem-estar; contentamento. Na meditação, uma qualidade mental que atinge a plena maturidade no desenvolvimento do terceiro nível de _jhāna_. Também usado, com sentido existencial, para a alegria da cessação que está além de toda a sensação. ", "terminology:378": "sutta ", - "terminology:379": "Literalmente, “fio” ou “corda”; um discurso ou sermão do Buddha ou de seus discípulos contemporâneos. Nos textos antigos ou iniciais, o termo sutta é usado em seu sentido habitual, como discurso, mas também em um sentido mais restrito para se referir a uma seção dos discursos, provavelmente se referindo a resumos ou exposições breves. É usado também, com este sentido, para o código monástico (pātimokkha). Após a morte do Buddha, os suttas foram originalmente transmitidos através da tradição oral. As várias escolas do budismo mantiveram suas próprias coleções, que variam um pouco na organização, mas são em grande parte idênticas em conteúdo. (sânscrito: sūtra) ", + "terminology:379": "Literalmente, “fio” ou “corda”; um discurso ou sermão do Buddha ou de seus discípulos contemporâneos. Nos textos antigos ou iniciais, o termo _sutta_ é usado em seu sentido habitual, como discurso, mas também em um sentido mais restrito para se referir a uma seção dos discursos, provavelmente se referindo a resumos ou exposições breves. É usado também, com este sentido, para o código monástico (_pātimokkha_). Após a morte do Buddha, os suttas foram originalmente transmitidos através da tradição oral. As várias escolas do budismo mantiveram suas próprias coleções, que variam um pouco na organização, mas são em grande parte idênticas em conteúdo. (sânscrito: _sūtra_) ", "terminology:380": "T ", "terminology:381": "taṇhā ", - "terminology:382": "Desejo, sede—pela sensualidade (kāmataṇhā), por ser/existir (bhavataṇhā), ou por não ser/existir (vibhavataṇhā), veja bhava. Veja tambémlobha (greed; passion). ", + "terminology:382": "Desejo, sede—pela sensualidade (_kāmataṇhā_), por ser/existir (_bhavataṇhā_), ou por não ser/existir (_vibhavataṇhā_), veja _bhava_. Veja também_lobha_ (greed; passion). ", "terminology:383": "tāpas ", "terminology:384": "O “calor” purificador das práticas ascéticas. Em sistemas pré-budistas como o dos jainistas, isso se refere à prática de penitências ou auto-mortificação, que se acreditava criar um calor físico no corpo que queimava as impurezas. O Buda adaptou o conceito para se referir ao seu próprio caminho em um sentido puramente psicológico. ", "terminology:385": "Tathāgata ", "terminology:386": "O “Realizado”, um epíteto frequente do Buda, embora ocasionalmente também seja usado para qualquer um dos seus discípulos e discípulas que alcançaram a fruição de arahant. O sentido é o de alguém que realizou ou incorporou a verdade em sua forma mais elevada. O termo é objeto de extensa exegese nos comentários. ", "terminology:387": "ti-lakkhaṇa ", - "terminology:388": "Três características inerentes a todos fenômenos condicionados— impermanência ou incerteza (anicca), sofrimento (dukkha) e não-eu ou ausência de um eu (anattā). ", + "terminology:388": "Três características inerentes a todos fenômenos condicionados— impermanência ou incerteza (_anicca_), sofrimento (_dukkha_) e não-eu ou ausência de um eu (_anattā_). ", "terminology:389": "tipiṭaka ", - "terminology:390": "O cânone budista. Literalmente, “três cestas”, em referência às três principais divisões do cânone: o Vinaya Piṭaka (regras disciplinares e procedimentos para o treinamento monástico) ; Sutta Piṭaka (discursos); e Abhidhamma Piṭaka (tratados filosóficos abstratos). O termo não é encontrado nos textos antigos. (Sânscrito: tripiṭaka ) ", + "terminology:390": "O cânone budista. Literalmente, “três cestas”, em referência às três principais divisões do cânone: o _ Vinaya Piṭaka _ (regras disciplinares e procedimentos para o treinamento monástico) ; _ Sutta Piṭaka _ (discursos); e _ Abhidhamma Piṭaka _ (tratados filosóficos abstratos). O termo não é encontrado nos textos antigos. (Sânscrito: _ tripiṭaka _) ", "terminology:391": "tiratana ", - "terminology:392": "A “Jóia Tríplice”: o Buda, Dhamma , e Saṅgha - três ideais nos quais todos os budistas se refugiam. Veja tisarana . ", + "terminology:392": "A “Jóia Tríplice”: o Buda, Dhamma , e Saṅgha - três ideais nos quais todos os budistas se refugiam. Veja _ tisarana _ . ", "terminology:393": "tisaraṇa ", - "terminology:394": "O “Refúgio Tríplice” - o Buda, Dhamma e Saṅgha. Neste contexto, o refúgio para a comunidade leiga é a Saṅgha mendicante (as comunidades de bhikkhus e bhikkhunis). Veja tiratana . ", + "terminology:394": "O “Refúgio Tríplice” - o Buda, Dhamma e Saṅgha. Neste contexto, o refúgio para a comunidade leiga é a Saṅgha mendicante (as comunidades de bhikkhus e bhikkhunis). Veja _ tiratana _. ", "terminology:395": "U ", "terminology:396": "ugghaṭitaññu ", - "terminology:397": "De compreensão rápida. Após ter alcançado o Despertar, o Buda considerou se deveria ou não ensinar o Dhamma, e percebeu que havia quatro categorias de seres: os de compreensão rápida, que alcançariam o Despertar depois de uma breve explicação do Dhamma; aqueles que ganhariam o Despertar somente após uma longa explicação (vipacitaññu); aqueles que ganhariam o Despertar somente depois de serem conduzidos através da prática (neyya); e aqueles que, ao invés de ganhar o Despertar, na melhor das hipóteses, obteriam apenas uma compreensão verbal do Dhamma (padaparama). ", + "terminology:397": "De compreensão rápida. Após ter alcançado o Despertar, o Buda considerou se deveria ou não ensinar o Dhamma, e percebeu que havia quatro categorias de seres: os de compreensão rápida, que alcançariam o Despertar depois de uma breve explicação do Dhamma; aqueles que ganhariam o Despertar somente após uma longa explicação (_vipacitaññu_); aqueles que ganhariam o Despertar somente depois de serem conduzidos através da prática (_neyya_); e aqueles que, ao invés de ganhar o Despertar, na melhor das hipóteses, obteriam apenas uma compreensão verbal do Dhamma (_padaparama_). ", "terminology:398": "upādāna ", "terminology:399": "Apego; fixação; combustível, aquilo que alimenta ou dá sustento ao processo de ser/existir e (re)nascer — os quatro tipos de apego são: à sensualidade, às idéias, a preceitos e rituais e a idéias da existência de um eu. ", "terminology:400": "upasampadā ", - "terminology:401": "Aceitação, reconhecimento, aprovação; ordenação completa como um bhikkhu ou bhikkhunī. Veja pabbajjā. ", + "terminology:401": "Aceitação, reconhecimento, aprovação; ordenação completa como um _bhikkhu_ ou _bhikkhunī_. Veja _pabbajjā_. ", "terminology:402": "upāsaka/upāsikā ", - "terminology:403": "Um discípulo leigo / uma discípula leiga do Buda. Compare com parisā. ", + "terminology:403": "Um discípulo leigo / uma discípula leiga do Buda. Compare com _parisā_. ", "terminology:404": "upekkhā ", - "terminology:405": "Equanimidade. Um das quatro “moradas sublimes” (brahma-vihāra). ", + "terminology:405": "Equanimidade. Um das quatro “moradas sublimes” (_brahma-vihāra_). ", "terminology:406": "uposatha ", - "terminology:407": "Dia de observância; sabá/sabat. Corresponde às fases da lua, no qual pessoas leigas Budistas se reúnem para ouvir o Dhamma e observar preceitos especiais. Nos dias de uposatha da lua nova e lua cheia os monges se reúnem para recitar as regras do Pātimokkha. ", + "terminology:407": "Dia de observância; sabá/sabat. Corresponde às fases da lua, no qual pessoas leigas Budistas se reúnem para ouvir o Dhamma e observar preceitos especiais. Nos dias de uposatha da lua nova e lua cheia os monges se reúnem para recitar as regras do _Pātimokkha_. ", "terminology:408": "V ", "terminology:409": "vassa ", "terminology:410": "Retiro das chuvas, quaresma. O período de Julho a Outubro, que corresponde aproximadamente à época de chuvas, em que se requer que cada monge permaneça vivendo em um só lugar sem perambular livremente. ", "terminology:411": "vaṭṭa ", - "terminology:412": "O ciclo de nascimento, morte e renascimento. Veja saṁsāra. ", + "terminology:412": "O ciclo de nascimento, morte e renascimento. Veja _saṁsāra_. ", "terminology:413": "vedanā ", - "terminology:414": "Sensação — agradável (felicidade, bem-estar), dolorosa (sofrimento) ou neutra / nem agradável nem dolorosa. Veja khandha. ", + "terminology:414": "Sensação — agradável (felicidade, bem-estar), dolorosa (sofrimento) ou neutra / nem agradável nem dolorosa. Veja _khandha_. ", "terminology:415": "Vesak, Vesakha, Visakha, Wesak, etc. (visākha) ", - "terminology:416": "O antigo nome para o mês lunar indiano da primavera, correspondendo ao nosso Abril-Maio. De acordo com a tradição, o nascimento do Buddha, o seu Despertar e o seu Parinibbāna ocorreram todos na noite de lua cheia do mês de Visākha. Esses eventos são comemorados nesse dia no festival do Visākha, que é celebrado anualmente em todo o mundo do Budismo Theravada. ", + "terminology:416": "O antigo nome para o mês lunar indiano da primavera, correspondendo ao nosso Abril-Maio. De acordo com a tradição, o nascimento do Buddha, o seu Despertar e o seu _Parinibbāna_ ocorreram todos na noite de lua cheia do mês de Visākha. Esses eventos são comemorados nesse dia no festival do Visākha, que é celebrado anualmente em todo o mundo do Budismo Theravada. ", "terminology:417": "vicāra ", - "terminology:418": "Reflexão, consideração; aplicação sustentada da mente, pensamento sustentado ou discursivo. Na meditação, vicāra é o fator mental que mantém a atenção no objeto de meditação escolhido. Vicāra e o seu fator acompanhante vitakka alcançam plena maturidade com o desenvolvimento do primeirojhāna. ", + "terminology:418": "Reflexão, consideração; aplicação sustentada da mente, pensamento sustentado ou discursivo. Na meditação, _vicāra_ é o fator mental que mantém a atenção no objeto de meditação escolhido. _Vicāra_ e o seu fator acompanhante _vitakka_ alcançam plena maturidade com o desenvolvimento do primeiro_jhāna_. ", "terminology:419": "vijjā ", "terminology:420": "Conhecimento claro e verdadeiro; consciência genuína; ciência (especificamente, os poderes cognitivos desenvolvidos através da prática da imersão/concentração e da sabedoria). ", "terminology:421": "vijjā-caraṇa-sampanno ", "terminology:422": "Perfeito no conhecimento e na conduta; realizado na conduta que leva à consciência ou habilidade cognitiva. Um epíteto para o Buddha. ", "terminology:423": "vimutti ", - "terminology:424": "Libertação; liberação do sofrimento. Os suttas distinguem entre dois tipos de libertação: a libertação através da sabedoria (paññā-vimutti), que descreve a mente do arahant livre dos āsavas; e a libertação da mente (ceto-vimutti) que descreve a supressão sustentada dos kilesas durante a prática de jhāna e dos quatro brahma-vihāras, ou também o estado da liberdade da mente do arahant. ", + "terminology:424": "Libertação; liberação do sofrimento. Os suttas distinguem entre dois tipos de libertação: a libertação através da sabedoria (_paññā-vimutti_), que descreve a mente do _arahant_ livre dos _āsavas_; e a libertação da mente (_ceto-vimutti_) que descreve a supressão sustentada dos _kilesas_ durante a prática de _jhāna_ e dos quatro _brahma-vihāras_, ou também o estado da liberdade da mente do arahant. ", "terminology:425": "Vinaya ", - "terminology:426": "Treinamento; diretrizes; disciplina monástica. Nos suttas antigos, vinaya é mais comumente emparelhado com dhamma*, significando “teoria e prática” como um termo geral para a religião do Buddha. Também é comumente usado no sentido de afastamento ou libertação das impurezas. Foi igualmente aplicado ao conjunto crescente de regras e procedimentos que governam a disciplina monástica, e esse significado cresceu para se tornar o dominante nos anos posteriores. O Vinaya como Lei Monástica abrange seis volumes em texto impresso, cujas regras e tradições definem todos os aspectos do modo de vida dos bhikkhus’ e bhikkhunīs’. A essência das regras para os monásticos está contida no Pātimokkha_. ", + "terminology:426": "Treinamento; diretrizes; disciplina monástica. Nos suttas antigos, _vinaya_ é mais comumente emparelhado com _dhamma*, significando “teoria e prática” como um termo geral para a religião do Buddha. Também é comumente usado no sentido de afastamento ou libertação das impurezas. Foi igualmente aplicado ao conjunto crescente de regras e procedimentos que governam a disciplina monástica, e esse significado cresceu para se tornar o dominante nos anos posteriores. O Vinaya como Lei Monástica abrange seis volumes em texto impresso, cujas regras e tradições definem todos os aspectos do modo de vida dos _bhikkhus’_ e _bhikkhunīs’_. A essência das regras para os monásticos está contida no _Pātimokkha_. ", "terminology:427": "viññāṇa ", - "terminology:428": "Consciência, consciência sensorial; cognição; o ato de estar ciente dos objetos sensoriais e idéias conforme ocorrem. O Buddha declarou enfaticamente que toda a consciência é condicionada. Veja khandha. ", + "terminology:428": "Consciência, consciência sensorial; cognição; o ato de estar ciente dos objetos sensoriais e idéias conforme ocorrem. O Buddha declarou enfaticamente que toda a consciência é condicionada. Veja _khandha_. ", "terminology:429": "vipāka ", - "terminology:430": "A conseqüência e resultado de uma escolha no passado kamma). ", + "terminology:430": "A conseqüência e resultado de uma escolha no passado _kamma_). ", "terminology:431": "vipassanā ", - "terminology:432": "Insight ou discernimento intuitivo e claro dos fenômenos físicos e mentais à medida que eles surgem e desaparecem, vendo-os pelo que eles realmente são — em si e por si mesmos — em termos das três características (veja ti-lakkhaṇa) e em termos do sofrimento, sua origem, sua cessação e do caminho que leva à sua cessação (veja ariya-sacca). ", + "terminology:432": "Insight ou discernimento intuitivo e claro dos fenômenos físicos e mentais à medida que eles surgem e desaparecem, vendo-os pelo que eles realmente são — em si e por si mesmos — em termos das três características (veja _ti-lakkhaṇa_) e em termos do sofrimento, sua origem, sua cessação e do caminho que leva à sua cessação (veja _ariya-sacca_). ", "terminology:433": "viriya ", - "terminology:434": "Energia, vigor, ânimo. Uma das cinco faculdades (indriya; veja bodhi-pakkhiya-dhammā) e um dos cinco poderes/fatores dominantes (bala; veja bodhi-pakkhiya-dhammā). ", + "terminology:434": "Energia, vigor, ânimo. Uma das cinco faculdades (_indriya;_ veja _bodhi-pakkhiya-dhammā_) e um dos cinco poderes/fatores dominantes (_bala;_ veja _bodhi-pakkhiya-dhammā_). ", "terminology:435": "vitakka ", - "terminology:436": "Pensamento, pensamento aplicado. Na meditação, vitakka é o fator mental através do qual a atenção é aplicada ao objeto de meditação escolhido. Vitakka e o seu fator acompanhante vicāra alcançam plena maturidade com o desenvolvimento do primeirojhāna. ", + "terminology:436": "Pensamento, pensamento aplicado. Na meditação, _vitakka_ é o fator mental através do qual a atenção é aplicada ao objeto de meditação escolhido. _Vitakka_ e o seu fator acompanhante _vicāra_ alcançam plena maturidade com o desenvolvimento do primeiro_jhāna_. ", "terminology:437": "WXYZ ", "terminology:438": "yakkha ", "terminology:439": "Espírito da natureza, duende, gnomo. Uma classe de poderosos seres “não humanos” — às vezes bondosos, às vezes assassinos e cruéis — correspondendo aproximadamente às fadas e ogros dos contos de fada ocidentais. Na literatura mais tardia, estes passaram a ser considerados principalmente malévolos, mas nos dias do Buddha eles eram moralmente ambíguos e, de fato, eram comumente adorados como divindades. ", diff --git a/translation/pt/site/vinaya_translation-pt-site.json b/translation/pt/site/vinaya_translation-pt-site.json index f84b22a07a98..36b0737f226a 100644 --- a/translation/pt/site/vinaya_translation-pt-site.json +++ b/translation/pt/site/vinaya_translation-pt-site.json @@ -7,11 +7,11 @@ "vinaya:6": "Perspectivas Modernas ", "vinaya:7": "Comentários ", "vinaya:8": "Referências e Leituras Relacionadas ", - "vinaya:9": "O Vinaya Piṭaka, “A Cesta da Disciplina Monástica”, contém as regras observadas pelos discípulos monásticos e os regulamentos aos quais as comunidades monásticas estão sujeitas. O Código de Disciplina Monástica está disponível em mais recensões do que qualquer outra parte do Tipiṭaka. Há uma versão completa em páli e quatro versões completas em chinês, todas pertencentes a diferentes escolas do budismo antigo: Mahāsāṅghika, Dharmaguptaka, Mahīśāsaka e Sarvāstivāda. O Tipiṭaka chinês também preserva outros textos relacionados ao Vinaya, como um bhikkhu pātimokkha independente da Escola Kāśyapīya e vários textos Vinaya. O Vinaya da escola Mūlasarvāstivāda existe em três versões: um texto completo em tradução tibetana, uma versão quase completa em chinês e partes substanciais em sânscrito. Há também vários textos do Vinaya, bem como um grande número de fragmentos, em sânscrito e outros idiomas antigos da Índia, principalmente de proveniência Mahāsāṅghika, Sarvāstivāda e Mūlasarvāstivāda. ", + "vinaya:9": "O Vinaya Piṭaka, “A Cesta da Disciplina Monástica”, contém as regras observadas pelos discípulos monásticos e os regulamentos aos quais as comunidades monásticas estão sujeitas. O Código de Disciplina Monástica está disponível em mais recensões do que qualquer outra parte do Tipiṭaka. Há uma versão completa em páli e quatro versões completas em chinês, todas pertencentes a diferentes escolas do budismo antigo: Mahāsāṅghika, Dharmaguptaka, Mahīśāsaka e Sarvāstivāda. O Tipiṭaka chinês também preserva outros textos relacionados ao Vinaya, como um _bhikkhu pātimokkha _ independente da Escola Kāśyapīya e vários textos Vinaya. O Vinaya da escola Mūlasarvāstivāda existe em três versões: um texto completo em tradução tibetana, uma versão quase completa em chinês e partes substanciais em sânscrito. Há também vários textos do Vinaya, bem como um grande número de fragmentos, em sânscrito e outros idiomas antigos da Índia, principalmente de proveniência Mahāsāṅghika, Sarvāstivāda e Mūlasarvāstivāda. ", "vinaya:10": "Origens ", - "vinaya:11": "O termo vinaya, aqui traduzido como “Código de Disciplina Monástica”, originalmente significava “treinamento”, como pode ser visto em seu uso nos textos do Sutta Piṭaka (“Cesta dos Discursos”). Nesse sentido, é algo que complementa o Dhamma - a doutrina ou ensinamento - e fornece instruções sobre como o treinamento deve ser alcançado. O composto dhamma-vinaya é comum na literatura mais antiga e pode ser traduzido como “teoria e prática”. Gradualmente, o significado mudou para referir-se específicamente às regras de conduta, referindo-se ao treinamento em um sentido mais restrito. Embora o uso anterior seja mais comum nos suttas , este último uso da vinaya veio a se tornar o dominante, prevalecendo até os dias atuais. ", - "vinaya:12": "O conteúdo do Código de Disciplina Monástica tomou forma ao longo de um período de vários séculos após a morte do Buda. No entanto, dado os paralelos em termos de alguns dos aspectos mais fundamentais do Vinaya entre as diversas escrituras sobreviventes, parece provável que as partes mais antigas tenham se originado nos dias de Buda. Isso inclui as regras de conduta que se aplicam a todos os monásticos, conhecidos como pātimokkha, e vários dos procedimentos mais importantes que regulam o funcionamento adequado das comunidades monásticas. São apenas essas partes do Vinaya que podem ser consideradas como Textos Budistas Antigos no sentido mais estrito. ", - "vinaya:13": "Em torno deste núcleo, o Vinaya expandiu-se gradualmente. Com o tempo, as regras do pātimokkha ganharam comentários canônicos que incluem histórias de origem, análises de palavras, séries detalhadas de permutação sobre a aplicabilidade das regras, cláusulas de não-ofensa e estudos de caso. Para o restante do Vinaya, conhecido como Khandhakas, a expansão foi menos estruturada, com regras, histórias e procedimentos menores aparentemente tendo sido adicionados conforme surgiu a necessidade. Frauwallner (1956) demonstrou que, apesar de um núcleo comum significativo, muitos dos detalhes dessa parte do Vinaya variam entre as escolas. ", + "vinaya:11": "O termo _vinaya_, aqui traduzido como “Código de Disciplina Monástica”, originalmente significava “treinamento”, como pode ser visto em seu uso nos textos do Sutta Piṭaka (“Cesta dos Discursos”). Nesse sentido, é algo que complementa o Dhamma - a doutrina ou ensinamento - e fornece instruções sobre como o treinamento deve ser alcançado. O composto _dhamma-vinaya_ é comum na literatura mais antiga e pode ser traduzido como “teoria e prática”. Gradualmente, o significado mudou para referir-se específicamente às regras de conduta, referindo-se ao treinamento em um sentido mais restrito. Embora o uso anterior seja mais comum nos _ suttas _, este último uso da _ vinaya _ veio a se tornar o dominante, prevalecendo até os dias atuais. ", + "vinaya:12": "O conteúdo do Código de Disciplina Monástica tomou forma ao longo de um período de vários séculos após a morte do Buda. No entanto, dado os paralelos em termos de alguns dos aspectos mais fundamentais do Vinaya entre as diversas escrituras sobreviventes, parece provável que as partes mais antigas tenham se originado nos dias de Buda. Isso inclui as regras de conduta que se aplicam a todos os monásticos, conhecidos como _pātimokkha_, e vários dos procedimentos mais importantes que regulam o funcionamento adequado das comunidades monásticas. São apenas essas partes do Vinaya que podem ser consideradas como Textos Budistas Antigos no sentido mais estrito. ", + "vinaya:13": "Em torno deste núcleo, o Vinaya expandiu-se gradualmente. Com o tempo, as regras do _pātimokkha_ ganharam comentários canônicos que incluem histórias de origem, análises de palavras, séries detalhadas de permutação sobre a aplicabilidade das regras, cláusulas de não-ofensa e estudos de caso. Para o restante do Vinaya, conhecido como Khandhakas, a expansão foi menos estruturada, com regras, histórias e procedimentos menores aparentemente tendo sido adicionados conforme surgiu a necessidade. Frauwallner (1956) demonstrou que, apesar de um núcleo comum significativo, muitos dos detalhes dessa parte do Vinaya variam entre as escolas. ", "vinaya:14": "O ponto de corte exato após o qual nenhum material novo foi adicionado ao Vinaya Canônico é impossível ser definido e variou de escola para escola. Por motivos lingüísticos, parece provável que a maioria das adições ao Vinaya páli, com exceção do Parivāra, foi feita antes de sua chegada ao Sri Lanka, no terceiro século aC. Depois desse ponto, material novo foi acrescentado à literatura dos comentários. E esta, apesar de sua provável origem continental, foi amplamente expandida e editada no Sri Lanka. ", "vinaya:15": "O Vinaya não foi estabelecido a partir de um plano geral de fornecer à comunidade monástica uma estrutura legal, mas foi sim estabelecido regra por regra, em resposta a problemas que iam surgindo na Ordem monástica. Foi o Dhamma, o ensinamento, que orientou o estabelecimento do Vinaya, e este é subsidiário e vinculado às preocupações mais amplas da prática adequada do caminho budista. Um grande número de regras foi estabelecido em resposta às críticas dos leigos sobre a Ordem monástica. ", "vinaya:16": "Transmissão Textual e as Escolas ", @@ -19,47 +19,47 @@ "vinaya:18": "A primeira divisão na ordem monástica ocorreu entre os Mahāsāṅghikas e os Sthaviras, muito aproximadamente por volta de 200 aC. Cada um desses ramos se dividiu por sua vez em várias sub-escolas. Dos seis Vinayas completos ainda existentes, apenas um pertence ao grupo Mahāsāṅghika e os cinco restantes a sub-escolas descendentes dos Sthaviras. Devemos, portanto, esperar encontrar qualidades compartilhadas entre os Vinayas das escolas Sthavira que estão faltando no Mahāsāṅghika Vinaya. De fato, os Khandhakas do Mahāsāṅghika Vinaya são estruturados diferentemente daqueles de todos os outros Vinayas. ", "vinaya:19": "As sub-escolas do ramo Sthavira para as quais ainda temos Vinayas completos se dividem em dois subgrupos: no primeiro grupo temos a Sarvāstivāda e a Mūlasarvāstivāda, no segundo temos a Dharmaguptaka, a Mahīśāsaka e a Theravāda. Primeiro, os Sarvāstivādins se separaram do resto dos Sthaviras. Com o tempo, a Mūlasarvāstivāda emergiu como uma subescola da Sarvāstivāda e, por essa razão, os Vinayas dessas duas escolas compartilham certas características (Frauwallner, 1956: 194). Após a cisma Sarvāstivādin, o restante dos Sthaviras se dividiu ainda mais, originando a Dharmaguptaka, a Mahīśāsaka e a Theravāda. No entanto, essas três escolas provavelmente não eram mais do que variações regionais entre si (Sujato, 2012: 102) e, conseqüentemente, seus Vinayas têm muito em comum (Frauwallner, 1956: 181). ", "vinaya:20": "Além do Vinaya Theravada, os principais Vinayas canônicos ainda existentes são os seguintes: ", - "vinaya:21": "Um Vinaya Mahāsāṅghika completo, encontrado no Tipiṭaka chinês no volume T 1425, traduzido para o chinês por Faxian e Buddhabhadra em 416-418 EC. Embora sua seção de Khandhakas seja estruturada de maneira diferente daquela das outras escolas, o conteúdo parece se sobrepor amplamente. Mais estudos são necessários para esclarecer o grau de divergência. Partes substanciais deste Vinaya também foram preservadas em idioma sânscrito híbrido budista, incluindo o Mahāvastu, um texto extenso e focado na biografia do Buda, bem como o livro Suttavibhaṅga voltado às regras das bhikkhunis e o pātimokkha dos bhikkhus. ", + "vinaya:21": "Um Vinaya Mahāsāṅghika completo, encontrado no Tipiṭaka chinês no volume T 1425, traduzido para o chinês por Faxian e Buddhabhadra em 416-418 EC. Embora sua seção de Khandhakas seja estruturada de maneira diferente daquela das outras escolas, o conteúdo parece se sobrepor amplamente. Mais estudos são necessários para esclarecer o grau de divergência. Partes substanciais deste Vinaya também foram preservadas em idioma sânscrito híbrido budista, incluindo o Mahāvastu, um texto extenso e focado na biografia do Buda, bem como o livro Suttavibhaṅga voltado às regras das bhikkhunis e o _pātimokkha_ dos bhikkhus. ", "vinaya:22": "Um Vinaya Sarvāstivāda completo foi preservado em chinês no volume T 1435, traduzido por Kumārajīva em 404-409 CE. Há também vários fragmentos deste preservados em sânscrito. ", "vinaya:23": "Uma tradução completa do Vinaya Mūlasarvāstivāda para o Tibetano, encontrada no Kanjur no volume D 1-7/P 1030-1036, foi concluída na primeira década do século IX dC por Jinamitra da Caxemira e vários outros. Há uma versão deste Vinaya em chinês no volume T 1441-1457, em grande parte traduzido por Yijing em 703-710 dC. Esta tradução está incompleta e cheia de lacunas (Frauwallner, 1956: 195). Além disso, aproximadamente 80% dos textos Khandhakas se encontram preservados em sânscrito (Clarke, 2015: 75). ", "vinaya:24": "Além de alguns fragmentos em sânscrito e em Gāndhārī, um Vinaya Dharmaguptaka completo se encontra preservado apenas em chinês no volume T 1428, traduzido por Buddhayaśas e Zhu Fonian em 410-412 dC. De todos os Vinayas existentes, este é o que normalmente é considerado o mais próximo do Vinaya Theravada (Clarke, 2015: 69). ", "vinaya:25": "O Mahīśāsaka Vinaya se encontra preservado apenas em chinês no volume T 1421, traduzido por Buddhajīva da Caxemira e outros por volta de 423-424 dC a partir de um manuscrito trazido do Sri Lanka por Faxian. De acordo com Frauwallner (1956: 183-84), este Vinaya é cheio de lacunas. Este é intimamente relacionado com o Vinaya Dharmaguptaka (Frauwallner, 1956: 181). ", - "vinaya:26": "Além dos Vinayas completos listados acima, há uma variedade de textos e fragmentos canônicos do Vinaya em diferentes idiomas. Um texto relevante é o pātimokkha dos bhikkhus da escola Kāśyapīya, disponível no volume T 1460 e traduzido para o chinês por Gautama Prajñāruci em 543 EC. ", + "vinaya:26": "Além dos Vinayas completos listados acima, há uma variedade de textos e fragmentos canônicos do Vinaya em diferentes idiomas. Um texto relevante é o _pātimokkha_ dos bhikkhus da escola Kāśyapīya, disponível no volume T 1460 e traduzido para o chinês por Gautama Prajñāruci em 543 EC. ", "vinaya:27": "Conteúdo ", "vinaya:28": "O Vinaya Piṭaka é dividido em dois principais grupos de textos: o Suttavibhaṅga, “A Análise das Regras”, e os Khandhakas, “os Capítulos”. O Vinaya de certas escolas individuais contêm também outros textos, como o Parivāra, “O Compêndio”, no caso da tradição Theravada e o Uttaragrantha dos Mūlasarvāstivādins. ", "vinaya:29": "Suttavibhaṅga ", - "vinaya:30": "Suttavibhaṅga quer dizer “Análise do sutta”. O termo sutta aqui não se refere aos discursos, mas sim às regras pātimokkha como um todo. ", - "vinaya:31": "O Suttavibhaṅga consiste nas regras do pātimokkha embutidas em um comentário que analisa cada uma das regras em detalhes. O Suttavibhaṅga é dividido em duas partes, as 227 regras dos bhikkhus e as 311 regras das bhikkhunis. A maioria das regras é a mesma para as duas ordens, mas 130 regras são específicas para as bhikkhunis e 46 específicas para os bhikkhus. O maior número de regras para as bhikkhunis é em grande parte devido ao fato de que certas regras para os bhikkhus são quebradas em múltiplas regras para as bhikkhunis, e ao fato de que as bhikkhunis têm em seu pātimokkha regras que no caso dos bhikkhus apenas se encontram nos Khandhakas. ", + "vinaya:30": "Suttavibhaṅga quer dizer “Análise do _sutta”. O termo _sutta aqui não se refere aos discursos, mas sim às regras _ pātimokkha _ como um todo. ", + "vinaya:31": "O Suttavibhaṅga consiste nas regras do _pātimokkha_ embutidas em um comentário que analisa cada uma das regras em detalhes. O Suttavibhaṅga é dividido em duas partes, as 227 regras dos bhikkhus e as 311 regras das bhikkhunis. A maioria das regras é a mesma para as duas ordens, mas 130 regras são específicas para as bhikkhunis e 46 específicas para os bhikkhus. O maior número de regras para as bhikkhunis é em grande parte devido ao fato de que certas regras para os bhikkhus são quebradas em múltiplas regras para as bhikkhunis, e ao fato de que as bhikkhunis têm em seu _pātimokkha_ regras que no caso dos bhikkhus apenas se encontram nos Khandhakas. ", "vinaya:32": "As regras são categorizadas de acordo com a penalidade incorrida por violá-las. A penalidade mais pesada, a expulsão da Ordem monástica, é incorrida apenas por atos fundamentalmente opostos à vida monástica, tais como ter relações sexuais ou cometer assassinato. Existem 4 regras destas para os bhikkhus e 8 para as bhikkhunis. A segunda penalidade mais pesada consiste em um período de suspensão e reaprovação durante o qual o indivíduo não é considerado um membro pleno da Ordem monástica. Existem 13 regras destas para os bhikkhus e 17 para as bhikkhunis. A grande maioria das ofensas, no entanto, são resolvidas através da simples confissão. Essas regras são subdivididas em várias categorias dependentes de fatores como a gravidade da violação, o tipo de confissão que é necessária e requisitos adicionais, como a devolução de requisitos adquiridos incorretamente. As últimas sete regras do Suttavibhaṅga representam princípios para resolver questões “legais”. A maior parte do material relacionado com estes princípios encontra-se atualmente nos Khandhakas. ", - "vinaya:33": "Dentro do Suttavibhaṅga, cada regra é em grande parte auto-suficiente e forma sua própria subseção. Essas seções começam com uma ou mais histórias de origem que relatam o incidente que levou o Buda a estabelecer uma regra específica. Muitos destes não são mais do que relatos breves de um bhikkhu ou bhikkhuni estereotipada que simplesmente afirmou ter feito algo inapropriado. Algumas são narrativas elaboradas que podem incluir sub-regras ou procedimentos importantes para a Ordem monástica e, ocasionalmente, até material do tipo sutta ou do tipo Jataka. A maioria das histórias de origem se encaixam entre esses dois extremos. ", + "vinaya:33": "Dentro do Suttavibhaṅga, cada regra é em grande parte auto-suficiente e forma sua própria subseção. Essas seções começam com uma ou mais histórias de origem que relatam o incidente que levou o Buda a estabelecer uma regra específica. Muitos destes não são mais do que relatos breves de um bhikkhu ou bhikkhuni estereotipada que simplesmente afirmou ter feito algo inapropriado. Algumas são narrativas elaboradas que podem incluir sub-regras ou procedimentos importantes para a Ordem monástica e, ocasionalmente, até material do tipo _sutta_ ou do tipo Jataka. A maioria das histórias de origem se encaixam entre esses dois extremos. ", "vinaya:34": "Após a história de origem se segue a regra específica. Em vários casos, e por diversas vezes, a regra original é posteriormente alterada pelo Buda antes de atingir sua forma final. A regra é então analisada em detalhe em um comentário, no qual é definida cada palavra significativa da regra. Essas definições vão desde o simples fornecimento de um sinônimo a grandes seções com uma exposição detalhada. O comentário é sempre de natureza técnica. ", "vinaya:35": "Após o comentário, muitas regras são analisadas quanto à sua aplicabilidade, dada uma série de cenários gerais. Esta seção normalmente assume a forma de uma série de permutações na qual um certo número de fatores é variado em todas as combinações possíveis entre si. Essas seções também são altamente técnicas. ", - "vinaya:36": "Em seguida vem uma cláusula de não-ofensa, que estabelece isenções importantes para cada regra. A cláusula de não-ofensa, por vezes, é seguida por um conjunto de estudos de caso. Estes dizem respeito a casos específicos em que um monástico age de tal maneira que não é claro se ele cometeu ou não uma ofensa. O incidente está relacionado e o Buda então decide sobre o assunto. Esta seção é semelhante em conteúdo às histórias de origem. Apenas as nove primeiras regras dos monges pātimokkha têm essa seção. ", - "vinaya:37": "O estudo comparativo dos vários pātimokkhas deixa claro que esses textos, em grande parte, remontam ao período pré-sectário do budismo (Pachow, 2000). Quanto ao restante material do Suttavibhaṅga, os acadêmicos normalmente o consideram significativamente mais recente do que as regras do pātimokkha (v. Hinüber, 2000: 13f), mas é, no entanto, provável que algumas delas remontem ao período inicial (Pachow, 2000: 14ff). Na ausência de pesquisas mais detalhadas, parece prudente considerar o pātimokkha como a única parte do Suttavibhaṅga que pertence aos Textos Budistas Antigos. ", - "vinaya:38": "Mas esta seria uma generalização exagerada, pois é claro que nem todas as regras do pātimokkha pertencem ao período inicial (Pachow, 2000). E este é o caso de muitas, se não todas, as regras menores do pātimokkha e regras sekhiya dos bhikkhus,mas especialmente as regras das bhikkhunis, muitas das quais variam consideravelmente entre as diferentes escolas, o que torna provável que elas provenham do período sectário. ", + "vinaya:36": "Em seguida vem uma cláusula de não-ofensa, que estabelece isenções importantes para cada regra. A cláusula de não-ofensa, por vezes, é seguida por um conjunto de estudos de caso. Estes dizem respeito a casos específicos em que um monástico age de tal maneira que não é claro se ele cometeu ou não uma ofensa. O incidente está relacionado e o Buda então decide sobre o assunto. Esta seção é semelhante em conteúdo às histórias de origem. Apenas as nove primeiras regras dos monges _pātimokkha_ têm essa seção. ", + "vinaya:37": "O estudo comparativo dos vários _pātimokkhas_ deixa claro que esses textos, em grande parte, remontam ao período pré-sectário do budismo (Pachow, 2000). Quanto ao restante material do Suttavibhaṅga, os acadêmicos normalmente o consideram significativamente mais recente do que as regras do _pātimokkha_ (v. Hinüber, 2000: 13f), mas é, no entanto, provável que algumas delas remontem ao período inicial (Pachow, 2000: 14ff). Na ausência de pesquisas mais detalhadas, parece prudente considerar o _pātimokkha_ como a única parte do Suttavibhaṅga que pertence aos Textos Budistas Antigos. ", + "vinaya:38": "Mas esta seria uma generalização exagerada, pois é claro que nem todas as regras do _pātimokkha_ pertencem ao período inicial (Pachow, 2000). E este é o caso de muitas, se não todas, as regras menores do _pātimokkha_ e regras _sekhiya_ dos bhikkhus,mas especialmente as regras das bhikkhunis, muitas das quais variam consideravelmente entre as diferentes escolas, o que torna provável que elas provenham do período sectário. ", "vinaya:39": "Khandhakas ", "vinaya:40": "A outra parte principal do Vinaya, os Khandhakas, são um grupo de seções que discutem uma área importante da lei monástica, como uma seção sobre ordenação, várias seções sobre requisitos permitidos e várias seções que tratam de assuntos técnicos. Os Khandhakas Theravada são reúndem 22 seções, as quais são equiparadas a seções equivalentes nas outras recensões existentes do Vinaya, com a exceção parcial dos Mahāsāṅghikas. Os Khandhakas dos Mahāsāṅghikas, embora contenham muito do mesmo material que as outras recensões do Vinaya, estão estruturados de forma diferente. Ainda não há um consenso acadêmico sobre o motivo pelo qual esse é o caso e quais poderiam ser as implicações para a evolução histórica dos Khandhakas. ", - "vinaya:41": "Os Khandhakas carecem do princípio unificador próximo encontrado no Suttavibhaṅga, que, como vimos, é organizado como um comentário e uma análise das regras do pātimokkha. Isso torna os Khandhakas menos integrados e mais diversos que os Suttavibhaṅga. ", + "vinaya:41": "Os Khandhakas carecem do princípio unificador próximo encontrado no Suttavibhaṅga, que, como vimos, é organizado como um comentário e uma análise das regras do _pātimokkha_. Isso torna os Khandhakas menos integrados e mais diversos que os Suttavibhaṅga. ", "vinaya:42": "Em contraste com a estrutura rígida do Suttavibhaṅga, os Khandhakas são vagamente estruturados em torno da história da vida do Buda. Após o despertar do Buda, ele começou a ensinar aos outros sobre sua descoberta. Conforme foi adquirindo seguidores monásticos, a necessidade de regras e procedimentos surgiu gradualmente. Essa necessidade continuou durante toda a vida do Buda. É esse processo que fornece a estrutura para os Khandhakas como um todo. ", - "vinaya:43": "A “biografia” do Buda é, de fato, amplamente considerada parte do Vinaya em todas as escolas budistas. (Algumas escolas até incluem sua versão do Mahāparinibbāna Sutta no Vinaya, e não entre os suttas, como com os Theravādins.) Os Khandhakas mostram interações comuns do Buda com monásticos e leigos, e nos permite vislumbrar o Buda como uma pessoa real, não apenas como o professor distante e líder de uma grande organização religiosa. Nós o vemos andando pela planície do Ganges, encontrando uma variedade de pessoas. Nós o vemos em contato próximo com seus discípulos monásticos, criticando seus erros, mas também os elogiando quando praticam bem. A história comovente do Buda e do Ven. Ananda limpando um monge sofrendo de disenteria é encontrada nos Khandhakas. Essa visão próxima e quase pessoal do Buda é um fator que torna os Khandhakas uma coleção particularmente interessante. ", - "vinaya:44": "Uma das principais funções dos Khandhakas é apresentar os procedimentos pelos quais as Ordens monásticas conduzem suas funções. Isso inclui o procedimento de ordenação e a cerimônia uposatha, mas também vários outros procedimentos que permitem que as Ordens funcionem adequadamente. Esses procedimentos são regidos por regras precisas, especialmente em relação à participação democrática e à tomada de decisão descentralizada. Eles permitem a resolução eficaz e harmoniosa dos procedimentos monásticos. ", - "vinaya:45": "Os Khandhakas incluem um grande número de regras menores não encontradas no pātimokkha. Essas regras são diversas, mas podem ser amplamente resumidas como proibindo luxos e comportamentos sensuais, ambos incompatíveis com a vida renunciante. ", + "vinaya:43": "A “biografia” do Buda é, de fato, amplamente considerada parte do Vinaya em todas as escolas budistas. (Algumas escolas até incluem sua versão do Mahāparinibbāna Sutta no Vinaya, e não entre os _suttas_, como com os Theravādins.) Os Khandhakas mostram interações comuns do Buda com monásticos e leigos, e nos permite vislumbrar o Buda como uma pessoa real, não apenas como o professor distante e líder de uma grande organização religiosa. Nós o vemos andando pela planície do Ganges, encontrando uma variedade de pessoas. Nós o vemos em contato próximo com seus discípulos monásticos, criticando seus erros, mas também os elogiando quando praticam bem. A história comovente do Buda e do Ven. Ananda limpando um monge sofrendo de disenteria é encontrada nos Khandhakas. Essa visão próxima e quase pessoal do Buda é um fator que torna os Khandhakas uma coleção particularmente interessante. ", + "vinaya:44": "Uma das principais funções dos Khandhakas é apresentar os procedimentos pelos quais as Ordens monásticas conduzem suas funções. Isso inclui o procedimento de ordenação e a cerimônia _uposatha_, mas também vários outros procedimentos que permitem que as Ordens funcionem adequadamente. Esses procedimentos são regidos por regras precisas, especialmente em relação à participação democrática e à tomada de decisão descentralizada. Eles permitem a resolução eficaz e harmoniosa dos procedimentos monásticos. ", + "vinaya:45": "Os Khandhakas incluem um grande número de regras menores não encontradas no _pātimokkha_. Essas regras são diversas, mas podem ser amplamente resumidas como proibindo luxos e comportamentos sensuais, ambos incompatíveis com a vida renunciante. ", "vinaya:46": "Os Khandhakas também incluem histórias de alguns dos mais conhecidos discípulos leigos do Buda, como Anāthapiṇḍika, Visākhā e Jīvaka. Há também histórias sobre discípulos monásticos, como a notável história de Pilindavaccha, as histórias inspiradoras de Soṇa Kolivisa e Soṇa Kuṭikaṇṇa, bem como a queda de Devadatta. Em seguida, encontramos várias histórias do tipo Jataka, algumas das quais também são encontradas na coleção Jataka. Além disso, cada seção tem frequentemente sua própria história de origem, similar àquelas encontradas no Suttavibhaṅga. Mas, além das histórias de origem, os Khandhakas carecem do material exegético detalhado encontrado no Suttavibhaṅga. ", "vinaya:47": "O terceiro último capítulo dos Khandhakas trata de regras e procedimentos específicos das monjas, incluindo o seu procedimento de ordenação. A menos que especificamente declarado ou implícito, o resto dos Khandhakas são igualmente válidos tanto para a ordem dos bhikkhus quanto para a ordem das bhikkhunis. ", - "vinaya:48": "Os Khandhakas terminam com uma descrição da primeira saṅgīti, a primeira “recitação comunal” dos ensinamentos do Buda após o seu falecimento, bem como da disputa de Vesālī, às vezes conhecido como o Segundo Concílio, em que a Ordem resolveu, com dificuldade, um desacordo sobre as questões do Vinaya. Diz-se que a disputa de Vesālī aconteceu cerca de cem anos após o falecimento do Buda. É por volta dessa época que as tendências sectárias começam a se formar na Ordem monástica, e isso é aproximadamente o ponto de corte para uma herança comum a todos os budistas. ", + "vinaya:48": "Os Khandhakas terminam com uma descrição da primeira _saṅgīti_, a primeira “recitação comunal” dos ensinamentos do Buda após o seu falecimento, bem como da disputa de Vesālī, às vezes conhecido como o Segundo Concílio, em que a Ordem resolveu, com dificuldade, um desacordo sobre as questões do Vinaya. Diz-se que a disputa de Vesālī aconteceu cerca de cem anos após o falecimento do Buda. É por volta dessa época que as tendências sectárias começam a se formar na Ordem monástica, e isso é aproximadamente o ponto de corte para uma herança comum a todos os budistas. ", "vinaya:49": "Outros Textos ", "vinaya:50": "A tradição Theravada inclui o Parivāra em seu Vinaya Piṭaka. Oskar von Hinüber (2000: 22) sugere que foi concluído no máximo no primeiro século dC. O Parivāra é um resumo analítico das duas primeiras partes do Vinaya. É por vezes comparado, em estilo e método, ao Abhidhamma. ", "vinaya:51": "Outras escolas também têm resumos do Vinaya e adendos que podem ou não compartilhar material com o Parivāra. Devido à falta de pesquisa, pouco se sabe sobre esses textos. No entanto, parece evidente que nenhum desses textos faça parte dos Textos Budistas Antigos. ", "vinaya:52": "Perspectivas Modernas ", "vinaya:53": "A maioria das escolas iniciais do Budismo desapareceu há muito tempo, mas três tradições do Vinaya ainda estão vivas: a Dharmaguptaka, praticada no leste da Ásia, incluindo a China e a Coréia; o Mūlasarvāstivāda, praticada no Tibete e na Mongólia; e o Theravada, praticado no sul e no sudeste da Ásia. ", - "vinaya:54": "Na prática, é raro os discípulos monásticos seguirem todas as estipulações da linhagem do Vinaya escolhida. Por exemplo, embora o uso do dinheiro seja proibido pelas regras pātimokkha de todas as escolas, ele é usado pela grande maioria dos monásticos. A medida em que as regras são seguidas varia enormemente, mas pelo menos a maioria dos monásticos segue as regras mais importantes, isto é, as regras que envolvem a expulsão e as que implicam a suspensão. Uma situação semelhante vale para os procedimentos que regem as ordens. Às vezes eles são praticados à letra, como a maioria das cerimônias de ordenação na tradição Theravada. Outras vezes, os procedimentos são mal interpretados ou simplesmente desconsiderados, como os procedimentos de escolha dos agentes da Ordem. ", - "vinaya:55": "Ao longo da história budista, houveram movimentos periódicos de reforma e tentativas irregulares de purificar a Ordem monástica. Tipicamente, a Ordem degenera de forma gradual até que um líder carismático inicie um movimento de reforma que visa a prática adequada do caminho budista, incluindo o Vinaya. Esses movimentos de reforma às vezes se manifestam como “tradições da floresta”, segundo os quais os monásticos estabelecem mosteiros de floresta em conformidade com os ideais do budismo antigo e inicial. Nas últimas três décadas, uma reforma controversa, e ainda em progresso, tem sido o restabelecimento de uma Ordem de monjas, bhikkhunīs, na tradição Theravada. ", + "vinaya:54": "Na prática, é raro os discípulos monásticos seguirem todas as estipulações da linhagem do Vinaya escolhida. Por exemplo, embora o uso do dinheiro seja proibido pelas regras _pātimokkha_ de todas as escolas, ele é usado pela grande maioria dos monásticos. A medida em que as regras são seguidas varia enormemente, mas pelo menos a maioria dos monásticos segue as regras mais importantes, isto é, as regras que envolvem a expulsão e as que implicam a suspensão. Uma situação semelhante vale para os procedimentos que regem as ordens. Às vezes eles são praticados à letra, como a maioria das cerimônias de ordenação na tradição Theravada. Outras vezes, os procedimentos são mal interpretados ou simplesmente desconsiderados, como os procedimentos de escolha dos agentes da Ordem. ", + "vinaya:55": "Ao longo da história budista, houveram movimentos periódicos de reforma e tentativas irregulares de purificar a Ordem monástica. Tipicamente, a Ordem degenera de forma gradual até que um líder carismático inicie um movimento de reforma que visa a prática adequada do caminho budista, incluindo o Vinaya. Esses movimentos de reforma às vezes se manifestam como “tradições da floresta”, segundo os quais os monásticos estabelecem mosteiros de floresta em conformidade com os ideais do budismo antigo e inicial. Nas últimas três décadas, uma reforma controversa, e ainda em progresso, tem sido o restabelecimento de uma Ordem de monjas, _bhikkhunīs_, na tradição Theravada. ", "vinaya:56": "Comentários ", "vinaya:57": "Outro componente importante do Vinaya monástico é a vasta literatura de comentários que evoluiu gradualmente ao longo dos séculos e milênios, e que continua a fazê-lo até aos dias atuais. Todas as três tradições vivas do Vinaya têm uma literatura de comentários. ", - "vinaya:58": "A literatura de comentários começa com o Suttavibhaṅga, que, embora faça agora parte do Cânone, é um comentário inicial sobre as regras do pātimokkha. Em seguida, temos outros comentários ou resumos canônicos, como o Parivāra dos Theravādins. Além disso, temos os comentários propriamente ditos, os atthakathās, “A discussão sobre o significado”. ", - "vinaya:59": "O comentário não-canônico mais importante sobre o Vinaya Piṭaka Theravādin é o Samantapāsādikā, composto no Sri Lanka por Buddhaghosa no quinto século dC, baseado em comentários pré-existentes provavelmente oriundos da Índia. Há também outro comentário importante deste período, o Kaṅkhāvitaraṇī, também composto por Buddhaghosa. A próxima camada de comentários são os ṭīkās, os sub-comentários, dos quais existem mais de uma dúzia, incluindo literatura altamente especializada, como manuais sobre as fronteiras dos mosteiros (sīmās). Os ṭīkās continuam sendo compostos até aos dias atuais. É controverso até que ponto o Vinaya canônico deva ser interpretado de acordo com essa tradição de comentários, e as práticas variam amplamente. ", + "vinaya:58": "A literatura de comentários começa com o Suttavibhaṅga, que, embora faça agora parte do Cânone, é um comentário inicial sobre as regras do _pātimokkha_. Em seguida, temos outros comentários ou resumos canônicos, como o Parivāra dos Theravādins. Além disso, temos os comentários propriamente ditos, os _atthakathās_, “A discussão sobre o significado”. ", + "vinaya:59": "O comentário não-canônico mais importante sobre o Vinaya Piṭaka Theravādin é o Samantapāsādikā, composto no Sri Lanka por Buddhaghosa no quinto século dC, baseado em comentários pré-existentes provavelmente oriundos da Índia. Há também outro comentário importante deste período, o Kaṅkhāvitaraṇī, também composto por Buddhaghosa. A próxima camada de comentários são os _ṭīkās_, os sub-comentários, dos quais existem mais de uma dúzia, incluindo literatura altamente especializada, como manuais sobre as fronteiras dos mosteiros (_sīmās_). Os _ṭīkās_ continuam sendo compostos até aos dias atuais. É controverso até que ponto o Vinaya canônico deva ser interpretado de acordo com essa tradição de comentários, e as práticas variam amplamente. ", "vinaya:60": "Para navegar nesta vasta literatura, muitos mosteiros Theravada dependem de resumos modernos para a prática do Vinaya. Os exemplos incluem o Vinayamukha em tailandês e o “The Buddhist Monastic Code”, escrito por Ajahn Ṭhānissaro. ", - "vinaya:61": "Além disso, a maioria dos mosteiros Theravada segue uma série de regras mais informais por natureza. Estas incluem regras usadas para distinguir seitas individuais (nikāyas), tais como regras sobre o estilo das vestes monásticas/manto e a maneira de usá-las. Em seguida há regras que pertencem a tradições particulares de professores, como aquelas que geralmente se formam em torno de professores especialmente carismáticos e famosos. O conjunto final de regras são as regras estabelecidas em cada mosteiro individualmente. Estas regulam a programação diária e outros aspectos da vida monástica que são específicos de cada mosteiro. Embora todas estas regras sejam às vezes chamadas de Vinaya e, portanto, supostamente decorrentes do Vinaya Piṭaka, ou pelo menos dos comentários, na realidade poucas delas têm qualquer base canônica. ", + "vinaya:61": "Além disso, a maioria dos mosteiros Theravada segue uma série de regras mais informais por natureza. Estas incluem regras usadas para distinguir seitas individuais (_nikāyas_), tais como regras sobre o estilo das vestes monásticas/manto e a maneira de usá-las. Em seguida há regras que pertencem a tradições particulares de professores, como aquelas que geralmente se formam em torno de professores especialmente carismáticos e famosos. O conjunto final de regras são as regras estabelecidas em cada mosteiro individualmente. Estas regulam a programação diária e outros aspectos da vida monástica que são específicos de cada mosteiro. Embora todas estas regras sejam às vezes chamadas de Vinaya e, portanto, supostamente decorrentes do Vinaya Piṭaka, ou pelo menos dos comentários, na realidade poucas delas têm qualquer base canônica. ", "vinaya:62": "Referências e Leituras Relacionadas ", "vinaya:63": "Clarke, Shayne; Vinaya Mātṛikā – Mother of the Monastic Codes, or just Another Set of Lists?; Indo-Iranian Journal 47: 77–120, 2004 ", "vinaya:64": "Clarke, Shayne; Vinayas; in Brill’s Encyclopaedia of Buddhism; Leiden, 2015; vol. I, pp. 60-87. ",